O Papa Francisco fez críticas diretas à política de perseguição a imigrantes realizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. E pediu que os católicos de todo o mundo se posicionem e “não deem atenção a narrativas que sejam discriminatórias.
As declarações do pontífice estão em uma carta aberta enviada nesta terça-feira (11) aos bispos católicos americanos.
“Tenho acompanhado com atenção a importante crise que está ocorrendo nos EUA devido ao início de um programa de deportações em massa. “Exorto todos os fiéis da Igreja Católica (…) a não ceder a narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados. O que é construído com base na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de todo ser humano, começa mal e terminará mal”.
Francisco prossegue, afirmando que toda nação tem o direito de proteger seus cidadãos de pessoas mal intencionadas. Mas frisou que essa defesa não pode significar violações de direitos humanos e generalizações indevidas.
“O ato de deportar pessoas que, em muitos casos, deixaram a própria terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do meio ambiente, fere a dignidade de tantos homens e mulheres, de famílias inteiras, e os coloca em um estado de particular vulnerabilidade”, afirma o Papa Francisco no documento.
O Pontífice também evocou a Bíblia cristã para reforçar a defesa de dignidade para as pessoas migrantes.
“A família de Nazaré no exílio, Jesus, Maria e José, que emigraram para o Egito e lá se refugiaram para escapar da ira de um rei ímpio, são o modelo, o exemplo e a consolação dos emigrantes e dos peregrinos de todas as épocas e de todos os países, de todos os refugiados de qualquer condição que, assaltados pela perseguição ou pela necessidade, são obrigados a deixar a pátria, a sua querida família e os seus queridos amigos para ir para uma terra estrangeira.”
Posicionamentos
Em janeiro, Francisco escolheu o cardeal Robert McElory, 70, bispo de San Diego, como o próximo arcebispo da capital americana, Washington. Crítico de Trump, o religioso é forte apoiador das causas dos refugiados, do meio ambiente, e do maior acolhimento e inclusão de mulheres e LGBTQIAP+ na vida da igreja.
Quando Trump ganhou as eleições para a Presidência dos EUA pela primeira vez, em 2016, Francisco afirmou que o republicano não era cristão em suas opiniões sobre imigração.
Desde que se tornou papa, em 2013, Francisco – ele próprio argentino de nascimento e filho de imigrantes italianos da região do Piemonte – adotou a temática migratória como uma das marcas de seu pontificado.
Em agosto passado, o papa criticou o tratamento dispensado aos migrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo com o objetivo de tentar entrar na Europa. Ele chamou de “pecado grave” a recusa de governos europeus de não oferecer ajuda às embarcações à deriva e defendeu uma “governança global da migração baseada na justiça, na fraternidade e na solidariedade”. Ainda de acordo com o papa, a militarização das fronteiras não é capaz de resolver essa questão.
Em diferentes celebrações presididas pelo Papa Francisco no Vaticano e em viagens pelo mundo é recorrente a inclusão de pessoas migrantes e representantes de outros grupos desfavorecidos.
Com informações de Vatican News
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