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2011/2012

| Português – 11º ano | Cesário Verde




    A Poesia de Cesário Verde
                                                   Sistematização


        Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas
        grandes cidades

        E a mão de mistério que abafa o bulício,
        E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe
        para uma sensação exata e precisa e ativa da Vida!
        Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios
        e que misterioso o fundo unânime das ruas,
        das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde, ó Mestre,
        Ó do «Sentimento dum Ocidental»!


                                                    Álvaro de Campos, Poesias
                                          (fragmento de «Dois excertos de Odes


                                                                                 1
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                                                 José Joaquim Cesário Verde
                                   Vida e Obra   (Lisboa, 1855 / Lumiar, 1886), filho
                                                 do lavrador e comerciante José
                                                 Anastácio Verde e de Maria da
                                                 Piedade     dos   Santos    Verde,
                                                 matriculou-se no Curso Superior de
                                                 Letras, frequentando-o por apenas
                                                 alguns meses.

                                                 Dividia-se entre a produção de
                                                 poesias (publicadas em jornais) e
                                                 as atividades de comerciante,
                                                 herdadas do pai. Em 1877 começou
                                                 a dar sinais a tuberculose, doença
                                                 que já lhe tirara o irmão e a irmã.
                                                 Estas mortes servem de inspiração
                                                 a um de seus principais poemas,
                                                 Nós (1884).

                                                                                        2
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            Contexto Cultural e literário da Época

     Regeneração política: rotativismo;
     Regeneração Social: aburguesamento da nobreza e nobilitação da burguesia;
     Regeneração citadina: desenvolvimento do Porto e Lisboa;
     Regeneração Sociocultural: escritores “revolucionários”- filosofia alemão, crítica
     francesa; Positivismo, Naturalismo, História, Metafísica…


     •A Questão Coimbrã: Texto polémico de Antero de Quental «Bom senso e Bom
     Gosto» (1865) / Oposição entre A. Quental e F. Castilho

     •A Geração de 70: elite intelectual que promoveu um movimento cultural e
     literário renovador - livre discussão de problemas sociais, políticos, filosóficos,
     culturais, religiosos e outros, de forma a arrancar a literatura portuguesa, mas
     sobretudo, de uma maneira geral, a cultura portuguesa do tédio e mediocridade
     resultante da degenerescência romântica.

     •As Conferências de Casino(1871): «O Realismo como nova expressão de arte»
                                                                                    3
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          Influências Artísticas e Estéticas na Poesia de
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     Realismo
            O real como motivo e ponto de partida;
            Atitude crítica em relação à sociedade;
            Observação e análise do real;
            Poetização do real e do quotidiano.

     Naturalismo
              Base realista
              Positivismo: indução e métodos experimentais;
              Determinismo: espécie de realismo científico, de índole
     determinista (segundo o método de Taine: raça, meio e momento
     histórico);
              Temas: educação, adultério, opressão…

                          Olhar comovido e solitário com os trabalhadores   4
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          Influências Artísticas e Estéticas na Poesia de
                           Cesário Verde
     Impressionismo
              Captação impressionista da realidade;
              O real apreendido através de impressões (cor, luz,
     movimento, seres e coisas fugazes) que estimulam o sujeito poético e
     lhe despertam sensações/emoções/reflexões;
              Relação próxima com o sensacionismo, o simbolismo e o
     surrealismo.


     Parnasianismo
            A busca da perfeição formal;
            A regularidade estrófica e métrica (decassílabo e
     alexandrino);
            Valorização do prosódico.
                                                                        5
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                                                  Características Temáticas
     Binómio CAMPO / CIDADE
                                         Cidade                               Campo
    • Doença, estagnação, morte, ausência • Saúde, vitalidade, harmonia, vivência
      de afeto.                             plena de afetos .

    • Vida marcada pela artificialidade e • Vida marcada pela naturalidade e
      pela desumanidade.                    pelos ciclos biológicos e comunitários
                                            do Homem.
    • Progresso industrial e domínio da • Agricultura e domínio do Homem e da
      máquina, do ferro e do betão.         Natureza.

    • Aprisionamento e opressão.                              • Liberdade.

    • Exploração, pobreza, injustiça social.
                                        • Valores tendencialmente igualitários e
                                          justiça social.
    • Domínio da burguesia (comercial e • Afirmação do povo e dos valores
      industrial)                         rurais.                            6
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                                         A Poesia de Cesário Verde
                                           Características Temáticas
     Binómio CAMPO / CIDADE

     «O sentimento Dum Ocidental» / «Cristalizações» / «Num Bairro Moderno»:
     a vida na cidade é caracterizada como doentia, entediante, opressiva, vazia.

     «Nós»:
     É no campo que os sujeitos líricos encontram o equilíbrio, os afetos, a liberdade, a
     vitalidade e uma forma de harmonia com a Natureza, que restituem ao indivíduo a
     dimensão humana e natural que a cidades lhes tira.


     Importante: mesmo na cidade emergem imagens e sugestões campestres, como
     que a lembrar a vocação do ser humano para uma vida harmoniosa e natural, que
     só no campo se encontra e que a cidade desumaniza.

     Estes apontamentos do campo na cidade enfatizam a crítica social e a oposição
     campo/cidade e podem ser entendidos como o convite à fuga para o campo.       7
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                                             Características Temáticas
     A Mulher
                                   A mulher fatal                A mulher frágil e inocente
     Caraterísticas:                                        Caraterísticas:
    • Pertence a um estrato social superior               •   É simples, inocente, pura e bondosa;
      ao do sujeito poético;                              •   É frágil e desamparada;
    • É elegante;                                         •   Está associada ao povo.
    • Mostra desprezo em relação ao eu.

     Efeitos no Sujeito poético:             Efeitos sobre o sujeito poético:
    • Atrai-o irresistivelmente, levando-o a • A sua vulnerabilidade desperta nele o
      sentir prazer sem ser seduzido e a       instinto de proteção;
      revoltar-se pela humilhação a que ela • A sua pureza e bondade levam-no a
      o sujeita..                              desejar redimir-se das suas faltas de
                                               modo a ser digno dela;
                                             • Suscita no sujeito poético a vontade
                                               de também ele ser honesto e
                                               tranquilo.
                                                                                                8
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      A Mulher - Presença obsessiva da figura feminina, vista:
     • Negativamente, porque contaminada pela civilização urbana
       mulher opressora – mulher nórdica, fria, símbolo da eclosão do
       desenvolvimento da cidade como fenómeno urbano, sinédoque da classe social
       opressora e, por isso, geradora de um erotismo da humilhação (ex: «Frígida»,
       «Deslumbramentos» e «Esplêndida»), em que se reconhece a influência de
       Baudelaire;
     • Positivamente, porque relacionada com o campo e seus valores salutares
       mulher anjo – visão angelical, reflexo de uma entidade divina, símbolo de
       pureza campestre, com traços de uma beleza angelical, frequentemente com os
       cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade («Em Petiz», «Nós», «De Tarde»
       e «Setentrional») – também tem um efeito regenerador;
       mulher regeneradora – mulher frágil, pura, natural, simples, representa os
       valores do campo na cidade, que regenera o sujeito poético e lhe estimula a
       imaginação (ex: as figuras femininas de a «A Débil» e «Num Bairro Moderno»);
       mulher oprimida – tísica, resignada, vítima da opressão social urbana,
       humilhada, com a qual o sujeito poético se sente identificado ou por quem nutre
       compaixão (ex: «Contrariedades»);
       mulher como sinédoque social – (ex: as «burguesinhas» e as varinas de «O
       Sentimento dum Ocidental»
       mulher como objeto do estímulo erótico: vista enquanto estímulo dos sentidos
                                                                                  9
       carnais, sensuais, como impulso erótico (ex: atriz de «Cristalizações»).
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     Aspetos fundamentais da poesia de Cesário Verde
     •Poesia de cariz realista
     •Captação impressionista da realidade
     •Objetividade/Subjetividade
     •Dimensão Social
     •Binómio cidade/campo
              A cidade: lugar que “desperta um desejo absurdo de sofrer”, lugar de
     atração e de repulsa, de futilidade, de moda, de corrupção, de doença e de
     “aprisionamento” da dor humana.
              O campo: lugar de saúde e de riqueza, de vitalidade e de energia, de
     simplicidade e de verdade.
     •Inovação poética
              a busca da perfeição formal;
              valorização poética do vocabulário quotidiano e coloquial; uso de
     estrangeirismos da época;
              utilização do adjetivo e do advérbio em combinação com a pontuação
     expressiva;
              uso original de comparações e metáforas transfiguradoras.

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     Características estilísticas da poesia de Cesário Verde

     •Marcas da estrutura narrativa – espaço, tempo, ação e personagens;
     •Rigor formal (versos decassilábicos ou alexandrinos – 12 sílabas métricas – e
     quadras ou quintilhas com rima e métrica definidas) – parnasianismo;
     •Vocabulário preciso, concreto, prático - linguagem corrente;
     •Predomínio da coordenação;
     •Conjugação perifrástica (“Ia passando”; hei de ver”);
     •Modernidade da linguagem: Tom coloquial;
     •Adjetivação (dupla, tripla,...)
     •Anteposição do adjetivo ao substantivo (primeiro realça-se a característica e
     depois o objeto) - impressionismo;
     •Expressividade do advérbio;
     •Verbos (utilização, por exemplo, do P. perfeito – característica do momento
     narrativo – e do P. imperfeito – característica do momento descritivo);
     •Diminutivos.




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     Características estilísticas da poesia de Cesário Verde

     Figuras de estilo mais usadas
     •Assíndeto (as ideias não são ligadas por nenhuma conjunção) – ritmo mais
     violento e agressivo
     •Ironia
     •Comparação
     •Metáfora
     •Sinestesia (troca de sentidos: dá sensação àquilo que não a pode ter. Ex:
     “brancuras quentes”; “luz macia”)
     •Estrangeirismos
     •Hipálage (atribuição de uma qualidade a um objeto que logicamente não lhe
     pertence. Ex: “E às portas, uma ou outra campainha toca, frenética, de vez em
     quando.”)
     •Gradação
     •Adjetivação
     •Enumeração
     •Antítese
     •Transporte (continuação da ideia no verso seguinte)
                                                                             12
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                                                          Cesário Verde:
                                                    «Pinto Quadros por Sinais»

                                         Análise                  Deambulação

                                                           Contrastes

                                         Binómio: Cidade|Campo

                                         Humilhação            Questão Social

                                                     Objetividade | Realismo

                                         Sentidos                    Metáforas

                                                         Impressionismo

                                         Transfiguração | Poetização do Real

                                                                                 13
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                                                             Para refletir:
                                         “Cesário Verde ensinou a poesia de respirar, de
                                         caminhar, de ver com amor, ingenuamente, sem
                                         prevenções, tudo quanto a vida nos oferece. (…)
                                         E a poesia do trabalho útil. (…) E uma linguagem
                                         nova, de seiva burguesa e popular, rica de termos
                                         concretos, bastante dúctil e atrevida, para sugerir
                                         a mistura de sensações e as rápidas
                                         interferências do físico e do anímico, uma
                                         linguagem impressionista e fantasista, e, ao
                                         mesmo tempo, nervosa, sacudida, coloquial.”
 Ah! Ninguém entender que ao meu olhar
 Tudo tem certo espírito secreto!         Jacinto Prado Coelho, Problemática da História Literária, 2ªed. Revista e
 Com folhas de saudade um objeto            ampliada, Lisboa, Edições Ática, 1961, pp. 184‐185 in CABRAL, A. S.
 Deita raízes duras de arrancar.                                                                     ((s/d) Cesário
                                               Verde – Propostas de Análise, Edições Sebenta – Português, p. 31
                              «Nós»



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Dina Baptista | www.sebentadigital.com
EB 2,3/S de Vale de Cambra
2011/2012

| Português – 11º ano | Cesário Verde




  Bibliografia de apoio:
  Pinto, A. D.; Miranda, P. e Nunes, P. (2011) Português 11ºano. Projetos Desafios,
  Santilhana.

  Links a consultar sobre Cesário Verde:

  . Vida e Obra:
  http://www.vidaslusofonas.pt/cesario_verde.htm
  http://www.astormentas.com/biografia.aspx?t=autor&id=Ces%c3%a1rio%20Verde
  http://www.terravista.pt/guincho/4600
  http://www.faroldasletras.no.sapo.pt/cesario_verde.htm

  . Ficha Informativa / Sistematização:
  http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/verde.htm
  http://www.ipn.pt/opsis/litera/verde.htm
  http://www.iep.uminho.pt/aac/lic/te/ate04/WQp/verde/index.htm


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Cesário Verde-Sistematização

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    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde A Poesia de Cesário Verde Sistematização Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes cidades E a mão de mistério que abafa o bulício, E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe para uma sensação exata e precisa e ativa da Vida! Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios e que misterioso o fundo unânime das ruas, das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde, ó Mestre, Ó do «Sentimento dum Ocidental»! Álvaro de Campos, Poesias (fragmento de «Dois excertos de Odes 1
  • 2.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde José Joaquim Cesário Verde Vida e Obra (Lisboa, 1855 / Lumiar, 1886), filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, matriculou-se no Curso Superior de Letras, frequentando-o por apenas alguns meses. Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as atividades de comerciante, herdadas do pai. Em 1877 começou a dar sinais a tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes servem de inspiração a um de seus principais poemas, Nós (1884). 2
  • 3.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Contexto Cultural e literário da Época Regeneração política: rotativismo; Regeneração Social: aburguesamento da nobreza e nobilitação da burguesia; Regeneração citadina: desenvolvimento do Porto e Lisboa; Regeneração Sociocultural: escritores “revolucionários”- filosofia alemão, crítica francesa; Positivismo, Naturalismo, História, Metafísica… •A Questão Coimbrã: Texto polémico de Antero de Quental «Bom senso e Bom Gosto» (1865) / Oposição entre A. Quental e F. Castilho •A Geração de 70: elite intelectual que promoveu um movimento cultural e literário renovador - livre discussão de problemas sociais, políticos, filosóficos, culturais, religiosos e outros, de forma a arrancar a literatura portuguesa, mas sobretudo, de uma maneira geral, a cultura portuguesa do tédio e mediocridade resultante da degenerescência romântica. •As Conferências de Casino(1871): «O Realismo como nova expressão de arte» 3
  • 4.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Influências Artísticas e Estéticas na Poesia de Cesário Verde Realismo O real como motivo e ponto de partida; Atitude crítica em relação à sociedade; Observação e análise do real; Poetização do real e do quotidiano. Naturalismo Base realista Positivismo: indução e métodos experimentais; Determinismo: espécie de realismo científico, de índole determinista (segundo o método de Taine: raça, meio e momento histórico); Temas: educação, adultério, opressão… Olhar comovido e solitário com os trabalhadores 4
  • 5.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Influências Artísticas e Estéticas na Poesia de Cesário Verde Impressionismo Captação impressionista da realidade; O real apreendido através de impressões (cor, luz, movimento, seres e coisas fugazes) que estimulam o sujeito poético e lhe despertam sensações/emoções/reflexões; Relação próxima com o sensacionismo, o simbolismo e o surrealismo. Parnasianismo A busca da perfeição formal; A regularidade estrófica e métrica (decassílabo e alexandrino); Valorização do prosódico. 5
  • 6.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde A Poesia de Cesário Verde Características Temáticas Binómio CAMPO / CIDADE Cidade Campo • Doença, estagnação, morte, ausência • Saúde, vitalidade, harmonia, vivência de afeto. plena de afetos . • Vida marcada pela artificialidade e • Vida marcada pela naturalidade e pela desumanidade. pelos ciclos biológicos e comunitários do Homem. • Progresso industrial e domínio da • Agricultura e domínio do Homem e da máquina, do ferro e do betão. Natureza. • Aprisionamento e opressão. • Liberdade. • Exploração, pobreza, injustiça social. • Valores tendencialmente igualitários e justiça social. • Domínio da burguesia (comercial e • Afirmação do povo e dos valores industrial) rurais. 6
  • 7.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde A Poesia de Cesário Verde Características Temáticas Binómio CAMPO / CIDADE «O sentimento Dum Ocidental» / «Cristalizações» / «Num Bairro Moderno»: a vida na cidade é caracterizada como doentia, entediante, opressiva, vazia. «Nós»: É no campo que os sujeitos líricos encontram o equilíbrio, os afetos, a liberdade, a vitalidade e uma forma de harmonia com a Natureza, que restituem ao indivíduo a dimensão humana e natural que a cidades lhes tira. Importante: mesmo na cidade emergem imagens e sugestões campestres, como que a lembrar a vocação do ser humano para uma vida harmoniosa e natural, que só no campo se encontra e que a cidade desumaniza. Estes apontamentos do campo na cidade enfatizam a crítica social e a oposição campo/cidade e podem ser entendidos como o convite à fuga para o campo. 7
  • 8.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde A Poesia de Cesário Verde Características Temáticas A Mulher A mulher fatal A mulher frágil e inocente  Caraterísticas:  Caraterísticas: • Pertence a um estrato social superior • É simples, inocente, pura e bondosa; ao do sujeito poético; • É frágil e desamparada; • É elegante; • Está associada ao povo. • Mostra desprezo em relação ao eu.  Efeitos no Sujeito poético:  Efeitos sobre o sujeito poético: • Atrai-o irresistivelmente, levando-o a • A sua vulnerabilidade desperta nele o sentir prazer sem ser seduzido e a instinto de proteção; revoltar-se pela humilhação a que ela • A sua pureza e bondade levam-no a o sujeita.. desejar redimir-se das suas faltas de modo a ser digno dela; • Suscita no sujeito poético a vontade de também ele ser honesto e tranquilo. 8
  • 9.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde  A Mulher - Presença obsessiva da figura feminina, vista: • Negativamente, porque contaminada pela civilização urbana mulher opressora – mulher nórdica, fria, símbolo da eclosão do desenvolvimento da cidade como fenómeno urbano, sinédoque da classe social opressora e, por isso, geradora de um erotismo da humilhação (ex: «Frígida», «Deslumbramentos» e «Esplêndida»), em que se reconhece a influência de Baudelaire; • Positivamente, porque relacionada com o campo e seus valores salutares mulher anjo – visão angelical, reflexo de uma entidade divina, símbolo de pureza campestre, com traços de uma beleza angelical, frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade («Em Petiz», «Nós», «De Tarde» e «Setentrional») – também tem um efeito regenerador; mulher regeneradora – mulher frágil, pura, natural, simples, representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeito poético e lhe estimula a imaginação (ex: as figuras femininas de a «A Débil» e «Num Bairro Moderno»); mulher oprimida – tísica, resignada, vítima da opressão social urbana, humilhada, com a qual o sujeito poético se sente identificado ou por quem nutre compaixão (ex: «Contrariedades»); mulher como sinédoque social – (ex: as «burguesinhas» e as varinas de «O Sentimento dum Ocidental» mulher como objeto do estímulo erótico: vista enquanto estímulo dos sentidos 9 carnais, sensuais, como impulso erótico (ex: atriz de «Cristalizações»).
  • 10.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Aspetos fundamentais da poesia de Cesário Verde •Poesia de cariz realista •Captação impressionista da realidade •Objetividade/Subjetividade •Dimensão Social •Binómio cidade/campo A cidade: lugar que “desperta um desejo absurdo de sofrer”, lugar de atração e de repulsa, de futilidade, de moda, de corrupção, de doença e de “aprisionamento” da dor humana. O campo: lugar de saúde e de riqueza, de vitalidade e de energia, de simplicidade e de verdade. •Inovação poética a busca da perfeição formal; valorização poética do vocabulário quotidiano e coloquial; uso de estrangeirismos da época; utilização do adjetivo e do advérbio em combinação com a pontuação expressiva; uso original de comparações e metáforas transfiguradoras. 10
  • 11.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Características estilísticas da poesia de Cesário Verde •Marcas da estrutura narrativa – espaço, tempo, ação e personagens; •Rigor formal (versos decassilábicos ou alexandrinos – 12 sílabas métricas – e quadras ou quintilhas com rima e métrica definidas) – parnasianismo; •Vocabulário preciso, concreto, prático - linguagem corrente; •Predomínio da coordenação; •Conjugação perifrástica (“Ia passando”; hei de ver”); •Modernidade da linguagem: Tom coloquial; •Adjetivação (dupla, tripla,...) •Anteposição do adjetivo ao substantivo (primeiro realça-se a característica e depois o objeto) - impressionismo; •Expressividade do advérbio; •Verbos (utilização, por exemplo, do P. perfeito – característica do momento narrativo – e do P. imperfeito – característica do momento descritivo); •Diminutivos. 11
  • 12.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Características estilísticas da poesia de Cesário Verde Figuras de estilo mais usadas •Assíndeto (as ideias não são ligadas por nenhuma conjunção) – ritmo mais violento e agressivo •Ironia •Comparação •Metáfora •Sinestesia (troca de sentidos: dá sensação àquilo que não a pode ter. Ex: “brancuras quentes”; “luz macia”) •Estrangeirismos •Hipálage (atribuição de uma qualidade a um objeto que logicamente não lhe pertence. Ex: “E às portas, uma ou outra campainha toca, frenética, de vez em quando.”) •Gradação •Adjetivação •Enumeração •Antítese •Transporte (continuação da ideia no verso seguinte) 12
  • 13.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Cesário Verde: «Pinto Quadros por Sinais» Análise Deambulação Contrastes Binómio: Cidade|Campo Humilhação Questão Social Objetividade | Realismo Sentidos Metáforas Impressionismo Transfiguração | Poetização do Real 13
  • 14.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Para refletir: “Cesário Verde ensinou a poesia de respirar, de caminhar, de ver com amor, ingenuamente, sem prevenções, tudo quanto a vida nos oferece. (…) E a poesia do trabalho útil. (…) E uma linguagem nova, de seiva burguesa e popular, rica de termos concretos, bastante dúctil e atrevida, para sugerir a mistura de sensações e as rápidas interferências do físico e do anímico, uma linguagem impressionista e fantasista, e, ao mesmo tempo, nervosa, sacudida, coloquial.” Ah! Ninguém entender que ao meu olhar Tudo tem certo espírito secreto! Jacinto Prado Coelho, Problemática da História Literária, 2ªed. Revista e Com folhas de saudade um objeto ampliada, Lisboa, Edições Ática, 1961, pp. 184‐185 in CABRAL, A. S. Deita raízes duras de arrancar. ((s/d) Cesário Verde – Propostas de Análise, Edições Sebenta – Português, p. 31 «Nós» 14
  • 15.
    Dina Baptista |www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2011/2012 | Português – 11º ano | Cesário Verde Bibliografia de apoio: Pinto, A. D.; Miranda, P. e Nunes, P. (2011) Português 11ºano. Projetos Desafios, Santilhana. Links a consultar sobre Cesário Verde: . Vida e Obra: http://www.vidaslusofonas.pt/cesario_verde.htm http://www.astormentas.com/biografia.aspx?t=autor&id=Ces%c3%a1rio%20Verde http://www.terravista.pt/guincho/4600 http://www.faroldasletras.no.sapo.pt/cesario_verde.htm . Ficha Informativa / Sistematização: http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/verde.htm http://www.ipn.pt/opsis/litera/verde.htm http://www.iep.uminho.pt/aac/lic/te/ate04/WQp/verde/index.htm 15