Trump não estava blefando.
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e as sanções contra autoridades como Alexandre de Moraes não são teatro político — são um divisor de águas na história econômica do país. Em questão de semanas, o Brasil passou de parceiro comercial respeitado para “ameaça extraordinária à segurança nacional” americana. Isso não acontece por acaso.
A justificativa oficial fala em “perseguição política e censura”, mas o pano de fundo é mais complexo. O governo brasileiro flertou com regimes hostis aos EUA, liderou movimentos anti-dólar nos BRICS e apostou numa retórica confrontativa quando deveria ter jogado xadrez diplomático. O resultado? US$ 42 bilhões em exportações ameaçadas e uma economia inteira refém de decisões geopolíticas mal calculadas.
Os números são objetivos: US$ 42 bilhões em exportações brasileiras para os EUA estão sob tarifas punitivas de 50%. Setores como carne e café perderam acesso ao mercado americano, enquanto celulose, fertilizantes e aviões da Embraer foram estrategicamente poupados. Por quê? Porque os americanos precisam deles. Ou seja, eles sabem exatamente onde nos atingir sem se machucar. Isso é diplomacia econômica estratégica — algo que claramente não praticamos.
O governo brasileiro chegou ao ponto de interpretar a perda de mercados exportadores como “alívio inflacionário” — mais comida barata aqui porque não conseguimos mais vendê-la lá fora. É como comemorar que sua empresa faliu porque agora você tem mais tempo livre.
A reação do governo foi... não reagir. Zero retaliação tarifária, discurso morno, apoio simbólico ao STF sem ações práticas. A estratégia parece ser “vamos fingir que está tudo bem e torcer para passar”. Politicamente, isso até faz sentido: cria-se um inimigo externo para mobilizar a base eleitoral sem gastar um centavo do orçamento.
Mas economicamente? É um sinal de fraqueza institucional para o mundo inteiro. Investidores internacionais não querem saber de narrativas — querem previsibilidade e competência. E o que estamos mostrando é o oposto.
A realidade é que o mundo não acabou. China já é nosso maior parceiro comercial (32% das exportações versus 18% dos EUA). Índia e outros países asiáticos podem absorver muito do que não vendemos mais aos americanos.
O café que Manhattan não bebe mais, Pequim pode muito bem beber. A carne que não vai para Houston pode ir para Mumbai. O problema é que essa transição exige infraestrutura, relacionamentos e tempo — luxos que não temos quando o choque é abrupto.
O acordo EUA-União Europeia de US$ 750 bilhões, assinado em 27 de julho, complica ainda mais nossa situação, fechando outro mercado importante. Estamos sendo sistematicamente isolados do bloco ocidental, forçados a apostar todas as fichas no Sul Global.
A crise afeta desde o empresário exportador até o consumidor comum. Empresas dependentes do mercado americano enfrentam reorganização forçada de suas cadeias de suprimento. Aquelas sem flexibilidade operacional para realocar produção rapidamente enfrentam desafios estruturais sérios.
Por outro lado, setores de infraestrutura doméstica e empresas já estabelecidas em mercados asiáticos podem encontrar oportunidades na reorganização comercial forçada. O setor de celulose, por exemplo, preservado das tarifas, pode capturar uma fatia maior dos fluxos comerciais remanescentes.
O Brasil errou feio. Transformou uma relação comercial de décadas em cabo de guerra ideológico. Trump pode ser muitas coisas, mas bobo não é — ele sabe exatamente onde apertar para causar máximo dano com mínimo custo político interno.
Nossa diplomacia apostou no confronto quando deveria ter apostado na convergência pragmática. Países como Japão e Vietnã, que enfrentavam tarifas de 20%, estão negociando saídas. Nós recebemos 50% e ficamos em silêncio.
O Brasil transformou uma relação comercial de décadas em cabo de guerra ideológico. A crise é grave, mas ainda há saídas. O Brasil precisa urgentemente adotar pragmatismo diplomático, reconectando-se com o bloco ocidental sem perder soberania.
O Itamaraty deve liderar negociações diretas com Washington, buscando acordos setoriais que preservem interesses mútuos. Internamente, é fundamental que Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhem em harmonia para mostrar estabilidade institucional ao mundo.
Nossos trunfos são reais: energia limpa, agricultura eficiente e posição estratégica no Atlântico Sul. Com união nacional e diplomacia competente, podemos ser relevantes novamente. A pergunta é: queremos protagonismo construtivo ou irrelevância definitiva?
Resta saber se aprendemos alguma coisa.
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