CONTABILIDADE


                                                  Índice



       INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE.....................................................5
        AS DIFERENTES FORMAS DA CONTABILIDADE ...................................................5
       O PATRIMÓNIO...............................................................9
        NOÇÃO E   ELEMENTOS CONSTITUTIVOS.............................................................9

       INVENTÁRIO E BALANÇO...............................................18
        O INVENTÁRIO: NOÇÃO E      CLASSIFICAÇÃO......................................................18

       BALANÇO......................................................................21
        NOÇÃO E   CLASSIFICAÇÕES.......................................................................21

       A CONTA.......................................................................27
        NOÇÃO, PARTES CONSTRUTIVAS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA...................................27
        REPRESENTAÇÃO GRÁFICA.......................................................................29
        DISPOSITIVOS DA CONTA...........................................................31
       CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CONTAS.........36
        CLASSIFICAÇÃO..................................................................................36
        CARACTERIZAÇÃO DE ALGUMAS CONTAS.........................................................38
        MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO.......................................................42
       MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO.......................43
        MÉTODO DIGRÁFICO:...........................................................................43
       LANÇAMENTOS..............................................................46
        NOÇÃO...........................................................................................46
        DOCUMENTOS ..................................................................................46
        LIVROS ..........................................................................................46
        ESPÉCIES DE LANÇAMENTOS.....................................................................50
       DIÁRIO E RAZÃO...........................................................55
        ESCRITURAÇÃO...................................................................................55
        ESTORNOS NO DIÁRIO................................................................62
        ESTORNOS NO RAZÃO...........................................................................66
       BALANCETES E BALANÇOS.............................................67

       SISTEMAS CONTABILÍSTICOS........................................71
        SISTEMAS DE CONTAS...........................................................................71
        SISTEMAS DE COORDENAÇÃO....................................................................72
        SISTEMA CLÁSSICO..............................................................................72

       Manual de Curso                                                                                   3
CONTABILIDADE


ESQUEMA DO SISTEMA CLÁSSICO..................................73

ESQUEMA DO SISTEMA DIÁRIO-RAZÃO..........................74
SISTEMA CENTRALIZADOR.......................................................................74
NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA                             O   POC........................75
INTRODUÇÃO..............................................................................75
VANTAGENS DA NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA.........76

A NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM PORTUGAL........78

O PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE...........................82
NOTA PRÉVIA....................................................................................82
INTRODUÇÃO.....................................................................................84
FUNCIONAMENTO E LIGAÇÃO DO QUADRO DE CONTAS...........................................85
CÓDIGO DAS CONTAS............................................................................86
QUADRO DE CONTAS...................................................................90




4                                                                            Manual de Curso
CONTABILIDADE




  INTRODUÇÃO      À   CONTABILIDADE


                                      CONTABILIDADE         CONTABILIDADE         CONTABILIDADE
                                        ORÇAMENTAL              ANALÍTICA                GERAL
                 Os sistemas              ...Todos os           ...Todos os      ...Às administrações
           contabilísticos dizem       responsáveis e à      responsáveis.....        e a título de
                    respeito           administração.....                             informação
            a ................µµ µµ                                                    Ao pessoal
                                                                                   Aos proprietários
                                                                                      A tesouraria


       OBJECTIVOS :
                      Montante e origem do resultado
                      Justeza das decisões
                      Posições perante terceiros
                      Evolução do património




       AS DIFERENTES FORMAS DA CONTABILIDADE

       A CONTABILIDADE NAS SUAS DIVERSAS FORMAS, PERMITE QUE O GESTOR:

                          •   Conheça o montante e a origem dos resultados, passados e futuros.
                          • Verifique a justeza das decisões tomadas ou a tomar (é de facto um
                          instrumento de gestão e previsão).
                          • Conheça a posição da empresa perante todos os terceiros, isto é,
                          conheça sempre e mesmo antecipadamente a quem é que a empresa
                          deve dinheiro e quem lho deve a ela.
                          •   Controle a evolução patrimonial da empresa.




       A CONTABILIDADE GERAL, PERMITE, EM RELAÇÃO AO CONJUNTO DA EMPRESA:

                          • Constatar os encargos e os proveitos por natureza, isto é, os fluxos de
                          consumo e produção.
                          • Fazer surgir os resultados de um dado período, isto é, a variação
                          patrimonial devida à actividade da empresa.
                          • Fazer periodicamente o ponto de situação dos bens e das dívidas da
                          empresa, isto é, indicar e quantificar a situação patrimonial.




       Manual de Curso                                                                             5
CONTABILIDADE



A CONTABILIDADE GERAL regista os fluxos externos.

A CONTABILIDADE ANALÍTICA tem como objectivo indicar os custos por centro de
actividade, por sector ou actividade, por produto ou por mercado. É a contabilidade do
passado / presente. Regista os fluxos internos e descreve o processo de transformação dos
bens e serviços desde a sua entrada até à sua saída da empresa.

A CONTABILIDADE ORÇAMENTAL OU PREVISIONAL, consiste na organização e
qualificação das previsões efectuadas pelos centros de responsabilidade, isto é, pelos
diferentes directores de serviço da empresa, a partir de determinados objectivos. O conjunto
destas previsões, depois de agrupados e coordenados ao nível da empresa, permite a
elaboração dos diversos orçamentos (vendas, aprovisionamentos, tesouraria, etc.) E o do
orçamento geral.


A exploração da contabilidade analítica permite analisar os resultados e especificar as origens
do resultado global que a contabilidade geral indica.

As comparações entre os valores indicados na contabilidade orçamental e os da contabilidade
analítica permitem analisar os desvios entre as previsões e as realizações.

Uma das funções do serviço de controlo orçamental, entre muitas outras, consiste em
analisar, com e para os responsáveis, os desvios, utilizando as informações contidas nos
diferentes sistemas contabilísticos.


O CONTABILISTA classifica e regista as informações quantificadas o seu papel é
aparentemente passivo. Está vinculado a um rigoroso formalismo. Está condenado a uma
precisão absoluta de valores. É ele o guardião da lei exterior representado pelo p.o.c., e das
leis internas, representadas pelos regulamentos e normas. O contabilista é imparcial e
deveria ser independente, no sentido jurídico do termo.


O GESTOR explora e interpreta as informações quantificadas que o contabilista lhe
transmite. Deve, o mais rapidamente possível, trabalhar essas informações a fim de auxiliar
os responsáveis pela empresa a dividir as acções correctas e as modificações nos objectivos
ou no orçamento. Para ele, são mais importante a rapidez e a qualidade da informação do
que a precisão dos valores. Além disso é frequente o gestor quem põe em execução os
regulamentos e normas internas e elabora as especificações necessárias para a definição dos
termos próprios da empresa.

O AUDITOR verifica a coerência e a correcta aplicação dos regulamentos, quer internos
quer externos, definidos pela lei ou pelos gestores, no sentido amplo do termo. Por outro
lado, certifica-se da qualidade e do significado das informações fornecidas pelos diferentes
serviços e unidades da empresa. O auditor deve estar directamente em ligação com a
administração. Ele dispõe de um amplo poder de investigação e a sua independência deve
permitir-lhe propor múltiplas reformas em todos os domínios.




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CONTABILIDADE




       CONSIDERAÇÕES GERAIS

             As empresas, células base da actividade económica, são vulgarmente entendidas
             como conjuntos organizados de meios materiais e humanos, viradas para a produção
             de bens e serviços.
             Constituídas sem horizonte temporal definido, têm contudo à semelhança das demais
             organizações, um ciclo de vida, limitado, o qual, pode ser dividido nas três fases
             seguintes:

             - INSTITUCIONAL, em que se decide da sua criação, através da obtenção e
             combinação dos recursos necessários para a sua entrada em funcionamento.

             - FUNCIONAMENTO, ou execução, na qual se desenvolve todo o processo de
             transformação, ou seja, o da produção de bens e serviços, com vista à obtenção de
             certos resultados.

             - LIQUIDAÇÃO, na qual se procede à extinção da empresa


             SENDO a fase de execução a de mais longa duração, e tendo em conta a necessidade
             de se obter informações regulares sobre o andamento dos negócio, houve
             necessidade de a dividir em intervalos de tempo, no fim dos quais se apuram os
             resultados, se elabora o balanço, se discute a actuação da direcção, se aprovam as
             contas. A cada um desses períodos coincidentes com os anos civis, designa-se por
             período administrativo.

             A parte da gestão correspondente a cada período administrativo, denomina-se
             exercício económico.

             PERÍODO ADMINISTRATIVO         µµµµµµµµµµEXERCÍCIO ECONÓMICO

       ACTIVIDADES ECONÓMICAS INTERIOR / EXTERIOR
            Estas relações traduzem-se por fluxos de bens e serviços, aos quais correspondem
            sempre fluxos monetários de sentido inverso.


       Três ópticas distintas podem ser evidenciadas:

                - A primeira óptica é a financeira e diz respeito ao endividamento da empresa
                perante o exterior. Está directamente relacionada com a remuneração dos
                factores e dos bens e serviços vendidos. Nesta óptica podemos distinguir: as
                despesas, que correspondem à remuneração dos factores produtivos e as
                receitas, que correspondem à remuneração das vendas efectuadas e/ou dos
                serviços prestados. Em suma, despesas e receitas, dizem respeito a factos que
                originando, as primeiras obrigações a pagar e as segundas direitos a receber, irão
                provocar, respectivamente, saídas e entradas de valores monetários para a
                empresa.

                - A segunda óptica é a económica ou produtiva, e anda ligada à transformação e
                incorporação dos diversos materiais, mão-de-obra, até se atingir o produto final.
                Os valores incorporados e gastos na produção designam-se custos. Por sua vez,
                os produtos acabados de fabricar e aptos para a venda designam-se proveitos.

       Manual de Curso                                                                          7
CONTABILIDADE


          Em síntese, a empresa ao consumir bens e serviços tem custos; ao produzi-los,
          tem proveitos.

          - Por último, a terceira óptica é a de tesouraria (ou de caixa) e corresponde às
          entradas e saídas monetárias da empresa. Nesta óptica, podemos distinguir os
          recebimentos, que correspondem à entrada de valores monetários para a
          empresa, e os pagamentos, que dizem respeito às saídas de valores monetários.



EXERCÍCIO 1

     A empresa y adquiriu, em 5/11/n, 10 ton. de cereal ao preço de 5000$00/ton, para
     proceder à sua moagem. a divida resultante desta aquisição seria paga em 15/12/n.
     durante o mês de novembro efectuou a moagem de apenas 2 ton., sendo a farinha
     resultante desta moagem (1,500kg) vendida a 10$00/kg, em 3/1/n+1, recebendo-se
     o valor desta venda em 10/1/n+1.


INDICAR OS FLUXOS EXISTENTES ?


RESOLUÇÃO:

5/11/n UMA DESPESA DE 50.000$00
15/12/n O RESPECTIVO PAGAMENTO
11/n OS CUSTOS (EM CEREAL) FORAM DE 10.000$00
11/n SENDO OS PROVEITOS DE 15.000$00
3/1/n+1 VERIFICOU-SE A RECEITA DE 15.000$00
10/1/n+1 O RESPECTIVO RECEBIMENTO DE 15.000$00



NOÇÃO:

         Compras           Despesa de           = Custo das mercadorias compradas
            +               compras


          Custo das                                                     Custo das
         mercadorias      + Stock inicial   -    Stock final    =      mercadorias
         compradas                                                      vendidas


         Vendas      Custo das mercadorias        = Lucro bruto sobre as vendas ou
            -               vendidas                       Margem Bruta


      Margem bruta          Despesas de             = Lucro comercial ou Margem
           -                  venda                           Liquida


      Margem liquida -           Despesas                  = Lucro liquida antes de
                              administrativas e                   impostos
                                financeiras



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CONTABILIDADE


                Lucro liquida antes       Imposto sobre os lucros        = Lucro liquida do
                  de impostos -                                              exercício




  O PATRIMÓNIO


       NOÇÃO E    ELEMENTOS CONSTITUTIVOS



          Toda a unidade económica para exercer a sua actividade, necessita de um certo conjunto
          de valores, ou seja, de máquinas, edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas e outros.
          Digamos que ao exercício de qualquer actividade estão sempre alienados valores que são
          pertença de alguém. Do ponto de vista jurídico, os valores utilizados por cada unidade
          económica são de sua pertença ainda que, normalmente, os seus direitos não incidam
          sobre a globalidade desses valores.

       O conjunto de valores utilizados pela unidade económica no exercício da sua actividade
       constitui o património. Contudo, nem só os edifícios, numerário e equipamento utilizados
       constituem património. A empresa (ou unidade) no desenvolvimento da sua actividade
       estabelece relações que originarão um conjunto de direitos e de obrigações. Assim
       aparecerão dívidas a receber (créditos da empresa ou débitos de terceiros) que representam
       valores pertencentes à empresa; e, dívidas a pagar (débitos da empresa ou créditos de
       terceiros) que representam valores pertencentes a terceiros e que a empresa se obriga a
       pagar. Tanto as dívidas a receber como as dívidas a pagar, são consideradas valores
       integrantes do património.

       Podemos designar por património, o conjunto de valores sujeito a uma gestão e afectos a um
       determinado fim(1). O património de um comerciante, (2) é o conjunto de valores utilizados
       por esse comerciante na sua actividade comercial. Contudo, os valores pertencentes a esse
       comerciante mas não afectos aquela actividade (ex. os utensílios domésticos) não devem
       ser considerados seu património comercial. Serão seu património, não como comerciante,
       mas sim como pessoa jurídica (privado) que é.
       Cada componente de um dado património (ex: as mercadorias, um edifício, uma viatura,
       etc.), denomina-se de elemento patrimonial.

       Como o património é um conjunto de elementos heterogéneos, existe, a necessidade de
       transformar ou referir esses elementos numa mesma unidade. É assim que todos eles vêm
       referidos a escudos/euros. Têm , pois, um carácter pecuniário visto todos serem susceptíveis
       de representação monetária. São valores.

       No património podemos distinguir duas classes de elementos patrimoniais distintos: por um
       lado, os elementos que representam aquilo que se possui ou se tem a receber; por outro
       lado, aqueles que representam aquilo que se tem a pagar.
       À primeira classe, ou seja, ao conjunto dos valores que se possui e se tem a receber,
       designa-se por ACTIVO; à segunda classe, ou seja, ao conjunto de valores a pagar ,
       designa-se PASSIVO .



       Prof. Gonçalves da Silva - Contabilidade Geral, Vol. 1.


       Manual de Curso                                                                           9
CONTABILIDADE


Segundo o Código Comercial são comerciantes - «1º As pessoas, que tendo capacidade para
praticar actos de comércio, fazem desta profissão; 2º As sociedades comerciais» (art. 13º.).




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CONTABILIDADE


       APLICAÇÃO 2

       Património de Y

       ACTIVO

                Numerário         ............................................ 20   000$00
                (dinheiro)
                Edifício          ............................................ 80
                                                                             2      000$00
                Viatura           ............................................ 20
                                                                             1      000$00
                Dívidas a receber ............................................ 80   000$00

                                                                              500 000$00



       PASSIVO

                Dívidas a pagar                ............................    30 000$00
                (fornecedores)
                Empréstimo bancário            ............................    70 000$00

                                                                              100 000$00




       Num património há a considerar dois aspectos distintos:

                       - A sua composição
                       - O seu valor


       Quanto à composição, o património engloba um conjunto de elementos heterogéneos
       (elementos patrimoniais) com um determinado valor, como sejam as mercadorias ,
       numerário, edifícios, etc. A composição do património diz respeito à natureza dos elementos
       patrimoniais e à sua extensão, ou seja, à proporção em que eles se encontram. A
       composição de patrimónios será tão distinta quanto:

                                          -         os elementos de cada um forem diferentes;
                                          -       tiverem os mesmos elementos mas com extensão
                                          (valor) diferente;
                                          -         tiverem elementos e seu valor diferentes.


       Entende-se por valor do património «a quantia que seria preciso dar para obter, isto
       é, para receber em troca todo o activo, ficando ao mesmo tempo com o encargo de
       pagar todo o passivo».

       Sendo o activo um conjunto de valores positivos e o passivo um conjunto de valores
       negativos, o valor do património corresponde à soma algébrica das duas classes de
       elementos.




       Manual de Curso                                                                          11
CONTABILIDADE


Em relação ao exemplo anterior, teríamos:

        Activo             ...................................................     500 contos
        Passivo            ...................................................   - 100 contos

      Valor do património de Y ..................................                 400 contos

A expressão numérica do valor património, chama-se Situação Líquida, Capital Próprio, ou
Património Líquido. Serão então:


       Activo.........................................................                  500 contos
       Passivo........................................................           100 contos
       Situação Líquida..........................................                       400 contos


Sendo a situação líquida dada pela diferença entre o activo e o passivo e vistas que foram
as noções destes últimos, facilmente se depreende que ela representa o conjunto de valores
que pertencem efectivamente ao proprietário da empresa, ou seja, representa os direitos
deste último sobre as propriedades da mesma. Em termos monetários, a situação líquida ou
capital próprio de um dado momento, representa o valor que o proprietário da empresa teria
direito a receber se cessasse a sua actividade, liquidando o património (do ponto de vista
contabilístico), nesse momento.

Três casos podem ocorrer em dada situação patrimonial:

O activo é superior ao passivo, havendo um excesso de valores sobre os passivos. Neste
caso a situação líquida diz-se ACTIVA. É o mais frequente e representa o capital próprio.
Esquematicamente:

A > P  S. L. Activa; ou seja A= P + S. L. Activa ( ver exemplo anterior )

O activo e o passivo são iguais, não havendo, neste caso situação líquida, ou seja, ela é nula:

A = P  S. L. Nula; ou seja, A = P

Por último, o activo pode ser inferior ao passivo. Neste caso existe um excesso de valores
passivos sobre os activos ( deve-se mais do que se possui e se tem a receber ). Logo, a
situação líquida diz-se Passiva e é considerada negativa.

A < P  S. L. Passiva;                    ou seja,          A + S. L. Passiva = P ou: A = P S. L.
Passiva

O património de qualquer unidade económica encontra-se necessariamente numa das três
situações citadas. De todas elas o 2.º caso é o mais difícil ocorrência, visto só
excepcionalmente coincidirem os valores de ambas as rubricas.


Equação Fundamental da Contabilidade

Consideremos a seguinte transacção: aquisição de uma viatura 200 000$00. Esta operação
deve ser escriturada nos registos contabilísticos do comprador por aquele valor. Pode a
viatura em questão ter sido avaliada por outro valor, podem ter oferecido ao comprador no
dia da compra um valor superior a 200 000$00. Tudo isto, do ponto de vista contabilístico


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CONTABILIDADE


       não tem interesse, visto existir na contabilidade um principio básico que determina o seu
       registo pelo preço de aquisição.

       Quando o comprador adquiriu a viatura, obteve a propriedade da mesma. A troca ( compra e
       venda ) implicou a transferência da propriedade da « coisa » transaccionada. A esta
       propriedade é atribuído um certo valor, normalmente expresso em escudos, sobre o qual
       incidem direitos do mesmo valor. Pode dizer-se que o valor de uma propriedade é igual ao
       valor dos direitos que tem o seu proprietário. Esquematicamente:

       Valor das propriedades = Valor dos direitos sobre estas propriedades

       Se uma empresa é propriedade de uma só pessoa, então os direitos sobre as propriedades
       da empresa coincidem com os do próprio proprietário. Consideremos que, no nosso exemplo,
       o comprador paga integralmente, com valores patrimoniais próprios, a viatura. Teremos
       então:

       Valor da viatura ( propriedade ) = Valor dos direitos do proprietário
       ( 200 000$00 )                       ( 200 000$00 )


       Como a viatura é um valor activo, será:

       ACTIVO = CAPITAL PRÓPRIO ( S. L. Activa ) Neste exemplo o passivo é nulo.

       Mas consideremos agora que o comprador contrai um empréstimo de 80c para aquisição da
       viatura. Neste caso será:

       Valor da viatura = Valor dos direitos dos terceiros + Valor dos direitos do proprietário
         200 000$00 =               80 000$00              +                120 000$00

       Como os direitos de terceiros representam dívidas a pagar, isto é, valores passivos, teremos:

       Valor da viatura = Direitos de terceiros s/ a viatura + Direitos do Propriét. s/ a viatura
           ACTIVO      =             PASSIVO                +        CAP. PRÓPRIO ou SLA

       O Activo pode designar-se por Capital Total ou Financeiro, ou seja, é o montante de valores
       utilizados pela empresa no desempenho da sua actividade.
       O Passivo é o Capital Alheio, ou seja, o conjunto de valores utilizados pela empresa mas que
       não são de sua pertença. São os valores sobre que incidem direitos de terceiros.


       A situação Líquida é o Capital Próprio, ou seja, representa o montante de recursos postos à
       disposição da empresa pelos seus proprietários. Representa valores sobre os quais incidem
       direitos do proprietário.
       Como se sabe, devido ao uso, as viaturas estão sujeitas a quebras de valor. Imagine-se
       então que a referida viatura, dado o seu desgaste, sofreu uma redução de valor de por.
       Exemplo 40 contos.

       Após este facto, teremos:

       Valor actual + Quebra Verificada = Valor dos direitos + Valor dos direitos do
        da viatura                          de terceiros          do proprietário
       160 000$00 + 40 000$00           =     80 000$00       +     120 000$00

       Ora sabe-se que a quebra ocorrida constitui um prejuízo ou perda, ou ainda e que é o
       mesmo, uma situação líquida passiva ( negativa ).
       Virá então:

       Manual de Curso                                                                              13
CONTABILIDADE


Valor actual + Quebra verificada = Direitos de terceiros + Direitos do proprietário
 da viatura                           s/ a viatura              s/ a viatura
ACTIVO     + S. L. PASSIVA =        PASSIVO              +    S. L. ACTIVA

Esta expressão corresponde à Equação Fundamental da Contabilidade, que temos vindo
a estudar e que será, então:

              ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA

ou ainda

              ACTIVO = PASSIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA ACTIVA
                                - SITUAÇÃO LÍQUIDA PASSIVA

Esta equação constitui o cerne de todo o trabalho contabilístico baseando-se nela o princípio
da partidas dobradas que adiante estudaremos.


APLICAÇÃO 3
                          Património de Z

       Activo ………………………………………… 1 600c
       Passivo ………………………………………… 400c

Com base nestes valores se determina que:

                  Situação líquida = Activo - Passivo = 1 200c

A equação verifica-se visto:

                  Activo ( 1 600c ) = Passivo ( 400c ) + S. Líq. Activa ( 1 200c )

Vimos atrás que o Activo representa o capital total ou financeiro, o passivo o capital alheio e
a situação líquida o capital próprio. Diremos, no exemplo citado que «Z» dispõe na sua
actividade de recursos no valor de 1 600 contos, os quais foram obtidos da seguinte forma:
400 contos de terceiros por meio de créditos e 1 200 do próprio.

Isto possibilita-nos uma outra reflexão. De um lado, o Activo ( e situação líquida passiva )
representa as aplicações dadas aos capitais. Por outro lado o Passivo e a situação Líquida
Activa, as origens desses mesmos capitais. Em síntese: o primeiro membro da equação
fundamental representa as aplicações de capitais, enquanto que o segundo membro
representa a sua origem. O Passivo representa uma origem alheia, ou seja, capitais
utilizados pela empresa mas propriedade de terceiros A. S. L. Activa representa uma origem
própria.

Os factos patrimoniais, alterando o património, afectam necessariamente os elementos da
equação fundamental. Contudo, não podem alterar a igualdade da referida equação.
Qualquer que seja o facto patrimonial, a igualdade mantém-se sempre, porquanto para cada
aplicação de fundos, terá que haver a correspondente origem.

Vejamos, por meio de um exemplo, a forma como se verifica, por um lado a alteração dos
elementos patrimoniais, e por outro, a manutenção da igualdade referida.




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CONTABILIDADE


       APLICAÇÃO 4

             Suponhamos que o comerciante K inicia a sua actividade, com um capital de 1 000
       contos ( representado em dinheiro ), dedicando-se à comercialização de produtos
       electrónicos.




       Manual de Curso                                                                   15
CONTABILIDADE


Os valores iniciais seriam representados por:

      ACTIVO                                        CAPITAL PRÓPRIO
Caixa ………………… 1 000 000$                    Capital ………………… 1 000 000$

Após estar constituído efectuou as seguintes operações:

1) Compra de mobiliário para montagem do estabelecimento: 100 contos.
Esta operação vai originar:

- saída de caixa do valor da aquisição ( 100 contos )
- criação de um novo valor activo - mobiliário diverso, que representa um elemento em que
foi aplicado capital

2) Compra a crédito de 10 máquinas calculadoras ao preço unitário de 6 contos,uma das
quais ficará ao serviço da empresa.
Serão movimentadas:



- mercadorias, pela entrada de 9 máquinas calculadoras, com as quais fará comércio ( 9 x 6
000$00 = 54 000$00 );
- equipamento, pela aquisição de uma máquina para uso do comerciante
 ( 6 000$00 )

Estes elementos são ambos activos, visto representarem valores que passaram a
       pertencer ao comerciante.
- fornecedores será criada no passivo, visto que esta operação originou uma divida do
comerciante. A dívida a pagar corresponde à globalidade da compra (10 x 6 000$00 = 60
000$00) e representa o direito do credor em receber esta quantia dentro de certo prazo.


Venda ao Sr. F. de 2 calculadoras ao unitário de 8 000$00, pagando este 50% da compra e
comprometendo-se a entregar o restante dentro de um mês.

Esta venda vai originar:

- aumento das disponibilidades em caixa ( 8 000$00 );
- aparecimento de nova rubrica no activo que representa uma dívida a receber,    isto é, o
direito a receber do Sr. F. em data futura 8 000$00 (clientes);
- diminuição de mercadorias pelo custo das máquinas vendidas. Saem duas máquinas que
ao preço unitário de 6 000$00, totalizam a importância de
12 000$00;
- aparecimento de um ganho (lucro), que irá aumentar o capital próprio do comerciante ( 4
000$00).

Pagou ao seu fornecedor 60% da dívida resultante da operação 2).

Neste caso, serão diminuídos, dois elementos: um do activo e outro do passivo, pelo
mesmo valor.

- diminui caixa, visto haver uma saída de dinheiro ( 36 000$00 )
- diminui fornecedores, visto ter sido paga parte da divida em questão (36 000$00 )

Pediu um empréstimo ao BPA de 200 contos, ficando esta quantia, deduzida dos juros pagos
antecipadamente de 5 contos, depositada no referido Banco e á ordem do comerciante.


16                                                                       Manual de Curso
CONTABILIDADE


       Esta operação vai implicar:

       - aumento do passivo, na medida em que o comerciante se obriga ao reembolso do
       empréstimo contraído ( 200 000$00 );
       - aumento do activo, pelas novas disponibilidades que ficaram depositadas à sua disposição (
       195 000$00 );


       - uma diminuição do capital próprio pelo juro obrigado a pagar. Recebendo apenas 195
       000$00 e obrigando-se a pagar 200000$00 o comerciante vê o seu capital suportar a
       diferença entre o recebido e o valor a pagar.


       Analise-se em pormenor o quadro apresentado, onde são registadas as                                                                   operações
       descritas, com base na equação fundamental da contabilidade.


                                         ACTI               =                P                      +              S
                                         VO                                  A                                     .
                                                                             S                                     L
             Caixa       + Mob. diverso + Mercad.       +       Equip.
                                                                             S
                                                                             +   Clientes       +
                                                                                                    Dep. em        Í
                                                                                                                   +   =   Fornec.       +
                                                                                                                                             Emprést.
                                                                                                                                                            +   Cap. Próprio
                                                                                                    Bancos                                   Bancário


       1   1 000 000$                -              -                    -                  -                  -       =             -                  -        1 000 000$
           - 100 000$        +100 000$              -                    -                  -                  -       =             -                  -                      -
            900 000$          100 000$                                                                                                                           1 000 000$


       2
                     -               -   +54 000$                +6 000$                    -                  -       =   +60 000$                     -                      -
            900 000$          100 000$     54 000$                 6 000$                                                   60 000$                              1 000 000$


       3
            + 6 000$                 -    -12 000$                       -       +8 000$                       -       =             -                  -           +4 000$
            906 000$          100 000$     42 000$                 6 000$          8 000$                                   60 000$                              1 004 000$


       4
             -36 000$                -              -                    -                  -                  -       =   -36 000$                     -                      -
            872 000$          100 000$     42 000$                 6 000$          8 000$                                   24 000$                              1 004 000$




       5             -               -              -                    -                  -       +195 000$          =             -       +200 000$               -5 000$
            872 000$          100 000$     42 000$                 6 000$          8 000$               195 000$            24 000$           200 000$             999 000$


                1 223                                                                                                  =      1 223
              000$00                                                                                                        000$00




       Como se pode verificar, a igualdade da equação fundamental da contabilidade é sempre
       mantida. Isto é possível devido aos registos compensatórios efectuados em cada operação.
       Aqui aparece um novo princípio contabilístico: toda e qualquer operação dá azo ao registo
       em pelo menos dois elementos patrimoniais. Qualquer facto patrimonial, não altera apenas o
       valor de um elemento patrimonial, mas sim pelo menos de dois.
       O Capital Próprio ou Situação Líquida só é alterada pelos factos patrimoniais
       modificativos. Estão neste caso os factos referentes ás operações (3) e (5). Os restantes
       são necessariamente permutivos.




       Manual de Curso                                                                                                                                                     17
CONTABILIDADE




INVENTÁRIO E BALANÇO


  O INVENTÁRIO: NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

  O inventário consiste numa relação ( rol, lista ) dos elementos patrimoniais com a indicação
  do seu valor. Proceder a inventário consiste, pois, em analisar os elementos de um dado
  património, descrevê-los e atribuir-lhes um valor.
  No inventário devemos considerar três fases:

          a) identificação, em que se verifica quais os elementos patrimoniais existentes;
          b) descrição e classificação, em que os elementos serão apresentados e repartidos
             pelas classes a que dizem respeito;
          c) valorização, acto de atribuição de um valor a cada elemento patrimonial.

       Quanto ao âmbito, os inventários podem classificar-se em gerais e parciais. Um inventário
       diz-se geral quando abarca todos os valores que constituem um dado património; diz-se
       parcial quando abrange apenas alguns dos elementos patrimoniais. No inventário geral
       figuram todos os elementos patrimoniais, no parcial figura apenas uma parte deles. A
       inventariação de mercadorias ou dos débitos de cada empresa são casos representativos
       de inventários parciais.

  Quanto à disposição dos elementos patrimoniais, podem considerar-se dois casos distintos:

          a) os elementos aparecem dispostos sem obedecer a qualquer ordem. Neste caso
                o inventário diz-se simples;
          b) os elementos aparecem agrupados, segundo a sua natureza, característica ou
             função. Se isto acontece, o inventário diz-se classificado.

  Os inventários que as empresas elaboram devem ser transcritos para o livro de Inventário e
  Balanços que, como adiante veremos, é um dos livros obrigatórios para qualquer
  comerciante.

  Nas Grandes empresas, devido à grande extensão dos seus elementos patrimoniais, os
  inventários gerais correspondem à reunião de vários inventários parciais que serão
  elaborados em folhas próprias e em separado.


  APLICAÇÃO 5

  Como exemplo de aplicação apresentaremos um caso de inventário simples e de inventário
  classificado, referente a um mesmo património.

  a) Inventário simples:

                      Inventário do comerciante K, em 1/10/n




  18                                                                         Manual de Curso
CONTABILIDADE


       ACTIVO

       Dinheiro em caixa                 ……………………………           50   000$00
       2 Máquinas de escrever            ……………………………            6   000$00
       4 Máquinas calculadoras           ……………………………           30   000$00
       1 Edifício na rua H               ……………………………          400   000$00
       1 Frigorífico                     ……………………………           25   000$00
       Conjunto de estantes              ……………………………           40   000$00
       1 Máquina registadora             ……………………………           12   000$00
       1 Viatura                         ……………………………          120   000$00
       Dívidas de:
       M. Castro                         ……………………………            3 000$00
       F. Santos                         ……………………………           15 000$00
       Saques n.º
       6 s/ B. Carvalho                  ……………………………           17   000$00
       7 s/ C. Matos                     ……………………………           13   000$00
       2 Secretárias                     ……………………………           12   000$00
       4 Cadeiras                        ……………………………            1   000$00
       Depósitos no BPA                  ……………………………          145   000$00
       2 Sofás                           ……………………………            8   000$00
       Papel, tinta, material diverso    ……………………………            3   000$00
       Total do activo                   ……………………………          900   000$00

       PASSIVO
       Dívidas a:
       H. Fagundes                           …………………………               16 000$00
       S. Antunes                            …………………………                9 000$00
       Aceites n.º
       11, saque de J. Fernandes            ……………………………               18   000$00
       12, saque de M. Pereira              ……………………………               12   000$00
       Dívida à Papelaria Progresso         ……………………………               10   000$00
       Emprést. Contraído no BPA            ……………………………              150   000$00
       Total do passivo                     ……………………………              215   000$00




          b) Inventário classificado

       ACTIVO

       Disponível
       Dinheiro em caixa                ………………          50 000$00
       Depósito no BPA                  ………………         145 000$00    195 000$00
       Clientes
       M. Castro                        ………………           3 000$00
       F. Santos                        ………………          15 000$00     18 000$00
       Letras a receber
       Saque     nº6     s/  B.         ………………          17 000$00
       Carvalho
       Saque nº7 s/ C. Matos            ………………          13 000$00     30 000$00
       Equip. de escritório

       Manual de Curso                                                              19
CONTABILIDADE


1 Máquina registadora                   ………………                      12   000$00
1 Frigorífico                           ………………                      25   000$00
Conj. De estantes                       ………………                      40   000$00
2 Secretárias                           ………………                      12   000$00
4 Cadeiras                              ………………                       1   000$00
2 Sofás                                 ………………                       8   000$00       98 000$00
Material Diverso
Papel, tinta, m. diverso                ………………                                          3 000$00
Imobilizados
1 Edifício na rua H                     ………………                    400 000$00
1 Viatura                               ………………                    120 000$00            520 000$
Mercadorias
2 Máquinas de escrever                  ………………                       6 000$00
4 Máquinas calculadoras                 ………………                      30 000$00         36 000$00
Total do activo                         ………………                       ………………          900 000$00

PASSIVO
Letras a pagar
Aceite nº11, saque de J.                    ………………                18 000$00
Fernandes
Aceite nº12, saque de M. Pereira            ………………                12 000$00               30 000$00
Fornecedores
H. Fagundes                                 ………………                16 000$00
S. Antunes                                  ………………                9 000$00
Papelaria Progresso                         ………………                10 000$00               35 000$00
Empréstimos Bancários
Empréstimo do BPA                           ………………                                        150 000$00
                                                                                          215 000$00


     Nota:   Inventariar um património não é um trabalho tão fácil quanto parece à primeira vista. Há casos em que
             se poderão ( e deverão ) incluir valores ainda não registados e excluir outros que embora existindo já não
             pertencem à empresa. Como exemplo, podemos referir que ao proceder-se a um inventário, os bens já
             adquiridos, mas que ainda não entraram na empresa, devem ser considerados, o mesmo não
             acontecendo àqueles que já tenham sido vendidos mas que ainda não saíram.

             Os inventários efectuados periodicamente, denominam-se ordinários. Por sua vez, são denominados
             inventários extraordinários aqueles que são elaborados em consequência de condições excepcionais. Os
             primeiros são regulares e previsíveis; os segundos são excepcionais e, consequentemente, imprevisíveis.




20                                                                                            Manual de Curso
CONTABILIDADE




  BALANÇO

       NOÇÃO E   CLASSIFICAÇÕES



       Elaborado o inventário geral torna-se necessário comparar o activo com o passivo para
       conhecer o valor e natureza da situação líquida. Esta comparação, constitui o balanço. Assim,
       enquanto que o inventário constitui apenas um arrolamento (listagem) dos valores activos e
       passivos, o balanço, por sua vez leva a cabo a comparação (balanceamento) entre aquelas
       classes de valores. São estes aspectos que marcam a sua diferença. Acrescentando a
       situação líquida ao quadro do inventário, o balanço constitui o mapa da situação patrimonial
       da empresa num determinado momento.
       Segundo Dumarchey « o balanço é, pois, a expressão da relação existente entre o activo, o
       passivo e a situação líquida ».
       Em pontos precedentes vimos que a situação patrimonial de qualquer empresa obedece
       sempre à fórmula:

       ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA

       ou

       ACTIVO = PASSIVO + S. L. ACTIVA - S. L. PASSIVA


       Sendo o balanço constituído por dois membros, o primeiro membro engloba o primeiro
       conjunto de valores: Activo e Situação Líquida Passiva (ou apenas o Activo se esta última for
       incluída no segundo membro com sinal negativo); por sua vez, o Passivo e a Situação
       Líquida Activa constituem o segundo membro do balanço.
       Como aparece representado um balanço e, consequentemente, seus membros ?
       Na prática existem dois tipos de representação:

       representação horizontal, em que o primeiro membro aparece do lado esquerdo, segundo a
       ordem: Activo; Situação Líquida Passiva. O segundo membro vem do lado direito, sendo a
       ordem: Situação Líquida Activa ou a inversa.
       representação vertical em que o segundo membro vem imediatamente abaixo do primeiro,
       mantendo-se a ordem indicada em i) dentro de cada membro.


       APLICAÇÃO 6

       O património de F é constituído por:

             Valores activos      ...........................................   1 820 contos
             Valores passivos     ...........................................     780 contos




       Manual de Curso                                                                           21
CONTABILIDADE


Disposição Horizontal

                                               BALANÇO
Activo       .....................      1 820 c Passivo           ...........................           780 c
                                                S.L.Activa        ...........................         1 040 c
                                        1 820 c                                                       1 820 c



Disposição vertical

                                           BALANÇO

         Activo ............................................                1 820    c
         Passivo ............................................                 780    c
         S.L.Activa
                  ............................................              1 040    c
                                                                            1 820    c

É claro que se torna desnecessário referir que os membros de qualquer balanço são sempre
de igual valor. O primeiro membro nunca pode ser superior ao segundo e vice-versa, face ao
exposto sobre a equação fundamental.


Na composição destes membros, três casos se podem verificar:

A) Activo > Passivo
então:


                 Activo = Passivo + S. L. Activa


Exemplo:                                       BALANÇO
   Activo          .....................       1 000 c Passivo               .....................        600 c
                                                       S.L.Activa            .....................        400 c
                                               1 000 c                                                  1 000 c




Activo = Passivo

BALANÇO
  Activo         ....................       700 c            Passivo ..................... 700 c
                                                                     .




22                                                                                                   Manual de Curso
CONTABILIDADE


       C) Activo < Passivo
              donde

       Activo + S. L. Passiva = Passivo
                             ou
       Activo = Passivo - S. L. Passiva

       Exemplo:                                 BALANÇO
       Activo            ..................     800 c Passivo        ....................     950 c
       S.L.Passiva       ..................     150 c
                                                950 c                                         950 c

       Ou ainda

                                                BALANÇO
       Activo        ...............          800 c Passivo         ........................ 950 c
                                                                    .
                                                      S.L.Passiva   ........................ -150 c
                                                                    .
                                              800 c                                          800 c



       Esta terceira situação é, sem margem para dúvidas, francamente desfavorável na medida
       em que as dúvidas a pagar superam o montante do activo. Ou seja, deve-se mais do que se
       possui e se tem a receber.

       O balanço poderá ainda ser sintético ou analítico.

       Será tanto mais analítico quanto maior for a sua pormenorização, isto é, quanto mais
       discriminados forem os valores activos e passivos. Por sua vez, o balanço sintético é aquele
       em que o grau de pormenorização é mínimo. O mais sintético dos balanços é aquele que nos
       dá apenas a conhecer os valores totais do activo, passivo e situação líquida.

       Tal como se viu para o inventário, o balanço também pode ser, ou não, classificado. Será
       classificado quando os elementos que o compõem são dispostos e ordenados segundo uma
       certa ordem, dependente das suas características, natureza ou função. Na prática os
       balanços são classificados.

       A ordenação das rubricas do balanço está normalmente associada a critérios pré-definidos.
       Para o 1º membro, ou seja, para o Activo o critério é o da liquidez crescente ou decrescente.
       Para o 2º membro, os valores do Activo são ordenados pelo critério da exigibilidade,
       crescente ou decrescente e os da Situação Líquida ou Capital Próprio, pela formação histórica
       dos respectivos valores.




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CONTABILIDADE


APLICAÇÃO 7

Consideremos o inventário de K, apresentado na aplicação 6.

Balanço Sintético

BALANÇO                                          1 / 10 /n
Activo             ..................       900 000$     Passivo           ..................     215 000$
                   ..                                                      .
                                                          S. L. Activa     ..................     685 000$
                                                                           .
                                            900 000$                                              900 000$



Balanço Analítico
BALANÇO                                          1 / 10 /n
ACTIVO                                                   PASSIVO
Disponível        .............                          Dívidas a pagar   ............
 Caixa            .............   50 000$                Fornecedores      ............   35 000$
 Dep. Em          ............    145 000$    195 000$   L. Pagar          ............   30 000$
bancos
Dívidas       a   .............                          Empréstimos       ............   150 000$      215 000$
receber
Clientes          .............   18 000$                Total passivo     ............                 215 000$
L. Rec.           .............   30 000$     48 000$                      SIT. LÍQUIDA
Existências       .............                          Capital           ............. ............   685 000$
 Mercadorias      .............               36 000$
Imobilizado       .............
 M. Administ.     .............   101 000$
 Imóveis          .............   520 000$    621 000$
                                              900 000$                                                  900 000$


É evidente que estes balanços também poderão ser representados sob a forma vertical.
Utilizamos a horizontal por ser a mais corrente.

Sendo o balanço um mapa de origens ( segundo membro ) e de aplicações de fundos
( primeiro membro ), facilmente se depreende que ele está, sujeito a constantes mutações.
Aliás, um balanço constitui uma fotografia da situação patrimonial da empresa, na medida
em que dá esta última num dado momento. Estas mutações são motivadas pela própria
actividade da empresa, pois ela submete a uma constante alteração os seus elementos
patrimoniais.

Usualmente o balanço é só elaborado com uma certa periodicidade em geral um ano. Ora,
estando o património em contínua transformação ( alteração ), o balanço apenas nos dá a
conhecer os valores nas datas da sua elaboração; daí que, um só balanço corresponde a
uma situação estática, enquanto que a comparação de balanços sucessivos representa
uma situação dinâmica, porquanto vai dando a conhecer a evolução patrimonial da
empresa.

No início de um exercício económico haverá um balanço inicial com a correspondente
situação líquida; ao fim daquele corresponderá um balanço final e a consequente situação
líquida final.

A situação final ( a que corresponde ao balanço de fim de exercício ) não é senão a situação
líquida inicial ( corresponde ao balanço inicial ) alterará pelos lucros ou prejuízos do exercício.
Esses lucros e/ou prejuízos acumulados durante vários exercícios económicos, constituem
com a situação líquida inicial a denominada situação líquida adquirida.


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CONTABILIDADE


       Teremos:

                                                          + Lucros
              S. L. Final = S. L. Inicial
                                                          - Prejuízos

       Saliente-se que quaisquer que sejam os tipos de operação efectuados pela empresa durante
       o exercício económico, a igualdade entre os membros do balanço não será desfeita, como foi
       referenciado na equação fundamental.


       APLICAÇÃO 8

       A) M. Gomes apresentava, em 1/11, o balanço indicado na página seguinte.
       No dia 3 de Novembro realiza a seguinte operação:
       venda a pronto pagamento mercadorias por 5 000$00, que lhe haviam custado 3 500 $00.


       Pretende-se o balanço de M. Gomes, após o registo desta operação.

       BALANÇO                                   em 1/11
       1º membro                                            2º membro
       Caixa                 ..........     15   000$00     fornecedores        ..........   30 000$00
       Depósitos ordem       ..........     25   000$00     capital             ..........   60 000$00
       Mercadorias           ..........     10   000$00
       Imobilizado           ..........     40   000$00
                                            90   000$00                                      90 000$00



       após a operação:

       BALANÇO                                   em 1/11
       1º membro                                             2º membro
       caixa ( + 5 )           ..........   20 000$00        fornecedores       .......... 30 000$00
       Depósitos à ordem       ..........   25 000$00        capital            .......... 60 000$00
       Mercadorias (-3,5 )     ..........    6 500$00        lucros             ..........  1 500$00
       Imobilizado             ..........   40 000$00
                                            91 500$00                                        91 500$00

       O lucro de 1 500$00 provém da venda de mercadorias por 5 000$00, que havia comprado
       por apenas 3 500$00.

       No exercício n, J. Gonçalves apresentava o seguinte balanço inicial:

       BALANÇO                                   em 1/11
       ACTIVO                                                PASSIVO
       caixa                   ..........    40 000$00       fornecedores              .........    70 000$00
                                                                                       .
       Depósitos à ordem       ..........   120 000$00       Emp. Bancário             .........   170 000$00
                                                                                       .
       Clientes                ..........    60 000$00       Total do Passivo          .........   240 000$00
                                                                                       .
       Mercadorias             ..........    80 000$00       SIT. LÍQUIDA
       Imobiliário diverso     ..........   140 000$00

       Manual de Curso                                                                                     25
CONTABILIDADE


Imóveis               ..........    400 000$00   capital                  .........   600 000$00
                                                                          .
                                    840 000$00                                        840 000$00

Durante o exercício económico realizou as operações seguintes:

      Comprou mercadorias por 60 000$00. 50% das quais a pagamento imediato e os
      restantes 50% a crédito;
      Vendeu mercadorias por 90 000$00, que lhe haviam custado 70 000$00. Recebeu
      60% do valor desta venda;
      Pagou dívidas aos fornecedores no montante de 45 000$00
      Recebeu dos seus clientes 40 000$00
      Reembolsou uma fracção de 70 000$00 do empréstimo bancário, por meio de
      transferência bancária.

Após estas operações, os membros do balanço sofreram as seguintes alterações:

Operação 1     Mercadorias         (+ 60 000$00); novo valor: =           140   000$00
               Caixa               (- 30 000$00); novo valor:              10   000$00
               Fornecedores        (+ 30 000$00); novo valor:             100   000$00
Operação 2     Mercadorias         (- 70 000$00); novo valor:              70   000$00
               Caixa               (+ 54 000$00); novo valor:              64   000$00
               Clientes            (+ 36 0 000$00); novo valor:            96   000$00
               Lucros              (+ 20 000$00); novo valor:              20   000$00
Operação 3     Caixa               (- 45 000$00); novo valor:              19   000$00
               Fornecedores        (- 45 000$00); novo valor:              55   000$00
Operação 4     Caixa               (+ 40 000$00); novo valor:              59   000$00
               Clientes            (- 40 000$00); novo valor:              56   000$00
Operação 5     Dep. à ordem        (- 70 000$00); novo valor:              50   000$00
               Emp. Bancário       (- 70 000$00); novo valor:             100   000$00


BALANÇO de J. Gonçalves em 31/12/n
                  ACTIVO                     PASSIVO
Caixa               .........  59 000$00     Fornecedores    ..........           55 000$00
Dep. à ordem        .........  50 000$00     Emp. Bancário   ..........          100 000$00
Clientes            .........  56 000$00     Total passivo   ..........          155 000$00
Mercadorias         .........  70 000$00     SIT. LÍQUIDA
Mobiliário diverso .........  140 000$00     Capital         ..........          600 000$00
Imóveis             ......... 400 000$00     Lucros          ..........           20 000$00
                              775 000$00                                         775 000$00


Os lucros vão aumentando a S. L. Activa, por isso a sua inclusão nesta S. L., ou seja, no
segundo membro do balanço. Os prejuízos constituem S. L. Passiva, pelo que a havê-los
deverão incluir-se no primeiro membro do balanço. Segundo o plano oficial de contabilidade,
os resultados deverão sempre ser incluídos no segundo membro do balanço ( situação
líquida ), com sinal + ( positivo), sendo lucros; com sinal - (negativo ), sendo prejuízos.

Em síntese, o balanço final é elaborado a partir do inicial, introduzindo-lhe as operações
realizadas durante o exercício económico. Como a igualdade entre os dois membros é
sempre mantida, podemos mais uma vez referir que num balanço ( ou situação patrimonial )



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CONTABILIDADE


       a variação de um ou mais elementos é sempre equilibrada pela variação de outro ou outros
       prejuízos.
       À semelhança do inventário, também o balanço será obrigatoriamente registado no livro de
       inventários e balanço. Adiante estudaremos este aspecto legal.




  A CONTA


       NOÇÃO,   PARTES CONSTRUTIVAS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA




       Já foi referido que o património de uma empresa é constituído por um grande e complexo
       número de elementos de natureza diferente. Contudo, esses elementos podem ser
       mensuráveis, ou seja, traduzidos numa unidade de valor comum. Isto é, transformam-se as
       matérias ou os objectos em valores, possibilitando a sua comensurabilidade, que é o mesmo,
       a comparação entre si. Um televisor e um livro apresentam-se com características diferentes
       mas, graças à sua quantificação ( tradução na mesma unidade ) podem facilmente ser
       comparáveis.

       É graças a esta quantificação que o trabalho contabilístico se pode levar a cabo nas unidades
       económicas. Sem aquela, ele seria não só de difícil execução, como também perdia o seu
       significado, na medida em que se referia, a um conjunto de elementos entre os quais não
       seria possível estabelecer qualquer relação.

       Mas a contabilidade, como conjunto de processos atinentes ao registo, classificação e
       controlo dos factos patrimoniais, tornar-se-ia impraticável se o fizesse em relação a cada
       elemento em particular. Por outras palavras, o registo, a classificação e controlo não seriam
       de fácil execução, se a observação fosse feita elemento a elemento patrimonial.

       Daí que consoante a sua natureza ou função que desempenhem na empresa, os valores
       patrimoniais possam ser agrupados em classes com características comuns. Chegamos
       assim à noção de conta, que podemos definir como um conjunto de elementos patrimoniais
       expresso em unidades de valor.

       Porém numa perspectiva mais prática, a conta aparece associada a uma série de notações
       ou registos referentes a um dado objecto, ordenadamente dispostos num quadro. Portanto,
       na primeira noção a conta define-se pelas características dos elementos que engloba,
       enquanto que na segunda, é considerado o aspecto dinâmico ou evolutivo desses elementos,
       ou seja, o conjunto dos registos das suas variações. Representam assim, duas formas
       distintas de definir uma mesma realidade: a conta representa uma classe de valores ou
       elementos patrimoniais, mas a sua disposição é tal que permite registar todas as variações
       sofridas por esses elementos.


       Partes Constitutivas

             Numa conta há a considerar:
             o título ( denominação própria )
             o valor ( extensão )


       Manual de Curso                                                                           27
CONTABILIDADE


O título é a expressão ( ou palavra ) por que se designa a conta. Deve ser escolhido de tal
forma que revele imediatamente a natureza dos elementos que a
compõem, isto é, nos dê a conhecer o seu conteúdo. Tem como finalidade identificar a conta
e distingui-la de todas as outras, pelo que será fixo e imutável. Deve ser claro no que
respeite à característica comum dos elementos a que diz respeito.




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CONTABILIDADE


       Vejamos um exemplo:

             Os escritórios das empresas estão geralmente equipados com móveis diversos, tais
             como, secretárias, estantes, cadeiras e outros. Todos esses elementos possuem a
             característica comum de se destinarem ao indispensável apetrechamento dos
             escritórios; a denominação para a conta que englobe estes elementos poderá ser, por
             ser, por exemplo, Mobiliário de Escritório.
             O valor representa a qualidade, expressa em unidades monetárias contida na conta
             no momento em que se analisa. O valor registado na contabilidade deve ser verídico,
             ou seja, deve estar de acordo com a verdadeira extensão dos elementos que
             representa.
             Se o título é fixo e imutável, a extensão já não o é. Pelo contrário, ela constitui o
             elemento variável da conta, na medida em que os elementos patrimoniais que
             engloba estão sujeitos a variações contínuas provocadas pelas operações realizadas.
             A conta constitui a bases de toda a escrituração, dado que é a partir dela que se
             desenvolve todo o trabalho contabilístico. Como tal, a conta deve obedecera requisitos
             próprios, para que o trabalho se processe com fundamento e regularidade.

       Os requisitos essenciais a que a conta deve obedecer, são:

             A homogeneidade. Uma conta só deve conter os elementos que obedeçam à
             característica comum que ela define. Assim, a dívida de um cliente à empresa, nunca
             poderá ser registada numa conta que não indique uma dívida a receber, ou seja, a
             conta em que aquela for registada deve incluir apenas os elementos que possuam a
             mesma característica: valores que a empresa tem direito a receber.

             A integralidade. A conta deve incluir todos os elementos que gozam da
             característica comum por ela definida. Deste modo a conta Mercadorias, deverá incluir
             todos os tipos de mercadorias transaccionadas pela empresa, assim como as suas
             variações.

       Em suma, a conta deve ser « homogénea » e « integral »dado que só poderá admitir
       movimentos ligados com a respeito classe de valores, não excluindo qualquer deles.




       REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

       A cada conta corresponde um gráfico ou quadro, que constitui o dispositivo prático para
       acompanhar as suas variações quantitativas.
       Inscrevendo-se neste quadro a extensão inicial da conta e as variações seguintes, consegue
       saber-se a todo o momento o valor dos elementos patrimoniais que agrupa.

       No aspecto gráfico, a conta apresenta-se normalmente na forma de um T. Sobre o traço
       horizontal indica-se o título da conta, podendo ainda distinguir-se um lado esquerdo e um
       lado direito.

       Título da conta

       Lado Esquerdo                               Lado Direito


       O lado esquerdo é designado « Débito » ou « deve » e o lado direito « Crédito » ou « haver
       ». Estes termos provêm de um processo onomatológico ligado à história da contabilidade, na

       Manual de Curso                                                                          29
CONTABILIDADE


fases em que as contas representavam, exclusivamente, as pessoas dos devedores e dos
credores.
As variações aumentativas da conta de uma pessoa devedora constituíam o seu
débito ( aumentando o débito de um devedor, e ele deve mais ) e as diminutivas o
seu crédito, tal como as variações aumentativas da conta de uma pessoa credora
( aumentando o crédito de um credor, ele tem a haver mais ) e as diminutivas constituem
seu débito.
             Ex.: Clientes e Fornecedores

Por extensão do princípio das contas pessoais ás contas de coisas e de factos, os termos
«Débitos» e «Créditos» ou «Deve» e «haver» respectivamente, não representam mais do
que variações aumentativas ou diminutivas no valor das respectivas contas.

No aspecto gráfico, teremos:

Deve ( Débito )                         Título da Conta            ( Crédito ) Haver




Os valores registados no débito denominam-se débitos e os registados no crédito
denominam-se créditos.
debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do débito;
creditar uma conta é efectuar o registo dum valor no lado do crédito.

A diferença entre o débito e o crédito duma conta, no momento considerado, chama-se
saldo dessa conta.

Ao balancear uma conta, ou seja ao comparar o seu débito com o seu crédito, três hipóteses
podem ocorrer:

              D    >   C          o saldo diz-se devedor ( Sd)
              D    =   C          o saldo diz-se nulo (So)
              D    <   C          o saldo diz-se credor (Sc)

Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cujo soma for de menor valor,
obtendo-se assim uma igualdade entre os dois lados da conta.
Atendendo ás três hipóteses consideradas anteriormente, teremos:

              D    >   C          Sd     donde:              D    =   C   +    Sd
              D    =   C          So     donde:              D    =   C
              D    <   C          SC     donde:    D     +   Sc   =   C


Uma conta sem saldo diz-se saldada.

O saldo da conta corresponde à sua extensão, ou valor, num determinado momento.
       •      Fechar uma conta correspondentes a somar as colunas dos valores do débito
       e do crédito - depois de as saldar previamente - sublinhando com dois traços
       ( trancando ) cada soma.
       •      Reabrir uma conta é inscrever o saldo na coluna dos débitos, se na conta
       fechada o mesmo era devedor; ou inscrever o saldo na coluna dos créditos, se na
       conta fechada o mesmo era credor.




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CONTABILIDADE



       DISPOSITIVOS DA CONTA

       A disposição apresentada anteriormente, em forma semelhante a um T, não ´´e a única
       existente. É-lhe atribuída a denominação de dispositivo horizontal ou bilateral, sendo o seu
       traçado o seguinte:

       Débito ( Deve )                       Título da conta                       Crédito
       ( Haver )

        Data         Descrição              Valor   Data            Descrição             Valor




       É também utilizado o dispositivo vertical ou unilateral que comporta as seguintes
       subdivisões: de coluna simples; de coluna dupla; e, de coluna dupla com saldos à vista.

       O disposto vertical ou unilateral de coluna simples, tem apenas uma coluna para inscrever o
       valor dos débitos e dos créditos.
       Poderá apresentar-se da seguinte forma:

       Título da conta
                         Data           Descrição          Valor                  D/C
                                                                                   D
                                                                                   -C

       O dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla, tem duas colunas - uma para os débitos
       e outra para os créditos:



       Título da conta
                         Data           Descrição          Débito               Crédito




       O dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla com saldos à vista, tem as mesmas duas
       colunas e ainda uma ou duas outras para os saldos apurados após cada registo:

       Título da conta
           Data                 Descrição               Débito          Crédito           Saldo




       Título da Conta
          Data         Descrição       Débito       Crédito                   Saldos
                                                                     Deved.             Cred..



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CONTABILIDADE




Embora qualquer conta possa ser escriturada em qualquer dispositivo, vamos, de seguida,
referir-nos ás vantagens e inconvenientes dos vários dispositivos da conta, que foram
apresentados.

O dispositivo unilateral de coluna simples, tendo a vantagem de mostrar o saldo à
vista, apresenta a grande desvantagem de, se houver erro de soma ou de subtracção de
uma verba, ficarem erradas todas as operações subsequentes, sendo normalmente a difícil
detecção de tais erros. Por tal motivo, pouco se usa actualmente.

O dispositivo unilateral de coluna dupla com saldos à vista, apresenta a vantagem de
se conhecerem estes a qualquer momento sem necessidade de somar as colunas
das variações aumentativas e diminutivas. Quando a coluna dos saldos é única, obriga a
assinalar a natureza de cada saldo; quando a coluna dos saldos é dupla, estes aparecem
nitidamente separados segundo a sua natureza. Este último dispositivo é actualmente dos
mais usados, por se prestar à escrituração mecanográfica.

O dispositivo bilateral apresentava a vantagem de separar completamente, em lados
distinto da conta, os factos que originam variações aumentativas dos que originam
variações diminutivas e a desvantagem de não ter o saldo à vista, obrigando para a
sua determinação, à soma das colunas dos débitos e dos créditos.



A CONTA (síntese):

CONTA :   conjunto de valores ou de elementos patrimoniais expresso em unidades de valor.

Há a considerar:

O titulo ( denominação própria): expressão ( ou palavra ) por que se designa a conta
O valor ( expressão ): representa a quantidade expressa em unidades monetárias contida
na conta no momento em que se analisa.

O titulo é imutável.
O valor não é imutável.
A conta deve ser homogénea e integral dado que só pode admitir movimentos ligados com
a respectiva conta de valores, não excluindo quaisquer deles.

                Título da conta

                lado esquerdo                  lado direito
                débito                         crédito
                deve                           haver
                entradas                       saídas

                PESSOAS
                devia                          tinha haver
                débito                         crédito
                Entrada                        saída
                Activo                         passivo




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CONTABILIDADE




       Manual de Curso   33
CONTABILIDADE



TEORIA DAS CONTAS




Os contabilistas adoptam uma linguagem diferente:

Em vez de entradas, falam de débitos;
Em vem de saídas, falam de créditos;
Em vez de excedente ou diferente, usam o termo saldo.

Se:
          C     >    D         Sc
          D     >    C         Sd
          D     =    C         So

A subtileza está em saber, em relação a quem ou a quê há entradas de valores e em relação
a quem ou a quê há saída de valores, o que não depende de qualquer automatismo mas
apenas do raciocínio.

... Por extensão do princípio das contas pessoais às contas de coisas e factos, os termos
“débito” e “crédito” ou “deve” e “haver” respectivamente, não representam mais do que
variações aumentativas ou diminutivas no valor das respectivas contas.




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CONTABILIDADE


       Aspecto gráfico:

       Deve ( Débito )            Título da Conta             Haver ( Crédito )




       - Debitar uma conta significa                  - Creditar uma conta é
       Saldo é
       Balancear uma conta é

       D    >   C        Sd   donde:   D   =   C    +   Sd
       D    =   C        So   donde:   D   =   C
       D    <   C        Sc   donde:   D   +   Sc   =   C

       Determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for de menor valor, obtendo-se
       assim uma igualdade entre os dois lados da conta :

       Conta saldada é

       Fechar uma conta corresponde a
       Reabrir uma conta é




       Manual de Curso                                                                    35
CONTABILIDADE




CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CONTAS


  CLASSIFICAÇÃO

  No ponto anterior, ao referirmo-nos à noção de conta, definimo-la como uma classe de
  valores patrimoniais com denominação própria e com extensão numérica. Podendo estes
  valores ser concretos e abstractos, a conta terá assim, por objecto, elementos concretos - os
  que compõem o Activo e o Passivo e, por elementos abstractos - os correspondentes à
  Situação Líquida.

  Teremos então numa primeira classificação: contas do Activo (compreendendo todos os
  elementos patrimoniais - aqueles com a característica de serem propriedade do titular do
  património); contas do Passivo (compreendendo todos os elementos patrimoniais passivos -
  as obrigações pecuniárias que o titular do património terá de satisfazer); e contas de
  Situação Líquida (englobando os valores patrimoniais abstractos por que se traduz a
  diferença entre o Activo e o Passivo).

  Dentro destas grandes classes inserem-se outras de âmbito mais reduzido, cujos elementos
  patrimoniais foram agrupados em obediência a um determinado ponto de vista ou
  característica.

  As contas podem, pois, ter um âmbito mais ou menos vasto, compreenderem mais ou
  menos elementos patrimoniais, isto é, serem mais ou menos simples, ou mais ou menos
  complexas.
  Uma conta é tanto mais simples quanto maior identidade houver nos elementos que agrupa;
  e, tanto mais complexa quanto maior for a diversidade dos mesmos.

  De um modo geral, denominam-se:
            - contas simples ou elementares, as que agrupam elementos                     com
            características muito comuns e, portanto, não comportam maior divisão;
            - contas complexas, colectivas ou gerais, as que agrupam contas simples ou
            elementares, ou que nelas se subdividem.


        As contas que são sub-divisões de outras, chamam-se sub-contas ou contas
        divisionárias.
        As contas dizem-se do 1.º , 2.º , 3.º , ... n-ésimo grau, conforme sejam sub-divisões
        doutras ou, inversamente, integração delas.
        Partindo de uma conta colectiva, que se diz do 1.º grau, as suas sub-divisões
        imediatas serão respectivamente do 2.º , 3.º , ... n-ésimo grau.




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CONTABILIDADE


       Exemplo:

       CONTAS COLECTIVAS                            CONTAS DIVISIONÁRIAS
       1ºgrau                                         2ºgrau                     3ºgrau

                                                    Banco A
       DEPÓSITO A ORDEM                             Banco H
                                                    Banco Z
                                                    ...

       CLIENTES                                     Fagundes
                                                    Agapito
                                                    ...

                                                                              Philips
                                                    Televisores              Grundig
       MERCADORIAS                                                           National
                                                                             ...
                                                    Ventoinhas
                                                    Máquinas de lavar
                                                    Frigoríficos
                                                    ...


       É claro que sendo a conta colectiva subdividida em contas divisionárias ou sub-contas, é
       natural que a sua extensão seja igual à soma das extensões das suas sub-contas. Portanto,
       em qualquer momento, o débito duma conta colectiva è igual à soma dos débitos das suas
       sub-contas e o seu crédito igual à soma dos créditos das mesmas.

        As contas colectivas irão corresponder, como adiante veremos, ao Razão Geral; por sua vez,
       as contas divisionárias corresponderão ao Razão Especial ou Auxiliar. Portanto, o Razão
       Especial corresponde ao desdobramento do Razão Geral.

       Por vezes reúnem-se numa só conta elementos patrimoniais que pertencem aos dois
       membros do balanço (activo e passivo). Tais contas são denominadas mistas. Por exemplo,
       as contas «Outros Devedores» (do activo) e «Outros Credores» (do passivo), são por vezes
       reunidas numa única conta denominada «Outros Devedores e Credores» onde se registarão
       as variações das dívidas a receber e das dívidas a pagar.

       Nas contas mistas, para apuramento da situação real ao fim da determinado período, deve
       efectuar-se a discriminação entre os valores activos e os valores passivos, separando-os,
       ainda que sob o mesmo título da conta.

       Devido à grande generalidade de algumas contas, estas são divididas em outras contas mais
       específicas e necessariamente, de maior significado, cujos saldos deverão ser transferidos
       para as contas de que fazem parte. As primeiras, ou seja, as que tratam de valores de maior
       generalidade dizem-se principais; as segundas, que resultam do desdobramento das
       principais para efeitos de registo contabilístico e cujo saldo se deve transferir para aquelas,
       dizem-se subsidiárias.

       Resumindo, diremos que existe um desdobramento horizontal ou paralelo entre as contas
       principal e subsidiária, e um desdobramento vertical ou descendente entre as contas
       colectiva e divisionária.
       No actual Plano Oficial de Contabilidade (POC), as contas estão distribuídas por dez classes,
       segundo a sua natureza.

       Manual de Curso                                                                             37
CONTABILIDADE



CARACTERIZAÇÃO     DE ALGUMAS CONTAS



Para a caracterização elementar de algumas contas, seriamo-las de acordo com a natureza
dos elementos patrimoniais que englobam, ou seja, pelos grupos a que pertencem: Activo,
Passivo e Situação Liquida.

Apresentar-se-ão as contas geralmente mais utilizadas, descrevendo sinteticamente as suas
características básicas. O título e o conteúdo das contas foram escolhidos de modo a facilitar
a gradual familiarização com a adoptada pelo Plano Oficial de Contabilidade (POC). Não serão
focados aspectos relacionados com a sua movimentação específica, pois tal será feito em
pormenor num capítulo seguinte (cap. 4 - Estudo das contas, segundo o POC).


CONTAS DO ACTIVO

CAIXA                                      Inclui as notas de banco e moedas,
                                           cheques,
                                           vales postais (nacionais e estrangeiros).

DEP. À ORDEM                               Regista o movimento das contas bancárias
                                           (à ordem) das empresas.

CLIENTES C/C                               Engloba as dívidas a receber pela empresa
                                           resultantes da venda de mercadorias e
                                           produtos ou de serviços prestados.

CLIENTES - TÍTULOS A RECEBER               Inclui as letras sacadas sobre os clientes
                                           c/c, ou por si endossadas e ainda os
                                           extractos de factura e as livranças.

EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS                     Inclui as dívidas a receber de terceiros,
                                           resultantes de empréstimos.
OUTROS DEVEDORES                           Respeita às dívidas de terceiros que não
                                           estejam abrangidas pelas contas anteriores.

MERCADORIAS                                Respeita aos bens existentes na empresa
                                           com destino à venda e não sujeitos a
                                           qualquer transformação no seu seio; no seu
                                           preço de custo devem ser incluídas as
                                           despesas adicionais de compra.

INVESTIMENTOS FINANCEIROS                  Inclui as participações de capital e outros
                                           títulos adquiridos pela empresa para
                                           rendimento ou controle de outras empresas.
                                           Devem ser também aqui englobados os
                                           títulos da dívida pública e os empréstimos de
                                           financiamento concedidos.

EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO                 Inclui os diferentes elementos patrimoniais
                                           que a empresa dispõe para exercer a sua
                                           actividade tais como: mesas, cadeiras,
                                           estantes, máquinas de escritório, aquecedo-

38                                                                         Manual de Curso
CONTABILIDADE


                                       res, etc.

       EDIFÍCIOS                       Respeita aos edifícios fabris, administrati-
       E OUTRAS CONSTRUÇÕES            vos e habitacionais, utilizados na activida-
                                       de.

       EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE       Respeita às aquisições de camionetas,
                                       automóveis, motociclos etc., para uso da
                                       empresa.

       IMOBILIZAÇÕES INCORPÓREAS       Inclui elementos patrimoniais sem existên-
                                       cia física, tais como trespasses, patentes,
                                       marcas, alvarás, licenças, concessões,
                                       gastos de constituição e de organização da
                                       empresa, de aumentos de capital, estudos e
                                       projectos.

       CONTAS DE PASSIVO

       FORNECEDORES C/C                 Engloba todas as dívidas a pagar,
                                        resultan-tes da aquisição, pela empresa,
                                        de bens e serviços, com excepção dos
                                        destinados ao imobilizado.

       FORNECEDORES - TÍTULOS           Inclui os débitos a fornecedores que se
       A PAGAR                          encontrem representados por letras ou
                                        outros títulos de crédito.

       EMPRÉSTIMOS OBTIDOS              Engloba os financiamentos contraídos pela
                                        empresa, particulares ou não.




       ESTADO E OUTROS ENTES            Abrange      as     operações    com       a
       PÚBLICOS                         Administração
                                        Central e Local e ainda com as Instituições
                                         de Previdência, à excepção de transações
                                        ou financiamentos.
                                        São aqui registadas as dívidas resultantes
                                        de impostos s/ lucros, imposto de mais-
                                        valias,    imposto     sobre    o      valor
                                        acrescentado, imposto profissional, fundo
                                        de desemprego e providência.

       OUTROS CREDORES                  Respeita às dívidas para com terceiros,
                                        que não estejam contempladas nas contas
                                        precedentes.


       c) CONTAS DE SITUAÇÃO LÍQUIDA OU CAPITAL PRÓPRIO

       CAPITAL                          Para as sociedades esta conta respeita ao
                                        capital nominal subscrito.
                                        Regista também o capital fixado dos
                                        estabelecimentos        individuais    de

       Manual de Curso                                                                 39
CONTABILIDADE


                                            responsabilidade limitada e o capital inicial
                                            das empresas públicas.
                                            Para as empresas em nome individual
                                            esta conta compreende não só o capital
                                            inicial e adquirido, mas ainda as operações
                                            de natureza financeira com o respectivo
                                            proprietário.

RESERVAS                                    São contas constituídas em geral à base
                                            da retenção de lucros, visando o aumento
                                            dos meios de acção das empresas
                                            (autofinanciamento), etc.

RESULTADOS                                  Esta conta visa o apuramento do resultado
                                            de cada exercício económico.


O resultado dum exercício económico pode obter-se por duas vias:

Efectuando os balanços referentes ao início e ao fim do exercício e deduzindo à Situação
Líquida Final a Situação Líquida Inicial. Portanto, através da Situação Líquida Adquirida.

Mas o resultado assim obtido, nada nos diz quanto à origem e natureza dos aumentos e
diminuições do valor do património ocorridos no decurso do exercício em questão. O
conhecimento desses elementos é possível através das contas de custos e de proveitos que
agrupam as variações patrimoniais quantitativas de acordo com a natureza. Eis, então, a
segunda via:
Comparando os custos e os proveitos do exercício económico considerado.

       -       A via 1) determina o resultado global; a via 2) determina o resultado pela via
       analítica e implica o conhecimento e registo contabilístico, em separado, de todos os
       custos e de todos os proveitos.

       -    As contas de custos e de proveitos, dada a sua relevância administrativa, são
       também denominadas contas de gestão, referindo-se, desde já, as seguintes:

CONTAS DE CUSTOS POR NATUREZA
CUSTO DAS VENDAS                            Regista as vendas de mercadorias valorizadas
                                            ao preço de custo.

FORNECIMENTO E SERVIÇOS                     Nesta conta são registadas as despesas com a
EXTERNOS                                    água, luz, telefone, selos postais, combustíveis,
                                            gás, material de conservação e reparação de
                                            máquinas, de veículos, de instalações, material
                                            de expediente, publicidade, rendas, alugueres,
                                            remunerações      a   intermédios,    honorários,
                                            transporte de mercadorias e de pessoal,
                                            deslocações e estadias destes.

IMPOSTOS                                    São aqui registados os impostos e taxas pagos
                                            pela empresa ao Estado, Autarquias Locais e
                                            outras entidades do Sector Público,
                                            com excepção dos impostos sobre os lucros.

CUSTOS COM O PESSOAL                        Nesta conta são registadas as remunerações do
                                            empresário ou dos corpos gerentes, o 13º mês,
                                            as remunerações adicionais do trabalho, os

40                                                                           Manual de Curso
CONTABILIDADE


                                                 encargos sobre as remunerações de conta da
                                                 empresa.

       OUTROS CUSTOS                             Regista os custos que não sejam próprios dos
                                                 objectivos principais da empresa.

       AMORTIZAÇÕES DO EXERCÍCIO                 Regista a depreciação       das   imobilizações,
                                                 atribuída ao exercício.

       PROVISÕES EM EXERCÍCIO                    Regista as perdas ou despesas prováveis de
                                                 montante incerto, imputáveis ao exercício.

       CUSTOS FINANCEIROS                        São aqui registados os juros de financiamen-tos,
                                                 os encargos com descontos de letras e outros
                                                 títulos, os descontos de pronto pagamento e
                                                 outros custos de origem financeira.

       CONTAS DE PROVEITOS POR NATUREZA

       VENDAS                                    É registado o valor resultante da venda de
                                                 mercadorias e produtos da empresa.
       PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS                     Regista os rendimentos resultantes de serviços
                                                 prestados pela empresa e que façam parte dos
                                                 seus objectivos ou finalidades.
       PROVEITOS SUPLEMENTARES                   Nesta conta registam-se os proveitos das
                                                 actividades que não sejam próprias dos
                                                 objectivos principais da empresa.
       OUTROS PROVEITOS                          Regista os proveitos que não sejam próprios
                                                 dos objectivos principais da empresa.
       PROVEITOS FINANCEIROS                     Registam os proveitos e ganhos financeiros tais
                                                 como juros, descontos, rendimento de capital,
                                                 etc.

       Com o objectivo de automatizar e ter um controlo contabilístico das compras é habitual
       utilizar-se uma conta com a designação COMPRAS, cuja movimentação em geral faz-se no
       âmbito das contas de existência.

       Para além das contas do activo, do passivo e da situação líquida, aparecem no balanço das
       chamadas contas de regularização destinadas a rectificar o valor doutras contas e que
       correspondem a dois grupos:

       CONTAS DE REDUÇÃO DE VALORES ACTIVOS
       AMORTIZAÇÕES                              Contas que têm como objectivo registar as
                                                 depreciações (desvalorizações ou desgaste)
                                                 sofridas   pelo imobilizado   da empresa;
                                                 aparecem no 1º membro do balanço em
                                                 dedução das correspondentes contas do
                                                 imobilizado.

       PROVISÕES                                 Contas que servem de compensação a
                                                 eventuais perdas futuras da empresa, mas de
                                                 montante indeterminado, tais como dívidas de
                                                 cobrança duvidosa e mercador-ias que se
                                                 venham a desvalorizar. Aparecem no balanço,
                                                 no lado do activo, em dedução das
                                                 correspondentes contas.
                                                 No cap. 4 estudaremos com maior detalhe as
                                                 contas que neste domínio estão previstas no
                                                 POC bem como o respectivo conteúdo e


       Manual de Curso                                                                              41
CONTABILIDADE

                                            movimentação.




MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO

Caracterização
As primeiras contabilidades conhecidas, as do século XIII, comportavam somente as contas
de devedores, credores e banqueiros, ou seja, contas de «pessoas». O método de registo
contabilístico adoptado então ficou conhecido por método das partidas simples ou unigrafia,
que consistia na inscrição em cada conta (pessoal) dos movimentos que lhe respeitam, sem
qualquer interligação com inscrições feitas noutras contas.

O desenvolvimento histórico da técnica contabilística conduziu à adopção de contas de coisas
e de factos. Numa primeira fase, utilizou-se apenas contas de coisas, movimentadas sem
correspondência noutras contas (método das partidas mistas); numa segunda fase, com
utilização já de contas de factos, foi-se radicando a prática de, ao fazer uma inscrição
(assento ou lançamento) numa conta, a mesma ser repetida noutra ou noutras contas com
aquela interligadas pelo mesmo facto patrimonial, constituindo este registo duplo aquilo que
viria a chamar-se partidas dobradas ou digrafia.




42                                                                       Manual de Curso
CONTABILIDADE



  MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO


       MÉTODO DIGRÁFICO:
       Todo o débito numa conta origina o crédito noutra ou noutras e vice-versa, C.R., cada facto
       patrimonial determina um registo em duas ou mais contas, por forma a que ao valor de cada
       débito (ou créditos corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor.


       A + S.L.P. = P + S. L. A.


       Sejam:

       a, a’
       sp, sp’
       p, p’
       as, as’
       então:

                  (A + a - a’) + (SLp + Sp - Sp’) = (P + p - p’) + (SLa + Sa - Sa’)

       ou

                  [(A + a) - a’] + [(SLp + Sp) - Sp’] + [p’ - (P + p)] + [Sa’ - (SLa + Sa)]


                  ACTIVO                 S. L. P.            PASSIVO                 S. L. A.


           deve         haver      deve        haver    deve        haver      deve       haver
       A                  a’        Slp         sp’      p’           P         sa'        Sla

       a                            sp                                 p                    sa'


             -             +          -             +       -          +         -

       Debitam-se pela extensão inicial e pelos Debitam-se pelas diminuições
       aumentos
       Creditam-se pelas diminuições            Creditam-se pela extensão inicial e pelos
                                                aumentos

       Ou
       As contas do activo debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos; creditam-se pelas
       diminuições.




       Manual de Curso                                                                            43
CONTABILIDADE


As contas do passivo e da situação líquida inicial debitam-se pelas diminuições;
creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos.

As contas de situação líquida adquirida, isto é, as contas de resultados debitam-se pelos
custos (encargos) e, creditam-se pelos proveitos (ganhos).



Exemplos:

DEVE        Compras      HAVER            DEVE       Fornecedores c/c    HAVER
            10 c.                                                            10 c.




DEVE      Fornecedores     HAVER            DEVE     Caixa               HAVER
          c/c
              30 c.                                                         30 c.




DEVE         Clientes     HAVER             DEVE         Vendas         HAVER
             c/c
             35 c.                                                          35 c.




DEVE          Caixa       HAVER             DEVE         Clientes c/c   HAVER
            17.5 c.                                                        17.5 c.




D (s )                     C (s)

∑D = ∑C
∑Sd      =∑Sc




44                                                                      Manual de Curso
CONTABILIDADE


       APLICAÇÃO 9

             Registar, nas respectivas contas, obedecendo ao princípio das partidas dobradas, as
       operações aos factos patrimoniais seguintes:


       1)   Compra, a crédito de diversas mercadorias                    10   000$00;
       2)   Pagamento ao fornecedor F                                    30   000$00;
       3)   Venda, a prazo, de mercadorias diversas                      35   000$00;
       4)   O cliente J.T. paga metade da sua dívida                     17   500$00.


       Resolução:

       Deve             Compras    Haver                  Deve   Fornecedores c/c         Haver
             10 000$00                                                        10 000$00
                                               operação (1)


       Deve         Fornecedores c/c   Haver              Deve   Caixa                    Haver
            30 000$00                                                         30 000$00
                                               operação (2)



       Deve         Clientes c/c       Haver              Deve   Vendas                   Haver
            35 000$00                                                         35 000$00
                                               operação (3)



       Deve         Caixa              Haver              Deve   Clientes c/c             Haver
            17 500$00                                                         17 500$00
                                               operação (4)



               Em síntese, podemos dizer que no sistema de partidas dobradas:

       - A um débito ( ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor;
       - A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;
       - A soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores,
       A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece necessariamente a uma das quatro
       fórmulas digráficas seguintes:

       Uma só conta devedora a uma só conta credora
       Uma só conta devedora e várias contas credoras
       Várias contas devedoras e uma só conta credora
       Várias contas devedoras e várias contas credoras




       Manual de Curso                                                                            45
CONTABILIDADE



LANÇAMENTOS


  NOÇÃO

  O património, como conjunto de valores activos e passivos sujeitos a uma gestão, não se
  mantém constante. Pelo contrário, está sujeito a variações que mais não são do que a
  consequência da própria actividade da empresa. Sendo assim, além da representação dos
  valores patrimoniais, existe a necessidade de representar e inscrever em documentos, livros
  e registos de vária natureza, os factos patrimoniais que provocam a sua variação.

  A escrituração comercial será, pois, o conjunto de documentos e livros que historiam a
  evolução patrimonial de qualquer empresa. Também se designa escrituração, aos actos de
  registo das operações nos livros e documentos.

  Chama-se lançamento ou assento, à notação de qualquer facto patrimonial nos livros de
  contabilidade.

  São, portanto, peças fundamentais da escrituração, os livros onde se registam as operações
  e os documentos, que representam essas operações e comprovam os lançamentos
  efectuados nos mesmos.




  DOCUMENTOS

  Os factos patrimoniais registados pela contabilidade são descritos e comprovados por meio
  de escritos comerciais - os documentos. Os documentos são pois a base de todo o registo
  contabilístico, sem os quais o mesmo não se poderá processar. Aliás, as empresas estão
  sujeitas a incorrerem em multa se procederem ao registo de factos não devidamente
  documentados.

  Entre os documentos, podem distinguir-se os de movimento interno e os de movimento
  externo. Os primeiros, são aqueles que sendo elaborados no seio da empresa se destinam
  exclusivamente ao uso interno (folhas de férias, notas de lançamento, etc.); os segundos,
  são os que provêm ou se destinam ao exterior (facturas, letras, recibos, notas de débito,
  etc.).



  LIVROS

  Os livros de contabilidade classificam-se em dois grupos: livros obrigatórios e livros
  facultativos.

  Os livros obrigatórios são os que a lei enumera como indispensáveis a qualquer
  comerciante. São também designados por livros selados e vêm indicados no artigo 31º do
  Código Comercial. São eles, o livro de Inventário e Balanço, o Diário, o Razão e o Copiador
  de Correspondência. No § único deste artigo, estabelece-se que, além destes, são
  obrigatórios para as sociedades comerciais os Livros de Actas.

  46                                                                      Manual de Curso
CONTABILIDADE



         Acerca destes livros prescreve o Código Comercial o seguinte:

       Art. 33.º          O livro de Inventário e Balanços começará pelo arrolamento de todo o
                          activo e de todo o passivo do comerciante, fixando a diferença entre
                          aquele e este o capital com que entra em comércio, e servirá para
                          nele se lançarem, dentro dos prazos legais, os balanços a que tem de
                          proceder.

       Art. 34.º          O Diário servirá para os comerciantes registarem, dia após dia por
                          ordem de datas, em assento separado, cada um dos seus actos que
                          modifiquem ou possam vir a modificar a sua fortuna.

       Art. 35.º          O Razão servirá para escriturar o movimento de todas as operações
                          do Diário, ordenadas por débito e por crédito, em relação a cada uma
                          das respectivas contas para se conhecer o estado e a situação de
                          qualquer delas, sem necessidade de recorrer ao exame e separação
                          de todos os elementos cronologicamente escriturados no Diário.

       Art. 36.º          O Copiador servirá para nele se transladarem, à mão ou por máquina,
                          na íntegra, cronológica e sucessivamente, toda a correspondência e
                          telegramas que o comerciante expedir.

       Art. 37.º          Os livros de actas das sociedades servirão para neles se lançarem as
                          actas das reuniões de sócios, interessados ou administradores,
                          devendo cada uma delas expressar a data em que foi celebrada, os
                          nomes dos assistentes, os votos emitidos, as deliberações tomadas e
                          tudo o que possa servir para conhecer e fundamentar estas, e ser
                          assinada pela mesa, quando houver, e, não havendo, pelos
                          assistentes.

       Além destes, que são obrigatórios par todos os comerciantes (o livro de actas só é
       obrigatório para as sociedades), outro livros são impostos pela legislação comercial (Código e
       diplomas complementares) e fiscal, apenas para o registo de determinadas operações, em
       algumas sociedades, ou para certos ramos de actividade (bancos e seguros, por exemplo).

       Vejamos os livros obrigatórios para o registo de determinadas operações:

       Comerciantes que façam vendas por grosso ou a revendedores (Dec. n.º 9 490, de 21 de
       Março de 1931, art. 15.º):
       - Copiador de facturas de vendas a prazo;
       - Registo de extractos de facturas.

       Compra de bens de investimentos pelos sujeitos passivos que possuam contabilidade
       organizada (Art. 51.º do Código do IVA).
              1 - Os sujeitos passivos que possuam contabilidade regularmente organizada para
              efeitos de IRS ou IRC ou nos termos do n.º 3 do art. 50.º são obrigados a efectuar
              registo dos seus bens de investimento, de forma a permitir o controlo das deduções
              efectuadas e das regularizações processadas.

              2 - O registo a que se refere o n.º 1 deverá comportar, para cada um dos seus bens,
              os seguintes elementos:

                     a)     Data da aquisição ou da conclusão das obras em bens imóveis e do
                            início da utilização ou ocupação;

       Manual de Curso                                                                            47
CONTABILIDADE


              b)      Valor do imposto suportado;
              c)      Percentagem de dedução em vigor no momento da aquisição;
              d)      Somatório das deduções efectuadas até ao ano da conclusão das
                      obras em bens imóveis;
              e)      Percentagem definitiva de dedução do ano da aquisição ou da
                      conclusão das obras em bens imóveis
              f)      Percentagem definitiva de dedução de cada um dos anos do
                      período de regularização.

Contribuintes que não possuam contabilidade regularmente organizada nos termos do
Código do IRS ou do IRC.

Art. 50.º do Código do IVA: 1 - Os sujeitos passivos não enquadrados nos regimes especiais
previstos na secção IV do presente capítulo ou que não possuam contabilidade regularmente
organizada nos termos do Código do IRS ou do IRC utilizarão, para cumprimento das
exigências constantes dos n.os 1 dos artigos 45.º e 48.º, os seguintes livros de registo:

              a)      Livro de registo de compras de mercadorias e ou livro de registo de
                      matérias-primas e de consumo;
              b)      Livro de registo de vendas de mercadorias e ou livro de registo de
                      produtos fabricados;
              c)      Livro de registo de serviços prestados;
              d)      Livro de registo de despesas e de operações ligadas a bens de
                      investimento;
              e)      Livro de registo de mercadorias, matérias-primas e de consumo, de
                      produtos fabricados e outras existências à data de 31 de Dezembro
                      de cada ano.

Retalhistas sujeitos ao regime especial de Tributação previsto no artigo 60.º do Código do
IVA.

       Art. 65.º      1 - Os retalhistas sujeitos ao regime especial de tributação previsto no
artigo 60.º são obrigados a registar no prazo de 30 dias, a contar da respectiva recepção, as
facturas, documentos equivalentes e guias ou notas de devolução relativos a bens ou
serviços adquiridos e a conservá-los, com observância do disposto no n.º 2 do artigo 48.º.
                      2 - Para o cumprimento do mencionado no n.º 1 deverão os retalhistas
possuir os seguintes elementos de escrita:

Livro de registo de compras de mercadorias;
Livro de registo de despesas gerais e operações ligadas a bens de investimento.

Sociedades anónimas e em comandita por acções (arts. 12.º e 13.º do Decreto Lei n.º 27
153, de 31/10/1936):

              Livro   de   registo de acções;
              Livro   de   balancetes do razão geral e de balancetes contas correntes;
              Livro   de   desenvolvimento das contas colectivas;
              Livro   de   resultados do exercício.

      Os livros facultativos, são os que se utilizam normalmente como auxiliares de registo.
O seu número e utilização depende da natureza, características e dimensão das empresas ou


48                                                                           Manual de Curso
CONTABILIDADE


       das operações que elas efectuam. Servem para completar, desenvolver e controlar o que se
       escritura nos livros obrigatórios. São usualmente denominados de livros auxiliares.




       Manual de Curso                                                                      49
CONTABILIDADE


      Como livros de contabilidade auxiliares, podem apontar-se, entre outros:

      - Balancetes do Razão Geral.
      - Razões auxiliares ou de desenvolvimento do Razão Geral.
      - Diários auxiliares (Caixa, Compras, Vendas, etc.).
      - Balancetes dos Razões auxiliares.



ESPÉCIES DE    LANÇAMENTOS



O lançamento é, como foi dito, a notação de qualquer facto patrimonial nos livros próprios da
contabilidade, e compõe-se dos seguintes elementos.

Data
Título ou cabeçalho, que é a indicação da(s) conta(s) a debitar e da(s) conta(s) a creditar;
usualmente escreve-se em caracteres mais destacados.
Descrição ou histórico, que consiste na explicação sucinta do facto patrimonial que dá origem
ao lançamento.
Importância ou valor, que é o montante correspondente às variações provocadas nas contas.

      Em regra, apenas no Diário se encontram todos estes elementos.
      Os lançamentos podem classificar-se atendendo aos seguintes dois aspectos:

      - número de contas movimentadas;
      - natureza dos movimentos escriturados.

      1 - Classificação segundo o número de contas movimentadas

               No método digráfico, todo o facto patrimonial dá origem à variação ou mais
               contas, de tal modo que a um débito (débitos), corresponde sempre um
               crédito (créditos) de igual valor.
               A contabilização de qualquer operação obedece forçosamente, a uma das
               seguintes quatro fórmulas digráficas:


      1.ª   fórmula   -   um débito = um crédito
      2.ª   fórmula   -   um débito = vários créditos
      3.ª   fórmula   -   vários débitos = um crédito
      4.ª   fórmula   -   vários débitos = vários créditos

Aos lançamentos da 1.º fórmula dá-se o nome de lançamentos simples. Os das demais
fórmulas dizem-se lançamentos complexos ou compostos.



APLICAÇÃO 10

O comerciante F, realiza as seguintes operações:

Deposita no Banco M, à ordem, a quantia de 500 contos.
        As contas afectadas por esta operação são:
- depósitos à ordem
- caixa


50                                                                        Manual de Curso
CONTABILIDADE


              A primeira sofre uma variação aumentativa e a segunda uma variação diminutiva de
       igual montante; ambas são contas do activo, por conseguinte,
              - debita-se depósitos à ordem      500 000$00
              - credita-se caixa     500 000$00

             Esquematicamente:

       D     Depósitos à ordem              H                 D             Caixa          H
               ...          ...                                       ...           ...
           500 000$00                                                               500 000$00

                                        um débito = um crédito
                                             1.ª fórmula


       Líquida a dívida que tinha para com a Sociedade Beta, Lda. relativa à factura
       n.º 718, no montante de 125 000$00, do modo seguinte: entrega em cheque s/ o banco M:
       - 100 000$00; entrega do restante em notas do Banco de Portugal.

               As contas a movimentar nesta operação são as seguintes:
               - fornecedores
       - depósitos à ordem
       - caixa

             Todas elas sofrem variações diminutivas. Como fornecedores é uma conta do passivo
       e depósitos à ordem e caixa são contas do activo, teremos:


       - debita-se   fornecedores   125 000$00

             depósitos à ordem      100 000$00
             - creditam-se
             caixa 25 000$00



       Esquematicamente:

       D     Fornecedores                   H                 D       Depósitos à ordem        H
               ...          ...                                       ...           ...
           125 000$00                                                               100 000$00

                                    D             Caixa       H
                                            ...           ...
                                                          25 000$00

                                        um débito = vários créditos
                                                2.ª fórmula




       Contraiu no Banco M, um financiamento no valor de 250 000$00. Este
       Banco, cobrando antecipadamente os juros do empréstimo, deposita na conta do
       comerciante a quantia de 225 000$00.



       Manual de Curso                                                                             51
CONTABILIDADE


       As contas afectadas por esta operação, são as seguintes:
- Empréstimos obtidos, relativamente ao financiamento obtido por intermédio do Banco M,
no valor de 250 000$00;
Depósitos à ordem, pela quantia posta à disposição do comerciante F, ou seja, 225 000$00;

- Custos financeiros, pelos juros do financiamento pagos por Banco M, no valor de 25
000$00.

       As duas primeiras contas são de balanço (empréstimos obtidos é uma conta de
passivo e depósitos à ordem é uma conta do activo) e a última conta (despesas financeiras)
é uma conta de gestão, um custo por natureza. Assim,


         Depósitos à Ordem       225 000$00
         - debitam-se
         Custos Financeiros      25 000$00

- credita-se    Empréstimos Obtidos 250 000$00

Esquematicamente:

D        Depósitos à ordem            H                  D     Custos Financeiros     H
         ...          ...                                        ...       ...
     225 000$00                                              25 000$00

                             D     Empréstimos Obtidos             H
                                     ...         ...
                                                 250 000$00

                                   vários débitos = um crédito
                                            3.ª fórmula

d)Adquire à Sociedade Imobiliária do Centro, Lda. um edifício para armazenamento das suas
mercadorias no valor de 1 200 contos e uma camioneta de carga no valor de 300 contos. As
condições de pagamento são as seguintes:

     -   Entrega imediata de um cheque s/ o banco M, no montante de 950 contos;
     -   O restante será liquidado dentro de 90 dias.

Perante a operação descrita, movimentaremos as seguintes contas :

Edifícios e outras construções, pelo valor de aquisição do edifício para armazenamento das
mercadorias;
Equipamento de transporte, pelo valor da aquisição da camioneta;
Depósitos à ordem, pela saída de dinheiro da conta à ordem no Banco M, no total de 950
contos;
Outros credores, pela dívida existente para com a Sociedade Imobiliária do Centro, Lda.




52                                                                           Manual de Curso
CONTABILIDADE


       As três primeiras contas são contas de activo e a última é uma conta do passivo. Atendendo
       às suas variações, iremos,

                                     Edifícios e Outras Construções      1 200 000 $ 00
                    debitar
                                     Equipamento de Transporte             300 000 $ 00

                                     Depósitos à Ordem                         950 000 $ 00
                    creditar
                                     Outros Credores                           550 000 $ 00


       Esquematicamente:

       D   Edifícios e Outras Constr.     H                D   Equipamento           de H
                                                               Transp.
              ...             ...                               ...      ...
        1 200 000 $ 00                                     300 000 $ 00




       D   Depósitos à Ordem              H                D   Outros Credores           H
              ...             ...                                ...      ...
                              950 000 $ 00                                550 000 $ 00



                                    vários débitos = vários créditos
                                              4ª fórmula

       II - Classificação segundo a natureza dos movimentos

       Neste aspecto distinguem-se:

       - Lançamentos de abertura
       Respeitam ao registo dos valores iniciais das contas de um comerciante, no             início da
       sua escrita.

       - Lançamentos correntes
       Respeitam ao registo das operações realizadas e dos acontecimentos ocorridos durante cada
       exercício económico.

       - Lançamentos de estorno
       Têm por finalidade rectificar as omissões, duplicações e erros cometidos nos lançamentos
       efectuados.

       - Lançamentos de regularização
       Visam rectificar o saldo das contas que não correspondam à realidade; normalmente,
       efectuam-se no fim de cada exercício económico antes de se proceder ao apuramento de
       resultados e a elaboração do balanço.


       - Lançamentos de transferência ou de apuramento de resultados



       Manual de Curso                                                                              53
CONTABILIDADE


Têm por finalidade transferir os saldos das contas de custo e proveitos para as contas de
resultados, permitindo a posterior determinação dos resultados da empresa.

- Lançamentos de encerramento ou fecho
São efectuados depois do apuramento de resultados e da elaboração do Balanço e permitem
fechar as contas que apresentem saldos (devedores ou credores).

- Lançamentos de reabertura
Registam, no início de cada exercício económico, os valores iniciais das contas (saldos finais
das contas no exercício anterior).




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CONTABILIDADE



  DIÁRIO E RAZÃO


       ESCRITURAÇÃO

       Dos livros anteriormente referidos como sendo obrigatórios a qualquer comerciante (art. 31º
       do C.C.), interessa-nos, neste momento, referir em particular dois dos livros citados: O
       Diário e o Razão.

       Estabelece o art. 32º do Código Comercial que o livro de inventário e balanços e o diário
       deverão ser, antes de escritos, apresentados para que sejam numerados e rubricadas as
       folhas e lançados os termos de abertura e de encerramento nas primeira e última páginas,
       respectivamente, às seguintes entidades:

             - Síndico de Falências, em Lisboa e no Porto;
             - Magistrado do Ministério Público, nas restantes comarcas do país.


       Antes desta formalidade deverão, os livros obrigatórios, ser previamente apresentados na
       respectiva repartição de finanças, para se proceder à sua selagem. Para o diário e o livro de
       inventário e balanços torna-se também necessária a indicação prévia, pela conservatória do
       registo comercial (ou predial na falta desta), de que a sociedade tem a qualidade de
       comerciante (está devidamente registada). É claro que serão dispensados desta última
       formalidade os comerciantes em nome individual.

       A data do primeiro registo dos livros acima indicados não pode ser anterior àquela em que foi
       lavrado o termo de abertura, pois só a partir desta é que o livro está legalmente «apto» a ser
       escriturado.

       Vejamos agora as finalidades específicas do Diário e do Razão, bem como os elementos que
       comportam o respectivo processo de escrituração.

       O Diário servirá para os comerciantes registarem, dia a dia, por ordem de datas, em assento
       separado, cada um dos seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar o seu
       património.

       O Razão servirá para escriturar o movimento de todas as operações do Diário, ordenados a
       débito e a crédito, em relação a cada uma das respectivas contas, para se conhecer o estado
       e a situação de qualquer delas, sem necessidade de recorrer ao exame de todos os
       lançamentos do Diário.

       Portanto, os factos patrimoniais são registados, por ordem de datas, no Diário e por ordem
       de contas, no Razão. O Diário é um registo cronológico; o Razão é um registo sistemático, é
       o livro das contas.

       Como tudo o que se escritura no Diário tem de constar no Razão e nos restantes livros,
       entende-se praticamente por lançamento a simples contabilização no Diário da empresa,
       visto que, implicitamente tem de ser trasladado para outros livros, com o fim de se dispor do
       detalhe conveniente nos livros adequados.




       Manual de Curso                                                                            55
CONTABILIDADE


Quer isto dizer que o caminho a percorrer na contabilização dos factos patrimoniais é o
seguinte:

          Factos Patrimoniais → Documentos → Diário → Razão → Balancetes
          O traçado ou riscado do Diário (modelo clássico) que iremos utilizar é o seguinte:




     a)      b)                        c)                       d)       e)          f)




significando cada coluna:

          Número de ordem do lançamento.
          Preposição a .
          Cabeçalho e descrição do lançamento.
          Número dos fólios do Razão Geral referentes às contas movimentadas.
          Coluna auxiliar das importâncias (a utilizar somente nos lançamentos compostos, ou
          seja, da 2ª, 3ª e 4º fórmulas).
          Coluna principal das importâncias.

O uso técnico do Diário manda que no cabeçalho do lançamento se inscreva primeiramente a
conta debitada e depois a creditada, esta numa linha imediatamente inferior àquela
antecedido o respectivo título da preposição a, abreviatura de «deve a».

Dado que um mesmo facto pode originar movimentos (variações) em mais do que duas
contas, quando tal acontece, são os títulos das diversas contas substituídos no cabeçalho
pela palavra «Diversos». Os títulos dessas contas entram no corpo do lançamento,
juntamente com a descrição, obedecendo à ordem indicada anteriormente entre as contas
debitadas e creditadas.

Cada lançamento no Diário é fechado por um traço descontínuo em cujo intervalo se escreve
a data (dia e mês) do lançamento seguinte. Contudo, se o lançamento anterior for feito no
mesmo mês poderá indicar-se apenas o dia no lançamento seguinte. Caso o lançamento
seguinte seja efectuado no mesmo dia do lançamento anterior, limitamo-nos a deixar o dito
intervalo em branco ou a pôr umas aspas.

O Diário pode ser analítico, se descreve os factos patrimoniais um a um, ou sintético se
reúne os lançamentos efectuados nos registos analíticos. Pode ainda ser analítico-sintético se
uns factos são descritos um a um e outros por resumo.

Por razões de operacionalidade e em face do elevado número de operações que ocorrem na
generalidade das empresas, o Diário, na sua forma clássica, é, em regra, substituído por
diário ou diários com traçados mais consentâneos com as novas necessidades de tratamento
da informação.




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CONTABILIDADE


       Estes diários simplificados podem revestir dispositivos diversos, sendo usual e por razões de
       processamento utilizar-se modelos similares ao seguinte:


       Data         Nº de               Descrição da operação                       Débito     Crédito      Valor
                   Registo                                                         (Código    (Código
                                                                                      da         da
                                                                                    Conta)     Conta)


       O Razão na sua forma clássica, apresenta-se como um livro de folhas cosidas designadas por
       fólios. Cada fólio é reservado a uma conta, em cuja página esquerda se escreve o «Deve» ou
       «Débito» da mesma e na direita o «Haver» ou «Crédito».

       Os registos a débito levam a preposição a, significando «Deve a»; os a crédito levam a
       preposição de, significando «Haver de».

       No início do livro das contas (Razão) faz-se a recapitulação de todas as contas, pelos fólios
       respectivos.


                 O Razão (modelo clássico) tem o formato seguinte:

       Deve               Título da conta                                                                Haver

       a    b)     c)         d)           e)   f)        g)        a    b        c)     d)       e)     f)         g)
       )                                                            )    )




       Significando cada coluna:

       a), b) Data (ano, mês e dia, respectivamente)
       c)     Preposição a (lado esquerdo) ou preposição de (lado direito)
              Contrapartida da conta movimentada
              Número do lançamento no Diário
              Importância parcial (movimento de cada lançamento)
              Importância acumulada.


                 Para o Razão poderemos adoptar o dispositivo bilateral simplificado:

       Deve              Título da conta                                                            Haver

       a)     b)    c)             d)                e)        a)   b)       c)    d)                    e)




       Significando cada coluna:

       a), b) Data
       Preposição a ou de
       Contrapartida da conta movimentada

       Manual de Curso                                                                                              57
CONTABILIDADE


Importância.


Anteriormente, definimos o Razão como o livro das contas, mas é evidente que não podemos
reunir no mesmo livro contas de diferentes graus, donde, a necessidade de vários «Razões».

O livro de contas do 1º grau será o Razão Geral; os livros de contas divisionárias (2º grau e
seguintes) dizem-se Razões Auxiliares. Naturalmente, haverá um Razão Auxiliar para cada
conta colectiva:

                Razão Auxiliar    de   Depósitos à Ordem
                Razão Auxiliar    de   Clientes
                Razão Auxiliar    de   Fornecedores
                Razão Auxiliar    de   Mercadorias
                Razão Auxiliar    de   Outros Devedores e Credores


APLICAÇÃO 11

       J. Castro iniciou em 2 de Janeiro com um capital de mil e quinhentos contos
(representado em dinheiro) a sua actividade de comercialização das mercadorias M1 e M2.
       Durante aquele mês, efectuou as seguintes operações:

Dia 4 -     Depositou à ordem no Banco A, conforme guia de de-
            pósito                                   nº                        34       1 000 000 $ 00
            079 ............................................................
Dia 8 -     Comprou a crédito mobiliário diverso para apetrecha-
            mento do seu escrit´´orio, à Fábrica de Móveis Lousa-
            da                    (sua                       factura           nº        120 000 $ 00
            17) ....................................................
Dia 12 -    Pagou as rendas do edifício arrendado, referentes aos
            meses de Janeiro e Fevereiro ........................................         30 000 $ 00
Dia 18 -    Adquiriu uma viatura de carga à Sociedade Ipsilon,
            Lda. tendo pago apenas 50% do valor de aquisição .....                       400 000 $ 00
Dia 22 -    Comprou à Sociedade Beta, as seguintes mercadorias:
            - 100 unidades de M1 ao preço unitário de 870$00                              87 000 $ 00
            - 50 unidades de M2 ao preço unitário de 350$00                               17 500 $ 00

      Esta compra foi efectuada nas seguintes condições:

           - Entrega imediata de um cheque (nº 88 675) s/ o
           Banco A no valor de 74 500 $ 00

           - Aceite de uma letra, a 90 dias da data, com o valor
           nominal de 31 500 $ 00


Dia 23 -    Pagamento de diversas despesas: água, electricidade,
            Telegramas e telefones ..................................................       2 400 $ 00
Dia 25 -    Vendeu a pronto pagamento 25 unidades da mercado-
            Ria M1 ao preço de venda unitária de 860$00 ..............                    21 500 $ 00
Dia 27 -    Liquidou a dívida para com a Fábrica de Móveis Lou-
            Sada, com o cheque nº 88 676 s/ o Banco A, obtendo


58                                                                                        Manual de Curso
CONTABILIDADE


                 Um desconto de 5%.




       Pretende-se que se efectuem os lançamentos:                   no Diário;
                                                                     no Razão.

       Resolução da alínea a) DIÁRIO :

                Lisboa, 2 de Janeiro de N
        1       Caixa                                                  1
            a   Caixa                                                  2
                Valor com que J. Castro inicia a sua actividade                           1 500 000$00
                _________________        4   ________________
        2       Depósitos à Ordem                                      3
            a   Caixa                                                  1
                Guia de depósito nº 34 079                                                 1 000 000$00
                _________________        8    ________________
        3       Equipamento Administrativo                             4
            a   Outros Credores                                        5
                Factura nº 17 da Fábrica de Móveis Lousada                                  120 000$00
                _________________        12    _______________
        4       Fornecimentos e Serviços Externos                      6
            a   Caixa                                                  1
                Pagamento das rendas dos meses de Janº e Fevº                                30 000$00
                _________________        18    _______________
        5       Equipamento de Transporte                              7
            a   Diversos
                Aquisição de uma viatura de carga
            a   Caixa                                                  1     200 000$00
            a   Outros Credores                                        5     200 000$00     400 000$00
                _________________        22     ______________
        6       Diversos
            a   Diversos
                Compra de mercadorias M1 e M2
                Compras                                                8     104 500$00
                Custos Financeiros                                     9         500$00
                                                                             106 000$00
            a   Depósitos à Ordem                                      3      74 500$00
            a   Fornecedores c.c. (1)                                 10      31 500$00     106 000$00
                _________________        "  ________________
        7       Fornecedores c.c.                                     10
            a   Fornecedores Títulos a pagar                          11
                Aceite de uma letra                                                          31 500$00
                _________________        23  _______________
        8       Fornecimentos e Serviços Externos                      6
            a   Caixa                                                  1
                Pagamento de diversas despesas: água, electricida-
                de e telefone                                                                 2 400$00
                _________________        25  _______________
        9       Caixa                                                  1
            a   Vendas                                                12
                Venda da mercadoria M1                                                       21 500$00
                _________________        27  _______________
       10       Outros Credores                                        5
            a   Diversos
                Liquidação da fact. Nº17 da Fábrica de Móveis
                Lousada
            a   Depósitos à Ordem                                      3     114 000$00
            a   Proveitos Financeiros                                 13      60 000$00     120 000$00


       Manual de Curso                                                                            59
CONTABILIDADE

     TOTAL          3 331 400$00




60           Manual de Curso
CONTABILIDADE


                 Resolução da alínea b)

Deve                      CAIXA                                                                       1            Haver
      N                                                    N
Jan        2   a Capital Individual   1    1 500 000$      Jan        4       de    Depósitos à Ordem               2    1 000 000$
          25   a Vendas               9    21 500$                   12       de    Forn. e Serv. de Terceiros      4       30 000$
                                                                     18       de    Mat. de Carga e Transporte      5      200 000$
                                                                     23       de    Fornec. e Serv. de Terceiros    8        2 400$




Deve                      CAPITAL                                                                     2            Haver
      N                                                    N
                                                           Jan       2        de    Caixa                           1    1 500 000$
                                                             .




Deve                      DEPÓSITOS À ORDEM                                                           3            Haver
      N                                                    N
Jan       1    a Caixa                2    1 000 000$      Jan       22       de    Diversos                        6       74 500$
                                                                     25       de    Outros Credores                 10     114 000$



Deve                      EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO                                                      4        Haver
      N                                                    N
Jan       8    a Outros Credores      3         120 000$




Deve                        OUTROS CREDORES                                                                   5     Haver
      N                                                        N
Jan       27    a Diversos                10   120 000$        Jan        8    de     Equipamento Administrat.
                                                                                      e Mobiliário Diverso           3      120 000$
                                                                         18    de     Material de Carga e Trans-
                                                                                      porte                          5      200 000$




Deve                      FORNECIMENTOS E SERVIÇOS EXTERNOS                                               6        Haver
    N                                                      N
Jan. 12        a Caixa                4    30 000$
      22       a Caixa                8    2 400$



Deve                      EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE                                                       7        Haver
    N                                                      N
Jan. 18        a Caixa                5    200 000$        Jan
                                                             .
          18   a Outros Credores      5    200 000$

Deve                      COMPRAS                                                                         8        Haver
    N                                                      N
Jan. 22        a Diversos             6    104 500$        Jan
                                                             .




                 Manual de Curso                                                                                            61
CONTABILIDADE


Deve                 CUSTOS FINANCEIROS                                             9        Haver
    N                                            N
Jan. 22   a Diversos             6   1 500$      Jan
                                                   .




Deve                 FORNECEDORES C/C                                               10       Haver
    N                                            N
Jan. 22   a Fornecedores - Tí-   7   31 500$     Jan   22   de   Diversos                     5      31 500$
                                                   .
             tulos a pagar




Deve                 FORNECEDORES - TÍTULOS A PAGAR                                 11       Haver
    N                                            N
Jan.                                             Jan   22   de   Fornecedores c/c             7      31 500$
                                                   .




Deve                 VENDAS                                                         12       Haver
    N                                            N
Jan.                                             Jan   25   de   Caixa                        9      21 500$
                                                   .




Deve                 PROVEITOS FINANCEIROS                                          13       Haver
    N                                            N
Jan.                                             Jan   27   de   Outros Credores              1       5 000$
                                                   .                                          0




           ESTORNOS NO DIÁRIO
            Sendo a escrituração comercial um meio de prova em caso de litígio, não deverá,
            necessariamente, apresentar irregularidades. De acordo com o artigo 39º do Código
            Comercial, se houver cometido erro ou omissão em qualquer assento será ressalvado por
            meio de estorno.

            O estorno é, então, um lançamento destinado a anular ou a rectificar outro, ou a preencher
            uma lacuna.


            Os estornos podem ser motivados por:

                    -      Omissão de lançamentos;
                    -      Duplicação de lançamento;
                    -      Inversão de Contas (debitar a conta que se devia ter creditado e/ou vice-
                    versa);


            62                                                                          Manual de Curso
CONTABILIDADE


               -     Substituição de contas (debitar e/ou creditar contas diferentes das que se
               deviam       ter debitado e/ou creditado);
               -     Alteração de quantias (lançar uma importância diferente da variação sofrida
               pela conta).

       Quando o erro é cometido no Diário, o estorno constará, na forma mais simples de um
       lançamento inverso ao errado.



       Vejamos seguidamente exemplos referentes às hipóteses focadas:


       Na omissão de lançamento, o estorno consiste no lançamento omisso,     mencionado      na
       descrição a data da respectiva operação

       Exemplo:

                  ... , 20 de Novembro de N
                  Depósitos à Ordem
           a      Caixa
                  N/ depósito efectuado no dia 2, conforme guia
                  nº
                  887 651, por lapso não registado nessa data         10 000$00

       b) Na duplicação de lançamento, o estorno consiste na anulação do segundo lançamento.
       Esta faz-se, geralmente, pelo lançamento inverso.

       Exemplo:

                 ... , 20 de Novembro de N
                 Clientes c/c
           a     Caixa
                 Anulação do lançamento nº 136, efectuado no
                 passado dia 16, por ser a duplicação do lança -
                 mento nº 128                                         36 000$00

       Na inversão de contas, poderão seguir-se duas vias.

       Exemplo: o pagamento da factura nº 10 do fornecedor F, no valor de 12 000$00, foi
       registado no Diário da seguinte forma:


                 Caixa
           a     Fornecedores c/c
                 Pagamento da sua factura nº 10                       12 000$00




       Verifica-se que as contas foram inversamente movimentadas. Houve uma saída de Caixa,
       logo esta conta deveria ser creditada; as dívidas a fornecedores diminuiram, pelo que esta
       conta deveria ter sido debitada.

               A rectificação poderá ser: Via A:


       Manual de Curso                                                                        63
CONTABILIDADE


Anulação do lançamento errado



         Fornecedores c/c
     a   Caixa
         Estorno do lançamento nº....                           12 000$00




Lançamento correcto a efectuar



         Fornecedores c/c
     a   Caixa
         Pagamento da sua factura nº 10                         12 000$00




Via B: reunindo num único lançamento os dois anteriores


         Fornecedores c/c
     a   Caixa
         Estorno e rectificação do lançamento nº ...            24 000$00




Na substituição de contas, o processo é idêntico ao anterior.

Exemplo: Pelo recebimento dum cheque no montante de 20 000$00, para liquidação da
dívida do cliente C, efectuou-se por lapso o seguinte lançamento:


         Depósitos à Ordem
     a   Clientes c/c
         Liquidação da dívida de F                              20 000$00




Utilizou-se indevidamente a conta de Depósitos à Ordem. A conta a debitar seria a conta de
Caixa, pois os cheques recebidos são movimentados e registados nesta conta.

A rectificação será: Via A:

Anulação do lançamento errado


         Clientes c/c
     a   Depósitos à Ordem
         Estorno do lançamento nº ...                           20 000$00


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CONTABILIDADE


       Lançamento correcto a efectuar


                Caixa
           a    Clientes c/c
                Liquidação da dívida de F                                 20 000$00




       Via B: substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte


                Caixa
           a    Depósitos à Ordem
                Estorno e rectificação do lançamento nº ...               20 000$00

       Na alteração de quantias mantêm-se as vias referidas em c) e d).

       Exemplo: Pela compra a pronto pagamento de uma camioneta no valor de 330 000$00,
       fizemos sob o nº 203, o seguinte lançamento:


                Equipamento de Transporte
           a    Caixa
                Aquisição de uma viatura, matrícula ...              300 000$00


       A sua rectificação poderá ser : Via A :

       Anulação do lançamento errado


                Caixa
           a    Equipamento de Transporte
                Estorno do lançamento nº 203                         300 000$00

       Lançamento correcto a efectuar


                Equipamento de Transporte
           a    Caixa
                Aquisição de uma viatura, matrícula ...              330 000$00


       Via B : substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte:


                Equipamento de Transporte
           a    Caixa
                Rectificação do lançamento nº 203                         30 000$00




       Manual de Curso                                                                65
CONTABILIDADE


ESTORNOS NO RAZÃO

      No razão podem verificar-se dois de erros:
      erros que correspondem à transcrição de erros já cometidos no Diário;
      erros apenas cometidos no Razão.

       No primeiro caso, os erros são corrigidos com a passagem ao Razão dos lançamentos
de estorno efectuados no Diário.
       No segundo caso serão apenas emendados no Razão. Esta rectificação será efectuada
por meio de um traço a tinta de cor diferente, sobre os elementos que careçam de emenda,
deixando-os legíveis. Com a mesma tinta faz-se a correspondente inscrição na linha
seguinte, do elemento correcto.
       O essencial é que as emendas ou aditamentos não dêem lugar a suspeitas de fraude,
deixando-se legível o teor da primeira inscrição. Deste modo vê-se imediatamente o motivo
por que foram feitos.




66                                                                      Manual de Curso
CONTABILIDADE



  BALANCETES E BALANÇOS

       Utilizando-se o método digráfico, toda a operação é simultaneamente lançada a débito de
       uma conta(s) e a crédito de outra(s); e para se verificar a igualdade dos débitos e dos
       créditos de todas as contas depois do registo das respectivas variações, utiliza-se um
       dispositivo chamado balancete.

       O balancete é um quadro recapitulativo de todas as contas do Razão, onde consta a soma do
       débito e do crédito de cada conta e os respectivos saldos (devedores ou credores).


                                                         BALANCETE
       Fólio               Contas                        Débitos   Créditos   Saldos
                                                                              Devedores   Credores




                       Total .........................   D            C          Sd         Sc
               ..

       donde : D = C e Sd = Sc

       O balancete é, pois, um resumo do Razão onde a soma dos totais do débito e do crédito deve
       ser igual, coincidindo também, com o total do Diário; consequentemente, os totais das
       somas dos saldos devedores e credores devem ser iguais.

       Se qualquer das igualdades não se verificar, então pode ter havido erro, sendo necessária
       uma análise do trabalho efectuado. Deste facto se infere uma característica importante: a
       possibilidade de verificar essa concordância de valores, como método de controlo, de
       verificação contabilística.

       Os balancetes não evidenciam erros cometidos no Diário, tais como substituição ou inversão
       de contas, omissão ou duplicação de lançamentos por quanto as quantias registadas a débito
       e a crédito das contas podem ser iguais. Só quando isto não acontece, isto é, quando se
       regista num e não no outro, os erros são detectados pelo balancete.

       A comparação entre o total do balancete e o total do Diário permite verificar se os
       lançamentos foram correcta e completamente passados ao Razão. Normalmente, se o total
       do balancete for inferior ao total do Diário, poderá haver um ou mais lançamento(s) do Diário
       não lançados no Razão, inversamente, poderá haver duplicação na passagem dum
       lançamento (total do balancete superior ao total do Diário).

       Durante o exercício económico, são elaborados periodicamente balancetes, geralmente todos
       os meses, com dupla finalidade:

       conferir as passagens do Diário ao Razão;
       verificar a situação da empresa.




       Manual de Curso                                                                               67
CONTABILIDADE


Por isso lhes chamam balancetes mensais de verificação.


APLICAÇÃO 12

Considerando o exemplo da aplicação 12, pretende-se a apresentação do balancete de
verificação de J. Castro, em 31 de Janeiro de N.

Fólio                  Contas                     Débitos          Créditos      Saldos
                                                                                  Devedores   Credores


1       Caixa                                       1 521 500$        1 234        289 100$
                                                                       400$
2       Capital                                                       1 500                   1 500 000$
                                                                       000$
3       Depósitos à Ordem                           1 000   000$   188 500$        811 500$
4       Equipamento Administrativo                    120   000$                   120 000$
5       Outros Credores                               120   000$   320 000$                    200 000$
6       Fornecimentos         e        Serv.           32   400$                    32 400$
        Externos
7       Equipamento de Transporte                     400   000$                   400 000$
8       Compras                                       104   500$                   104 500$
9       Custos Financeiros                              1   500$                     1 500$
10      Fornecedores c/c                               31   500$    31   500$
11      Fornecedores - Títulos a Pagar                              31   500$                    31   500$
12      Vendas                                                      21   500$                    21   500$
13      Proveitos Financeiros                                        6   000$                     6   000$
                  Total .......................     3 331 400$           3 331   1 759 000$   1 759   000$
        ....                                                             400$

        Este exemplo permite-nos a constatação da tripla igualdade:

Soma dos totais do débito = Soma dos totais do crédito = Soma do total do Diário

Conjuntamente com o balancete do Razão Geral devem elaborar-se balancetes dos Razões
Auxiliares das contas colectivas. Nestes balancetes não se verifica a tripla igualdade
característica do Razão Geral (soma dos totais do débito = soma dos totais do crédito =
soma do total do Diário). Porém, sabemos que toda a importância que é levada a débito ou a
crédito de uma das contas divisionárias, reflecte-se no débito, respectivamente crédito, da
conta colectiva correspondente; então, as somas dos totais ( a débito e crédito) e dos saldos
do balancete dos razões especiais duma conta colectiva devem necessariamente coincidir
com o total do débito, crédito e saldo, respectivamente dessa mesma conta colectiva,
ostentados no balancete do Razão Geral.

Um balancete é quase um balanço; aliás, como o seu próprio nome sugere, o balancete é um
balanço pequeno, um balanço resumido e provisório. Apresentando os saldos de todas as
contas, o balancete permite-nos fazer uma ideia, embora aproximada, da situação da
empresa. Dizemos aproximada, uma vez que os saldos de algumas contas poderão não
corresponder rigorosamente à realidade (por exemplo, nas contas bancárias talvez ainda
haja a considerar os juros). Para se obterem indicações exactas é necessário proceder à
regularização daquelas contas (lançamentos de regularização ou de rectificação), o que
acontece geralmente apenas no fim de cada exercício económico.



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CONTABILIDADE


       Depois desta regularização pode elaborar-se o chamado balancete rectificado ou de
       inventário, sendo chegado o momento de se apurarem os resultados. Após os lançamentos
       de apuramento de resultados ou de transferência, poder-se-á elaborar novo balancete,
       designado por balancete final ou de encerramento, no qual todas as contas de custos e de
       proveitos deverão aparecer saldados, isto é, sem saldo.

       Com base no balancete final ou de encerramento, facilmente se elabora o balanço de fim de
       exercício, bastando considerar as contas que evidenciem saldos, e só essas, apresentando-as
       no dispositivo do balanço, depois de reagrupar e ordenar as contas do activo segundo o seu
       grau decrescente de exigibilidade.

       A terminar podemos dizer que a diferença entre o balanço e o balancete reside no facto de
       este compreender não só os saldos, como também as acumulações a débito e a crédito das
       contas, enquanto que aquele se compõe apenas de saldos.


       APLICAÇÃO 13

       O balancete final da Sociedade Alfa, S.A., representava em 31 de Dezembro de N, os
       seguintes valores:


       Fólio               Contas                        Débitos          Créditos      Saldos
                                                                                         Devedores   Credores


       1       Capital                                                    400   000$                  400 000$
       2       Caixa                                         645   900$   620   400$       25 500$
       3       Depósitos à Ordem                             876   700$   698   900$      177 800$
       4       Compras                                       426   800$   426   800$
       5       Fornecimentos        e     Serv.               86   900$    86   900$
               Externos
       6       Mercadorias                                   923   800$   696   000$      227 800$
       7       Fornecedores c/c                              295   800$   470   800$                  175 000$
       8       Clientes c/c                                  526   500$   354   400$      172 100$
       9       Vendas                                        967   600$   967   600$
       10      Impostos                                       33   400$    33   400$
       11      Clientes - Títulos a Receber                  274   300$   150   000$      124 300$
       12      Custos com o Pessoal                           98   600$    98   600$
       13      Fornecedores - Títulos a Pagar                 85   200$   142   300$                   57 100$
       14      Equipamento Administrativo                     40   000$     4   000$       36 000$
       15      Outros Devedores                               40   900$    22   700$       18 200$
       16      Outros Custos Operacionais                     25   000$    25   000$
       17      Custos Financeiros                             72   500$    72   500$
       18      Proveitos Financeiros                          60   600$    60   600$
       19      Reservas                                                    26   300$                   26 300$
       20      Resultados                                  1 439 200$           1 562                 123 300$
                                                                                500$
                         Total .......................     6 919 700$           6 919     781 700$    781 700$
               ....                                                             700$




       Manual de Curso                                                                                 69
CONTABILIDADE


       Pretende-se a apresentação do balanço final, classificação, no dispositivo horizontal.

Resolução:

Balanço da Soc. Alfa, S.A.                                                          em
                                                                                    21/12/N
                     ACTIVO                     PASSIVO
Disponibilidades                                Débitos a Curto Prazo
  Caixa                   25 500$                Fornecedores c/c        175 000$
  Depósitos à Ordem      177 800$    203 300$    Fornecedores - Títu-
                                                           los a Pagar    57 100$      232 100$
Créditos a Curto Prazo
  Clientes c/c           172 100$               CAPITAL PRÓPRIO
  Clientes - Títulos a
              Receber    124 300$               Capital e Reservas
                                                 Capital                 400 000$
  Outros Devedores        18 200$    314 600$    Reservas                 26 300$      426 300$

Existências                                     Resultados Apurados
  Mercadorias                        227 800$   no Exercício
                                                  Resultados                         + 123 300$
Imobilizações
  Equip. Administr.                   36 000$   Total do Passivo e Ca-
       Total do Activo               781 700$   pital Próprio                          781 700$




70                                                                         Manual de Curso
CONTABILIDADE



  SISTEMAS CONTABILÍSTICOS


       SISTEMAS DE CONTAS


       O volume e a natureza das contas a criar nas empresas, estão intimamente ligados, quer
       com a própria dimensão da empresa, quer com o tipo de informação que se deseja obter e o
       grau de pormenores que se pretenda.

       Em cada empresa as contas não devem ser consideradas isoladas, pelo contrário, devem
       estar relacionadas entre si de forma a constituírem um conjunto coerente. Um sistema de
       contas é, pois, um conjunto organizado destas de modo a que elas mantenham uma certa
       coerência e ligação entre si.

       Na articulação das contas há a considerar os seguintes sistemas:

          -   Sistemas Monistas, quando a contabilidade das empresas compreende um só
              conjunto de livros, um só Razão Geral, ou seja, as contabilidades externa e interna
              estão reunidas.
          -   monismo diz-se indiviso, radical ou puro quando as contas típicas da contabilidade
              interna ou de exploração (ou de movimentos internos) figuram no Razão Geral a par
              de todas as contas; diz-se diviso quando aquelas contas aparecem representadas no
              Razão Geral por uma conta ou poucas contas, por sua vez desdobrada(s) e
              desenvolvida(s) nas contas correspondentes à actividade interna, através de um
              conjunto próprio, embora subordinado, de livros.
          -   Sistemas Dualistas, formadas por duas contabilidades autónomas embora
              mutuamente subsidiadas - a dos movimentos com o exterior (contabilidade externa
              ou legal) e a dos movimentos internos (contabilidade interna ou analítica de
              exploração).

       O sistema dualista designa-se por duplo contabilístico, quando existem duas contabilidades
       claramente separadas, ambas realizáveis pelo método digráfico; a contabilização por partidas
       dobradas das operações internas obriga a criar maior ou menor número de contas de
       contrapartida a que também se dá o nome de contas reflectidas (é nestas contas que se
       executam os lançamentos que, de contrário, se teriam de fazer nas correspondentes contas
       de contabilidade geral, dado que as contas desta última nas correspondentes contas de
       contabilidade geral, dado que as contas desta última nunca são debitadas nem creditadas por
       contrapartida das contas da contabilidade analítica de exploração).

       O sistema dualista diz-se duplo misto quando a parte da contabilidade correspondente aos
       apuramentos internos é executada através de registos extradigráficos; portanto, não se faz
       por partidas dobradas, mas por meio de mapas, não havendo necessidade de pôr duas vezes
       em destaque o mesmo montante.




       Manual de Curso                                                                          71
CONTABILIDADE


Resumindo o que anteriormente foi dito, temos:

      a) Sistemas Monistas

              Sistema único indiviso
              Sistema único diviso

      b) Sistemas Dualistas

              Sistema duplo contabilístico
              Sistema duplo misto

Só através do estudo da contabilidade analítica de exploração será possível a compreensão
total (forma, ligações e implicações) dos referidos sistemas de contas. Este assunto voltará a
ser estudado no ponto 4.10. Contas da classe 9 (contabilidade analítica).



SISTEMAS DE COORDENAÇÃO


Os registos em que se lançam os factos patrimoniais constituem, entre si, conjuntos
ordenados, que se denominam sistemas de coordenação.

Entre os vários sistemas de coordenação existentes, é usual referirem-se os seguintes:



SISTEMA CLÁSSICO

As operações ou acontecimentos que provocam variações patrimoniais registam-se,
analiticamente, por ordem de datas, no Diário e por ordem de contas, no Razão. O primeiro é
um registo cronológico; o segundo, um registo sistemático.

Periodicamente, para conferência (controlo) das passagens do Diário para o Razão,
elaboram-se balancetes. Os saldos apresentados nas contas do Razão, depois das
rectificações necessárias, são elementos do balanço (quadro da situação patrimonial).

Apesar do seu reduzido interesse prático, este sistema tem uma importância fundamental
para a metodologia do ensino da contabilidade.




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CONTABILIDADE



  ESQUEMA DO SISTEMA CLÁSSICO

       A repetição de certas operações e a necessidade da divisão de trabalho, entre outras razões,
       originaram alterações no sistema clássico atrás sucintamente descrito.

       No sistema clássico evoluído, a repetição das operações de caixa - recebimentos e
       pagamentos - aconselhou a criação de um diário único para estas operações e um outro
       diário para as restantes operações - diário de operações diversas ou auxiliar.

       A revelação destes diários é analítica, mas o diário geral, onde se resume periodicamente -
       geralmente no fim de cada mês - o movimento daqueles, é de revelação sintética.

       Quanto ao razão, a existência de contas colectivas e de contas elementares ou subcontas,
       fez adoptar um razão principal ou geral, apenas para as primeiras, e vários razões
       divisionários para as segundas.




       Manual de Curso                                                                          73
CONTABILIDADE



ESQUEMA DO SISTEMA DIÁRIO-RAZÃO


  SISTEMA CENTRALIZADOR

  Este sistema deriva directamente da evolução do sistema clássico, com a adopção de um
  diário especial para cada conjunto de operações de natureza idêntica e de grande frequência
  - diários divisionários - onde as operações são registadas diária e analiticamente.

  Periodicamente, efectua-se o lançamento resumo dos movimentos registados nos diversos
  diários divisionários, num diário sintético. Paralelamente, com os diários divisionários,
  movimentam-se razões auxiliares, e partir dos quais se efectua o lançamento resumo.

  Como exemplo de diários divisionários podemos citar:

  Diário de Caixa - onde se registam todos os recebimentos e pagamentos.
  Diários de Bancos - para registo do movimento bancário. Exceptuam-se os depósitos e
  levantamentos para reforço da Caixa, se estes movimentos forem registados no Diário de
  Caixa.

  Diário de Compras a Crédito - regista todas as aquisições a crédito, pela empresa. As
  aquisições a pronto pagamento são registadas no Diário de Caixa ou Bancos.
  Diário de Vendas a Crédito - regista os movimentos de Vendas efectuadas pela empresa, a
  crédito. Exceptuam-se as vendas a dinheiro, visto serem registadas no Caixa.
  Operações Diversas - têm carácter residual, isto é, regista as operações que pela sua
  natureza não possam ser movimentadas em qualquer dos restantes diários.

  Outros se poderiam citar, como por exemplo: letras a receber; letras a pagar; etc.. A sua
  criação depende das características e necessidades da empresa, bem como da sua dimensão
  e organização contabilística.

  O sistema centralizador é, na prática, o sistema mais utilizado, visto que permite uma
  grande divisão do trabalho contabilístico, contrariamente ao que acontece com o sistema
  clássico o mesmo com o Diário-Razão.

  Apresenta contudo um grande inconveniente: é que uma mesma operação poderá ser
  registada em mais de um diário divisionário, se o âmbito destes últimos não for definido com
  clareza e precisão suficientes. Como exemplo podemos citar o caso dum depósito num banco
  que numa empresa que utiliza os diários de Caixa, e de Bancos poderá lançar no Caixa,
  porque é uma saída deste e nos Bancos porque é uma entrada nos depósitos.

  Dada a grande aplicação na prática do sistema centralizador, iremos apresentar um exemplo
  explicativo.




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CONTABILIDADE



  NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA                                   O   POC


       INTRODUÇÃO

       A contabilidade como processo de recolha, análise, registo e interpretação de tudo o que
       afecta a riqueza das unidades económicas é, sem dúvida, um dos mais poderosos - senão
       mesmo o maior - suportes de informação para a gestão.

       As informações prestadas pela contabilidade ultrapassam, em larga escala, o âmbito da
       empresa e dos seus mais directos colaboradores, revestindo interesse para um vasto
       conjunto de utilizadores (credores, financiadores, fisco, estatísticas nacionais e sectoriais,
       etc.). Sendo assim, será mister que as informações contabilísticas sejam obtidas a partir de
       métodos e procedimentos comummente conhecidos e aceites, por forma a que se elaborem
       elementos susceptíveis de interpretação e comparáveis com os de outras unidades.

       Tal necessidade exige a adopção de uma metodologia semelhante na recolha e tratamento
       dos dados, sem o que a compatibilidade das informações obtidas será colocada em causa.

       Diremos então que será necessário definir um conjunto de princípios e critérios a serem
       uniformemente seguidos pelas diversas unidades económicas na execução de sua
       contabilidade. Neste sentido, deverão definir-se regras no que respeita à nomenclatura das
       contas, ao seu âmbito e movimentação, às regras de valorização dos elementos, à
       determinação dos resultados e à elaboração e apresentação das demonstrações financeiras.

       Ou seja, a normalização contabilística consiste na definição de um conjunto de regras e
       princípios que visem:

       Elaboração de um quadro de contas que devam ser seguidas pelas unidades económicas;
       Definição do conteúdo, regras de movimentação e articulação das contas definidas no quadro
       indicado em a);

       Concepção de mapas-modelo para as demonstrações financeiras definidas para as unidades
       económicas;
       Definição dos princípios contabilísticos e dos critérios valorimétricos que devam ser seguidos
       na contabilidade das diversas entidades envolvidas.

       Em síntese, normalizar, consiste em criar uma metodologia comum, a ser seguida pelas
       unidades económicas visando, fundamentalmente, a compatibilidade das informações inter-
       unidades, a universalidade dos dados recolhidos e a sua compreensibilidade pelos diversos
       agentes económicos.




       Manual de Curso                                                                            75
CONTABILIDADE



VANTAGENS DA NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA

  Ilustraremos este ponto com a nota preambular do anteprojecto de normalização, do
  Ministério das Finanças:

  As vantagens que se atribuem à adopção de uma normalização contabilística situam-se em
  vários planos, designadamente:

            • da empresa: a normalização, na medida em que se assentar numa
            planificação bem aceite e concebida, haverá necessariamente de ser útil às
            empresas. Estas virão a colher as vantagens de passar a dispor de estatísticas de
            sector que mostrarão a sua posição relativa. Isso incentiva quem, colocado em
            situação mais desfavorável, tenha de proceder a revisões e alterações para
            melhorar a sua posição e produtividade;
            • da profissão de técnico de contabilidade que passa assim a dispor de um
            código de regras e procedimentos;
            • da didáctica e o da pedagogia. A normalização pode proporcionar orientações
            menos discutíveis, evitando perdas de esforços em «descobertas já descobertas»,
            transferindo a energia desses esforços para a crítica a remodelação posterior das
            normalizações efectuadas no que estas carecem de correcções;
            • da análise macro empresarial, para a qual se passa a contar com os critérios
            naturalmente mais válidos, procedimentos mais convenientes, dados mais
            exactos, terminologia uniforme, agregações menos erradas, favorecendo-se
            estatísticas sectoriais, nacionais e possibilitando-se um melhor conhecimento da
            economia nacional. As entidades oficiais e os próprios empresários disporiam
            assim de mais correctos instrumentos de análise e previsão;
            • da tributação que assentaria em procedimentos mais ortodoxos e certeiros,
            possibilitando-se assim, um mais fácil controlo dos elementos que servem de base
            ao estabelecimento da tributação das empresas.

  São incontestadas as vantagens referidas, «no entanto, dever-se-á ter presente que quanto
  maior for o campo de aplicação da normalização, mais gerais terão de ser as regras e
  princípios que se estabelecem. Por exemplo, em relação à contabilidade interna, é utópico
  pensar que podemos encontrar uma receita única que sirva para todas as empresas de um
  país, para um banco e para uma casa agrícola, um comerciante e uma metalomecânica, um
  estaleiro e uma empresa de pesca.

  Assim, não parece que a normalização contabilística possa ultrapassar, com certo pormenor,
  o âmbito sectorial, embora possam e devam existir, planos de contas e regras uniformes a
  nível nacional que sirvam de normas orientadoras às normalizações sectoriais».

  Paul Lausel refere «a elaboração de uma doutrina, a definição de princípios que tenham um
  valor tão geral quanto possível, facilita a formação e o aperfeiçoamento de colaboradores de
  contabilidade; ela tempera a tendência natural para a alteração de métodos ligados às
  mutações de pessoas e por consequência facilita as comparações de resultados no tempo;
  ela favorece as comparações no espaço entre empresas que apresentam analogias
  suficientes. Pelo contrário, se a procura da uniformidade é levada demasiado longe, arrisca-
  se comprometer a adaptação da contabilidade às características e às necessidades
  individuais das empresas. Daí a oposição que geralmente se manifesta nos meios patronais
  quanto à normalização pela via legal e sobretudo quando se trata de contabilidade analítica».

  Em síntese, sendo a normalização contabilística grandemente vantajosa em todos os
  domínios - do registo, da análise, do estudo - comporta em si um grande inconveniente, que

  76                                                                        Manual de Curso
CONTABILIDADE


       é o poder ser excessiva. Doutra forma, a normalização parece-nos vantajosa, até ao ponto
       em que possa ser aplicada na empresa, sendo impraticável quando não se adapte ás
       características e necessidades reais das unidades económicas nos aspectos que se proponha
       uniformizar.




       Manual de Curso                                                                       77
CONTABILIDADE



A NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM PORTUGAL

  Até muito recentemente só em dois sectores de actividade - bancário e segurador - se
  encontrava normalização contabilística imposta por lei. De facto, as empresas deste ramo
  eram obrigadas a utilizar o quadro de contas, as regras de contabilização, os critérios de
  apuramento de resultados e a publicar os seus balanços e contas de resultados de acordo
  com planos normalizados.

  Fora estas duas excepções, grassava entre as empresas portuguesas a maior indisciplina em
  matéria de contabilidade.

  Quem acompanhasse os balanços e contas de resultados publicados, constataria da anarquia
  que reinava: na ausência de normas que estabelecessem a forma que aqueles deviam
  revestir no que respeita à terminologia das contas e à forma como deviam ser ordenadas,
  aos custos que deviam ser obrigatoriamente referidos, elaboravam-se aqueles documentos
  para esconder a verdadeira situação patrimonial e resultados;              na ausência da
  obrigatoriedade, assim como da possibilidade da adopção de critérios uniformes de avaliação
  dos elementos e componentes patrimoniais, apareciam nos balanços edifícios que valiam
  milhares de contos avaliados por importâncias irrisórias; recorria-se a toda uma série de
  termos ambíguos para designar as contas de forma a que as pessoas que se debruçassem
  sobre a análise do balanço se viam impossibilitadas de chegar a conclusões; para diminuir os
  resultados criavam-se provisões que nada tinham a ver com os custos; elaboravam-se
  balanços diferentes para a Administração, a Assembleia Geral, os bancos, o fisco.

        Contudo, no início da década de 70 verificou-se existir uma melhoria sensível
  naqueles aspectos, em consequência do seguinte:
     - os conhecimentos técnicos de contabilidade foram progredindo e acompanhados por
        uma maior consciencialização dos empresários quanto ao dever de apresentarem
        dados verdadeiros;
     - a reforma fiscal - e fundamentalmente o Código da Contribuição Industrial - veio
        estabelecer normas para a determinação dos custos e proveitos de cada exercício e
        para a avaliação dos elementos patrimoniais, que, embora sejam somente
        obrigatórios para efeitos fiscais e nem sempre seja indispensável processar a
        contabilidade de acordo com essas normas, têm exercido uma notável acção
        disciplinadora;
     - a legislação entretanto saída sobre fiscalização de sociedades anónimas estabelece
        normas, embora bastante tímidas e primárias, sobre a forma como        devem ser
        elaborados os documentos cuja publicação é obrigatória.

  Esta legislação foi contida no Decreto-Lei nº 49 381, de 15 de Novembro de 1969 , que
  prescrevia quanto ao balanço:

  Artigo 31º
  O balanço final do exercício deve ser exacto e completo e indicar expressamente o valor do
  activo e do passivo, apresentando as respectivas contas com clareza e separadas das
  correspondentes à situação líquida ou capital próprio e as relativas a valores de mera
  informação ou de outra natureza.
  Relativamente aos elementos do activo sujeitos a depreciação o balanço deve patentear as
  amortizações ou reintegrações acumuladas.

  Nada se dizia dos critérios de avaliação dos elementos patrimoniais e sobre a uniformidade
  na aplicação desses critérios e dos princípios contabilísticos, mas o artigo 35º estabelecida


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CONTABILIDADE


       que o Conselho Fiscal devia indicar no seu relatório, entre outros, «os critérios valorimétricos
       adoptados e a respectiva aplicação», o que é muito pouco.
       Quanto à elaboração da demonstração de resultados, o referido Decreto-Lei prescrevia o
       seguinte:

       Artigo 32º
       A conta de resultados ou de ganhos e perdas deve indicar, salvo legislação especial, os
       custos e proveitos discriminados conforme a sua natureza, com menção diferenciada do
       montante de cada verba;
       Quanto aos custos ou perdas, devem obrigatoriamente ser especificados: os custos relativos
       às matérias-primas, matérias subsidiárias ou mercadorias, os encargos com os órgãos
       sociais, as remunerações e outros encargos com o pessoal, os encargos com publicidade, os
       encargos fiscais e para-fiscais, as amortizações e as provisões;
       Quanto aos proveitos ou ganhos, devem ser obrigatoriamente especificados: os proveitos
       dos vários ramos de actividade, os rendimentos de bens ou valores mantidos como reserva
       ou fruição, os rendimentos financeiros, as remunerações recebidas pelo desempenho de
       cargos em órgãos de outras sociedades, as remunerações ou rendimentos recebidos pela
       prestação de            serviços de assistência técnica ou cedência do uso de direitos de
       propriedade industrial, ou elementos da mesma natureza não privilegiados, os benefícios
       fiscais e os proveitos da anulação total ou parcial das provisões.
       As discriminações referidas nos números anteriores são dispensadas, na medida em que
       constem da conta de exploração e esta se encontre publicada.

       O reconhecimento da necessidade crescente de normalização contabilística entre nós está
       patente em vários projectos de planos de contabilidade (de contas) de âmbito nacional que
       entretanto foram publicados:

              - Plano Geral de Contabilidade - Projecto - Contribuição para o Plano
              Contabilístico Português do Sindicato Nacional dos Empregados de Escritório -
              Centro de Estudos (1965).
              - Plano de Contabilidade para a Empresa, do Grupo de Trabalho dos Técnicos de
              Contas do Sindicato dos Profissionais de Escritório do Distrito de Lisboa (1970).
              - Ante-Projecto do Plano Geral de Contabilidade, da Direcção Geral das
              Contribuições e Impostos (1973).
              - Plano Português de Contabilidade, da Sociedade Portuguesa de Contabilidade
              (1974).

       Esse reconhecimento esteve ainda na base da constituição em Novembro de 1974 de uma
       comissão, com existência oficial pelo Despacho de 27 de Fevereiro de 1975, publicado no
       D.R. nº 65 - II Série, de 18/3/75.

       A Comissão foi atribuída a incumbência do estudo da normalização contabilística a implantar
       no nosso país. A Comissão fixou como objectivos a construção de documentos finais de
       apresentação de contas, explicitando para o efeito um conjunto de quadros normalizados,
       com anexos, para cuja construção se veio a reconhecer ser vantajosa a existência de suporte
       através de um quadro e lista de contas.

       A primeira fase do labor da Comissão encerrou-se com a publicação do trabalho intitulado
       «Normalização Contabilística - I Fase», em finais do ano de 1975. Aí se continham vários
       elementos que foram posteriormente revistos e acrescentados, tendo em atenção os dados
       de novos elementos e as críticas e sugestões recolhidas.

       Na sequência dos trabalhos da Comissão foi aprovado, pela primeira vez, um plano de contas
       extensivo à generalidade das empresas.




       Manual de Curso                                                                              79
CONTABILIDADE


Este plano de contas foi aprovado pelo Decreto-Lei 47/77 de 7 de Fevereiro que estabeleceu
o seguinte:

Artigo 1º

É aprovado o Plano Oficial de Contabilidade para as empresas publicadas em anexo.
Serão publicados planos sectoriais de diversas actividades, de acordo com as respectivas
especificidades.
O Plano não é aplicável às instituições de crédito e seguros.


Artigo 2º

        É obrigatória em relação aos exercícios de 1977 e seguintes a elaboração de peças
finais constantes no plano, que adiante se indicam:
        a) Para as empresas públicas e do grupo A da contribuição industrial:
               - Balanço Analítico;
               - Demonstração dos Resultados Líquidos;
               - Demonstração dos Resultados Extraordinários do Exercício;
               - Demonstração dos Resultados de Exercícios Anteriores;
               - Movimento da conta de Resultados Líquidos;
               - Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados;
               - Demonstração de Resultados por Funções e seus desenvolvimentos;
               - Mapa de origens e de aplicações de fundos.

      b) Para as empresas do grupo B da contribuição industrial:
             - Balanço sintético;
             - Demonstração de Resultados Líquidos.

Artigo 3º

      É obrigatória a publicação das seguintes peças finais constantes do Plano, pelas
empresas públicas e pelas sociedades comerciais anónimas que não revistam forma
cooperativas:
      - Balanço analítico;
      - Demonstração de resultados líquidos;
      - Anexo ao balanço e à demonstração de resultados;


Artigo 5º

O Plano será aplicável obrigatoriamente às empresas públicas e com participação maioritária
de capitais do sector público com início no exercício de 1977, podendo a sua adopção ser
adiada para o ano económico de 1978, por despacho do Ministro da Tutela, se razões
ponderosas devidamente justificadas o aconselharem.
Para as restantes empresas do grupo A da contribuição industrial, o Plano será
obrigatoriamente aplicável a partir de 1 de Janeiro de 1978, salvo nos casos em que, pela
natureza da empresa ou característica do sector, o pedido de dispensa de tal obrigatoriedade
venha a outro despacho favorável do Ministro das Finanças, ouvida a Comissão de
Normalização.

Contudo, em consequência da adesão de Portugal às Comunidades Europeias, tornou-se
necessária a adaptação da legislação nacional à comunitária. Assim, o disposto na 4ª
Directiva (78/660/CEE), relativa à estrutura e conteúdo das contas anuais e do relatório de
gestão, bem como aos métodos de avaliação, veio impor revisão do Plano de Contas em
vigor, sendo substituído por um novo a partir de 1 de Janeiro de 1990.

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CONTABILIDADE


       A este propósito, transcrevemos a nota justificativa da Comissão de Normalização
       Contabilística, sobre a necessidade da referida revisão:

       De acordo com os Planos de Actividades da Comissão de Normalização Contabilística
       aprovados com referência aos anos de 1987 e 1988, este Organismo dedicou prioritária
       atenção à revisão do Plano Oficial de Contabilidade, perante as exigências decorrentes da
       entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia e especificamente do disposto na
       4ª Directiva (78/660/CEE), relativa à estrutura e conteúdo das contas anuais e do relatório
       de gestão, bem como aos métodos de avaliação e ao relato financeiro, na parte respeitante á
       sua área de competência.

       Aproveitou-se o ensejo para introduzir aperfeiçoamentos que a experiência nacional e a
       evolução das normas internacionais justificaram.

       No capítulo das Notas Explicativas das Contas, introduziram-se as alterações julgadas
       essenciais ainda se não tenha entrado numa maior pormenorização, que se considera
       irrelevante face á conveniência da entrada em vigor do Plano revisto no início de 1990.

       De salientar que esta revisão do Plano Oficial de Contabilidade foi sendo apreciada e debatida
       ao longo de várias sessões, pelo Conselho Geral da Comissão de Normalização Contabilística,
       e finalmente aprovada na reunião de 4 de Agosto de 1988. Este órgão, de acordo com a
       Portaria regulamentadora da sua actividade, integra 38 membros, representando os
       interesses gerais do Estado (nomeadamente a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos,
       a Inspecção-Geral de Finanças e o Banco de Portugal), associações profissionais de técnicos
       (incluindo a Câmara dos Revisores Oficiais de Contas), instituições de ensino e científicas, o
       sector público empresarial e o sector privado da economia (incluindo as Confederações).




       Manual de Curso                                                                            81
CONTABILIDADE



O PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE

  NOTA PRÉVIA

  A adesão de Portugal às Comunidades Europeias determinou a necessidade de se proceder a
  alguns ajustamentos em matérias contabilísticas, de acordo com o previsto na Directiva n.º
  78/660/CEE (4.ª Directiva), que implicam a revisão do Plano Oficial de Contabilidade,
  aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47/77, de 7 de Fevereiro, e legislação complementar,
  aproveitando-se agora a oportunidade para introduzir melhorias que a experiência e a
  evolução técnica, a nível nacional e internacional, mostraram aconselháveis.

  Tornando-se obrigatório para diversas entidades, o Plano Oficial de Contabilidade não é de
  aplicação geral, já que para as empresas do sector financeiro, segurador e bancário se criam
  planos de contabilidade específicos, ao passo que se afastam expressamente aqueles que,
  exercendo a título individual uma actividade comercial, industrial ou agrícola, não realizem
  um volume de negócios superior a 30 000 contos.

  Para a maior parte das empresas abrangidas, o Plano Oficial de Contabilidade mostra-se,
  aliás, suficientemente flexível, quer no sentido de possibilitar desdobramentos, quer devido
  ao facto de a sua aplicação se restringir em função das situações concretas de cada empresa,
  em que grande parte das contas e das notas do anexo poderá ser dispensada.

  Foi-se, por último, ao encontro das necessidades das pequenas empresas, ao admitir a
  elaboração de modelos alternativos de balanço, demonstração de resultados e anexo menos
  pormenorizados, para efeitos de prestações de contas.

         Assim:
         Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 201.º da Constituição, o Governo decreta o
  seguinte:

  Artigo 1.º
  É aprovado o Plano Oficial de Contabilidade, anexo ao presente diploma e que dele faz parte
  integrante.

  Artigo 2.º
  1. O Plano Oficial de Contabilidade é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades:
  Sociedades nacionais e estrangeiras abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais;
  Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;
  Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada;
  Empresas públicas;
  Cooperativas;
  Agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos europeus de interesse
  económico;
  Outras entidades que, por legislação específica, já se encontrem sujeitas à sua adopção ou
  venham a estar.

  2. O Plano Oficial de Contabilidade não é aplicável aos bancos, às empresas de seguros e a
  outras entidades do sector financeiro para as quais esteja prevista a aplicação de planos de
  contabilidade específicos.

  Artigo 3.º


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CONTABILIDADE


       1. As empresas individuais reguladas pelo Código Comercial, os estabelecimentos individuais
       de responsabilidade limitada, as sociedades por quotas, as sociedades anónimas e as
       cooperativas que, à data do encerramento das contas, não tenham ultrapassado dois dos
       três limites referidos no artigo 262.º do Código das Sociedades Comerciais, poderão
       apresentar somente os modelos menos desenvolvidos de balanço, demonstração dos
       resultados líquidos e anexo indicados no Plano Oficial de Contabilidade.

       2. Sempre que os limites referidos no número anterior sejam excedidos durante dois anos
       consecutivos, deixa de ser aplicável a faculdade nele referida.

       3. Quando os limites indicados no número anterior deixarem de ser atingidos durante dois
       anos consecutivos, só a partir do exercício seguinte será aplicável a faculdade nele referida.

       4. O disposto no n.º 1 não se aplica às empresas interligadas, definidas no n.º 7 das
       «Considerações técnicas» do Plano Oficial de Contabilidade.

       5. Ficam dispensados do previsto no n.º 1 aqueles que, exercendo a título individual
       qualquer actividade comercial, industrial ou agrícola, não realizem na média dos últimos três
       anos um volume de negócios superior a 30 000 contos.

       Artigo 4.º
               Enquanto não for alterado o plano de contas para as empresas que se dediquem a
       operações de locação financeira, fica suspensa, por um período máximo de três anos, a
       entrada em vigor da contabilização previstas no capítulo 12, «Notas explicativas», conta 42.

       Artigo 5.º
              Compete aos Ministros das Finanças e da Tutela, ouvida a Comissão de Normalização
       Contabilística, a aprovação dos planos sectoriais das diversas actividades e das normas
       regulamentares necessárias à aplicação do Plano Oficial de Contabilidade.

       Artigo 6.º
       1. É revogado o Decreto-Lei n.º 47/77, de 7 de Fevereiro.

       2. Mantém-se em funções a Comissão de Normalização Contabilística, a quem compete
       assegurar o fundamento e aperfeiçoamento da normalização contabilística nacional, como
       órgão independente, que funcionará administrativa e financeiramente no âmbito do Ministro
       das Finanças.

       3. As entidades a integrar a Comissão serão designadas por portaria do Ministro das Finanças
       e representarão, à escala nacional, as instituições nacionais e particulares directamente
       interessadas e tecnicamente mais válidas.

             Com a publicação e entrada em vigor em 1991 do Decreto-Lei n.º 238/91, de 2 de
             Julho foram introduzidas alterações ao Plano:

       Artigo 7.º
       1. São introduzidas no Plano Oficial de Contabilidade, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 410/89,
       de 21 de Novembro, as normas de consolidação de contas e as demonstrações financeiras
       consolidadas constantes do anexo I a este diploma, do qual faz parte integrante, que ficam a
       constituir, respectivamente, os seus capítulos 13 e 14.


       2. É ainda alterado o mesmo Plano Oficial de Contabilidade em conformidade com as
       modificações e aditamentos constantes do anexo II a este diploma, do qual faz parte
       integrante.



       Manual de Curso                                                                            83
CONTABILIDADE


INTRODUÇÃO

No capítulo de introdução ao Plano Oficial de Contabilidade faz-se uma referência especial à
necessidade de adequação do plano em face do processo de normalização decorrente de
integração de Portugal nas comunidades europeias. A este propósito transcrevemos
conteúdo do texto do POC que é, por si, elucidativo:

Em 25 de Julho de 1978 foi adoptada pelo Conselho das Comunidades
Europeias a Directiva 78/660/CEE (4.ª Directiva do Conselho), relativa às contas anuais de
certas formas de sociedades.

O seu objectivo primordial é a coordenação das disposições nacionais dos vários Estados
membros respeitantes à estrutura e conteúdo das contas anuais e do relatório de gestão, aos
critérios de valorimetria, assim como ao exame e divulgação desses documentos. A sua
aplicação estende-se às sociedades de responsabilidade limitada, designadamente as
anónimas e por quotas.

Pretendeu-se, assim, não só contribuir para a protecção dos interesses dos associados e de
terceiros, como também assegurar a comparabilidade e equivalência da informação
financeira divulgada.

2. Tendo em consideração que as contas anuais devem dar uma imagem verdadeira e
apropriada da posição financeira e dos resultados das operações das empresas, a 4.ª
Directiva estabelece esquemas de modelos obrigatórios para a elaboração do balanço e da
demonstração dos resultados, as informações a divulgar em notas anexas e o conteúdo
mínimo do relatório de gestão.
Uma das preocupações da directiva é a divulgação da informação sobre sociedades em
regime de grupo e a preparação das contas para a consolidação, matéria que veio
posteriormente a ser objecto de outra directiva daquele Conselho, a n.º 83/349/CEE (7.ª
Directiva).

A adesão, em 1986, do nosso País à CEE veio trazer-lhe a obrigação
de incluir no seu normativo as disposições das directivas comunitárias.
Consciente da tarefa que se lhe impunha no que respeita às disposições de
ordem contabilística, a Comissão de Normalização Contabilística (CNC) incluiu, nesse mesmo
ano, no plano de actividades para 1987 a adaptação do Plano Oficial de Contabilidade (POC)
à 4.ª Directiva. Após a aprovação do referido plano de actividades pelo Governo, a CNC deu
imediatamente início aos respectivos trabalhos.

Estudada a 4.ª Directiva, a CNC entendeu dever fazer uma reflexão
sobre a natureza desse trabalho e a metodologia a aplicar no seu desenvolvimento.


Apesar de ter mais de 10 anos de aplicação, pois entrou em vigor em 1977, o POC apresenta
uma concepção e estrutura que se adaptam, com relativa facilidade, à produção da
informação requerida, sem necessidade de alterações muito profundas a nível da lista das
contas e da sua terminologia e conteúdo.

Por outro lado, deve-se dizê-lo, estão a ser desenvolvidos, no âmbito das organizações
europeias dos profissionais de contabilidade e em ligação com as estruturas da CEE, vários
trabalhos com vista a conseguir a harmonização contabilística mundial, objectivo máximo da
Internacional Federation of Accountants (IFAC). Para a sua consecução, estão a fazer-se
esforços no sentido de eliminar as divergências, não muito significativas, entre as normas
contabilísticas contidas pelo Internacional Accounting Standards Committee (IASC), órgão
dependente da IFAC. Neste sentido, o próprio IASC se propõe limitar as opções de políticas

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CONTABILIDADE


       contabilísticas contidas nas suas normas, de forma a facilitar a harmonização. Assim, a CNC
       optou por uma revisão com o mínimo de alterações, com efeitos positivos não só para os
       técnicos que o têm de aplicar, como também para os próprio utentes.

       As contas das classes 1 a 5, bem como as da classe 8, conduzem à construção do balanço.
       As contas das classes 6 a 7, permitem a determinação dos resultados do exercício e as
       respectivas demonstrações.
       As contas da classe 8 destinam-se a explicitar, por desenvolvimento ou por síntese, os
       resultados apurados no exercício e eventualmente, a sua aplicação.
       Ficam reservadas as classes 9 e 0 à contabilidade interna, analítica, de custos ou de gestão e
       ao tratamento de outras informações. No quadro acima indicado apenas representámos as
       classes cujas contas estão normalizadas.
       A elaboração das classes subordinou-se a alguns critérios:

       - desenvolvimento das mesmas pela ordem seguinte:
       - contas de balanço;
       - contas de activo e passivo, atendendo, com certas excepções, à seriação horizontal do
       balanço;
       - contas de situação líquida, considerando a seriação do balanço;
       - contas de custos e proveitos classificados por natureza, tendo em atenção a seriação da
       demonstração de resultados;
       - contas de resultados, explicitando:
       Resultados operacionais (conta 81 que irá acumular os custos e proveitos operacionais, ou
       seja, que resultem directamente da actividade principal da empresa).
       Resultados financeiros (conta 82 que irá acumular os custos e proveitos financeiros, ou seja,
       os resultantes de decisões de financiamento e de aplicações financeiras).
       Resultados extraordinários (conta 84 que irá acumular os ganhos e perdas acidentais).

       Além das contas indicadas são propostas contas de utilização facultativa, até ao apuramento
       final do resultado global da empresa, que será explicitado na conta 88, resultados líquidos do
       exercício.
       - Contas de contabilidade de custos e outras contas de livre utilização.
       - Formação de classes atendendo às massas patrimoniais e sem grandes desníveis de
       densidade.
       - Distribuição das contas, de sorte a conseguir-se um certo equilíbrio no tratamento das
       diversas situações e fluxos.



       FUNCIONAMENTO E LIGAÇÃO         DO QUADRO DE CONTAS



       Como foi já referido, é tarefa da contabilidade o alcance de dois objectivos básicos, que são:
       - a determinação dos resultados da actividade;
       - a representação da situação patrimonial da empresa.

       Quanto ao primeiro aspecto, não só tem interesse a apresentação do resultado em si, mas
       também, e principalmente, a evidenciação dos seus componentes positivos e negativos.

       No POC, estes aspectos são-nos evidenciados através das «contas de resultados» que
       englobam as contas das classes 6, 7 e 8. As contas das classes 6 e 7 correspondem
       respectivamente, aos componentes negativos e positivos do resultado, devendo o saldo das
       contas que as compõem ser transferido para as contas da classe 8, permitindo, apurar os
       resultados operacionais, os resultados financeiros e os resultados extraordinários.

       Após apurados os resultados indicados, será possível através da conta 88, resultados
       líquidos, apurar o resultado final da empresa (lucro ou prejuízo líquidos).

       Manual de Curso                                                                             85
CONTABILIDADE


Isto significa que todas as contas das classes 6 e 7 são subsidiárias de contas de classe 8
estas, por sua vez, subsidiárias da conta 88, resultados líquidos, única conta que sendo de
resultados é também de balanço.

Relativamente ao segundo objectivo ele é alcançado pela elaboração do balanço de situação
com base nos saldos das contas correspondentes às classes 1 a 5, exceptuando a classe 2 e
uma ou outra conta, cada classe forma um grupo homogéneo dentro do balanço. Das contas
de resultados apenas se inscreve no balanço o resultado final, isto é, o saldo apurado na
conta 88, resultados líquidos (+ ou - consoante seja lucro ou prejuízo, respectivamente).

Nas páginas seguintes apresenta-se um esquema de funcionamento do quadro de contas,
nomeadamente as contas de balanço e de resultados.




CÓDIGO DAS    CONTAS



As contas no POC aparecem classificadas em categorias que se encaixam umas nas outras.
Os autores do plano adoptaram a classificação decimal a qual facilita a utilização de
processos informáticos.

Como se referiu, o conjunto de todas as contas está dividido em 10 classes, que são
designadas pelos números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 0. Introduziu-se o 0 em vez de 10
porque sendo um só algarismo torna-se mais fácil o trabalho informático.

Estas classes são, por sua vez, subdivididas em contas de 1.º grau representadas por um
número que vai de 1 a 9, colocado à direita do número da classe. Assim, a conta 12 designa
a conta de 1.º grau n.º2 da classe 1.

As contas de 1.º grau são por seu turno, subdivididas em contas de 2.º grau representadas
por um terceiro algarismo de 1 a 9, colocada à direita dos precedentes. Assim, a conta 132
será a conta de 2.º grau n.º2, pertencente à conta de 1.º grau n.º3, a qual pertence, por sua
vez, à classe n.º1.

Ainda, as contas de 2.º grau são divididas em contas em contas de 3.º grau designados por
um quarto algarismo colocado à direita dos três outros e assim sucessivamente. Por
exemplo, a classe n.º6 compreende as contas de 1.º grau n.º61, 62, 63, ... , 69. Na conta
63 (1.º grau) encontramos as contas 631, 632, ... de 2.º grau. Na conta 631 (de2.º grau)
encontramos as contas 6311, 6312, ... de 3.º grau.



      Em esquema:
      Classe 6
                     Conta de 1.º grau
                            63              Conta de 2.º grau
                                                   631            Conta de 3.º grau
                                                                         6311




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CONTABILIDADE


       Na prática nem sempre o grau de uma conta corresponde a 1 só digito. De facto, quando
       dentro de determinado grau se preveja a existência duma certa quantidade de contas,
       deverão reservar-se os dígitos necessários para cobertura do número máximo de contas
       previstas. Assim, uma empresa que tenha, em média, uma centena de clientes, deverá
       reservar para o código do cliente um número não inferior a 3 dígitos. A estrutura para
       clientes poderia ser:

       Código: 211 xxx
       em que: classe 2 - Terceiros
       conta de 1.º grau    21 - clientes
       conta de 2.º grau    211 - clientes c/c
       conta de 3.º grau    211 xxx (clientes n.º xxx)
                                                   ....e, assim sucessivamente.


       APLICAÇÃO 14

       A empresa Beta, Lda, que se dedica à venda de equipamentos e respectiva assistência,
       apresentava em 31 /12 / n, os seguintes valores no Balancete do Razão Geral.1


       EMPRESA BETA, LDA

       31/12/n                BALANCETE DO RAZÃO GERAL                    (em contos)
       Classe                           Contas                                      Saldos
                                                                            Devedores    Credores

                    11   Caixa                                                     1 614
       1            12   Depósitos à ordem                                         6 432
                    15   Títulos negociáveis                                       8 750
       ...          19   Prov. p/ aplicações tesouraria                                       1 210
                    21   Clientes                                                 75 400
                    22   Fornecedores                                                        40 600
                    23   Empréstimos obtidos                                                130 000
       2            24   Estado e outros entes públicos                                      10 214
                    26   Outros devedores e credores                              18 754     32 254
                    27   Acréscimos e diferimentos                                 1 685        520
                    28   Provisões p/ cobranças duvidosas                                       986
       ...          29   Provisões p/ riscos e encargos                                       8 635
       3            31   Compras
       ...          32   Mercadorias                                            86 340
       4            42   Imobilizações corpóreas                               439 438
       ...          48   Amortizações acumuladas                                            136 550
       5            51   Capital                                                            150 000
       ...          57   Reservas                                                            38 560
                    61   Custo das mercadorias vendidas                        650 894
                    62   Fornecimentos serviços externos                        88 091
                    63   Impostos                                                4 210
       6            64   Custos com o pessoal                                  279 643
                    66   Amortizações do exercício                              27 310
                    68   Custos e perdas financeiros                            26 360
       ...          69   Custos e perdas extraordinários                         2 223
                    71   Vendas                                                            1 028 500
       7            72   Prestações de serviços                                              135 950
                    78   Proveitos e ganhos financeiros                                        2 180
       ...          79   Proveitos e ganhos extraordinários                                      985
                                                  Totais                     1 717 144     1 717 144

       1
           Por não serem necessárias, excluímos as acumulações a débito e a crédito.

       Manual de Curso                                                                           87
CONTABILIDADE




Tendo em atenção os valores apresentados, pretende-se a indicação dos valores
para:
Apuramento dos resultados líquidos do ano n;
Elaboração do Balanço (simplificado) segundo o POC. 2

Resolução:
Com base no esquema apresentado nas páginas 118 e 119, teremos:

      a1) Apuramento do resultado operacional.

                 81 - Resultados operacionais                                  (contos)
61    Custo Mer. Vendidas            650 894         71    Vendas                           1 028
                                                                                              500
62    Fornec. serv. externos          88   091       72    Prestações serviços            135 950
63    Impostos                         4   210
64    Custos com o pessoal           279   643
66    Amortizações do exercício       27   310
      Lucro operacional              114   302
                                   1 164 450                                                1 164
                                                                                              450


a2) Apuramento do resultado financeiro.

                 82 - Resultados financeiros                                   (contos)
68    Custos perdas financ.           26 360         78    Proveitos         ganhos         2 180
                                                           financ.
                                                           Prejuízo financeiro             24 180
                                      26 360                                               26 360



a3) Apuramento do resultado extraordinário.

                 84 - Resultados extraordinários                               (contos)
69    Custos perdas extraord.             2 223      7    Proveitos ganhos extraord.         985
                                                     9
                                                          Prejuízo extraordinário           1 238
                                          2 223                                             2 223



a4) Apuramento do resultado líquido (por transferência dos valores apurados nas contas 81,
82 e 84).




2
 Continuamos a não utilizar as contas da classe 8, consideradas facultativas pelo POC. Para
desenvolvimento desta matéria veja CAPÍTULO 5 - Operações de fim de exercício.

88                                                                       Manual de Curso
CONTABILIDADE


                               88 - Resultados líquidos do exercício                                     (contos)
       82       Res. financeiro                       24 180           8     Resultado operacional                  114
                                                                       1                                            302
       84       Res. extraordinário                   1 238
                Lucro líquido                    88 884
                                                 114 302                                                            114
                                                                                                                    302

       b) Elaboração do balanço (apresenta-se um grau de desenvolvimento inferior ao preconizado
       no POC, porquanto haveria que recorrer a contas de grau inferior não incluídos no Balancete
       do Razão Geral):

       31/12/n                                                  BALANÇO                                         (em contos)
       ACTIVO                                                         CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
                                        Bruto    Amortiz/   Líquido
                                                 Provisõe
                                                    s
       IMOBILIZADO                                                    CAPITAL PRÓPRIO
         Imobilizações corpóreas       439 438   136 550    302 888     Capital
       CIRCULANTE                                                        Capital                                      160 000
         Existências                                                    Reservas
         Mercadorias                    86 340               86 340      Reservas legais                                  38 560
       Dívidas de terceiros - curto                                     Resultado líquido do exercício                    88 884
       prazo
          Clientes                      75 400       986     74 414                                                   277 444
         Outros devedores               18 754               18 754   PASSIVO
                                        94 154       986     93 168   PROVISÕES       PARA      RISCOS      E
                                                                      ENCARGOS
       Títulos negociáveis                                              Outras prov. p/ riscos e encargos                  8 635
         Outros títulos negociáveis      8 750     1 210      7 540   DÍVIDAS A TERCEIROS - CURTO PRAZO
       Depósitos bancários e caixa                                      Dívidas a instit. de crédito                  130 000
         Depósitos bancários             6 432                6 432     Fornecedores                                   40 600
         Caixa                           1 614                1 614     Estado e outros entes públicos                 10 214
                                         8 046                8 046     Outros credores                                32 254
       ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS                                                                                      213 068
         Custos diferidos                1 685                1 685   ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS
             Total amortizações                  136 550                Acréscimos de custos                                520
             Total provisões                       2 196
       TOTAL ACTIVO                    638 413   138 746    499 667   TOTAL DO CAP. PRÓPRIO E PASSIVO                 499 667



       5. Todavia o facto de a CNC ter optado por aquela revisão não a impediu de aproveitar a
       oportunidade para introduzir modificações que a prática da aplicação recomendava, bem
       como para desenvolver conceitos, princípios e normas de aceitação geral, dedicando especial
       atenção às normas internacionais.

              Nesta matéria, e com a internacionalização dos mercados de bens, de serviços e de
       capitais, o nosso país não pode deixar de acompanhar os desenvolvimentos e progressos que
       se verificam ao mais alto nível, desligando-se de esferas de influências mais restritas, sob
       pena de se pôr em causa não só o funcionamento desses mercados, sempre dependentes da
       qualidade de informação financeira, como os profissionais de contabilidade, que se vêm
       esforçando por acompanhar a evolução registada.




       Manual de Curso                                                                                               89
CONTABILIDADE



    QUADRO DE CONTAS

    Classificação por grupos homogéneos

    As contas estão divididas por 10 classes, numeradas de 1 a 0, conforme o esquema
    seguinte:

  GRUPOS     CLASSE                  NOVO P.O.C.                            VERSÃO P.O.C.
HOMOGÉNEOS                       (a partir de 1/1/90)                       (até 31/12/89)
                1     Disponibilidades                          Disponibilidades
  CONTAS        2     Terceiros                                 Terceiros e antecipações
DE BALANÇO      3     Existências                               Existências
                4     Imobilizações                             Imobilizações
                5     Capital, reservas e result. transitados   Capital, reservas e result. transitados

  CONTAS        6     Custos e perdas                           Custos por natureza
    DE          7     Proveitos e ganhos                        Proveitos por natureza
RESULTADOS      8     Resultados                                Resultados

  OUTRAS        9     Contabilidade de custos                   Contabilidade de custos
  CONTAS        0     ...                                       Livre




    90                                                                      Manual de Curso

35430565 manual-de-contabilidade

  • 1.
    CONTABILIDADE Índice INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE.....................................................5 AS DIFERENTES FORMAS DA CONTABILIDADE ...................................................5 O PATRIMÓNIO...............................................................9 NOÇÃO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS.............................................................9 INVENTÁRIO E BALANÇO...............................................18 O INVENTÁRIO: NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO......................................................18 BALANÇO......................................................................21 NOÇÃO E CLASSIFICAÇÕES.......................................................................21 A CONTA.......................................................................27 NOÇÃO, PARTES CONSTRUTIVAS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA...................................27 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA.......................................................................29 DISPOSITIVOS DA CONTA...........................................................31 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CONTAS.........36 CLASSIFICAÇÃO..................................................................................36 CARACTERIZAÇÃO DE ALGUMAS CONTAS.........................................................38 MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO.......................................................42 MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO.......................43 MÉTODO DIGRÁFICO:...........................................................................43 LANÇAMENTOS..............................................................46 NOÇÃO...........................................................................................46 DOCUMENTOS ..................................................................................46 LIVROS ..........................................................................................46 ESPÉCIES DE LANÇAMENTOS.....................................................................50 DIÁRIO E RAZÃO...........................................................55 ESCRITURAÇÃO...................................................................................55 ESTORNOS NO DIÁRIO................................................................62 ESTORNOS NO RAZÃO...........................................................................66 BALANCETES E BALANÇOS.............................................67 SISTEMAS CONTABILÍSTICOS........................................71 SISTEMAS DE CONTAS...........................................................................71 SISTEMAS DE COORDENAÇÃO....................................................................72 SISTEMA CLÁSSICO..............................................................................72 Manual de Curso 3
  • 2.
    CONTABILIDADE ESQUEMA DO SISTEMACLÁSSICO..................................73 ESQUEMA DO SISTEMA DIÁRIO-RAZÃO..........................74 SISTEMA CENTRALIZADOR.......................................................................74 NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA O POC........................75 INTRODUÇÃO..............................................................................75 VANTAGENS DA NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA.........76 A NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM PORTUGAL........78 O PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE...........................82 NOTA PRÉVIA....................................................................................82 INTRODUÇÃO.....................................................................................84 FUNCIONAMENTO E LIGAÇÃO DO QUADRO DE CONTAS...........................................85 CÓDIGO DAS CONTAS............................................................................86 QUADRO DE CONTAS...................................................................90 4 Manual de Curso
  • 3.
    CONTABILIDADE INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE CONTABILIDADE CONTABILIDADE CONTABILIDADE ORÇAMENTAL ANALÍTICA GERAL Os sistemas ...Todos os ...Todos os ...Às administrações contabilísticos dizem responsáveis e à responsáveis..... e a título de respeito administração..... informação a ................µµ µµ Ao pessoal Aos proprietários A tesouraria OBJECTIVOS : Montante e origem do resultado Justeza das decisões Posições perante terceiros Evolução do património AS DIFERENTES FORMAS DA CONTABILIDADE A CONTABILIDADE NAS SUAS DIVERSAS FORMAS, PERMITE QUE O GESTOR: • Conheça o montante e a origem dos resultados, passados e futuros. • Verifique a justeza das decisões tomadas ou a tomar (é de facto um instrumento de gestão e previsão). • Conheça a posição da empresa perante todos os terceiros, isto é, conheça sempre e mesmo antecipadamente a quem é que a empresa deve dinheiro e quem lho deve a ela. • Controle a evolução patrimonial da empresa. A CONTABILIDADE GERAL, PERMITE, EM RELAÇÃO AO CONJUNTO DA EMPRESA: • Constatar os encargos e os proveitos por natureza, isto é, os fluxos de consumo e produção. • Fazer surgir os resultados de um dado período, isto é, a variação patrimonial devida à actividade da empresa. • Fazer periodicamente o ponto de situação dos bens e das dívidas da empresa, isto é, indicar e quantificar a situação patrimonial. Manual de Curso 5
  • 4.
    CONTABILIDADE A CONTABILIDADE GERALregista os fluxos externos. A CONTABILIDADE ANALÍTICA tem como objectivo indicar os custos por centro de actividade, por sector ou actividade, por produto ou por mercado. É a contabilidade do passado / presente. Regista os fluxos internos e descreve o processo de transformação dos bens e serviços desde a sua entrada até à sua saída da empresa. A CONTABILIDADE ORÇAMENTAL OU PREVISIONAL, consiste na organização e qualificação das previsões efectuadas pelos centros de responsabilidade, isto é, pelos diferentes directores de serviço da empresa, a partir de determinados objectivos. O conjunto destas previsões, depois de agrupados e coordenados ao nível da empresa, permite a elaboração dos diversos orçamentos (vendas, aprovisionamentos, tesouraria, etc.) E o do orçamento geral. A exploração da contabilidade analítica permite analisar os resultados e especificar as origens do resultado global que a contabilidade geral indica. As comparações entre os valores indicados na contabilidade orçamental e os da contabilidade analítica permitem analisar os desvios entre as previsões e as realizações. Uma das funções do serviço de controlo orçamental, entre muitas outras, consiste em analisar, com e para os responsáveis, os desvios, utilizando as informações contidas nos diferentes sistemas contabilísticos. O CONTABILISTA classifica e regista as informações quantificadas o seu papel é aparentemente passivo. Está vinculado a um rigoroso formalismo. Está condenado a uma precisão absoluta de valores. É ele o guardião da lei exterior representado pelo p.o.c., e das leis internas, representadas pelos regulamentos e normas. O contabilista é imparcial e deveria ser independente, no sentido jurídico do termo. O GESTOR explora e interpreta as informações quantificadas que o contabilista lhe transmite. Deve, o mais rapidamente possível, trabalhar essas informações a fim de auxiliar os responsáveis pela empresa a dividir as acções correctas e as modificações nos objectivos ou no orçamento. Para ele, são mais importante a rapidez e a qualidade da informação do que a precisão dos valores. Além disso é frequente o gestor quem põe em execução os regulamentos e normas internas e elabora as especificações necessárias para a definição dos termos próprios da empresa. O AUDITOR verifica a coerência e a correcta aplicação dos regulamentos, quer internos quer externos, definidos pela lei ou pelos gestores, no sentido amplo do termo. Por outro lado, certifica-se da qualidade e do significado das informações fornecidas pelos diferentes serviços e unidades da empresa. O auditor deve estar directamente em ligação com a administração. Ele dispõe de um amplo poder de investigação e a sua independência deve permitir-lhe propor múltiplas reformas em todos os domínios. 6 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE CONSIDERAÇÕES GERAIS As empresas, células base da actividade económica, são vulgarmente entendidas como conjuntos organizados de meios materiais e humanos, viradas para a produção de bens e serviços. Constituídas sem horizonte temporal definido, têm contudo à semelhança das demais organizações, um ciclo de vida, limitado, o qual, pode ser dividido nas três fases seguintes: - INSTITUCIONAL, em que se decide da sua criação, através da obtenção e combinação dos recursos necessários para a sua entrada em funcionamento. - FUNCIONAMENTO, ou execução, na qual se desenvolve todo o processo de transformação, ou seja, o da produção de bens e serviços, com vista à obtenção de certos resultados. - LIQUIDAÇÃO, na qual se procede à extinção da empresa SENDO a fase de execução a de mais longa duração, e tendo em conta a necessidade de se obter informações regulares sobre o andamento dos negócio, houve necessidade de a dividir em intervalos de tempo, no fim dos quais se apuram os resultados, se elabora o balanço, se discute a actuação da direcção, se aprovam as contas. A cada um desses períodos coincidentes com os anos civis, designa-se por período administrativo. A parte da gestão correspondente a cada período administrativo, denomina-se exercício económico. PERÍODO ADMINISTRATIVO µµµµµµµµµµEXERCÍCIO ECONÓMICO ACTIVIDADES ECONÓMICAS INTERIOR / EXTERIOR Estas relações traduzem-se por fluxos de bens e serviços, aos quais correspondem sempre fluxos monetários de sentido inverso. Três ópticas distintas podem ser evidenciadas: - A primeira óptica é a financeira e diz respeito ao endividamento da empresa perante o exterior. Está directamente relacionada com a remuneração dos factores e dos bens e serviços vendidos. Nesta óptica podemos distinguir: as despesas, que correspondem à remuneração dos factores produtivos e as receitas, que correspondem à remuneração das vendas efectuadas e/ou dos serviços prestados. Em suma, despesas e receitas, dizem respeito a factos que originando, as primeiras obrigações a pagar e as segundas direitos a receber, irão provocar, respectivamente, saídas e entradas de valores monetários para a empresa. - A segunda óptica é a económica ou produtiva, e anda ligada à transformação e incorporação dos diversos materiais, mão-de-obra, até se atingir o produto final. Os valores incorporados e gastos na produção designam-se custos. Por sua vez, os produtos acabados de fabricar e aptos para a venda designam-se proveitos. Manual de Curso 7
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    CONTABILIDADE Em síntese, a empresa ao consumir bens e serviços tem custos; ao produzi-los, tem proveitos. - Por último, a terceira óptica é a de tesouraria (ou de caixa) e corresponde às entradas e saídas monetárias da empresa. Nesta óptica, podemos distinguir os recebimentos, que correspondem à entrada de valores monetários para a empresa, e os pagamentos, que dizem respeito às saídas de valores monetários. EXERCÍCIO 1 A empresa y adquiriu, em 5/11/n, 10 ton. de cereal ao preço de 5000$00/ton, para proceder à sua moagem. a divida resultante desta aquisição seria paga em 15/12/n. durante o mês de novembro efectuou a moagem de apenas 2 ton., sendo a farinha resultante desta moagem (1,500kg) vendida a 10$00/kg, em 3/1/n+1, recebendo-se o valor desta venda em 10/1/n+1. INDICAR OS FLUXOS EXISTENTES ? RESOLUÇÃO: 5/11/n UMA DESPESA DE 50.000$00 15/12/n O RESPECTIVO PAGAMENTO 11/n OS CUSTOS (EM CEREAL) FORAM DE 10.000$00 11/n SENDO OS PROVEITOS DE 15.000$00 3/1/n+1 VERIFICOU-SE A RECEITA DE 15.000$00 10/1/n+1 O RESPECTIVO RECEBIMENTO DE 15.000$00 NOÇÃO: Compras Despesa de = Custo das mercadorias compradas + compras Custo das Custo das mercadorias + Stock inicial - Stock final = mercadorias compradas vendidas Vendas Custo das mercadorias = Lucro bruto sobre as vendas ou - vendidas Margem Bruta Margem bruta Despesas de = Lucro comercial ou Margem - venda Liquida Margem liquida - Despesas = Lucro liquida antes de administrativas e impostos financeiras 8 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Lucro liquida antes Imposto sobre os lucros = Lucro liquida do de impostos - exercício O PATRIMÓNIO NOÇÃO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS Toda a unidade económica para exercer a sua actividade, necessita de um certo conjunto de valores, ou seja, de máquinas, edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas e outros. Digamos que ao exercício de qualquer actividade estão sempre alienados valores que são pertença de alguém. Do ponto de vista jurídico, os valores utilizados por cada unidade económica são de sua pertença ainda que, normalmente, os seus direitos não incidam sobre a globalidade desses valores. O conjunto de valores utilizados pela unidade económica no exercício da sua actividade constitui o património. Contudo, nem só os edifícios, numerário e equipamento utilizados constituem património. A empresa (ou unidade) no desenvolvimento da sua actividade estabelece relações que originarão um conjunto de direitos e de obrigações. Assim aparecerão dívidas a receber (créditos da empresa ou débitos de terceiros) que representam valores pertencentes à empresa; e, dívidas a pagar (débitos da empresa ou créditos de terceiros) que representam valores pertencentes a terceiros e que a empresa se obriga a pagar. Tanto as dívidas a receber como as dívidas a pagar, são consideradas valores integrantes do património. Podemos designar por património, o conjunto de valores sujeito a uma gestão e afectos a um determinado fim(1). O património de um comerciante, (2) é o conjunto de valores utilizados por esse comerciante na sua actividade comercial. Contudo, os valores pertencentes a esse comerciante mas não afectos aquela actividade (ex. os utensílios domésticos) não devem ser considerados seu património comercial. Serão seu património, não como comerciante, mas sim como pessoa jurídica (privado) que é. Cada componente de um dado património (ex: as mercadorias, um edifício, uma viatura, etc.), denomina-se de elemento patrimonial. Como o património é um conjunto de elementos heterogéneos, existe, a necessidade de transformar ou referir esses elementos numa mesma unidade. É assim que todos eles vêm referidos a escudos/euros. Têm , pois, um carácter pecuniário visto todos serem susceptíveis de representação monetária. São valores. No património podemos distinguir duas classes de elementos patrimoniais distintos: por um lado, os elementos que representam aquilo que se possui ou se tem a receber; por outro lado, aqueles que representam aquilo que se tem a pagar. À primeira classe, ou seja, ao conjunto dos valores que se possui e se tem a receber, designa-se por ACTIVO; à segunda classe, ou seja, ao conjunto de valores a pagar , designa-se PASSIVO . Prof. Gonçalves da Silva - Contabilidade Geral, Vol. 1. Manual de Curso 9
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    CONTABILIDADE Segundo o CódigoComercial são comerciantes - «1º As pessoas, que tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem desta profissão; 2º As sociedades comerciais» (art. 13º.). 10 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE APLICAÇÃO 2 Património de Y ACTIVO Numerário ............................................ 20 000$00 (dinheiro) Edifício ............................................ 80 2 000$00 Viatura ............................................ 20 1 000$00 Dívidas a receber ............................................ 80 000$00 500 000$00 PASSIVO Dívidas a pagar ............................ 30 000$00 (fornecedores) Empréstimo bancário ............................ 70 000$00 100 000$00 Num património há a considerar dois aspectos distintos: - A sua composição - O seu valor Quanto à composição, o património engloba um conjunto de elementos heterogéneos (elementos patrimoniais) com um determinado valor, como sejam as mercadorias , numerário, edifícios, etc. A composição do património diz respeito à natureza dos elementos patrimoniais e à sua extensão, ou seja, à proporção em que eles se encontram. A composição de patrimónios será tão distinta quanto: - os elementos de cada um forem diferentes; - tiverem os mesmos elementos mas com extensão (valor) diferente; - tiverem elementos e seu valor diferentes. Entende-se por valor do património «a quantia que seria preciso dar para obter, isto é, para receber em troca todo o activo, ficando ao mesmo tempo com o encargo de pagar todo o passivo». Sendo o activo um conjunto de valores positivos e o passivo um conjunto de valores negativos, o valor do património corresponde à soma algébrica das duas classes de elementos. Manual de Curso 11
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    CONTABILIDADE Em relação aoexemplo anterior, teríamos: Activo ................................................... 500 contos Passivo ................................................... - 100 contos Valor do património de Y .................................. 400 contos A expressão numérica do valor património, chama-se Situação Líquida, Capital Próprio, ou Património Líquido. Serão então: Activo......................................................... 500 contos Passivo........................................................ 100 contos Situação Líquida.......................................... 400 contos Sendo a situação líquida dada pela diferença entre o activo e o passivo e vistas que foram as noções destes últimos, facilmente se depreende que ela representa o conjunto de valores que pertencem efectivamente ao proprietário da empresa, ou seja, representa os direitos deste último sobre as propriedades da mesma. Em termos monetários, a situação líquida ou capital próprio de um dado momento, representa o valor que o proprietário da empresa teria direito a receber se cessasse a sua actividade, liquidando o património (do ponto de vista contabilístico), nesse momento. Três casos podem ocorrer em dada situação patrimonial: O activo é superior ao passivo, havendo um excesso de valores sobre os passivos. Neste caso a situação líquida diz-se ACTIVA. É o mais frequente e representa o capital próprio. Esquematicamente: A > P  S. L. Activa; ou seja A= P + S. L. Activa ( ver exemplo anterior ) O activo e o passivo são iguais, não havendo, neste caso situação líquida, ou seja, ela é nula: A = P  S. L. Nula; ou seja, A = P Por último, o activo pode ser inferior ao passivo. Neste caso existe um excesso de valores passivos sobre os activos ( deve-se mais do que se possui e se tem a receber ). Logo, a situação líquida diz-se Passiva e é considerada negativa. A < P  S. L. Passiva; ou seja, A + S. L. Passiva = P ou: A = P S. L. Passiva O património de qualquer unidade económica encontra-se necessariamente numa das três situações citadas. De todas elas o 2.º caso é o mais difícil ocorrência, visto só excepcionalmente coincidirem os valores de ambas as rubricas. Equação Fundamental da Contabilidade Consideremos a seguinte transacção: aquisição de uma viatura 200 000$00. Esta operação deve ser escriturada nos registos contabilísticos do comprador por aquele valor. Pode a viatura em questão ter sido avaliada por outro valor, podem ter oferecido ao comprador no dia da compra um valor superior a 200 000$00. Tudo isto, do ponto de vista contabilístico 12 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE não tem interesse, visto existir na contabilidade um principio básico que determina o seu registo pelo preço de aquisição. Quando o comprador adquiriu a viatura, obteve a propriedade da mesma. A troca ( compra e venda ) implicou a transferência da propriedade da « coisa » transaccionada. A esta propriedade é atribuído um certo valor, normalmente expresso em escudos, sobre o qual incidem direitos do mesmo valor. Pode dizer-se que o valor de uma propriedade é igual ao valor dos direitos que tem o seu proprietário. Esquematicamente: Valor das propriedades = Valor dos direitos sobre estas propriedades Se uma empresa é propriedade de uma só pessoa, então os direitos sobre as propriedades da empresa coincidem com os do próprio proprietário. Consideremos que, no nosso exemplo, o comprador paga integralmente, com valores patrimoniais próprios, a viatura. Teremos então: Valor da viatura ( propriedade ) = Valor dos direitos do proprietário ( 200 000$00 ) ( 200 000$00 ) Como a viatura é um valor activo, será: ACTIVO = CAPITAL PRÓPRIO ( S. L. Activa ) Neste exemplo o passivo é nulo. Mas consideremos agora que o comprador contrai um empréstimo de 80c para aquisição da viatura. Neste caso será: Valor da viatura = Valor dos direitos dos terceiros + Valor dos direitos do proprietário 200 000$00 = 80 000$00 + 120 000$00 Como os direitos de terceiros representam dívidas a pagar, isto é, valores passivos, teremos: Valor da viatura = Direitos de terceiros s/ a viatura + Direitos do Propriét. s/ a viatura ACTIVO = PASSIVO + CAP. PRÓPRIO ou SLA O Activo pode designar-se por Capital Total ou Financeiro, ou seja, é o montante de valores utilizados pela empresa no desempenho da sua actividade. O Passivo é o Capital Alheio, ou seja, o conjunto de valores utilizados pela empresa mas que não são de sua pertença. São os valores sobre que incidem direitos de terceiros. A situação Líquida é o Capital Próprio, ou seja, representa o montante de recursos postos à disposição da empresa pelos seus proprietários. Representa valores sobre os quais incidem direitos do proprietário. Como se sabe, devido ao uso, as viaturas estão sujeitas a quebras de valor. Imagine-se então que a referida viatura, dado o seu desgaste, sofreu uma redução de valor de por. Exemplo 40 contos. Após este facto, teremos: Valor actual + Quebra Verificada = Valor dos direitos + Valor dos direitos do da viatura de terceiros do proprietário 160 000$00 + 40 000$00 = 80 000$00 + 120 000$00 Ora sabe-se que a quebra ocorrida constitui um prejuízo ou perda, ou ainda e que é o mesmo, uma situação líquida passiva ( negativa ). Virá então: Manual de Curso 13
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    CONTABILIDADE Valor actual +Quebra verificada = Direitos de terceiros + Direitos do proprietário da viatura s/ a viatura s/ a viatura ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA Esta expressão corresponde à Equação Fundamental da Contabilidade, que temos vindo a estudar e que será, então: ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA ou ainda ACTIVO = PASSIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA ACTIVA - SITUAÇÃO LÍQUIDA PASSIVA Esta equação constitui o cerne de todo o trabalho contabilístico baseando-se nela o princípio da partidas dobradas que adiante estudaremos. APLICAÇÃO 3 Património de Z Activo ………………………………………… 1 600c Passivo ………………………………………… 400c Com base nestes valores se determina que: Situação líquida = Activo - Passivo = 1 200c A equação verifica-se visto: Activo ( 1 600c ) = Passivo ( 400c ) + S. Líq. Activa ( 1 200c ) Vimos atrás que o Activo representa o capital total ou financeiro, o passivo o capital alheio e a situação líquida o capital próprio. Diremos, no exemplo citado que «Z» dispõe na sua actividade de recursos no valor de 1 600 contos, os quais foram obtidos da seguinte forma: 400 contos de terceiros por meio de créditos e 1 200 do próprio. Isto possibilita-nos uma outra reflexão. De um lado, o Activo ( e situação líquida passiva ) representa as aplicações dadas aos capitais. Por outro lado o Passivo e a situação Líquida Activa, as origens desses mesmos capitais. Em síntese: o primeiro membro da equação fundamental representa as aplicações de capitais, enquanto que o segundo membro representa a sua origem. O Passivo representa uma origem alheia, ou seja, capitais utilizados pela empresa mas propriedade de terceiros A. S. L. Activa representa uma origem própria. Os factos patrimoniais, alterando o património, afectam necessariamente os elementos da equação fundamental. Contudo, não podem alterar a igualdade da referida equação. Qualquer que seja o facto patrimonial, a igualdade mantém-se sempre, porquanto para cada aplicação de fundos, terá que haver a correspondente origem. Vejamos, por meio de um exemplo, a forma como se verifica, por um lado a alteração dos elementos patrimoniais, e por outro, a manutenção da igualdade referida. 14 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE APLICAÇÃO 4 Suponhamos que o comerciante K inicia a sua actividade, com um capital de 1 000 contos ( representado em dinheiro ), dedicando-se à comercialização de produtos electrónicos. Manual de Curso 15
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    CONTABILIDADE Os valores iniciaisseriam representados por: ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO Caixa ………………… 1 000 000$ Capital ………………… 1 000 000$ Após estar constituído efectuou as seguintes operações: 1) Compra de mobiliário para montagem do estabelecimento: 100 contos. Esta operação vai originar: - saída de caixa do valor da aquisição ( 100 contos ) - criação de um novo valor activo - mobiliário diverso, que representa um elemento em que foi aplicado capital 2) Compra a crédito de 10 máquinas calculadoras ao preço unitário de 6 contos,uma das quais ficará ao serviço da empresa. Serão movimentadas: - mercadorias, pela entrada de 9 máquinas calculadoras, com as quais fará comércio ( 9 x 6 000$00 = 54 000$00 ); - equipamento, pela aquisição de uma máquina para uso do comerciante ( 6 000$00 ) Estes elementos são ambos activos, visto representarem valores que passaram a pertencer ao comerciante. - fornecedores será criada no passivo, visto que esta operação originou uma divida do comerciante. A dívida a pagar corresponde à globalidade da compra (10 x 6 000$00 = 60 000$00) e representa o direito do credor em receber esta quantia dentro de certo prazo. Venda ao Sr. F. de 2 calculadoras ao unitário de 8 000$00, pagando este 50% da compra e comprometendo-se a entregar o restante dentro de um mês. Esta venda vai originar: - aumento das disponibilidades em caixa ( 8 000$00 ); - aparecimento de nova rubrica no activo que representa uma dívida a receber, isto é, o direito a receber do Sr. F. em data futura 8 000$00 (clientes); - diminuição de mercadorias pelo custo das máquinas vendidas. Saem duas máquinas que ao preço unitário de 6 000$00, totalizam a importância de 12 000$00; - aparecimento de um ganho (lucro), que irá aumentar o capital próprio do comerciante ( 4 000$00). Pagou ao seu fornecedor 60% da dívida resultante da operação 2). Neste caso, serão diminuídos, dois elementos: um do activo e outro do passivo, pelo mesmo valor. - diminui caixa, visto haver uma saída de dinheiro ( 36 000$00 ) - diminui fornecedores, visto ter sido paga parte da divida em questão (36 000$00 ) Pediu um empréstimo ao BPA de 200 contos, ficando esta quantia, deduzida dos juros pagos antecipadamente de 5 contos, depositada no referido Banco e á ordem do comerciante. 16 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Esta operação vai implicar: - aumento do passivo, na medida em que o comerciante se obriga ao reembolso do empréstimo contraído ( 200 000$00 ); - aumento do activo, pelas novas disponibilidades que ficaram depositadas à sua disposição ( 195 000$00 ); - uma diminuição do capital próprio pelo juro obrigado a pagar. Recebendo apenas 195 000$00 e obrigando-se a pagar 200000$00 o comerciante vê o seu capital suportar a diferença entre o recebido e o valor a pagar. Analise-se em pormenor o quadro apresentado, onde são registadas as operações descritas, com base na equação fundamental da contabilidade. ACTI = P + S VO A . S L Caixa + Mob. diverso + Mercad. + Equip. S + Clientes + Dep. em Í + = Fornec. + Emprést. + Cap. Próprio Bancos Bancário 1 1 000 000$ - - - - - = - - 1 000 000$ - 100 000$ +100 000$ - - - - = - - - 900 000$ 100 000$ 1 000 000$ 2 - - +54 000$ +6 000$ - - = +60 000$ - - 900 000$ 100 000$ 54 000$ 6 000$ 60 000$ 1 000 000$ 3 + 6 000$ - -12 000$ - +8 000$ - = - - +4 000$ 906 000$ 100 000$ 42 000$ 6 000$ 8 000$ 60 000$ 1 004 000$ 4 -36 000$ - - - - - = -36 000$ - - 872 000$ 100 000$ 42 000$ 6 000$ 8 000$ 24 000$ 1 004 000$ 5 - - - - - +195 000$ = - +200 000$ -5 000$ 872 000$ 100 000$ 42 000$ 6 000$ 8 000$ 195 000$ 24 000$ 200 000$ 999 000$ 1 223 = 1 223 000$00 000$00 Como se pode verificar, a igualdade da equação fundamental da contabilidade é sempre mantida. Isto é possível devido aos registos compensatórios efectuados em cada operação. Aqui aparece um novo princípio contabilístico: toda e qualquer operação dá azo ao registo em pelo menos dois elementos patrimoniais. Qualquer facto patrimonial, não altera apenas o valor de um elemento patrimonial, mas sim pelo menos de dois. O Capital Próprio ou Situação Líquida só é alterada pelos factos patrimoniais modificativos. Estão neste caso os factos referentes ás operações (3) e (5). Os restantes são necessariamente permutivos. Manual de Curso 17
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    CONTABILIDADE INVENTÁRIO E BALANÇO O INVENTÁRIO: NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO O inventário consiste numa relação ( rol, lista ) dos elementos patrimoniais com a indicação do seu valor. Proceder a inventário consiste, pois, em analisar os elementos de um dado património, descrevê-los e atribuir-lhes um valor. No inventário devemos considerar três fases: a) identificação, em que se verifica quais os elementos patrimoniais existentes; b) descrição e classificação, em que os elementos serão apresentados e repartidos pelas classes a que dizem respeito; c) valorização, acto de atribuição de um valor a cada elemento patrimonial. Quanto ao âmbito, os inventários podem classificar-se em gerais e parciais. Um inventário diz-se geral quando abarca todos os valores que constituem um dado património; diz-se parcial quando abrange apenas alguns dos elementos patrimoniais. No inventário geral figuram todos os elementos patrimoniais, no parcial figura apenas uma parte deles. A inventariação de mercadorias ou dos débitos de cada empresa são casos representativos de inventários parciais. Quanto à disposição dos elementos patrimoniais, podem considerar-se dois casos distintos: a) os elementos aparecem dispostos sem obedecer a qualquer ordem. Neste caso o inventário diz-se simples; b) os elementos aparecem agrupados, segundo a sua natureza, característica ou função. Se isto acontece, o inventário diz-se classificado. Os inventários que as empresas elaboram devem ser transcritos para o livro de Inventário e Balanços que, como adiante veremos, é um dos livros obrigatórios para qualquer comerciante. Nas Grandes empresas, devido à grande extensão dos seus elementos patrimoniais, os inventários gerais correspondem à reunião de vários inventários parciais que serão elaborados em folhas próprias e em separado. APLICAÇÃO 5 Como exemplo de aplicação apresentaremos um caso de inventário simples e de inventário classificado, referente a um mesmo património. a) Inventário simples: Inventário do comerciante K, em 1/10/n 18 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE ACTIVO Dinheiro em caixa …………………………… 50 000$00 2 Máquinas de escrever …………………………… 6 000$00 4 Máquinas calculadoras …………………………… 30 000$00 1 Edifício na rua H …………………………… 400 000$00 1 Frigorífico …………………………… 25 000$00 Conjunto de estantes …………………………… 40 000$00 1 Máquina registadora …………………………… 12 000$00 1 Viatura …………………………… 120 000$00 Dívidas de: M. Castro …………………………… 3 000$00 F. Santos …………………………… 15 000$00 Saques n.º 6 s/ B. Carvalho …………………………… 17 000$00 7 s/ C. Matos …………………………… 13 000$00 2 Secretárias …………………………… 12 000$00 4 Cadeiras …………………………… 1 000$00 Depósitos no BPA …………………………… 145 000$00 2 Sofás …………………………… 8 000$00 Papel, tinta, material diverso …………………………… 3 000$00 Total do activo …………………………… 900 000$00 PASSIVO Dívidas a: H. Fagundes ………………………… 16 000$00 S. Antunes ………………………… 9 000$00 Aceites n.º 11, saque de J. Fernandes …………………………… 18 000$00 12, saque de M. Pereira …………………………… 12 000$00 Dívida à Papelaria Progresso …………………………… 10 000$00 Emprést. Contraído no BPA …………………………… 150 000$00 Total do passivo …………………………… 215 000$00 b) Inventário classificado ACTIVO Disponível Dinheiro em caixa ……………… 50 000$00 Depósito no BPA ……………… 145 000$00 195 000$00 Clientes M. Castro ……………… 3 000$00 F. Santos ……………… 15 000$00 18 000$00 Letras a receber Saque nº6 s/ B. ……………… 17 000$00 Carvalho Saque nº7 s/ C. Matos ……………… 13 000$00 30 000$00 Equip. de escritório Manual de Curso 19
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    CONTABILIDADE 1 Máquina registadora ……………… 12 000$00 1 Frigorífico ……………… 25 000$00 Conj. De estantes ……………… 40 000$00 2 Secretárias ……………… 12 000$00 4 Cadeiras ……………… 1 000$00 2 Sofás ……………… 8 000$00 98 000$00 Material Diverso Papel, tinta, m. diverso ……………… 3 000$00 Imobilizados 1 Edifício na rua H ……………… 400 000$00 1 Viatura ……………… 120 000$00 520 000$ Mercadorias 2 Máquinas de escrever ……………… 6 000$00 4 Máquinas calculadoras ……………… 30 000$00 36 000$00 Total do activo ……………… ……………… 900 000$00 PASSIVO Letras a pagar Aceite nº11, saque de J. ……………… 18 000$00 Fernandes Aceite nº12, saque de M. Pereira ……………… 12 000$00 30 000$00 Fornecedores H. Fagundes ……………… 16 000$00 S. Antunes ……………… 9 000$00 Papelaria Progresso ……………… 10 000$00 35 000$00 Empréstimos Bancários Empréstimo do BPA ……………… 150 000$00 215 000$00 Nota: Inventariar um património não é um trabalho tão fácil quanto parece à primeira vista. Há casos em que se poderão ( e deverão ) incluir valores ainda não registados e excluir outros que embora existindo já não pertencem à empresa. Como exemplo, podemos referir que ao proceder-se a um inventário, os bens já adquiridos, mas que ainda não entraram na empresa, devem ser considerados, o mesmo não acontecendo àqueles que já tenham sido vendidos mas que ainda não saíram. Os inventários efectuados periodicamente, denominam-se ordinários. Por sua vez, são denominados inventários extraordinários aqueles que são elaborados em consequência de condições excepcionais. Os primeiros são regulares e previsíveis; os segundos são excepcionais e, consequentemente, imprevisíveis. 20 Manual de Curso
  • 19.
    CONTABILIDADE BALANÇO NOÇÃO E CLASSIFICAÇÕES Elaborado o inventário geral torna-se necessário comparar o activo com o passivo para conhecer o valor e natureza da situação líquida. Esta comparação, constitui o balanço. Assim, enquanto que o inventário constitui apenas um arrolamento (listagem) dos valores activos e passivos, o balanço, por sua vez leva a cabo a comparação (balanceamento) entre aquelas classes de valores. São estes aspectos que marcam a sua diferença. Acrescentando a situação líquida ao quadro do inventário, o balanço constitui o mapa da situação patrimonial da empresa num determinado momento. Segundo Dumarchey « o balanço é, pois, a expressão da relação existente entre o activo, o passivo e a situação líquida ». Em pontos precedentes vimos que a situação patrimonial de qualquer empresa obedece sempre à fórmula: ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA ou ACTIVO = PASSIVO + S. L. ACTIVA - S. L. PASSIVA Sendo o balanço constituído por dois membros, o primeiro membro engloba o primeiro conjunto de valores: Activo e Situação Líquida Passiva (ou apenas o Activo se esta última for incluída no segundo membro com sinal negativo); por sua vez, o Passivo e a Situação Líquida Activa constituem o segundo membro do balanço. Como aparece representado um balanço e, consequentemente, seus membros ? Na prática existem dois tipos de representação: representação horizontal, em que o primeiro membro aparece do lado esquerdo, segundo a ordem: Activo; Situação Líquida Passiva. O segundo membro vem do lado direito, sendo a ordem: Situação Líquida Activa ou a inversa. representação vertical em que o segundo membro vem imediatamente abaixo do primeiro, mantendo-se a ordem indicada em i) dentro de cada membro. APLICAÇÃO 6 O património de F é constituído por: Valores activos ........................................... 1 820 contos Valores passivos ........................................... 780 contos Manual de Curso 21
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    CONTABILIDADE Disposição Horizontal BALANÇO Activo ..................... 1 820 c Passivo ........................... 780 c S.L.Activa ........................... 1 040 c 1 820 c 1 820 c Disposição vertical BALANÇO Activo ............................................ 1 820 c Passivo ............................................ 780 c S.L.Activa ............................................ 1 040 c 1 820 c É claro que se torna desnecessário referir que os membros de qualquer balanço são sempre de igual valor. O primeiro membro nunca pode ser superior ao segundo e vice-versa, face ao exposto sobre a equação fundamental. Na composição destes membros, três casos se podem verificar: A) Activo > Passivo então: Activo = Passivo + S. L. Activa Exemplo: BALANÇO Activo ..................... 1 000 c Passivo ..................... 600 c S.L.Activa ..................... 400 c 1 000 c 1 000 c Activo = Passivo BALANÇO Activo .................... 700 c Passivo ..................... 700 c . 22 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE C) Activo < Passivo donde Activo + S. L. Passiva = Passivo ou Activo = Passivo - S. L. Passiva Exemplo: BALANÇO Activo .................. 800 c Passivo .................... 950 c S.L.Passiva .................. 150 c 950 c 950 c Ou ainda BALANÇO Activo ............... 800 c Passivo ........................ 950 c . S.L.Passiva ........................ -150 c . 800 c 800 c Esta terceira situação é, sem margem para dúvidas, francamente desfavorável na medida em que as dúvidas a pagar superam o montante do activo. Ou seja, deve-se mais do que se possui e se tem a receber. O balanço poderá ainda ser sintético ou analítico. Será tanto mais analítico quanto maior for a sua pormenorização, isto é, quanto mais discriminados forem os valores activos e passivos. Por sua vez, o balanço sintético é aquele em que o grau de pormenorização é mínimo. O mais sintético dos balanços é aquele que nos dá apenas a conhecer os valores totais do activo, passivo e situação líquida. Tal como se viu para o inventário, o balanço também pode ser, ou não, classificado. Será classificado quando os elementos que o compõem são dispostos e ordenados segundo uma certa ordem, dependente das suas características, natureza ou função. Na prática os balanços são classificados. A ordenação das rubricas do balanço está normalmente associada a critérios pré-definidos. Para o 1º membro, ou seja, para o Activo o critério é o da liquidez crescente ou decrescente. Para o 2º membro, os valores do Activo são ordenados pelo critério da exigibilidade, crescente ou decrescente e os da Situação Líquida ou Capital Próprio, pela formação histórica dos respectivos valores. Manual de Curso 23
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    CONTABILIDADE APLICAÇÃO 7 Consideremos oinventário de K, apresentado na aplicação 6. Balanço Sintético BALANÇO 1 / 10 /n Activo .................. 900 000$ Passivo .................. 215 000$ .. . S. L. Activa .................. 685 000$ . 900 000$ 900 000$ Balanço Analítico BALANÇO 1 / 10 /n ACTIVO PASSIVO Disponível ............. Dívidas a pagar ............ Caixa ............. 50 000$ Fornecedores ............ 35 000$ Dep. Em ............ 145 000$ 195 000$ L. Pagar ............ 30 000$ bancos Dívidas a ............. Empréstimos ............ 150 000$ 215 000$ receber Clientes ............. 18 000$ Total passivo ............ 215 000$ L. Rec. ............. 30 000$ 48 000$ SIT. LÍQUIDA Existências ............. Capital ............. ............ 685 000$ Mercadorias ............. 36 000$ Imobilizado ............. M. Administ. ............. 101 000$ Imóveis ............. 520 000$ 621 000$ 900 000$ 900 000$ É evidente que estes balanços também poderão ser representados sob a forma vertical. Utilizamos a horizontal por ser a mais corrente. Sendo o balanço um mapa de origens ( segundo membro ) e de aplicações de fundos ( primeiro membro ), facilmente se depreende que ele está, sujeito a constantes mutações. Aliás, um balanço constitui uma fotografia da situação patrimonial da empresa, na medida em que dá esta última num dado momento. Estas mutações são motivadas pela própria actividade da empresa, pois ela submete a uma constante alteração os seus elementos patrimoniais. Usualmente o balanço é só elaborado com uma certa periodicidade em geral um ano. Ora, estando o património em contínua transformação ( alteração ), o balanço apenas nos dá a conhecer os valores nas datas da sua elaboração; daí que, um só balanço corresponde a uma situação estática, enquanto que a comparação de balanços sucessivos representa uma situação dinâmica, porquanto vai dando a conhecer a evolução patrimonial da empresa. No início de um exercício económico haverá um balanço inicial com a correspondente situação líquida; ao fim daquele corresponderá um balanço final e a consequente situação líquida final. A situação final ( a que corresponde ao balanço de fim de exercício ) não é senão a situação líquida inicial ( corresponde ao balanço inicial ) alterará pelos lucros ou prejuízos do exercício. Esses lucros e/ou prejuízos acumulados durante vários exercícios económicos, constituem com a situação líquida inicial a denominada situação líquida adquirida. 24 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Teremos: + Lucros S. L. Final = S. L. Inicial - Prejuízos Saliente-se que quaisquer que sejam os tipos de operação efectuados pela empresa durante o exercício económico, a igualdade entre os membros do balanço não será desfeita, como foi referenciado na equação fundamental. APLICAÇÃO 8 A) M. Gomes apresentava, em 1/11, o balanço indicado na página seguinte. No dia 3 de Novembro realiza a seguinte operação: venda a pronto pagamento mercadorias por 5 000$00, que lhe haviam custado 3 500 $00. Pretende-se o balanço de M. Gomes, após o registo desta operação. BALANÇO em 1/11 1º membro 2º membro Caixa .......... 15 000$00 fornecedores .......... 30 000$00 Depósitos ordem .......... 25 000$00 capital .......... 60 000$00 Mercadorias .......... 10 000$00 Imobilizado .......... 40 000$00 90 000$00 90 000$00 após a operação: BALANÇO em 1/11 1º membro 2º membro caixa ( + 5 ) .......... 20 000$00 fornecedores .......... 30 000$00 Depósitos à ordem .......... 25 000$00 capital .......... 60 000$00 Mercadorias (-3,5 ) .......... 6 500$00 lucros .......... 1 500$00 Imobilizado .......... 40 000$00 91 500$00 91 500$00 O lucro de 1 500$00 provém da venda de mercadorias por 5 000$00, que havia comprado por apenas 3 500$00. No exercício n, J. Gonçalves apresentava o seguinte balanço inicial: BALANÇO em 1/11 ACTIVO PASSIVO caixa .......... 40 000$00 fornecedores ......... 70 000$00 . Depósitos à ordem .......... 120 000$00 Emp. Bancário ......... 170 000$00 . Clientes .......... 60 000$00 Total do Passivo ......... 240 000$00 . Mercadorias .......... 80 000$00 SIT. LÍQUIDA Imobiliário diverso .......... 140 000$00 Manual de Curso 25
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    CONTABILIDADE Imóveis .......... 400 000$00 capital ......... 600 000$00 . 840 000$00 840 000$00 Durante o exercício económico realizou as operações seguintes: Comprou mercadorias por 60 000$00. 50% das quais a pagamento imediato e os restantes 50% a crédito; Vendeu mercadorias por 90 000$00, que lhe haviam custado 70 000$00. Recebeu 60% do valor desta venda; Pagou dívidas aos fornecedores no montante de 45 000$00 Recebeu dos seus clientes 40 000$00 Reembolsou uma fracção de 70 000$00 do empréstimo bancário, por meio de transferência bancária. Após estas operações, os membros do balanço sofreram as seguintes alterações: Operação 1 Mercadorias (+ 60 000$00); novo valor: = 140 000$00 Caixa (- 30 000$00); novo valor: 10 000$00 Fornecedores (+ 30 000$00); novo valor: 100 000$00 Operação 2 Mercadorias (- 70 000$00); novo valor: 70 000$00 Caixa (+ 54 000$00); novo valor: 64 000$00 Clientes (+ 36 0 000$00); novo valor: 96 000$00 Lucros (+ 20 000$00); novo valor: 20 000$00 Operação 3 Caixa (- 45 000$00); novo valor: 19 000$00 Fornecedores (- 45 000$00); novo valor: 55 000$00 Operação 4 Caixa (+ 40 000$00); novo valor: 59 000$00 Clientes (- 40 000$00); novo valor: 56 000$00 Operação 5 Dep. à ordem (- 70 000$00); novo valor: 50 000$00 Emp. Bancário (- 70 000$00); novo valor: 100 000$00 BALANÇO de J. Gonçalves em 31/12/n ACTIVO PASSIVO Caixa ......... 59 000$00 Fornecedores .......... 55 000$00 Dep. à ordem ......... 50 000$00 Emp. Bancário .......... 100 000$00 Clientes ......... 56 000$00 Total passivo .......... 155 000$00 Mercadorias ......... 70 000$00 SIT. LÍQUIDA Mobiliário diverso ......... 140 000$00 Capital .......... 600 000$00 Imóveis ......... 400 000$00 Lucros .......... 20 000$00 775 000$00 775 000$00 Os lucros vão aumentando a S. L. Activa, por isso a sua inclusão nesta S. L., ou seja, no segundo membro do balanço. Os prejuízos constituem S. L. Passiva, pelo que a havê-los deverão incluir-se no primeiro membro do balanço. Segundo o plano oficial de contabilidade, os resultados deverão sempre ser incluídos no segundo membro do balanço ( situação líquida ), com sinal + ( positivo), sendo lucros; com sinal - (negativo ), sendo prejuízos. Em síntese, o balanço final é elaborado a partir do inicial, introduzindo-lhe as operações realizadas durante o exercício económico. Como a igualdade entre os dois membros é sempre mantida, podemos mais uma vez referir que num balanço ( ou situação patrimonial ) 26 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE a variação de um ou mais elementos é sempre equilibrada pela variação de outro ou outros prejuízos. À semelhança do inventário, também o balanço será obrigatoriamente registado no livro de inventários e balanço. Adiante estudaremos este aspecto legal. A CONTA NOÇÃO, PARTES CONSTRUTIVAS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA Já foi referido que o património de uma empresa é constituído por um grande e complexo número de elementos de natureza diferente. Contudo, esses elementos podem ser mensuráveis, ou seja, traduzidos numa unidade de valor comum. Isto é, transformam-se as matérias ou os objectos em valores, possibilitando a sua comensurabilidade, que é o mesmo, a comparação entre si. Um televisor e um livro apresentam-se com características diferentes mas, graças à sua quantificação ( tradução na mesma unidade ) podem facilmente ser comparáveis. É graças a esta quantificação que o trabalho contabilístico se pode levar a cabo nas unidades económicas. Sem aquela, ele seria não só de difícil execução, como também perdia o seu significado, na medida em que se referia, a um conjunto de elementos entre os quais não seria possível estabelecer qualquer relação. Mas a contabilidade, como conjunto de processos atinentes ao registo, classificação e controlo dos factos patrimoniais, tornar-se-ia impraticável se o fizesse em relação a cada elemento em particular. Por outras palavras, o registo, a classificação e controlo não seriam de fácil execução, se a observação fosse feita elemento a elemento patrimonial. Daí que consoante a sua natureza ou função que desempenhem na empresa, os valores patrimoniais possam ser agrupados em classes com características comuns. Chegamos assim à noção de conta, que podemos definir como um conjunto de elementos patrimoniais expresso em unidades de valor. Porém numa perspectiva mais prática, a conta aparece associada a uma série de notações ou registos referentes a um dado objecto, ordenadamente dispostos num quadro. Portanto, na primeira noção a conta define-se pelas características dos elementos que engloba, enquanto que na segunda, é considerado o aspecto dinâmico ou evolutivo desses elementos, ou seja, o conjunto dos registos das suas variações. Representam assim, duas formas distintas de definir uma mesma realidade: a conta representa uma classe de valores ou elementos patrimoniais, mas a sua disposição é tal que permite registar todas as variações sofridas por esses elementos. Partes Constitutivas Numa conta há a considerar: o título ( denominação própria ) o valor ( extensão ) Manual de Curso 27
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    CONTABILIDADE O título éa expressão ( ou palavra ) por que se designa a conta. Deve ser escolhido de tal forma que revele imediatamente a natureza dos elementos que a compõem, isto é, nos dê a conhecer o seu conteúdo. Tem como finalidade identificar a conta e distingui-la de todas as outras, pelo que será fixo e imutável. Deve ser claro no que respeite à característica comum dos elementos a que diz respeito. 28 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Vejamos um exemplo: Os escritórios das empresas estão geralmente equipados com móveis diversos, tais como, secretárias, estantes, cadeiras e outros. Todos esses elementos possuem a característica comum de se destinarem ao indispensável apetrechamento dos escritórios; a denominação para a conta que englobe estes elementos poderá ser, por ser, por exemplo, Mobiliário de Escritório. O valor representa a qualidade, expressa em unidades monetárias contida na conta no momento em que se analisa. O valor registado na contabilidade deve ser verídico, ou seja, deve estar de acordo com a verdadeira extensão dos elementos que representa. Se o título é fixo e imutável, a extensão já não o é. Pelo contrário, ela constitui o elemento variável da conta, na medida em que os elementos patrimoniais que engloba estão sujeitos a variações contínuas provocadas pelas operações realizadas. A conta constitui a bases de toda a escrituração, dado que é a partir dela que se desenvolve todo o trabalho contabilístico. Como tal, a conta deve obedecera requisitos próprios, para que o trabalho se processe com fundamento e regularidade. Os requisitos essenciais a que a conta deve obedecer, são: A homogeneidade. Uma conta só deve conter os elementos que obedeçam à característica comum que ela define. Assim, a dívida de um cliente à empresa, nunca poderá ser registada numa conta que não indique uma dívida a receber, ou seja, a conta em que aquela for registada deve incluir apenas os elementos que possuam a mesma característica: valores que a empresa tem direito a receber. A integralidade. A conta deve incluir todos os elementos que gozam da característica comum por ela definida. Deste modo a conta Mercadorias, deverá incluir todos os tipos de mercadorias transaccionadas pela empresa, assim como as suas variações. Em suma, a conta deve ser « homogénea » e « integral »dado que só poderá admitir movimentos ligados com a respeito classe de valores, não excluindo qualquer deles. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA A cada conta corresponde um gráfico ou quadro, que constitui o dispositivo prático para acompanhar as suas variações quantitativas. Inscrevendo-se neste quadro a extensão inicial da conta e as variações seguintes, consegue saber-se a todo o momento o valor dos elementos patrimoniais que agrupa. No aspecto gráfico, a conta apresenta-se normalmente na forma de um T. Sobre o traço horizontal indica-se o título da conta, podendo ainda distinguir-se um lado esquerdo e um lado direito. Título da conta Lado Esquerdo Lado Direito O lado esquerdo é designado « Débito » ou « deve » e o lado direito « Crédito » ou « haver ». Estes termos provêm de um processo onomatológico ligado à história da contabilidade, na Manual de Curso 29
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    CONTABILIDADE fases em queas contas representavam, exclusivamente, as pessoas dos devedores e dos credores. As variações aumentativas da conta de uma pessoa devedora constituíam o seu débito ( aumentando o débito de um devedor, e ele deve mais ) e as diminutivas o seu crédito, tal como as variações aumentativas da conta de uma pessoa credora ( aumentando o crédito de um credor, ele tem a haver mais ) e as diminutivas constituem seu débito. Ex.: Clientes e Fornecedores Por extensão do princípio das contas pessoais ás contas de coisas e de factos, os termos «Débitos» e «Créditos» ou «Deve» e «haver» respectivamente, não representam mais do que variações aumentativas ou diminutivas no valor das respectivas contas. No aspecto gráfico, teremos: Deve ( Débito ) Título da Conta ( Crédito ) Haver Os valores registados no débito denominam-se débitos e os registados no crédito denominam-se créditos. debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do débito; creditar uma conta é efectuar o registo dum valor no lado do crédito. A diferença entre o débito e o crédito duma conta, no momento considerado, chama-se saldo dessa conta. Ao balancear uma conta, ou seja ao comparar o seu débito com o seu crédito, três hipóteses podem ocorrer: D > C  o saldo diz-se devedor ( Sd) D = C  o saldo diz-se nulo (So) D < C  o saldo diz-se credor (Sc) Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cujo soma for de menor valor, obtendo-se assim uma igualdade entre os dois lados da conta. Atendendo ás três hipóteses consideradas anteriormente, teremos: D > C  Sd donde: D = C + Sd D = C  So donde: D = C D < C  SC donde: D + Sc = C Uma conta sem saldo diz-se saldada. O saldo da conta corresponde à sua extensão, ou valor, num determinado momento. • Fechar uma conta correspondentes a somar as colunas dos valores do débito e do crédito - depois de as saldar previamente - sublinhando com dois traços ( trancando ) cada soma. • Reabrir uma conta é inscrever o saldo na coluna dos débitos, se na conta fechada o mesmo era devedor; ou inscrever o saldo na coluna dos créditos, se na conta fechada o mesmo era credor. 30 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE DISPOSITIVOS DA CONTA A disposição apresentada anteriormente, em forma semelhante a um T, não ´´e a única existente. É-lhe atribuída a denominação de dispositivo horizontal ou bilateral, sendo o seu traçado o seguinte: Débito ( Deve ) Título da conta Crédito ( Haver ) Data Descrição Valor Data Descrição Valor É também utilizado o dispositivo vertical ou unilateral que comporta as seguintes subdivisões: de coluna simples; de coluna dupla; e, de coluna dupla com saldos à vista. O disposto vertical ou unilateral de coluna simples, tem apenas uma coluna para inscrever o valor dos débitos e dos créditos. Poderá apresentar-se da seguinte forma: Título da conta Data Descrição Valor D/C D -C O dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla, tem duas colunas - uma para os débitos e outra para os créditos: Título da conta Data Descrição Débito Crédito O dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla com saldos à vista, tem as mesmas duas colunas e ainda uma ou duas outras para os saldos apurados após cada registo: Título da conta Data Descrição Débito Crédito Saldo Título da Conta Data Descrição Débito Crédito Saldos Deved. Cred.. Manual de Curso 31
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    CONTABILIDADE Embora qualquer contapossa ser escriturada em qualquer dispositivo, vamos, de seguida, referir-nos ás vantagens e inconvenientes dos vários dispositivos da conta, que foram apresentados. O dispositivo unilateral de coluna simples, tendo a vantagem de mostrar o saldo à vista, apresenta a grande desvantagem de, se houver erro de soma ou de subtracção de uma verba, ficarem erradas todas as operações subsequentes, sendo normalmente a difícil detecção de tais erros. Por tal motivo, pouco se usa actualmente. O dispositivo unilateral de coluna dupla com saldos à vista, apresenta a vantagem de se conhecerem estes a qualquer momento sem necessidade de somar as colunas das variações aumentativas e diminutivas. Quando a coluna dos saldos é única, obriga a assinalar a natureza de cada saldo; quando a coluna dos saldos é dupla, estes aparecem nitidamente separados segundo a sua natureza. Este último dispositivo é actualmente dos mais usados, por se prestar à escrituração mecanográfica. O dispositivo bilateral apresentava a vantagem de separar completamente, em lados distinto da conta, os factos que originam variações aumentativas dos que originam variações diminutivas e a desvantagem de não ter o saldo à vista, obrigando para a sua determinação, à soma das colunas dos débitos e dos créditos. A CONTA (síntese): CONTA : conjunto de valores ou de elementos patrimoniais expresso em unidades de valor. Há a considerar: O titulo ( denominação própria): expressão ( ou palavra ) por que se designa a conta O valor ( expressão ): representa a quantidade expressa em unidades monetárias contida na conta no momento em que se analisa. O titulo é imutável. O valor não é imutável. A conta deve ser homogénea e integral dado que só pode admitir movimentos ligados com a respectiva conta de valores, não excluindo quaisquer deles. Título da conta lado esquerdo lado direito débito crédito deve haver entradas saídas PESSOAS devia tinha haver débito crédito Entrada saída Activo passivo 32 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE TEORIA DAS CONTAS Oscontabilistas adoptam uma linguagem diferente: Em vez de entradas, falam de débitos; Em vem de saídas, falam de créditos; Em vez de excedente ou diferente, usam o termo saldo. Se: C > D  Sc D > C  Sd D = C  So A subtileza está em saber, em relação a quem ou a quê há entradas de valores e em relação a quem ou a quê há saída de valores, o que não depende de qualquer automatismo mas apenas do raciocínio. ... Por extensão do princípio das contas pessoais às contas de coisas e factos, os termos “débito” e “crédito” ou “deve” e “haver” respectivamente, não representam mais do que variações aumentativas ou diminutivas no valor das respectivas contas. 34 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Aspecto gráfico: Deve ( Débito ) Título da Conta Haver ( Crédito ) - Debitar uma conta significa - Creditar uma conta é Saldo é Balancear uma conta é D > C  Sd donde: D = C + Sd D = C  So donde: D = C D < C  Sc donde: D + Sc = C Determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for de menor valor, obtendo-se assim uma igualdade entre os dois lados da conta : Conta saldada é Fechar uma conta corresponde a Reabrir uma conta é Manual de Curso 35
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    CONTABILIDADE CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃODAS CONTAS CLASSIFICAÇÃO No ponto anterior, ao referirmo-nos à noção de conta, definimo-la como uma classe de valores patrimoniais com denominação própria e com extensão numérica. Podendo estes valores ser concretos e abstractos, a conta terá assim, por objecto, elementos concretos - os que compõem o Activo e o Passivo e, por elementos abstractos - os correspondentes à Situação Líquida. Teremos então numa primeira classificação: contas do Activo (compreendendo todos os elementos patrimoniais - aqueles com a característica de serem propriedade do titular do património); contas do Passivo (compreendendo todos os elementos patrimoniais passivos - as obrigações pecuniárias que o titular do património terá de satisfazer); e contas de Situação Líquida (englobando os valores patrimoniais abstractos por que se traduz a diferença entre o Activo e o Passivo). Dentro destas grandes classes inserem-se outras de âmbito mais reduzido, cujos elementos patrimoniais foram agrupados em obediência a um determinado ponto de vista ou característica. As contas podem, pois, ter um âmbito mais ou menos vasto, compreenderem mais ou menos elementos patrimoniais, isto é, serem mais ou menos simples, ou mais ou menos complexas. Uma conta é tanto mais simples quanto maior identidade houver nos elementos que agrupa; e, tanto mais complexa quanto maior for a diversidade dos mesmos. De um modo geral, denominam-se: - contas simples ou elementares, as que agrupam elementos com características muito comuns e, portanto, não comportam maior divisão; - contas complexas, colectivas ou gerais, as que agrupam contas simples ou elementares, ou que nelas se subdividem. As contas que são sub-divisões de outras, chamam-se sub-contas ou contas divisionárias. As contas dizem-se do 1.º , 2.º , 3.º , ... n-ésimo grau, conforme sejam sub-divisões doutras ou, inversamente, integração delas. Partindo de uma conta colectiva, que se diz do 1.º grau, as suas sub-divisões imediatas serão respectivamente do 2.º , 3.º , ... n-ésimo grau. 36 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Exemplo: CONTAS COLECTIVAS CONTAS DIVISIONÁRIAS 1ºgrau 2ºgrau 3ºgrau Banco A DEPÓSITO A ORDEM Banco H Banco Z ... CLIENTES Fagundes Agapito ... Philips Televisores Grundig MERCADORIAS National ... Ventoinhas Máquinas de lavar Frigoríficos ... É claro que sendo a conta colectiva subdividida em contas divisionárias ou sub-contas, é natural que a sua extensão seja igual à soma das extensões das suas sub-contas. Portanto, em qualquer momento, o débito duma conta colectiva è igual à soma dos débitos das suas sub-contas e o seu crédito igual à soma dos créditos das mesmas. As contas colectivas irão corresponder, como adiante veremos, ao Razão Geral; por sua vez, as contas divisionárias corresponderão ao Razão Especial ou Auxiliar. Portanto, o Razão Especial corresponde ao desdobramento do Razão Geral. Por vezes reúnem-se numa só conta elementos patrimoniais que pertencem aos dois membros do balanço (activo e passivo). Tais contas são denominadas mistas. Por exemplo, as contas «Outros Devedores» (do activo) e «Outros Credores» (do passivo), são por vezes reunidas numa única conta denominada «Outros Devedores e Credores» onde se registarão as variações das dívidas a receber e das dívidas a pagar. Nas contas mistas, para apuramento da situação real ao fim da determinado período, deve efectuar-se a discriminação entre os valores activos e os valores passivos, separando-os, ainda que sob o mesmo título da conta. Devido à grande generalidade de algumas contas, estas são divididas em outras contas mais específicas e necessariamente, de maior significado, cujos saldos deverão ser transferidos para as contas de que fazem parte. As primeiras, ou seja, as que tratam de valores de maior generalidade dizem-se principais; as segundas, que resultam do desdobramento das principais para efeitos de registo contabilístico e cujo saldo se deve transferir para aquelas, dizem-se subsidiárias. Resumindo, diremos que existe um desdobramento horizontal ou paralelo entre as contas principal e subsidiária, e um desdobramento vertical ou descendente entre as contas colectiva e divisionária. No actual Plano Oficial de Contabilidade (POC), as contas estão distribuídas por dez classes, segundo a sua natureza. Manual de Curso 37
  • 36.
    CONTABILIDADE CARACTERIZAÇÃO DE ALGUMAS CONTAS Para a caracterização elementar de algumas contas, seriamo-las de acordo com a natureza dos elementos patrimoniais que englobam, ou seja, pelos grupos a que pertencem: Activo, Passivo e Situação Liquida. Apresentar-se-ão as contas geralmente mais utilizadas, descrevendo sinteticamente as suas características básicas. O título e o conteúdo das contas foram escolhidos de modo a facilitar a gradual familiarização com a adoptada pelo Plano Oficial de Contabilidade (POC). Não serão focados aspectos relacionados com a sua movimentação específica, pois tal será feito em pormenor num capítulo seguinte (cap. 4 - Estudo das contas, segundo o POC). CONTAS DO ACTIVO CAIXA Inclui as notas de banco e moedas, cheques, vales postais (nacionais e estrangeiros). DEP. À ORDEM Regista o movimento das contas bancárias (à ordem) das empresas. CLIENTES C/C Engloba as dívidas a receber pela empresa resultantes da venda de mercadorias e produtos ou de serviços prestados. CLIENTES - TÍTULOS A RECEBER Inclui as letras sacadas sobre os clientes c/c, ou por si endossadas e ainda os extractos de factura e as livranças. EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS Inclui as dívidas a receber de terceiros, resultantes de empréstimos. OUTROS DEVEDORES Respeita às dívidas de terceiros que não estejam abrangidas pelas contas anteriores. MERCADORIAS Respeita aos bens existentes na empresa com destino à venda e não sujeitos a qualquer transformação no seu seio; no seu preço de custo devem ser incluídas as despesas adicionais de compra. INVESTIMENTOS FINANCEIROS Inclui as participações de capital e outros títulos adquiridos pela empresa para rendimento ou controle de outras empresas. Devem ser também aqui englobados os títulos da dívida pública e os empréstimos de financiamento concedidos. EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO Inclui os diferentes elementos patrimoniais que a empresa dispõe para exercer a sua actividade tais como: mesas, cadeiras, estantes, máquinas de escritório, aquecedo- 38 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE res, etc. EDIFÍCIOS Respeita aos edifícios fabris, administrati- E OUTRAS CONSTRUÇÕES vos e habitacionais, utilizados na activida- de. EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE Respeita às aquisições de camionetas, automóveis, motociclos etc., para uso da empresa. IMOBILIZAÇÕES INCORPÓREAS Inclui elementos patrimoniais sem existên- cia física, tais como trespasses, patentes, marcas, alvarás, licenças, concessões, gastos de constituição e de organização da empresa, de aumentos de capital, estudos e projectos. CONTAS DE PASSIVO FORNECEDORES C/C Engloba todas as dívidas a pagar, resultan-tes da aquisição, pela empresa, de bens e serviços, com excepção dos destinados ao imobilizado. FORNECEDORES - TÍTULOS Inclui os débitos a fornecedores que se A PAGAR encontrem representados por letras ou outros títulos de crédito. EMPRÉSTIMOS OBTIDOS Engloba os financiamentos contraídos pela empresa, particulares ou não. ESTADO E OUTROS ENTES Abrange as operações com a PÚBLICOS Administração Central e Local e ainda com as Instituições de Previdência, à excepção de transações ou financiamentos. São aqui registadas as dívidas resultantes de impostos s/ lucros, imposto de mais- valias, imposto sobre o valor acrescentado, imposto profissional, fundo de desemprego e providência. OUTROS CREDORES Respeita às dívidas para com terceiros, que não estejam contempladas nas contas precedentes. c) CONTAS DE SITUAÇÃO LÍQUIDA OU CAPITAL PRÓPRIO CAPITAL Para as sociedades esta conta respeita ao capital nominal subscrito. Regista também o capital fixado dos estabelecimentos individuais de Manual de Curso 39
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    CONTABILIDADE responsabilidade limitada e o capital inicial das empresas públicas. Para as empresas em nome individual esta conta compreende não só o capital inicial e adquirido, mas ainda as operações de natureza financeira com o respectivo proprietário. RESERVAS São contas constituídas em geral à base da retenção de lucros, visando o aumento dos meios de acção das empresas (autofinanciamento), etc. RESULTADOS Esta conta visa o apuramento do resultado de cada exercício económico. O resultado dum exercício económico pode obter-se por duas vias: Efectuando os balanços referentes ao início e ao fim do exercício e deduzindo à Situação Líquida Final a Situação Líquida Inicial. Portanto, através da Situação Líquida Adquirida. Mas o resultado assim obtido, nada nos diz quanto à origem e natureza dos aumentos e diminuições do valor do património ocorridos no decurso do exercício em questão. O conhecimento desses elementos é possível através das contas de custos e de proveitos que agrupam as variações patrimoniais quantitativas de acordo com a natureza. Eis, então, a segunda via: Comparando os custos e os proveitos do exercício económico considerado. - A via 1) determina o resultado global; a via 2) determina o resultado pela via analítica e implica o conhecimento e registo contabilístico, em separado, de todos os custos e de todos os proveitos. - As contas de custos e de proveitos, dada a sua relevância administrativa, são também denominadas contas de gestão, referindo-se, desde já, as seguintes: CONTAS DE CUSTOS POR NATUREZA CUSTO DAS VENDAS Regista as vendas de mercadorias valorizadas ao preço de custo. FORNECIMENTO E SERVIÇOS Nesta conta são registadas as despesas com a EXTERNOS água, luz, telefone, selos postais, combustíveis, gás, material de conservação e reparação de máquinas, de veículos, de instalações, material de expediente, publicidade, rendas, alugueres, remunerações a intermédios, honorários, transporte de mercadorias e de pessoal, deslocações e estadias destes. IMPOSTOS São aqui registados os impostos e taxas pagos pela empresa ao Estado, Autarquias Locais e outras entidades do Sector Público, com excepção dos impostos sobre os lucros. CUSTOS COM O PESSOAL Nesta conta são registadas as remunerações do empresário ou dos corpos gerentes, o 13º mês, as remunerações adicionais do trabalho, os 40 Manual de Curso
  • 39.
    CONTABILIDADE encargos sobre as remunerações de conta da empresa. OUTROS CUSTOS Regista os custos que não sejam próprios dos objectivos principais da empresa. AMORTIZAÇÕES DO EXERCÍCIO Regista a depreciação das imobilizações, atribuída ao exercício. PROVISÕES EM EXERCÍCIO Regista as perdas ou despesas prováveis de montante incerto, imputáveis ao exercício. CUSTOS FINANCEIROS São aqui registados os juros de financiamen-tos, os encargos com descontos de letras e outros títulos, os descontos de pronto pagamento e outros custos de origem financeira. CONTAS DE PROVEITOS POR NATUREZA VENDAS É registado o valor resultante da venda de mercadorias e produtos da empresa. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Regista os rendimentos resultantes de serviços prestados pela empresa e que façam parte dos seus objectivos ou finalidades. PROVEITOS SUPLEMENTARES Nesta conta registam-se os proveitos das actividades que não sejam próprias dos objectivos principais da empresa. OUTROS PROVEITOS Regista os proveitos que não sejam próprios dos objectivos principais da empresa. PROVEITOS FINANCEIROS Registam os proveitos e ganhos financeiros tais como juros, descontos, rendimento de capital, etc. Com o objectivo de automatizar e ter um controlo contabilístico das compras é habitual utilizar-se uma conta com a designação COMPRAS, cuja movimentação em geral faz-se no âmbito das contas de existência. Para além das contas do activo, do passivo e da situação líquida, aparecem no balanço das chamadas contas de regularização destinadas a rectificar o valor doutras contas e que correspondem a dois grupos: CONTAS DE REDUÇÃO DE VALORES ACTIVOS AMORTIZAÇÕES Contas que têm como objectivo registar as depreciações (desvalorizações ou desgaste) sofridas pelo imobilizado da empresa; aparecem no 1º membro do balanço em dedução das correspondentes contas do imobilizado. PROVISÕES Contas que servem de compensação a eventuais perdas futuras da empresa, mas de montante indeterminado, tais como dívidas de cobrança duvidosa e mercador-ias que se venham a desvalorizar. Aparecem no balanço, no lado do activo, em dedução das correspondentes contas. No cap. 4 estudaremos com maior detalhe as contas que neste domínio estão previstas no POC bem como o respectivo conteúdo e Manual de Curso 41
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    CONTABILIDADE movimentação. MÉTODOS DE REGISTO CONTABILÍSTICO Caracterização As primeiras contabilidades conhecidas, as do século XIII, comportavam somente as contas de devedores, credores e banqueiros, ou seja, contas de «pessoas». O método de registo contabilístico adoptado então ficou conhecido por método das partidas simples ou unigrafia, que consistia na inscrição em cada conta (pessoal) dos movimentos que lhe respeitam, sem qualquer interligação com inscrições feitas noutras contas. O desenvolvimento histórico da técnica contabilística conduziu à adopção de contas de coisas e de factos. Numa primeira fase, utilizou-se apenas contas de coisas, movimentadas sem correspondência noutras contas (método das partidas mistas); numa segunda fase, com utilização já de contas de factos, foi-se radicando a prática de, ao fazer uma inscrição (assento ou lançamento) numa conta, a mesma ser repetida noutra ou noutras contas com aquela interligadas pelo mesmo facto patrimonial, constituindo este registo duplo aquilo que viria a chamar-se partidas dobradas ou digrafia. 42 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE MÉTODOSDE REGISTO CONTABILÍSTICO MÉTODO DIGRÁFICO: Todo o débito numa conta origina o crédito noutra ou noutras e vice-versa, C.R., cada facto patrimonial determina um registo em duas ou mais contas, por forma a que ao valor de cada débito (ou créditos corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor. A + S.L.P. = P + S. L. A. Sejam: a, a’ sp, sp’ p, p’ as, as’ então: (A + a - a’) + (SLp + Sp - Sp’) = (P + p - p’) + (SLa + Sa - Sa’) ou [(A + a) - a’] + [(SLp + Sp) - Sp’] + [p’ - (P + p)] + [Sa’ - (SLa + Sa)] ACTIVO S. L. P. PASSIVO S. L. A. deve haver deve haver deve haver deve haver A a’ Slp sp’ p’ P sa' Sla a sp p sa' - + - + - + - Debitam-se pela extensão inicial e pelos Debitam-se pelas diminuições aumentos Creditam-se pelas diminuições Creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos Ou As contas do activo debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos; creditam-se pelas diminuições. Manual de Curso 43
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    CONTABILIDADE As contas dopassivo e da situação líquida inicial debitam-se pelas diminuições; creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos. As contas de situação líquida adquirida, isto é, as contas de resultados debitam-se pelos custos (encargos) e, creditam-se pelos proveitos (ganhos). Exemplos: DEVE Compras HAVER DEVE Fornecedores c/c HAVER 10 c. 10 c. DEVE Fornecedores HAVER DEVE Caixa HAVER c/c 30 c. 30 c. DEVE Clientes HAVER DEVE Vendas HAVER c/c 35 c. 35 c. DEVE Caixa HAVER DEVE Clientes c/c HAVER 17.5 c. 17.5 c. D (s ) C (s) ∑D = ∑C ∑Sd =∑Sc 44 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE APLICAÇÃO 9 Registar, nas respectivas contas, obedecendo ao princípio das partidas dobradas, as operações aos factos patrimoniais seguintes: 1) Compra, a crédito de diversas mercadorias 10 000$00; 2) Pagamento ao fornecedor F 30 000$00; 3) Venda, a prazo, de mercadorias diversas 35 000$00; 4) O cliente J.T. paga metade da sua dívida 17 500$00. Resolução: Deve Compras Haver Deve Fornecedores c/c Haver 10 000$00 10 000$00 operação (1) Deve Fornecedores c/c Haver Deve Caixa Haver 30 000$00 30 000$00 operação (2) Deve Clientes c/c Haver Deve Vendas Haver 35 000$00 35 000$00 operação (3) Deve Caixa Haver Deve Clientes c/c Haver 17 500$00 17 500$00 operação (4) Em síntese, podemos dizer que no sistema de partidas dobradas: - A um débito ( ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor; - A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos; - A soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores, A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece necessariamente a uma das quatro fórmulas digráficas seguintes: Uma só conta devedora a uma só conta credora Uma só conta devedora e várias contas credoras Várias contas devedoras e uma só conta credora Várias contas devedoras e várias contas credoras Manual de Curso 45
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    CONTABILIDADE LANÇAMENTOS NOÇÃO O património, como conjunto de valores activos e passivos sujeitos a uma gestão, não se mantém constante. Pelo contrário, está sujeito a variações que mais não são do que a consequência da própria actividade da empresa. Sendo assim, além da representação dos valores patrimoniais, existe a necessidade de representar e inscrever em documentos, livros e registos de vária natureza, os factos patrimoniais que provocam a sua variação. A escrituração comercial será, pois, o conjunto de documentos e livros que historiam a evolução patrimonial de qualquer empresa. Também se designa escrituração, aos actos de registo das operações nos livros e documentos. Chama-se lançamento ou assento, à notação de qualquer facto patrimonial nos livros de contabilidade. São, portanto, peças fundamentais da escrituração, os livros onde se registam as operações e os documentos, que representam essas operações e comprovam os lançamentos efectuados nos mesmos. DOCUMENTOS Os factos patrimoniais registados pela contabilidade são descritos e comprovados por meio de escritos comerciais - os documentos. Os documentos são pois a base de todo o registo contabilístico, sem os quais o mesmo não se poderá processar. Aliás, as empresas estão sujeitas a incorrerem em multa se procederem ao registo de factos não devidamente documentados. Entre os documentos, podem distinguir-se os de movimento interno e os de movimento externo. Os primeiros, são aqueles que sendo elaborados no seio da empresa se destinam exclusivamente ao uso interno (folhas de férias, notas de lançamento, etc.); os segundos, são os que provêm ou se destinam ao exterior (facturas, letras, recibos, notas de débito, etc.). LIVROS Os livros de contabilidade classificam-se em dois grupos: livros obrigatórios e livros facultativos. Os livros obrigatórios são os que a lei enumera como indispensáveis a qualquer comerciante. São também designados por livros selados e vêm indicados no artigo 31º do Código Comercial. São eles, o livro de Inventário e Balanço, o Diário, o Razão e o Copiador de Correspondência. No § único deste artigo, estabelece-se que, além destes, são obrigatórios para as sociedades comerciais os Livros de Actas. 46 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Acerca destes livros prescreve o Código Comercial o seguinte: Art. 33.º O livro de Inventário e Balanços começará pelo arrolamento de todo o activo e de todo o passivo do comerciante, fixando a diferença entre aquele e este o capital com que entra em comércio, e servirá para nele se lançarem, dentro dos prazos legais, os balanços a que tem de proceder. Art. 34.º O Diário servirá para os comerciantes registarem, dia após dia por ordem de datas, em assento separado, cada um dos seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar a sua fortuna. Art. 35.º O Razão servirá para escriturar o movimento de todas as operações do Diário, ordenadas por débito e por crédito, em relação a cada uma das respectivas contas para se conhecer o estado e a situação de qualquer delas, sem necessidade de recorrer ao exame e separação de todos os elementos cronologicamente escriturados no Diário. Art. 36.º O Copiador servirá para nele se transladarem, à mão ou por máquina, na íntegra, cronológica e sucessivamente, toda a correspondência e telegramas que o comerciante expedir. Art. 37.º Os livros de actas das sociedades servirão para neles se lançarem as actas das reuniões de sócios, interessados ou administradores, devendo cada uma delas expressar a data em que foi celebrada, os nomes dos assistentes, os votos emitidos, as deliberações tomadas e tudo o que possa servir para conhecer e fundamentar estas, e ser assinada pela mesa, quando houver, e, não havendo, pelos assistentes. Além destes, que são obrigatórios par todos os comerciantes (o livro de actas só é obrigatório para as sociedades), outro livros são impostos pela legislação comercial (Código e diplomas complementares) e fiscal, apenas para o registo de determinadas operações, em algumas sociedades, ou para certos ramos de actividade (bancos e seguros, por exemplo). Vejamos os livros obrigatórios para o registo de determinadas operações: Comerciantes que façam vendas por grosso ou a revendedores (Dec. n.º 9 490, de 21 de Março de 1931, art. 15.º): - Copiador de facturas de vendas a prazo; - Registo de extractos de facturas. Compra de bens de investimentos pelos sujeitos passivos que possuam contabilidade organizada (Art. 51.º do Código do IVA). 1 - Os sujeitos passivos que possuam contabilidade regularmente organizada para efeitos de IRS ou IRC ou nos termos do n.º 3 do art. 50.º são obrigados a efectuar registo dos seus bens de investimento, de forma a permitir o controlo das deduções efectuadas e das regularizações processadas. 2 - O registo a que se refere o n.º 1 deverá comportar, para cada um dos seus bens, os seguintes elementos: a) Data da aquisição ou da conclusão das obras em bens imóveis e do início da utilização ou ocupação; Manual de Curso 47
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    CONTABILIDADE b) Valor do imposto suportado; c) Percentagem de dedução em vigor no momento da aquisição; d) Somatório das deduções efectuadas até ao ano da conclusão das obras em bens imóveis; e) Percentagem definitiva de dedução do ano da aquisição ou da conclusão das obras em bens imóveis f) Percentagem definitiva de dedução de cada um dos anos do período de regularização. Contribuintes que não possuam contabilidade regularmente organizada nos termos do Código do IRS ou do IRC. Art. 50.º do Código do IVA: 1 - Os sujeitos passivos não enquadrados nos regimes especiais previstos na secção IV do presente capítulo ou que não possuam contabilidade regularmente organizada nos termos do Código do IRS ou do IRC utilizarão, para cumprimento das exigências constantes dos n.os 1 dos artigos 45.º e 48.º, os seguintes livros de registo: a) Livro de registo de compras de mercadorias e ou livro de registo de matérias-primas e de consumo; b) Livro de registo de vendas de mercadorias e ou livro de registo de produtos fabricados; c) Livro de registo de serviços prestados; d) Livro de registo de despesas e de operações ligadas a bens de investimento; e) Livro de registo de mercadorias, matérias-primas e de consumo, de produtos fabricados e outras existências à data de 31 de Dezembro de cada ano. Retalhistas sujeitos ao regime especial de Tributação previsto no artigo 60.º do Código do IVA. Art. 65.º 1 - Os retalhistas sujeitos ao regime especial de tributação previsto no artigo 60.º são obrigados a registar no prazo de 30 dias, a contar da respectiva recepção, as facturas, documentos equivalentes e guias ou notas de devolução relativos a bens ou serviços adquiridos e a conservá-los, com observância do disposto no n.º 2 do artigo 48.º. 2 - Para o cumprimento do mencionado no n.º 1 deverão os retalhistas possuir os seguintes elementos de escrita: Livro de registo de compras de mercadorias; Livro de registo de despesas gerais e operações ligadas a bens de investimento. Sociedades anónimas e em comandita por acções (arts. 12.º e 13.º do Decreto Lei n.º 27 153, de 31/10/1936): Livro de registo de acções; Livro de balancetes do razão geral e de balancetes contas correntes; Livro de desenvolvimento das contas colectivas; Livro de resultados do exercício. Os livros facultativos, são os que se utilizam normalmente como auxiliares de registo. O seu número e utilização depende da natureza, características e dimensão das empresas ou 48 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE das operações que elas efectuam. Servem para completar, desenvolver e controlar o que se escritura nos livros obrigatórios. São usualmente denominados de livros auxiliares. Manual de Curso 49
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    CONTABILIDADE Como livros de contabilidade auxiliares, podem apontar-se, entre outros: - Balancetes do Razão Geral. - Razões auxiliares ou de desenvolvimento do Razão Geral. - Diários auxiliares (Caixa, Compras, Vendas, etc.). - Balancetes dos Razões auxiliares. ESPÉCIES DE LANÇAMENTOS O lançamento é, como foi dito, a notação de qualquer facto patrimonial nos livros próprios da contabilidade, e compõe-se dos seguintes elementos. Data Título ou cabeçalho, que é a indicação da(s) conta(s) a debitar e da(s) conta(s) a creditar; usualmente escreve-se em caracteres mais destacados. Descrição ou histórico, que consiste na explicação sucinta do facto patrimonial que dá origem ao lançamento. Importância ou valor, que é o montante correspondente às variações provocadas nas contas. Em regra, apenas no Diário se encontram todos estes elementos. Os lançamentos podem classificar-se atendendo aos seguintes dois aspectos: - número de contas movimentadas; - natureza dos movimentos escriturados. 1 - Classificação segundo o número de contas movimentadas No método digráfico, todo o facto patrimonial dá origem à variação ou mais contas, de tal modo que a um débito (débitos), corresponde sempre um crédito (créditos) de igual valor. A contabilização de qualquer operação obedece forçosamente, a uma das seguintes quatro fórmulas digráficas: 1.ª fórmula - um débito = um crédito 2.ª fórmula - um débito = vários créditos 3.ª fórmula - vários débitos = um crédito 4.ª fórmula - vários débitos = vários créditos Aos lançamentos da 1.º fórmula dá-se o nome de lançamentos simples. Os das demais fórmulas dizem-se lançamentos complexos ou compostos. APLICAÇÃO 10 O comerciante F, realiza as seguintes operações: Deposita no Banco M, à ordem, a quantia de 500 contos. As contas afectadas por esta operação são: - depósitos à ordem - caixa 50 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE A primeira sofre uma variação aumentativa e a segunda uma variação diminutiva de igual montante; ambas são contas do activo, por conseguinte, - debita-se depósitos à ordem 500 000$00 - credita-se caixa 500 000$00 Esquematicamente: D Depósitos à ordem H D Caixa H ... ... ... ... 500 000$00 500 000$00 um débito = um crédito 1.ª fórmula Líquida a dívida que tinha para com a Sociedade Beta, Lda. relativa à factura n.º 718, no montante de 125 000$00, do modo seguinte: entrega em cheque s/ o banco M: - 100 000$00; entrega do restante em notas do Banco de Portugal. As contas a movimentar nesta operação são as seguintes: - fornecedores - depósitos à ordem - caixa Todas elas sofrem variações diminutivas. Como fornecedores é uma conta do passivo e depósitos à ordem e caixa são contas do activo, teremos: - debita-se fornecedores 125 000$00 depósitos à ordem 100 000$00 - creditam-se caixa 25 000$00 Esquematicamente: D Fornecedores H D Depósitos à ordem H ... ... ... ... 125 000$00 100 000$00 D Caixa H ... ... 25 000$00 um débito = vários créditos 2.ª fórmula Contraiu no Banco M, um financiamento no valor de 250 000$00. Este Banco, cobrando antecipadamente os juros do empréstimo, deposita na conta do comerciante a quantia de 225 000$00. Manual de Curso 51
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    CONTABILIDADE As contas afectadas por esta operação, são as seguintes: - Empréstimos obtidos, relativamente ao financiamento obtido por intermédio do Banco M, no valor de 250 000$00; Depósitos à ordem, pela quantia posta à disposição do comerciante F, ou seja, 225 000$00; - Custos financeiros, pelos juros do financiamento pagos por Banco M, no valor de 25 000$00. As duas primeiras contas são de balanço (empréstimos obtidos é uma conta de passivo e depósitos à ordem é uma conta do activo) e a última conta (despesas financeiras) é uma conta de gestão, um custo por natureza. Assim, Depósitos à Ordem 225 000$00 - debitam-se Custos Financeiros 25 000$00 - credita-se Empréstimos Obtidos 250 000$00 Esquematicamente: D Depósitos à ordem H D Custos Financeiros H ... ... ... ... 225 000$00 25 000$00 D Empréstimos Obtidos H ... ... 250 000$00 vários débitos = um crédito 3.ª fórmula d)Adquire à Sociedade Imobiliária do Centro, Lda. um edifício para armazenamento das suas mercadorias no valor de 1 200 contos e uma camioneta de carga no valor de 300 contos. As condições de pagamento são as seguintes: - Entrega imediata de um cheque s/ o banco M, no montante de 950 contos; - O restante será liquidado dentro de 90 dias. Perante a operação descrita, movimentaremos as seguintes contas : Edifícios e outras construções, pelo valor de aquisição do edifício para armazenamento das mercadorias; Equipamento de transporte, pelo valor da aquisição da camioneta; Depósitos à ordem, pela saída de dinheiro da conta à ordem no Banco M, no total de 950 contos; Outros credores, pela dívida existente para com a Sociedade Imobiliária do Centro, Lda. 52 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE As três primeiras contas são contas de activo e a última é uma conta do passivo. Atendendo às suas variações, iremos, Edifícios e Outras Construções 1 200 000 $ 00 debitar Equipamento de Transporte 300 000 $ 00 Depósitos à Ordem 950 000 $ 00 creditar Outros Credores 550 000 $ 00 Esquematicamente: D Edifícios e Outras Constr. H D Equipamento de H Transp. ... ... ... ... 1 200 000 $ 00 300 000 $ 00 D Depósitos à Ordem H D Outros Credores H ... ... ... ... 950 000 $ 00 550 000 $ 00 vários débitos = vários créditos 4ª fórmula II - Classificação segundo a natureza dos movimentos Neste aspecto distinguem-se: - Lançamentos de abertura Respeitam ao registo dos valores iniciais das contas de um comerciante, no início da sua escrita. - Lançamentos correntes Respeitam ao registo das operações realizadas e dos acontecimentos ocorridos durante cada exercício económico. - Lançamentos de estorno Têm por finalidade rectificar as omissões, duplicações e erros cometidos nos lançamentos efectuados. - Lançamentos de regularização Visam rectificar o saldo das contas que não correspondam à realidade; normalmente, efectuam-se no fim de cada exercício económico antes de se proceder ao apuramento de resultados e a elaboração do balanço. - Lançamentos de transferência ou de apuramento de resultados Manual de Curso 53
  • 52.
    CONTABILIDADE Têm por finalidadetransferir os saldos das contas de custo e proveitos para as contas de resultados, permitindo a posterior determinação dos resultados da empresa. - Lançamentos de encerramento ou fecho São efectuados depois do apuramento de resultados e da elaboração do Balanço e permitem fechar as contas que apresentem saldos (devedores ou credores). - Lançamentos de reabertura Registam, no início de cada exercício económico, os valores iniciais das contas (saldos finais das contas no exercício anterior). 54 Manual de Curso
  • 53.
    CONTABILIDADE DIÁRIOE RAZÃO ESCRITURAÇÃO Dos livros anteriormente referidos como sendo obrigatórios a qualquer comerciante (art. 31º do C.C.), interessa-nos, neste momento, referir em particular dois dos livros citados: O Diário e o Razão. Estabelece o art. 32º do Código Comercial que o livro de inventário e balanços e o diário deverão ser, antes de escritos, apresentados para que sejam numerados e rubricadas as folhas e lançados os termos de abertura e de encerramento nas primeira e última páginas, respectivamente, às seguintes entidades: - Síndico de Falências, em Lisboa e no Porto; - Magistrado do Ministério Público, nas restantes comarcas do país. Antes desta formalidade deverão, os livros obrigatórios, ser previamente apresentados na respectiva repartição de finanças, para se proceder à sua selagem. Para o diário e o livro de inventário e balanços torna-se também necessária a indicação prévia, pela conservatória do registo comercial (ou predial na falta desta), de que a sociedade tem a qualidade de comerciante (está devidamente registada). É claro que serão dispensados desta última formalidade os comerciantes em nome individual. A data do primeiro registo dos livros acima indicados não pode ser anterior àquela em que foi lavrado o termo de abertura, pois só a partir desta é que o livro está legalmente «apto» a ser escriturado. Vejamos agora as finalidades específicas do Diário e do Razão, bem como os elementos que comportam o respectivo processo de escrituração. O Diário servirá para os comerciantes registarem, dia a dia, por ordem de datas, em assento separado, cada um dos seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar o seu património. O Razão servirá para escriturar o movimento de todas as operações do Diário, ordenados a débito e a crédito, em relação a cada uma das respectivas contas, para se conhecer o estado e a situação de qualquer delas, sem necessidade de recorrer ao exame de todos os lançamentos do Diário. Portanto, os factos patrimoniais são registados, por ordem de datas, no Diário e por ordem de contas, no Razão. O Diário é um registo cronológico; o Razão é um registo sistemático, é o livro das contas. Como tudo o que se escritura no Diário tem de constar no Razão e nos restantes livros, entende-se praticamente por lançamento a simples contabilização no Diário da empresa, visto que, implicitamente tem de ser trasladado para outros livros, com o fim de se dispor do detalhe conveniente nos livros adequados. Manual de Curso 55
  • 54.
    CONTABILIDADE Quer isto dizerque o caminho a percorrer na contabilização dos factos patrimoniais é o seguinte: Factos Patrimoniais → Documentos → Diário → Razão → Balancetes O traçado ou riscado do Diário (modelo clássico) que iremos utilizar é o seguinte: a) b) c) d) e) f) significando cada coluna: Número de ordem do lançamento. Preposição a . Cabeçalho e descrição do lançamento. Número dos fólios do Razão Geral referentes às contas movimentadas. Coluna auxiliar das importâncias (a utilizar somente nos lançamentos compostos, ou seja, da 2ª, 3ª e 4º fórmulas). Coluna principal das importâncias. O uso técnico do Diário manda que no cabeçalho do lançamento se inscreva primeiramente a conta debitada e depois a creditada, esta numa linha imediatamente inferior àquela antecedido o respectivo título da preposição a, abreviatura de «deve a». Dado que um mesmo facto pode originar movimentos (variações) em mais do que duas contas, quando tal acontece, são os títulos das diversas contas substituídos no cabeçalho pela palavra «Diversos». Os títulos dessas contas entram no corpo do lançamento, juntamente com a descrição, obedecendo à ordem indicada anteriormente entre as contas debitadas e creditadas. Cada lançamento no Diário é fechado por um traço descontínuo em cujo intervalo se escreve a data (dia e mês) do lançamento seguinte. Contudo, se o lançamento anterior for feito no mesmo mês poderá indicar-se apenas o dia no lançamento seguinte. Caso o lançamento seguinte seja efectuado no mesmo dia do lançamento anterior, limitamo-nos a deixar o dito intervalo em branco ou a pôr umas aspas. O Diário pode ser analítico, se descreve os factos patrimoniais um a um, ou sintético se reúne os lançamentos efectuados nos registos analíticos. Pode ainda ser analítico-sintético se uns factos são descritos um a um e outros por resumo. Por razões de operacionalidade e em face do elevado número de operações que ocorrem na generalidade das empresas, o Diário, na sua forma clássica, é, em regra, substituído por diário ou diários com traçados mais consentâneos com as novas necessidades de tratamento da informação. 56 Manual de Curso
  • 55.
    CONTABILIDADE Estes diários simplificados podem revestir dispositivos diversos, sendo usual e por razões de processamento utilizar-se modelos similares ao seguinte: Data Nº de Descrição da operação Débito Crédito Valor Registo (Código (Código da da Conta) Conta) O Razão na sua forma clássica, apresenta-se como um livro de folhas cosidas designadas por fólios. Cada fólio é reservado a uma conta, em cuja página esquerda se escreve o «Deve» ou «Débito» da mesma e na direita o «Haver» ou «Crédito». Os registos a débito levam a preposição a, significando «Deve a»; os a crédito levam a preposição de, significando «Haver de». No início do livro das contas (Razão) faz-se a recapitulação de todas as contas, pelos fólios respectivos. O Razão (modelo clássico) tem o formato seguinte: Deve Título da conta Haver a b) c) d) e) f) g) a b c) d) e) f) g) ) ) ) Significando cada coluna: a), b) Data (ano, mês e dia, respectivamente) c) Preposição a (lado esquerdo) ou preposição de (lado direito) Contrapartida da conta movimentada Número do lançamento no Diário Importância parcial (movimento de cada lançamento) Importância acumulada. Para o Razão poderemos adoptar o dispositivo bilateral simplificado: Deve Título da conta Haver a) b) c) d) e) a) b) c) d) e) Significando cada coluna: a), b) Data Preposição a ou de Contrapartida da conta movimentada Manual de Curso 57
  • 56.
    CONTABILIDADE Importância. Anteriormente, definimos oRazão como o livro das contas, mas é evidente que não podemos reunir no mesmo livro contas de diferentes graus, donde, a necessidade de vários «Razões». O livro de contas do 1º grau será o Razão Geral; os livros de contas divisionárias (2º grau e seguintes) dizem-se Razões Auxiliares. Naturalmente, haverá um Razão Auxiliar para cada conta colectiva: Razão Auxiliar de Depósitos à Ordem Razão Auxiliar de Clientes Razão Auxiliar de Fornecedores Razão Auxiliar de Mercadorias Razão Auxiliar de Outros Devedores e Credores APLICAÇÃO 11 J. Castro iniciou em 2 de Janeiro com um capital de mil e quinhentos contos (representado em dinheiro) a sua actividade de comercialização das mercadorias M1 e M2. Durante aquele mês, efectuou as seguintes operações: Dia 4 - Depositou à ordem no Banco A, conforme guia de de- pósito nº 34 1 000 000 $ 00 079 ............................................................ Dia 8 - Comprou a crédito mobiliário diverso para apetrecha- mento do seu escrit´´orio, à Fábrica de Móveis Lousa- da (sua factura nº 120 000 $ 00 17) .................................................... Dia 12 - Pagou as rendas do edifício arrendado, referentes aos meses de Janeiro e Fevereiro ........................................ 30 000 $ 00 Dia 18 - Adquiriu uma viatura de carga à Sociedade Ipsilon, Lda. tendo pago apenas 50% do valor de aquisição ..... 400 000 $ 00 Dia 22 - Comprou à Sociedade Beta, as seguintes mercadorias: - 100 unidades de M1 ao preço unitário de 870$00 87 000 $ 00 - 50 unidades de M2 ao preço unitário de 350$00 17 500 $ 00 Esta compra foi efectuada nas seguintes condições: - Entrega imediata de um cheque (nº 88 675) s/ o Banco A no valor de 74 500 $ 00 - Aceite de uma letra, a 90 dias da data, com o valor nominal de 31 500 $ 00 Dia 23 - Pagamento de diversas despesas: água, electricidade, Telegramas e telefones .................................................. 2 400 $ 00 Dia 25 - Vendeu a pronto pagamento 25 unidades da mercado- Ria M1 ao preço de venda unitária de 860$00 .............. 21 500 $ 00 Dia 27 - Liquidou a dívida para com a Fábrica de Móveis Lou- Sada, com o cheque nº 88 676 s/ o Banco A, obtendo 58 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Um desconto de 5%. Pretende-se que se efectuem os lançamentos: no Diário; no Razão. Resolução da alínea a) DIÁRIO : Lisboa, 2 de Janeiro de N 1 Caixa 1 a Caixa 2 Valor com que J. Castro inicia a sua actividade 1 500 000$00 _________________ 4 ________________ 2 Depósitos à Ordem 3 a Caixa 1 Guia de depósito nº 34 079 1 000 000$00 _________________ 8 ________________ 3 Equipamento Administrativo 4 a Outros Credores 5 Factura nº 17 da Fábrica de Móveis Lousada 120 000$00 _________________ 12 _______________ 4 Fornecimentos e Serviços Externos 6 a Caixa 1 Pagamento das rendas dos meses de Janº e Fevº 30 000$00 _________________ 18 _______________ 5 Equipamento de Transporte 7 a Diversos Aquisição de uma viatura de carga a Caixa 1 200 000$00 a Outros Credores 5 200 000$00 400 000$00 _________________ 22 ______________ 6 Diversos a Diversos Compra de mercadorias M1 e M2 Compras 8 104 500$00 Custos Financeiros 9 500$00 106 000$00 a Depósitos à Ordem 3 74 500$00 a Fornecedores c.c. (1) 10 31 500$00 106 000$00 _________________ " ________________ 7 Fornecedores c.c. 10 a Fornecedores Títulos a pagar 11 Aceite de uma letra 31 500$00 _________________ 23 _______________ 8 Fornecimentos e Serviços Externos 6 a Caixa 1 Pagamento de diversas despesas: água, electricida- de e telefone 2 400$00 _________________ 25 _______________ 9 Caixa 1 a Vendas 12 Venda da mercadoria M1 21 500$00 _________________ 27 _______________ 10 Outros Credores 5 a Diversos Liquidação da fact. Nº17 da Fábrica de Móveis Lousada a Depósitos à Ordem 3 114 000$00 a Proveitos Financeiros 13 60 000$00 120 000$00 Manual de Curso 59
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    CONTABILIDADE TOTAL 3 331 400$00 60 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Resolução da alínea b) Deve CAIXA 1 Haver N N Jan 2 a Capital Individual 1 1 500 000$ Jan 4 de Depósitos à Ordem 2 1 000 000$ 25 a Vendas 9 21 500$ 12 de Forn. e Serv. de Terceiros 4 30 000$ 18 de Mat. de Carga e Transporte 5 200 000$ 23 de Fornec. e Serv. de Terceiros 8 2 400$ Deve CAPITAL 2 Haver N N Jan 2 de Caixa 1 1 500 000$ . Deve DEPÓSITOS À ORDEM 3 Haver N N Jan 1 a Caixa 2 1 000 000$ Jan 22 de Diversos 6 74 500$ 25 de Outros Credores 10 114 000$ Deve EQUIPAMENTO ADMINISTRATIVO 4 Haver N N Jan 8 a Outros Credores 3 120 000$ Deve OUTROS CREDORES 5 Haver N N Jan 27 a Diversos 10 120 000$ Jan 8 de Equipamento Administrat. e Mobiliário Diverso 3 120 000$ 18 de Material de Carga e Trans- porte 5 200 000$ Deve FORNECIMENTOS E SERVIÇOS EXTERNOS 6 Haver N N Jan. 12 a Caixa 4 30 000$ 22 a Caixa 8 2 400$ Deve EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE 7 Haver N N Jan. 18 a Caixa 5 200 000$ Jan . 18 a Outros Credores 5 200 000$ Deve COMPRAS 8 Haver N N Jan. 22 a Diversos 6 104 500$ Jan . Manual de Curso 61
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    CONTABILIDADE Deve CUSTOS FINANCEIROS 9 Haver N N Jan. 22 a Diversos 6 1 500$ Jan . Deve FORNECEDORES C/C 10 Haver N N Jan. 22 a Fornecedores - Tí- 7 31 500$ Jan 22 de Diversos 5 31 500$ . tulos a pagar Deve FORNECEDORES - TÍTULOS A PAGAR 11 Haver N N Jan. Jan 22 de Fornecedores c/c 7 31 500$ . Deve VENDAS 12 Haver N N Jan. Jan 25 de Caixa 9 21 500$ . Deve PROVEITOS FINANCEIROS 13 Haver N N Jan. Jan 27 de Outros Credores 1 5 000$ . 0 ESTORNOS NO DIÁRIO Sendo a escrituração comercial um meio de prova em caso de litígio, não deverá, necessariamente, apresentar irregularidades. De acordo com o artigo 39º do Código Comercial, se houver cometido erro ou omissão em qualquer assento será ressalvado por meio de estorno. O estorno é, então, um lançamento destinado a anular ou a rectificar outro, ou a preencher uma lacuna. Os estornos podem ser motivados por: - Omissão de lançamentos; - Duplicação de lançamento; - Inversão de Contas (debitar a conta que se devia ter creditado e/ou vice- versa); 62 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE - Substituição de contas (debitar e/ou creditar contas diferentes das que se deviam ter debitado e/ou creditado); - Alteração de quantias (lançar uma importância diferente da variação sofrida pela conta). Quando o erro é cometido no Diário, o estorno constará, na forma mais simples de um lançamento inverso ao errado. Vejamos seguidamente exemplos referentes às hipóteses focadas: Na omissão de lançamento, o estorno consiste no lançamento omisso, mencionado na descrição a data da respectiva operação Exemplo: ... , 20 de Novembro de N Depósitos à Ordem a Caixa N/ depósito efectuado no dia 2, conforme guia nº 887 651, por lapso não registado nessa data 10 000$00 b) Na duplicação de lançamento, o estorno consiste na anulação do segundo lançamento. Esta faz-se, geralmente, pelo lançamento inverso. Exemplo: ... , 20 de Novembro de N Clientes c/c a Caixa Anulação do lançamento nº 136, efectuado no passado dia 16, por ser a duplicação do lança - mento nº 128 36 000$00 Na inversão de contas, poderão seguir-se duas vias. Exemplo: o pagamento da factura nº 10 do fornecedor F, no valor de 12 000$00, foi registado no Diário da seguinte forma: Caixa a Fornecedores c/c Pagamento da sua factura nº 10 12 000$00 Verifica-se que as contas foram inversamente movimentadas. Houve uma saída de Caixa, logo esta conta deveria ser creditada; as dívidas a fornecedores diminuiram, pelo que esta conta deveria ter sido debitada. A rectificação poderá ser: Via A: Manual de Curso 63
  • 62.
    CONTABILIDADE Anulação do lançamentoerrado Fornecedores c/c a Caixa Estorno do lançamento nº.... 12 000$00 Lançamento correcto a efectuar Fornecedores c/c a Caixa Pagamento da sua factura nº 10 12 000$00 Via B: reunindo num único lançamento os dois anteriores Fornecedores c/c a Caixa Estorno e rectificação do lançamento nº ... 24 000$00 Na substituição de contas, o processo é idêntico ao anterior. Exemplo: Pelo recebimento dum cheque no montante de 20 000$00, para liquidação da dívida do cliente C, efectuou-se por lapso o seguinte lançamento: Depósitos à Ordem a Clientes c/c Liquidação da dívida de F 20 000$00 Utilizou-se indevidamente a conta de Depósitos à Ordem. A conta a debitar seria a conta de Caixa, pois os cheques recebidos são movimentados e registados nesta conta. A rectificação será: Via A: Anulação do lançamento errado Clientes c/c a Depósitos à Ordem Estorno do lançamento nº ... 20 000$00 64 Manual de Curso
  • 63.
    CONTABILIDADE Lançamento correcto a efectuar Caixa a Clientes c/c Liquidação da dívida de F 20 000$00 Via B: substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte Caixa a Depósitos à Ordem Estorno e rectificação do lançamento nº ... 20 000$00 Na alteração de quantias mantêm-se as vias referidas em c) e d). Exemplo: Pela compra a pronto pagamento de uma camioneta no valor de 330 000$00, fizemos sob o nº 203, o seguinte lançamento: Equipamento de Transporte a Caixa Aquisição de uma viatura, matrícula ... 300 000$00 A sua rectificação poderá ser : Via A : Anulação do lançamento errado Caixa a Equipamento de Transporte Estorno do lançamento nº 203 300 000$00 Lançamento correcto a efectuar Equipamento de Transporte a Caixa Aquisição de uma viatura, matrícula ... 330 000$00 Via B : substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte: Equipamento de Transporte a Caixa Rectificação do lançamento nº 203 30 000$00 Manual de Curso 65
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    CONTABILIDADE ESTORNOS NO RAZÃO No razão podem verificar-se dois de erros: erros que correspondem à transcrição de erros já cometidos no Diário; erros apenas cometidos no Razão. No primeiro caso, os erros são corrigidos com a passagem ao Razão dos lançamentos de estorno efectuados no Diário. No segundo caso serão apenas emendados no Razão. Esta rectificação será efectuada por meio de um traço a tinta de cor diferente, sobre os elementos que careçam de emenda, deixando-os legíveis. Com a mesma tinta faz-se a correspondente inscrição na linha seguinte, do elemento correcto. O essencial é que as emendas ou aditamentos não dêem lugar a suspeitas de fraude, deixando-se legível o teor da primeira inscrição. Deste modo vê-se imediatamente o motivo por que foram feitos. 66 Manual de Curso
  • 65.
    CONTABILIDADE BALANCETESE BALANÇOS Utilizando-se o método digráfico, toda a operação é simultaneamente lançada a débito de uma conta(s) e a crédito de outra(s); e para se verificar a igualdade dos débitos e dos créditos de todas as contas depois do registo das respectivas variações, utiliza-se um dispositivo chamado balancete. O balancete é um quadro recapitulativo de todas as contas do Razão, onde consta a soma do débito e do crédito de cada conta e os respectivos saldos (devedores ou credores). BALANCETE Fólio Contas Débitos Créditos Saldos Devedores Credores Total ......................... D C Sd Sc .. donde : D = C e Sd = Sc O balancete é, pois, um resumo do Razão onde a soma dos totais do débito e do crédito deve ser igual, coincidindo também, com o total do Diário; consequentemente, os totais das somas dos saldos devedores e credores devem ser iguais. Se qualquer das igualdades não se verificar, então pode ter havido erro, sendo necessária uma análise do trabalho efectuado. Deste facto se infere uma característica importante: a possibilidade de verificar essa concordância de valores, como método de controlo, de verificação contabilística. Os balancetes não evidenciam erros cometidos no Diário, tais como substituição ou inversão de contas, omissão ou duplicação de lançamentos por quanto as quantias registadas a débito e a crédito das contas podem ser iguais. Só quando isto não acontece, isto é, quando se regista num e não no outro, os erros são detectados pelo balancete. A comparação entre o total do balancete e o total do Diário permite verificar se os lançamentos foram correcta e completamente passados ao Razão. Normalmente, se o total do balancete for inferior ao total do Diário, poderá haver um ou mais lançamento(s) do Diário não lançados no Razão, inversamente, poderá haver duplicação na passagem dum lançamento (total do balancete superior ao total do Diário). Durante o exercício económico, são elaborados periodicamente balancetes, geralmente todos os meses, com dupla finalidade: conferir as passagens do Diário ao Razão; verificar a situação da empresa. Manual de Curso 67
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    CONTABILIDADE Por isso lheschamam balancetes mensais de verificação. APLICAÇÃO 12 Considerando o exemplo da aplicação 12, pretende-se a apresentação do balancete de verificação de J. Castro, em 31 de Janeiro de N. Fólio Contas Débitos Créditos Saldos Devedores Credores 1 Caixa 1 521 500$ 1 234 289 100$ 400$ 2 Capital 1 500 1 500 000$ 000$ 3 Depósitos à Ordem 1 000 000$ 188 500$ 811 500$ 4 Equipamento Administrativo 120 000$ 120 000$ 5 Outros Credores 120 000$ 320 000$ 200 000$ 6 Fornecimentos e Serv. 32 400$ 32 400$ Externos 7 Equipamento de Transporte 400 000$ 400 000$ 8 Compras 104 500$ 104 500$ 9 Custos Financeiros 1 500$ 1 500$ 10 Fornecedores c/c 31 500$ 31 500$ 11 Fornecedores - Títulos a Pagar 31 500$ 31 500$ 12 Vendas 21 500$ 21 500$ 13 Proveitos Financeiros 6 000$ 6 000$ Total ....................... 3 331 400$ 3 331 1 759 000$ 1 759 000$ .... 400$ Este exemplo permite-nos a constatação da tripla igualdade: Soma dos totais do débito = Soma dos totais do crédito = Soma do total do Diário Conjuntamente com o balancete do Razão Geral devem elaborar-se balancetes dos Razões Auxiliares das contas colectivas. Nestes balancetes não se verifica a tripla igualdade característica do Razão Geral (soma dos totais do débito = soma dos totais do crédito = soma do total do Diário). Porém, sabemos que toda a importância que é levada a débito ou a crédito de uma das contas divisionárias, reflecte-se no débito, respectivamente crédito, da conta colectiva correspondente; então, as somas dos totais ( a débito e crédito) e dos saldos do balancete dos razões especiais duma conta colectiva devem necessariamente coincidir com o total do débito, crédito e saldo, respectivamente dessa mesma conta colectiva, ostentados no balancete do Razão Geral. Um balancete é quase um balanço; aliás, como o seu próprio nome sugere, o balancete é um balanço pequeno, um balanço resumido e provisório. Apresentando os saldos de todas as contas, o balancete permite-nos fazer uma ideia, embora aproximada, da situação da empresa. Dizemos aproximada, uma vez que os saldos de algumas contas poderão não corresponder rigorosamente à realidade (por exemplo, nas contas bancárias talvez ainda haja a considerar os juros). Para se obterem indicações exactas é necessário proceder à regularização daquelas contas (lançamentos de regularização ou de rectificação), o que acontece geralmente apenas no fim de cada exercício económico. 68 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Depois desta regularização pode elaborar-se o chamado balancete rectificado ou de inventário, sendo chegado o momento de se apurarem os resultados. Após os lançamentos de apuramento de resultados ou de transferência, poder-se-á elaborar novo balancete, designado por balancete final ou de encerramento, no qual todas as contas de custos e de proveitos deverão aparecer saldados, isto é, sem saldo. Com base no balancete final ou de encerramento, facilmente se elabora o balanço de fim de exercício, bastando considerar as contas que evidenciem saldos, e só essas, apresentando-as no dispositivo do balanço, depois de reagrupar e ordenar as contas do activo segundo o seu grau decrescente de exigibilidade. A terminar podemos dizer que a diferença entre o balanço e o balancete reside no facto de este compreender não só os saldos, como também as acumulações a débito e a crédito das contas, enquanto que aquele se compõe apenas de saldos. APLICAÇÃO 13 O balancete final da Sociedade Alfa, S.A., representava em 31 de Dezembro de N, os seguintes valores: Fólio Contas Débitos Créditos Saldos Devedores Credores 1 Capital 400 000$ 400 000$ 2 Caixa 645 900$ 620 400$ 25 500$ 3 Depósitos à Ordem 876 700$ 698 900$ 177 800$ 4 Compras 426 800$ 426 800$ 5 Fornecimentos e Serv. 86 900$ 86 900$ Externos 6 Mercadorias 923 800$ 696 000$ 227 800$ 7 Fornecedores c/c 295 800$ 470 800$ 175 000$ 8 Clientes c/c 526 500$ 354 400$ 172 100$ 9 Vendas 967 600$ 967 600$ 10 Impostos 33 400$ 33 400$ 11 Clientes - Títulos a Receber 274 300$ 150 000$ 124 300$ 12 Custos com o Pessoal 98 600$ 98 600$ 13 Fornecedores - Títulos a Pagar 85 200$ 142 300$ 57 100$ 14 Equipamento Administrativo 40 000$ 4 000$ 36 000$ 15 Outros Devedores 40 900$ 22 700$ 18 200$ 16 Outros Custos Operacionais 25 000$ 25 000$ 17 Custos Financeiros 72 500$ 72 500$ 18 Proveitos Financeiros 60 600$ 60 600$ 19 Reservas 26 300$ 26 300$ 20 Resultados 1 439 200$ 1 562 123 300$ 500$ Total ....................... 6 919 700$ 6 919 781 700$ 781 700$ .... 700$ Manual de Curso 69
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    CONTABILIDADE Pretende-se a apresentação do balanço final, classificação, no dispositivo horizontal. Resolução: Balanço da Soc. Alfa, S.A. em 21/12/N ACTIVO PASSIVO Disponibilidades Débitos a Curto Prazo Caixa 25 500$ Fornecedores c/c 175 000$ Depósitos à Ordem 177 800$ 203 300$ Fornecedores - Títu- los a Pagar 57 100$ 232 100$ Créditos a Curto Prazo Clientes c/c 172 100$ CAPITAL PRÓPRIO Clientes - Títulos a Receber 124 300$ Capital e Reservas Capital 400 000$ Outros Devedores 18 200$ 314 600$ Reservas 26 300$ 426 300$ Existências Resultados Apurados Mercadorias 227 800$ no Exercício Resultados + 123 300$ Imobilizações Equip. Administr. 36 000$ Total do Passivo e Ca- Total do Activo 781 700$ pital Próprio 781 700$ 70 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE SISTEMASCONTABILÍSTICOS SISTEMAS DE CONTAS O volume e a natureza das contas a criar nas empresas, estão intimamente ligados, quer com a própria dimensão da empresa, quer com o tipo de informação que se deseja obter e o grau de pormenores que se pretenda. Em cada empresa as contas não devem ser consideradas isoladas, pelo contrário, devem estar relacionadas entre si de forma a constituírem um conjunto coerente. Um sistema de contas é, pois, um conjunto organizado destas de modo a que elas mantenham uma certa coerência e ligação entre si. Na articulação das contas há a considerar os seguintes sistemas: - Sistemas Monistas, quando a contabilidade das empresas compreende um só conjunto de livros, um só Razão Geral, ou seja, as contabilidades externa e interna estão reunidas. - monismo diz-se indiviso, radical ou puro quando as contas típicas da contabilidade interna ou de exploração (ou de movimentos internos) figuram no Razão Geral a par de todas as contas; diz-se diviso quando aquelas contas aparecem representadas no Razão Geral por uma conta ou poucas contas, por sua vez desdobrada(s) e desenvolvida(s) nas contas correspondentes à actividade interna, através de um conjunto próprio, embora subordinado, de livros. - Sistemas Dualistas, formadas por duas contabilidades autónomas embora mutuamente subsidiadas - a dos movimentos com o exterior (contabilidade externa ou legal) e a dos movimentos internos (contabilidade interna ou analítica de exploração). O sistema dualista designa-se por duplo contabilístico, quando existem duas contabilidades claramente separadas, ambas realizáveis pelo método digráfico; a contabilização por partidas dobradas das operações internas obriga a criar maior ou menor número de contas de contrapartida a que também se dá o nome de contas reflectidas (é nestas contas que se executam os lançamentos que, de contrário, se teriam de fazer nas correspondentes contas de contabilidade geral, dado que as contas desta última nas correspondentes contas de contabilidade geral, dado que as contas desta última nunca são debitadas nem creditadas por contrapartida das contas da contabilidade analítica de exploração). O sistema dualista diz-se duplo misto quando a parte da contabilidade correspondente aos apuramentos internos é executada através de registos extradigráficos; portanto, não se faz por partidas dobradas, mas por meio de mapas, não havendo necessidade de pôr duas vezes em destaque o mesmo montante. Manual de Curso 71
  • 70.
    CONTABILIDADE Resumindo o queanteriormente foi dito, temos: a) Sistemas Monistas Sistema único indiviso Sistema único diviso b) Sistemas Dualistas Sistema duplo contabilístico Sistema duplo misto Só através do estudo da contabilidade analítica de exploração será possível a compreensão total (forma, ligações e implicações) dos referidos sistemas de contas. Este assunto voltará a ser estudado no ponto 4.10. Contas da classe 9 (contabilidade analítica). SISTEMAS DE COORDENAÇÃO Os registos em que se lançam os factos patrimoniais constituem, entre si, conjuntos ordenados, que se denominam sistemas de coordenação. Entre os vários sistemas de coordenação existentes, é usual referirem-se os seguintes: SISTEMA CLÁSSICO As operações ou acontecimentos que provocam variações patrimoniais registam-se, analiticamente, por ordem de datas, no Diário e por ordem de contas, no Razão. O primeiro é um registo cronológico; o segundo, um registo sistemático. Periodicamente, para conferência (controlo) das passagens do Diário para o Razão, elaboram-se balancetes. Os saldos apresentados nas contas do Razão, depois das rectificações necessárias, são elementos do balanço (quadro da situação patrimonial). Apesar do seu reduzido interesse prático, este sistema tem uma importância fundamental para a metodologia do ensino da contabilidade. 72 Manual de Curso
  • 71.
    CONTABILIDADE ESQUEMADO SISTEMA CLÁSSICO A repetição de certas operações e a necessidade da divisão de trabalho, entre outras razões, originaram alterações no sistema clássico atrás sucintamente descrito. No sistema clássico evoluído, a repetição das operações de caixa - recebimentos e pagamentos - aconselhou a criação de um diário único para estas operações e um outro diário para as restantes operações - diário de operações diversas ou auxiliar. A revelação destes diários é analítica, mas o diário geral, onde se resume periodicamente - geralmente no fim de cada mês - o movimento daqueles, é de revelação sintética. Quanto ao razão, a existência de contas colectivas e de contas elementares ou subcontas, fez adoptar um razão principal ou geral, apenas para as primeiras, e vários razões divisionários para as segundas. Manual de Curso 73
  • 72.
    CONTABILIDADE ESQUEMA DO SISTEMADIÁRIO-RAZÃO SISTEMA CENTRALIZADOR Este sistema deriva directamente da evolução do sistema clássico, com a adopção de um diário especial para cada conjunto de operações de natureza idêntica e de grande frequência - diários divisionários - onde as operações são registadas diária e analiticamente. Periodicamente, efectua-se o lançamento resumo dos movimentos registados nos diversos diários divisionários, num diário sintético. Paralelamente, com os diários divisionários, movimentam-se razões auxiliares, e partir dos quais se efectua o lançamento resumo. Como exemplo de diários divisionários podemos citar: Diário de Caixa - onde se registam todos os recebimentos e pagamentos. Diários de Bancos - para registo do movimento bancário. Exceptuam-se os depósitos e levantamentos para reforço da Caixa, se estes movimentos forem registados no Diário de Caixa. Diário de Compras a Crédito - regista todas as aquisições a crédito, pela empresa. As aquisições a pronto pagamento são registadas no Diário de Caixa ou Bancos. Diário de Vendas a Crédito - regista os movimentos de Vendas efectuadas pela empresa, a crédito. Exceptuam-se as vendas a dinheiro, visto serem registadas no Caixa. Operações Diversas - têm carácter residual, isto é, regista as operações que pela sua natureza não possam ser movimentadas em qualquer dos restantes diários. Outros se poderiam citar, como por exemplo: letras a receber; letras a pagar; etc.. A sua criação depende das características e necessidades da empresa, bem como da sua dimensão e organização contabilística. O sistema centralizador é, na prática, o sistema mais utilizado, visto que permite uma grande divisão do trabalho contabilístico, contrariamente ao que acontece com o sistema clássico o mesmo com o Diário-Razão. Apresenta contudo um grande inconveniente: é que uma mesma operação poderá ser registada em mais de um diário divisionário, se o âmbito destes últimos não for definido com clareza e precisão suficientes. Como exemplo podemos citar o caso dum depósito num banco que numa empresa que utiliza os diários de Caixa, e de Bancos poderá lançar no Caixa, porque é uma saída deste e nos Bancos porque é uma entrada nos depósitos. Dada a grande aplicação na prática do sistema centralizador, iremos apresentar um exemplo explicativo. 74 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE NORMALIZAÇÃOCONTABILÍSTICA O POC INTRODUÇÃO A contabilidade como processo de recolha, análise, registo e interpretação de tudo o que afecta a riqueza das unidades económicas é, sem dúvida, um dos mais poderosos - senão mesmo o maior - suportes de informação para a gestão. As informações prestadas pela contabilidade ultrapassam, em larga escala, o âmbito da empresa e dos seus mais directos colaboradores, revestindo interesse para um vasto conjunto de utilizadores (credores, financiadores, fisco, estatísticas nacionais e sectoriais, etc.). Sendo assim, será mister que as informações contabilísticas sejam obtidas a partir de métodos e procedimentos comummente conhecidos e aceites, por forma a que se elaborem elementos susceptíveis de interpretação e comparáveis com os de outras unidades. Tal necessidade exige a adopção de uma metodologia semelhante na recolha e tratamento dos dados, sem o que a compatibilidade das informações obtidas será colocada em causa. Diremos então que será necessário definir um conjunto de princípios e critérios a serem uniformemente seguidos pelas diversas unidades económicas na execução de sua contabilidade. Neste sentido, deverão definir-se regras no que respeita à nomenclatura das contas, ao seu âmbito e movimentação, às regras de valorização dos elementos, à determinação dos resultados e à elaboração e apresentação das demonstrações financeiras. Ou seja, a normalização contabilística consiste na definição de um conjunto de regras e princípios que visem: Elaboração de um quadro de contas que devam ser seguidas pelas unidades económicas; Definição do conteúdo, regras de movimentação e articulação das contas definidas no quadro indicado em a); Concepção de mapas-modelo para as demonstrações financeiras definidas para as unidades económicas; Definição dos princípios contabilísticos e dos critérios valorimétricos que devam ser seguidos na contabilidade das diversas entidades envolvidas. Em síntese, normalizar, consiste em criar uma metodologia comum, a ser seguida pelas unidades económicas visando, fundamentalmente, a compatibilidade das informações inter- unidades, a universalidade dos dados recolhidos e a sua compreensibilidade pelos diversos agentes económicos. Manual de Curso 75
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    CONTABILIDADE VANTAGENS DA NORMALIZAÇÃOCONTABILÍSTICA Ilustraremos este ponto com a nota preambular do anteprojecto de normalização, do Ministério das Finanças: As vantagens que se atribuem à adopção de uma normalização contabilística situam-se em vários planos, designadamente: • da empresa: a normalização, na medida em que se assentar numa planificação bem aceite e concebida, haverá necessariamente de ser útil às empresas. Estas virão a colher as vantagens de passar a dispor de estatísticas de sector que mostrarão a sua posição relativa. Isso incentiva quem, colocado em situação mais desfavorável, tenha de proceder a revisões e alterações para melhorar a sua posição e produtividade; • da profissão de técnico de contabilidade que passa assim a dispor de um código de regras e procedimentos; • da didáctica e o da pedagogia. A normalização pode proporcionar orientações menos discutíveis, evitando perdas de esforços em «descobertas já descobertas», transferindo a energia desses esforços para a crítica a remodelação posterior das normalizações efectuadas no que estas carecem de correcções; • da análise macro empresarial, para a qual se passa a contar com os critérios naturalmente mais válidos, procedimentos mais convenientes, dados mais exactos, terminologia uniforme, agregações menos erradas, favorecendo-se estatísticas sectoriais, nacionais e possibilitando-se um melhor conhecimento da economia nacional. As entidades oficiais e os próprios empresários disporiam assim de mais correctos instrumentos de análise e previsão; • da tributação que assentaria em procedimentos mais ortodoxos e certeiros, possibilitando-se assim, um mais fácil controlo dos elementos que servem de base ao estabelecimento da tributação das empresas. São incontestadas as vantagens referidas, «no entanto, dever-se-á ter presente que quanto maior for o campo de aplicação da normalização, mais gerais terão de ser as regras e princípios que se estabelecem. Por exemplo, em relação à contabilidade interna, é utópico pensar que podemos encontrar uma receita única que sirva para todas as empresas de um país, para um banco e para uma casa agrícola, um comerciante e uma metalomecânica, um estaleiro e uma empresa de pesca. Assim, não parece que a normalização contabilística possa ultrapassar, com certo pormenor, o âmbito sectorial, embora possam e devam existir, planos de contas e regras uniformes a nível nacional que sirvam de normas orientadoras às normalizações sectoriais». Paul Lausel refere «a elaboração de uma doutrina, a definição de princípios que tenham um valor tão geral quanto possível, facilita a formação e o aperfeiçoamento de colaboradores de contabilidade; ela tempera a tendência natural para a alteração de métodos ligados às mutações de pessoas e por consequência facilita as comparações de resultados no tempo; ela favorece as comparações no espaço entre empresas que apresentam analogias suficientes. Pelo contrário, se a procura da uniformidade é levada demasiado longe, arrisca- se comprometer a adaptação da contabilidade às características e às necessidades individuais das empresas. Daí a oposição que geralmente se manifesta nos meios patronais quanto à normalização pela via legal e sobretudo quando se trata de contabilidade analítica». Em síntese, sendo a normalização contabilística grandemente vantajosa em todos os domínios - do registo, da análise, do estudo - comporta em si um grande inconveniente, que 76 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE é o poder ser excessiva. Doutra forma, a normalização parece-nos vantajosa, até ao ponto em que possa ser aplicada na empresa, sendo impraticável quando não se adapte ás características e necessidades reais das unidades económicas nos aspectos que se proponha uniformizar. Manual de Curso 77
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    CONTABILIDADE A NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICAEM PORTUGAL Até muito recentemente só em dois sectores de actividade - bancário e segurador - se encontrava normalização contabilística imposta por lei. De facto, as empresas deste ramo eram obrigadas a utilizar o quadro de contas, as regras de contabilização, os critérios de apuramento de resultados e a publicar os seus balanços e contas de resultados de acordo com planos normalizados. Fora estas duas excepções, grassava entre as empresas portuguesas a maior indisciplina em matéria de contabilidade. Quem acompanhasse os balanços e contas de resultados publicados, constataria da anarquia que reinava: na ausência de normas que estabelecessem a forma que aqueles deviam revestir no que respeita à terminologia das contas e à forma como deviam ser ordenadas, aos custos que deviam ser obrigatoriamente referidos, elaboravam-se aqueles documentos para esconder a verdadeira situação patrimonial e resultados; na ausência da obrigatoriedade, assim como da possibilidade da adopção de critérios uniformes de avaliação dos elementos e componentes patrimoniais, apareciam nos balanços edifícios que valiam milhares de contos avaliados por importâncias irrisórias; recorria-se a toda uma série de termos ambíguos para designar as contas de forma a que as pessoas que se debruçassem sobre a análise do balanço se viam impossibilitadas de chegar a conclusões; para diminuir os resultados criavam-se provisões que nada tinham a ver com os custos; elaboravam-se balanços diferentes para a Administração, a Assembleia Geral, os bancos, o fisco. Contudo, no início da década de 70 verificou-se existir uma melhoria sensível naqueles aspectos, em consequência do seguinte: - os conhecimentos técnicos de contabilidade foram progredindo e acompanhados por uma maior consciencialização dos empresários quanto ao dever de apresentarem dados verdadeiros; - a reforma fiscal - e fundamentalmente o Código da Contribuição Industrial - veio estabelecer normas para a determinação dos custos e proveitos de cada exercício e para a avaliação dos elementos patrimoniais, que, embora sejam somente obrigatórios para efeitos fiscais e nem sempre seja indispensável processar a contabilidade de acordo com essas normas, têm exercido uma notável acção disciplinadora; - a legislação entretanto saída sobre fiscalização de sociedades anónimas estabelece normas, embora bastante tímidas e primárias, sobre a forma como devem ser elaborados os documentos cuja publicação é obrigatória. Esta legislação foi contida no Decreto-Lei nº 49 381, de 15 de Novembro de 1969 , que prescrevia quanto ao balanço: Artigo 31º O balanço final do exercício deve ser exacto e completo e indicar expressamente o valor do activo e do passivo, apresentando as respectivas contas com clareza e separadas das correspondentes à situação líquida ou capital próprio e as relativas a valores de mera informação ou de outra natureza. Relativamente aos elementos do activo sujeitos a depreciação o balanço deve patentear as amortizações ou reintegrações acumuladas. Nada se dizia dos critérios de avaliação dos elementos patrimoniais e sobre a uniformidade na aplicação desses critérios e dos princípios contabilísticos, mas o artigo 35º estabelecida 78 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE que o Conselho Fiscal devia indicar no seu relatório, entre outros, «os critérios valorimétricos adoptados e a respectiva aplicação», o que é muito pouco. Quanto à elaboração da demonstração de resultados, o referido Decreto-Lei prescrevia o seguinte: Artigo 32º A conta de resultados ou de ganhos e perdas deve indicar, salvo legislação especial, os custos e proveitos discriminados conforme a sua natureza, com menção diferenciada do montante de cada verba; Quanto aos custos ou perdas, devem obrigatoriamente ser especificados: os custos relativos às matérias-primas, matérias subsidiárias ou mercadorias, os encargos com os órgãos sociais, as remunerações e outros encargos com o pessoal, os encargos com publicidade, os encargos fiscais e para-fiscais, as amortizações e as provisões; Quanto aos proveitos ou ganhos, devem ser obrigatoriamente especificados: os proveitos dos vários ramos de actividade, os rendimentos de bens ou valores mantidos como reserva ou fruição, os rendimentos financeiros, as remunerações recebidas pelo desempenho de cargos em órgãos de outras sociedades, as remunerações ou rendimentos recebidos pela prestação de serviços de assistência técnica ou cedência do uso de direitos de propriedade industrial, ou elementos da mesma natureza não privilegiados, os benefícios fiscais e os proveitos da anulação total ou parcial das provisões. As discriminações referidas nos números anteriores são dispensadas, na medida em que constem da conta de exploração e esta se encontre publicada. O reconhecimento da necessidade crescente de normalização contabilística entre nós está patente em vários projectos de planos de contabilidade (de contas) de âmbito nacional que entretanto foram publicados: - Plano Geral de Contabilidade - Projecto - Contribuição para o Plano Contabilístico Português do Sindicato Nacional dos Empregados de Escritório - Centro de Estudos (1965). - Plano de Contabilidade para a Empresa, do Grupo de Trabalho dos Técnicos de Contas do Sindicato dos Profissionais de Escritório do Distrito de Lisboa (1970). - Ante-Projecto do Plano Geral de Contabilidade, da Direcção Geral das Contribuições e Impostos (1973). - Plano Português de Contabilidade, da Sociedade Portuguesa de Contabilidade (1974). Esse reconhecimento esteve ainda na base da constituição em Novembro de 1974 de uma comissão, com existência oficial pelo Despacho de 27 de Fevereiro de 1975, publicado no D.R. nº 65 - II Série, de 18/3/75. A Comissão foi atribuída a incumbência do estudo da normalização contabilística a implantar no nosso país. A Comissão fixou como objectivos a construção de documentos finais de apresentação de contas, explicitando para o efeito um conjunto de quadros normalizados, com anexos, para cuja construção se veio a reconhecer ser vantajosa a existência de suporte através de um quadro e lista de contas. A primeira fase do labor da Comissão encerrou-se com a publicação do trabalho intitulado «Normalização Contabilística - I Fase», em finais do ano de 1975. Aí se continham vários elementos que foram posteriormente revistos e acrescentados, tendo em atenção os dados de novos elementos e as críticas e sugestões recolhidas. Na sequência dos trabalhos da Comissão foi aprovado, pela primeira vez, um plano de contas extensivo à generalidade das empresas. Manual de Curso 79
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    CONTABILIDADE Este plano decontas foi aprovado pelo Decreto-Lei 47/77 de 7 de Fevereiro que estabeleceu o seguinte: Artigo 1º É aprovado o Plano Oficial de Contabilidade para as empresas publicadas em anexo. Serão publicados planos sectoriais de diversas actividades, de acordo com as respectivas especificidades. O Plano não é aplicável às instituições de crédito e seguros. Artigo 2º É obrigatória em relação aos exercícios de 1977 e seguintes a elaboração de peças finais constantes no plano, que adiante se indicam: a) Para as empresas públicas e do grupo A da contribuição industrial: - Balanço Analítico; - Demonstração dos Resultados Líquidos; - Demonstração dos Resultados Extraordinários do Exercício; - Demonstração dos Resultados de Exercícios Anteriores; - Movimento da conta de Resultados Líquidos; - Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados; - Demonstração de Resultados por Funções e seus desenvolvimentos; - Mapa de origens e de aplicações de fundos. b) Para as empresas do grupo B da contribuição industrial: - Balanço sintético; - Demonstração de Resultados Líquidos. Artigo 3º É obrigatória a publicação das seguintes peças finais constantes do Plano, pelas empresas públicas e pelas sociedades comerciais anónimas que não revistam forma cooperativas: - Balanço analítico; - Demonstração de resultados líquidos; - Anexo ao balanço e à demonstração de resultados; Artigo 5º O Plano será aplicável obrigatoriamente às empresas públicas e com participação maioritária de capitais do sector público com início no exercício de 1977, podendo a sua adopção ser adiada para o ano económico de 1978, por despacho do Ministro da Tutela, se razões ponderosas devidamente justificadas o aconselharem. Para as restantes empresas do grupo A da contribuição industrial, o Plano será obrigatoriamente aplicável a partir de 1 de Janeiro de 1978, salvo nos casos em que, pela natureza da empresa ou característica do sector, o pedido de dispensa de tal obrigatoriedade venha a outro despacho favorável do Ministro das Finanças, ouvida a Comissão de Normalização. Contudo, em consequência da adesão de Portugal às Comunidades Europeias, tornou-se necessária a adaptação da legislação nacional à comunitária. Assim, o disposto na 4ª Directiva (78/660/CEE), relativa à estrutura e conteúdo das contas anuais e do relatório de gestão, bem como aos métodos de avaliação, veio impor revisão do Plano de Contas em vigor, sendo substituído por um novo a partir de 1 de Janeiro de 1990. 80 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE A este propósito, transcrevemos a nota justificativa da Comissão de Normalização Contabilística, sobre a necessidade da referida revisão: De acordo com os Planos de Actividades da Comissão de Normalização Contabilística aprovados com referência aos anos de 1987 e 1988, este Organismo dedicou prioritária atenção à revisão do Plano Oficial de Contabilidade, perante as exigências decorrentes da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia e especificamente do disposto na 4ª Directiva (78/660/CEE), relativa à estrutura e conteúdo das contas anuais e do relatório de gestão, bem como aos métodos de avaliação e ao relato financeiro, na parte respeitante á sua área de competência. Aproveitou-se o ensejo para introduzir aperfeiçoamentos que a experiência nacional e a evolução das normas internacionais justificaram. No capítulo das Notas Explicativas das Contas, introduziram-se as alterações julgadas essenciais ainda se não tenha entrado numa maior pormenorização, que se considera irrelevante face á conveniência da entrada em vigor do Plano revisto no início de 1990. De salientar que esta revisão do Plano Oficial de Contabilidade foi sendo apreciada e debatida ao longo de várias sessões, pelo Conselho Geral da Comissão de Normalização Contabilística, e finalmente aprovada na reunião de 4 de Agosto de 1988. Este órgão, de acordo com a Portaria regulamentadora da sua actividade, integra 38 membros, representando os interesses gerais do Estado (nomeadamente a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos, a Inspecção-Geral de Finanças e o Banco de Portugal), associações profissionais de técnicos (incluindo a Câmara dos Revisores Oficiais de Contas), instituições de ensino e científicas, o sector público empresarial e o sector privado da economia (incluindo as Confederações). Manual de Curso 81
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    CONTABILIDADE O PLANO OFICIALDE CONTABILIDADE NOTA PRÉVIA A adesão de Portugal às Comunidades Europeias determinou a necessidade de se proceder a alguns ajustamentos em matérias contabilísticas, de acordo com o previsto na Directiva n.º 78/660/CEE (4.ª Directiva), que implicam a revisão do Plano Oficial de Contabilidade, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47/77, de 7 de Fevereiro, e legislação complementar, aproveitando-se agora a oportunidade para introduzir melhorias que a experiência e a evolução técnica, a nível nacional e internacional, mostraram aconselháveis. Tornando-se obrigatório para diversas entidades, o Plano Oficial de Contabilidade não é de aplicação geral, já que para as empresas do sector financeiro, segurador e bancário se criam planos de contabilidade específicos, ao passo que se afastam expressamente aqueles que, exercendo a título individual uma actividade comercial, industrial ou agrícola, não realizem um volume de negócios superior a 30 000 contos. Para a maior parte das empresas abrangidas, o Plano Oficial de Contabilidade mostra-se, aliás, suficientemente flexível, quer no sentido de possibilitar desdobramentos, quer devido ao facto de a sua aplicação se restringir em função das situações concretas de cada empresa, em que grande parte das contas e das notas do anexo poderá ser dispensada. Foi-se, por último, ao encontro das necessidades das pequenas empresas, ao admitir a elaboração de modelos alternativos de balanço, demonstração de resultados e anexo menos pormenorizados, para efeitos de prestações de contas. Assim: Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 201.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: Artigo 1.º É aprovado o Plano Oficial de Contabilidade, anexo ao presente diploma e que dele faz parte integrante. Artigo 2.º 1. O Plano Oficial de Contabilidade é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades: Sociedades nacionais e estrangeiras abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais; Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial; Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada; Empresas públicas; Cooperativas; Agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos europeus de interesse económico; Outras entidades que, por legislação específica, já se encontrem sujeitas à sua adopção ou venham a estar. 2. O Plano Oficial de Contabilidade não é aplicável aos bancos, às empresas de seguros e a outras entidades do sector financeiro para as quais esteja prevista a aplicação de planos de contabilidade específicos. Artigo 3.º 82 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE 1. As empresas individuais reguladas pelo Código Comercial, os estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada, as sociedades por quotas, as sociedades anónimas e as cooperativas que, à data do encerramento das contas, não tenham ultrapassado dois dos três limites referidos no artigo 262.º do Código das Sociedades Comerciais, poderão apresentar somente os modelos menos desenvolvidos de balanço, demonstração dos resultados líquidos e anexo indicados no Plano Oficial de Contabilidade. 2. Sempre que os limites referidos no número anterior sejam excedidos durante dois anos consecutivos, deixa de ser aplicável a faculdade nele referida. 3. Quando os limites indicados no número anterior deixarem de ser atingidos durante dois anos consecutivos, só a partir do exercício seguinte será aplicável a faculdade nele referida. 4. O disposto no n.º 1 não se aplica às empresas interligadas, definidas no n.º 7 das «Considerações técnicas» do Plano Oficial de Contabilidade. 5. Ficam dispensados do previsto no n.º 1 aqueles que, exercendo a título individual qualquer actividade comercial, industrial ou agrícola, não realizem na média dos últimos três anos um volume de negócios superior a 30 000 contos. Artigo 4.º Enquanto não for alterado o plano de contas para as empresas que se dediquem a operações de locação financeira, fica suspensa, por um período máximo de três anos, a entrada em vigor da contabilização previstas no capítulo 12, «Notas explicativas», conta 42. Artigo 5.º Compete aos Ministros das Finanças e da Tutela, ouvida a Comissão de Normalização Contabilística, a aprovação dos planos sectoriais das diversas actividades e das normas regulamentares necessárias à aplicação do Plano Oficial de Contabilidade. Artigo 6.º 1. É revogado o Decreto-Lei n.º 47/77, de 7 de Fevereiro. 2. Mantém-se em funções a Comissão de Normalização Contabilística, a quem compete assegurar o fundamento e aperfeiçoamento da normalização contabilística nacional, como órgão independente, que funcionará administrativa e financeiramente no âmbito do Ministro das Finanças. 3. As entidades a integrar a Comissão serão designadas por portaria do Ministro das Finanças e representarão, à escala nacional, as instituições nacionais e particulares directamente interessadas e tecnicamente mais válidas. Com a publicação e entrada em vigor em 1991 do Decreto-Lei n.º 238/91, de 2 de Julho foram introduzidas alterações ao Plano: Artigo 7.º 1. São introduzidas no Plano Oficial de Contabilidade, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 410/89, de 21 de Novembro, as normas de consolidação de contas e as demonstrações financeiras consolidadas constantes do anexo I a este diploma, do qual faz parte integrante, que ficam a constituir, respectivamente, os seus capítulos 13 e 14. 2. É ainda alterado o mesmo Plano Oficial de Contabilidade em conformidade com as modificações e aditamentos constantes do anexo II a este diploma, do qual faz parte integrante. Manual de Curso 83
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    CONTABILIDADE INTRODUÇÃO No capítulo deintrodução ao Plano Oficial de Contabilidade faz-se uma referência especial à necessidade de adequação do plano em face do processo de normalização decorrente de integração de Portugal nas comunidades europeias. A este propósito transcrevemos conteúdo do texto do POC que é, por si, elucidativo: Em 25 de Julho de 1978 foi adoptada pelo Conselho das Comunidades Europeias a Directiva 78/660/CEE (4.ª Directiva do Conselho), relativa às contas anuais de certas formas de sociedades. O seu objectivo primordial é a coordenação das disposições nacionais dos vários Estados membros respeitantes à estrutura e conteúdo das contas anuais e do relatório de gestão, aos critérios de valorimetria, assim como ao exame e divulgação desses documentos. A sua aplicação estende-se às sociedades de responsabilidade limitada, designadamente as anónimas e por quotas. Pretendeu-se, assim, não só contribuir para a protecção dos interesses dos associados e de terceiros, como também assegurar a comparabilidade e equivalência da informação financeira divulgada. 2. Tendo em consideração que as contas anuais devem dar uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e dos resultados das operações das empresas, a 4.ª Directiva estabelece esquemas de modelos obrigatórios para a elaboração do balanço e da demonstração dos resultados, as informações a divulgar em notas anexas e o conteúdo mínimo do relatório de gestão. Uma das preocupações da directiva é a divulgação da informação sobre sociedades em regime de grupo e a preparação das contas para a consolidação, matéria que veio posteriormente a ser objecto de outra directiva daquele Conselho, a n.º 83/349/CEE (7.ª Directiva). A adesão, em 1986, do nosso País à CEE veio trazer-lhe a obrigação de incluir no seu normativo as disposições das directivas comunitárias. Consciente da tarefa que se lhe impunha no que respeita às disposições de ordem contabilística, a Comissão de Normalização Contabilística (CNC) incluiu, nesse mesmo ano, no plano de actividades para 1987 a adaptação do Plano Oficial de Contabilidade (POC) à 4.ª Directiva. Após a aprovação do referido plano de actividades pelo Governo, a CNC deu imediatamente início aos respectivos trabalhos. Estudada a 4.ª Directiva, a CNC entendeu dever fazer uma reflexão sobre a natureza desse trabalho e a metodologia a aplicar no seu desenvolvimento. Apesar de ter mais de 10 anos de aplicação, pois entrou em vigor em 1977, o POC apresenta uma concepção e estrutura que se adaptam, com relativa facilidade, à produção da informação requerida, sem necessidade de alterações muito profundas a nível da lista das contas e da sua terminologia e conteúdo. Por outro lado, deve-se dizê-lo, estão a ser desenvolvidos, no âmbito das organizações europeias dos profissionais de contabilidade e em ligação com as estruturas da CEE, vários trabalhos com vista a conseguir a harmonização contabilística mundial, objectivo máximo da Internacional Federation of Accountants (IFAC). Para a sua consecução, estão a fazer-se esforços no sentido de eliminar as divergências, não muito significativas, entre as normas contabilísticas contidas pelo Internacional Accounting Standards Committee (IASC), órgão dependente da IFAC. Neste sentido, o próprio IASC se propõe limitar as opções de políticas 84 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE contabilísticas contidas nas suas normas, de forma a facilitar a harmonização. Assim, a CNC optou por uma revisão com o mínimo de alterações, com efeitos positivos não só para os técnicos que o têm de aplicar, como também para os próprio utentes. As contas das classes 1 a 5, bem como as da classe 8, conduzem à construção do balanço. As contas das classes 6 a 7, permitem a determinação dos resultados do exercício e as respectivas demonstrações. As contas da classe 8 destinam-se a explicitar, por desenvolvimento ou por síntese, os resultados apurados no exercício e eventualmente, a sua aplicação. Ficam reservadas as classes 9 e 0 à contabilidade interna, analítica, de custos ou de gestão e ao tratamento de outras informações. No quadro acima indicado apenas representámos as classes cujas contas estão normalizadas. A elaboração das classes subordinou-se a alguns critérios: - desenvolvimento das mesmas pela ordem seguinte: - contas de balanço; - contas de activo e passivo, atendendo, com certas excepções, à seriação horizontal do balanço; - contas de situação líquida, considerando a seriação do balanço; - contas de custos e proveitos classificados por natureza, tendo em atenção a seriação da demonstração de resultados; - contas de resultados, explicitando: Resultados operacionais (conta 81 que irá acumular os custos e proveitos operacionais, ou seja, que resultem directamente da actividade principal da empresa). Resultados financeiros (conta 82 que irá acumular os custos e proveitos financeiros, ou seja, os resultantes de decisões de financiamento e de aplicações financeiras). Resultados extraordinários (conta 84 que irá acumular os ganhos e perdas acidentais). Além das contas indicadas são propostas contas de utilização facultativa, até ao apuramento final do resultado global da empresa, que será explicitado na conta 88, resultados líquidos do exercício. - Contas de contabilidade de custos e outras contas de livre utilização. - Formação de classes atendendo às massas patrimoniais e sem grandes desníveis de densidade. - Distribuição das contas, de sorte a conseguir-se um certo equilíbrio no tratamento das diversas situações e fluxos. FUNCIONAMENTO E LIGAÇÃO DO QUADRO DE CONTAS Como foi já referido, é tarefa da contabilidade o alcance de dois objectivos básicos, que são: - a determinação dos resultados da actividade; - a representação da situação patrimonial da empresa. Quanto ao primeiro aspecto, não só tem interesse a apresentação do resultado em si, mas também, e principalmente, a evidenciação dos seus componentes positivos e negativos. No POC, estes aspectos são-nos evidenciados através das «contas de resultados» que englobam as contas das classes 6, 7 e 8. As contas das classes 6 e 7 correspondem respectivamente, aos componentes negativos e positivos do resultado, devendo o saldo das contas que as compõem ser transferido para as contas da classe 8, permitindo, apurar os resultados operacionais, os resultados financeiros e os resultados extraordinários. Após apurados os resultados indicados, será possível através da conta 88, resultados líquidos, apurar o resultado final da empresa (lucro ou prejuízo líquidos). Manual de Curso 85
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    CONTABILIDADE Isto significa quetodas as contas das classes 6 e 7 são subsidiárias de contas de classe 8 estas, por sua vez, subsidiárias da conta 88, resultados líquidos, única conta que sendo de resultados é também de balanço. Relativamente ao segundo objectivo ele é alcançado pela elaboração do balanço de situação com base nos saldos das contas correspondentes às classes 1 a 5, exceptuando a classe 2 e uma ou outra conta, cada classe forma um grupo homogéneo dentro do balanço. Das contas de resultados apenas se inscreve no balanço o resultado final, isto é, o saldo apurado na conta 88, resultados líquidos (+ ou - consoante seja lucro ou prejuízo, respectivamente). Nas páginas seguintes apresenta-se um esquema de funcionamento do quadro de contas, nomeadamente as contas de balanço e de resultados. CÓDIGO DAS CONTAS As contas no POC aparecem classificadas em categorias que se encaixam umas nas outras. Os autores do plano adoptaram a classificação decimal a qual facilita a utilização de processos informáticos. Como se referiu, o conjunto de todas as contas está dividido em 10 classes, que são designadas pelos números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 0. Introduziu-se o 0 em vez de 10 porque sendo um só algarismo torna-se mais fácil o trabalho informático. Estas classes são, por sua vez, subdivididas em contas de 1.º grau representadas por um número que vai de 1 a 9, colocado à direita do número da classe. Assim, a conta 12 designa a conta de 1.º grau n.º2 da classe 1. As contas de 1.º grau são por seu turno, subdivididas em contas de 2.º grau representadas por um terceiro algarismo de 1 a 9, colocada à direita dos precedentes. Assim, a conta 132 será a conta de 2.º grau n.º2, pertencente à conta de 1.º grau n.º3, a qual pertence, por sua vez, à classe n.º1. Ainda, as contas de 2.º grau são divididas em contas em contas de 3.º grau designados por um quarto algarismo colocado à direita dos três outros e assim sucessivamente. Por exemplo, a classe n.º6 compreende as contas de 1.º grau n.º61, 62, 63, ... , 69. Na conta 63 (1.º grau) encontramos as contas 631, 632, ... de 2.º grau. Na conta 631 (de2.º grau) encontramos as contas 6311, 6312, ... de 3.º grau. Em esquema: Classe 6 Conta de 1.º grau 63 Conta de 2.º grau 631 Conta de 3.º grau 6311 86 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE Na prática nem sempre o grau de uma conta corresponde a 1 só digito. De facto, quando dentro de determinado grau se preveja a existência duma certa quantidade de contas, deverão reservar-se os dígitos necessários para cobertura do número máximo de contas previstas. Assim, uma empresa que tenha, em média, uma centena de clientes, deverá reservar para o código do cliente um número não inferior a 3 dígitos. A estrutura para clientes poderia ser: Código: 211 xxx em que: classe 2 - Terceiros conta de 1.º grau 21 - clientes conta de 2.º grau 211 - clientes c/c conta de 3.º grau 211 xxx (clientes n.º xxx) ....e, assim sucessivamente. APLICAÇÃO 14 A empresa Beta, Lda, que se dedica à venda de equipamentos e respectiva assistência, apresentava em 31 /12 / n, os seguintes valores no Balancete do Razão Geral.1 EMPRESA BETA, LDA 31/12/n BALANCETE DO RAZÃO GERAL (em contos) Classe Contas Saldos Devedores Credores 11 Caixa 1 614 1 12 Depósitos à ordem 6 432 15 Títulos negociáveis 8 750 ... 19 Prov. p/ aplicações tesouraria 1 210 21 Clientes 75 400 22 Fornecedores 40 600 23 Empréstimos obtidos 130 000 2 24 Estado e outros entes públicos 10 214 26 Outros devedores e credores 18 754 32 254 27 Acréscimos e diferimentos 1 685 520 28 Provisões p/ cobranças duvidosas 986 ... 29 Provisões p/ riscos e encargos 8 635 3 31 Compras ... 32 Mercadorias 86 340 4 42 Imobilizações corpóreas 439 438 ... 48 Amortizações acumuladas 136 550 5 51 Capital 150 000 ... 57 Reservas 38 560 61 Custo das mercadorias vendidas 650 894 62 Fornecimentos serviços externos 88 091 63 Impostos 4 210 6 64 Custos com o pessoal 279 643 66 Amortizações do exercício 27 310 68 Custos e perdas financeiros 26 360 ... 69 Custos e perdas extraordinários 2 223 71 Vendas 1 028 500 7 72 Prestações de serviços 135 950 78 Proveitos e ganhos financeiros 2 180 ... 79 Proveitos e ganhos extraordinários 985 Totais 1 717 144 1 717 144 1 Por não serem necessárias, excluímos as acumulações a débito e a crédito. Manual de Curso 87
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    CONTABILIDADE Tendo em atençãoos valores apresentados, pretende-se a indicação dos valores para: Apuramento dos resultados líquidos do ano n; Elaboração do Balanço (simplificado) segundo o POC. 2 Resolução: Com base no esquema apresentado nas páginas 118 e 119, teremos: a1) Apuramento do resultado operacional. 81 - Resultados operacionais (contos) 61 Custo Mer. Vendidas 650 894 71 Vendas 1 028 500 62 Fornec. serv. externos 88 091 72 Prestações serviços 135 950 63 Impostos 4 210 64 Custos com o pessoal 279 643 66 Amortizações do exercício 27 310 Lucro operacional 114 302 1 164 450 1 164 450 a2) Apuramento do resultado financeiro. 82 - Resultados financeiros (contos) 68 Custos perdas financ. 26 360 78 Proveitos ganhos 2 180 financ. Prejuízo financeiro 24 180 26 360 26 360 a3) Apuramento do resultado extraordinário. 84 - Resultados extraordinários (contos) 69 Custos perdas extraord. 2 223 7 Proveitos ganhos extraord. 985 9 Prejuízo extraordinário 1 238 2 223 2 223 a4) Apuramento do resultado líquido (por transferência dos valores apurados nas contas 81, 82 e 84). 2 Continuamos a não utilizar as contas da classe 8, consideradas facultativas pelo POC. Para desenvolvimento desta matéria veja CAPÍTULO 5 - Operações de fim de exercício. 88 Manual de Curso
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    CONTABILIDADE 88 - Resultados líquidos do exercício (contos) 82 Res. financeiro 24 180 8 Resultado operacional 114 1 302 84 Res. extraordinário 1 238 Lucro líquido 88 884 114 302 114 302 b) Elaboração do balanço (apresenta-se um grau de desenvolvimento inferior ao preconizado no POC, porquanto haveria que recorrer a contas de grau inferior não incluídos no Balancete do Razão Geral): 31/12/n BALANÇO (em contos) ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO Bruto Amortiz/ Líquido Provisõe s IMOBILIZADO CAPITAL PRÓPRIO Imobilizações corpóreas 439 438 136 550 302 888 Capital CIRCULANTE Capital 160 000 Existências Reservas Mercadorias 86 340 86 340 Reservas legais 38 560 Dívidas de terceiros - curto Resultado líquido do exercício 88 884 prazo Clientes 75 400 986 74 414 277 444 Outros devedores 18 754 18 754 PASSIVO 94 154 986 93 168 PROVISÕES PARA RISCOS E ENCARGOS Títulos negociáveis Outras prov. p/ riscos e encargos 8 635 Outros títulos negociáveis 8 750 1 210 7 540 DÍVIDAS A TERCEIROS - CURTO PRAZO Depósitos bancários e caixa Dívidas a instit. de crédito 130 000 Depósitos bancários 6 432 6 432 Fornecedores 40 600 Caixa 1 614 1 614 Estado e outros entes públicos 10 214 8 046 8 046 Outros credores 32 254 ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS 213 068 Custos diferidos 1 685 1 685 ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS Total amortizações 136 550 Acréscimos de custos 520 Total provisões 2 196 TOTAL ACTIVO 638 413 138 746 499 667 TOTAL DO CAP. PRÓPRIO E PASSIVO 499 667 5. Todavia o facto de a CNC ter optado por aquela revisão não a impediu de aproveitar a oportunidade para introduzir modificações que a prática da aplicação recomendava, bem como para desenvolver conceitos, princípios e normas de aceitação geral, dedicando especial atenção às normas internacionais. Nesta matéria, e com a internacionalização dos mercados de bens, de serviços e de capitais, o nosso país não pode deixar de acompanhar os desenvolvimentos e progressos que se verificam ao mais alto nível, desligando-se de esferas de influências mais restritas, sob pena de se pôr em causa não só o funcionamento desses mercados, sempre dependentes da qualidade de informação financeira, como os profissionais de contabilidade, que se vêm esforçando por acompanhar a evolução registada. Manual de Curso 89
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    CONTABILIDADE QUADRO DE CONTAS Classificação por grupos homogéneos As contas estão divididas por 10 classes, numeradas de 1 a 0, conforme o esquema seguinte: GRUPOS CLASSE NOVO P.O.C. VERSÃO P.O.C. HOMOGÉNEOS (a partir de 1/1/90) (até 31/12/89) 1 Disponibilidades Disponibilidades CONTAS 2 Terceiros Terceiros e antecipações DE BALANÇO 3 Existências Existências 4 Imobilizações Imobilizações 5 Capital, reservas e result. transitados Capital, reservas e result. transitados CONTAS 6 Custos e perdas Custos por natureza DE 7 Proveitos e ganhos Proveitos por natureza RESULTADOS 8 Resultados Resultados OUTRAS 9 Contabilidade de custos Contabilidade de custos CONTAS 0 ... Livre 90 Manual de Curso