5 DE FEVEREIRO DE 2013 TERÇA-FEIRA
                                                                                                                                                                                                          WWW.DIARIOAVEIRO.PT                           3
                                                                                                                                                                                                                                   AVEIRO



Há quem queira os carros                                                                                                                                                                                                                  VOZES


de volta à Rua Direita                                                                                                                                                                                                  “
                                                                                                                                                                                                                                A Rua Direita precisa
                                                                                                                                                                                                                                de estar incluída
                                                                                                                                                                                                                                numa rede urbana
                                                                                                                                                                                                                         viva e com sentido, que alia
                                                                                                                                                                                                                         comércio, serviços e habi-
Inquérito feito pela Associação                                                                                                                                                                                          tação e estabelece rotinas
                                                                                                                                                                                                                         de circulação e utilização
Comercial pergunta pela                                                                                                                                                                                                  do espaço público que lhe
reabertura daquela artéria                                                                                                                                                                                               dão sentido”

central ao trânsito                                                                                                                                                                                                      I   JOÃO MARTINS




                                                                                                                                                                                                                        “
Rui Cunha                                eleito pela coligação PSD/CDS, é                                                                                                                                                       Os maiores erros
                                         um dos defensores da reabertura                                                                                                                                                        que foram feitos em
I  O que provocou a desertificação       ao trânsito. “Só não encabeço um                                                                                                                                                       Aveiro foram colocar
da Rua Direita? Há explicações           movimento para que os carros vol-                                                                                                                                               Finanças e Loja do Cidadão
para todos os gostos: a saída de ser-    tem a circular nas ruas que foram                                                                                                                                               numa rua da Forca. A
viços públicos, a perda de habitan-      pedonalizadas porque seria con-                                                                                                                                                 câmara deveria quase ofe-




                                                                                                                                                                                                        EDUARDO PINA
tes, a pedonalização da via, a cria-     trário à minha posição anterior”,                                                                                                                                               recer o espaço para a Loja
ção do Fórum Aveiro e de outros          disse em Assembleia Municipal.                                                                                                                                                  do Cidadão ir para a zona
centros comerciais na cidade, a             Jorge Silva, presidente da ACA,                                                                                                                                              norte da Avenida e as
quebra do poder de compra… Não           não esconde “muitas preocupa-                                                                                                                                                   finanças para um outro
há uma resposta única para expli-        ções” com a situação do comércio       HÁ QUEM DEFENDA que os automóveis regressem à Rua Direita                                                                                local”
car a decadência daquela que foi         na cidade, havendo “várias razões”                                                                                                                                              I JOÃO OLIVEIRA

outrora uma das principais arté-         para o actual definhamento. O          feira de artesanato semanal, uns            André Costa apela a um “traba-      mentais para uma boa vivência



                                                                                                                                                                                                                        “
rias comerciais de Aveiro. Mas           inquérito aos vendedores - ainda       baloiços”. E critica o “culto do auto-   lho concertado” da Câmara e da         urbana”. Gonçalo Fonseca critica a                              Não há milagres e
perante o actual cenário de cada         sem resultados divulgados - inse-      móvel”, que “não existe em mais          ACA, mas também à “capacidade e        ACA e a Câmara. “Não existem”,                                  há muitos anos que
vez menos moradores, lojas ou cli-       re-se num estudo que a associação      nenhumpaísdaEuropa”.                     vontade dos comerciantes se            avalia, sustentando que “grande                                 a Rua Direita está
entes, há quem procure soluções          tem em curso para fazer um diag-          Hugo Cavaleiro, um dos sócios         adaptarem à mudança”. Um dos           parte do que se pode fazer custa                         assim. Só se aguenta ainda
para reanimar a rua.                     nóstico rigoroso e procurar saídas     do Fusion Cowork, um espaço de           problemas, reconhece, é a dificul-     muitopoucodinheiroounenhum”.                             algum comércio porque o
    Uma delas pode ser a reabertura      para a crise. A instituição lançou     trabalho partilhado junto à Rua          dade em encontrar lojas-âncora                                                                  tribunal lá se mantém”
ao trânsito, defendem alguns             também o Cartão Espaço Aveiro,         Direita, concorda. Não é por falta de    que queiram investir. Mas acres-       Terceira via
comerciantes.PauloMarquesgosta-          no âmbito da Agência para a            carros que aquela artéria está a         centa: “Nós também somos culpa-        Sugestões não faltam para dinami-                        I   JOÃO OLIVEIRA
ria de ver carros a circular “dos CTT    Modernização e Revitalização do        morrer, mas por causa do decrésci-       dos, pois alterámos os nossos          zar a rua, como a instalação de um
àPonte-Praça”edisse-onuminqué-           Centro Urbano, que garante van-        mo de moradores, do abandono de          hábitos e preferimos muitas vezes      parque infantil na Praça Marquês                                A tal solução é só
rito que a Associação Comercial
(ACA) promoveu junto dos lojistas
locais. A “grande maioria” dos
comerciantes é a favor desta iniciati-
                                         tagens aos clientes do comércio
                                         tradicional.

                                         Falta um pólo de atracção
                                                                                serviços e da “total ausência de pro-
                                                                                posta de valor da maior parte do
                                                                                comérciopresente”.
                                                                                   Para André Costa, membro da
                                                                                                                         ir a grandes superfícies”.
                                                                                                                            Gonçalo Fonseca, da empresa
                                                                                                                         que durante oito meses explorou a
                                                                                                                         esplanada na Praça Marquês de
                                                                                                                                                                dePombal.“EmcidadescomoMilão
                                                                                                                                                                e Turim as galerias comerciais são
                                                                                                                                                                uma animação. A Rua Direita podia
                                                                                                                                                                ter uma cobertura e ser um espaço
                                                                                                                                                                                                                        “       uma: devolver as
                                                                                                                                                                                                                                pessoas à Rua Direi-
                                                                                                                                                                                                                         ta. [Mas] há aqui um para-
                                                                                                                                                                                                                         doxo muito forte e relevan-
va,garanteodeputadomunicipaldo           O debate sobre o futuro da Rua         associação AgoraAveiro, “o proble-       Pombal, o regresso dos automóveis      de passeio com conforto”, propõe,                        te: é que foram as próprias
CDS. Paulo Marques defende,              Direita está aceso nos jornais ou      ma não é certamente a ausência do        parece uma “má ideia”. A escassez      porsuavez,LuísSouto,ex-presiden-                         pessoas que abandonaram
porém, uma circulação controlada,        nas redes sociais. “Ao passar pela     automóvel”. “A zona comercial            de clientes inviabilizou o negócio.    te da Associação para o Estudo e                         a Rua Direita”
feita “a baixa velocidade” e sem aca-    Rua Direita contei as lojas vazias.    mais activa em Aveiro é o Fórum,         “Todos os meses foi necessário         DefesadoPatrimónioNaturaleCul-
bar com a função pedonal da rua.         Desde o início, nas pontes, até à      que reúne três condições similares       pagar o que a falta de pessoas não     turaldaRegiãodeAveiro.                                   I   MIGUEL ARAÚJO
    Jaime Ramos, dono de um café         Casa Martelo, contando com as da       à Rua Direita: zona pedonal, esta-       pagou”, diz o deputado municipal          José Carlos Mota, investigador
aberto há 30 anos, será dos poucos       Praça Marquês de Pombal, são 19        cionamento subterrâneo pago,             do PS. “Estas são as alturas em que    da UA na área do planeamento,
contra o regresso do automóvel. “A       lojas vazias. O que se passa com       área central da cidade”. Então o que     as entidades públicas e associativas   pede que se encare uma terceira                        dores/consumidores, quer porque
única solução é trazer os serviços       esta cidade? A crise não explica       é o que o Fórum tem que a Rua            mais devem intervir, porque é          via. “Quando se discute o futuro da                    o modelo de gestão e de proprieda-
públicos de volta. Sem isso, nada        tudo”, assinala Rosa Pinho, investi-   Direita não tem? “Estratégia de          manifesta a incapacidade de con-       Rua Direita surgem normalmente                         de não são compatíveis”. O docente
feito”. “O que há de diferente ou de     gadora da Universidade de Aveiro       marketing profissional, lojas-           sumo, porque os comerciantes não       dois tipos de propostas: a do regres-                  defende, por isso, uma “outra fun-
único que obrigue alguém de              (UA). A reabertura aos automóveis      âncora com enorme capacidade de          têm margem para pagar nem uma          so ao passado (da rua comercial fer-                   ção, que não só a comercial”, para a
Esgueira ou de S. Bernardo a deslo-      não é solução. “No Fórum há sem-       atracção, comerciantes com capa-         iluminação”, assinala. “Os comer-      vilhante) e a da aproximação ao                        rua, remetendo para “experiências
car-se aqui?”, interroga.                pre muita gente a andar a pé. Falta    cidade de se adaptarem por obriga-       ciantes não se devem pendurar em       modelo Fórum”. No entanto, “ne-                        interessantes” noutras cidades do
    Fernando Marques, presidente         ali um pólo de atracção: uma repar-    ção da entidade gestora às necessi-      ninguém, mas devem ser tratados        nhuma delas é, neste momento,                          mundo de acordo com o lema
da Junta de Freguesia da Glória,         tição pública movimentada, uma         dades da população”, responde.           como agentes económicos funda-         possível, quer por falta de investi-                   “low-cost”e“altoimpacto”.l

Da03

  • 1.
    5 DE FEVEREIRODE 2013 TERÇA-FEIRA WWW.DIARIOAVEIRO.PT 3 AVEIRO Há quem queira os carros VOZES de volta à Rua Direita “ A Rua Direita precisa de estar incluída numa rede urbana viva e com sentido, que alia comércio, serviços e habi- Inquérito feito pela Associação tação e estabelece rotinas de circulação e utilização Comercial pergunta pela do espaço público que lhe reabertura daquela artéria dão sentido” central ao trânsito I JOÃO MARTINS “ Rui Cunha eleito pela coligação PSD/CDS, é Os maiores erros um dos defensores da reabertura que foram feitos em I O que provocou a desertificação ao trânsito. “Só não encabeço um Aveiro foram colocar da Rua Direita? Há explicações movimento para que os carros vol- Finanças e Loja do Cidadão para todos os gostos: a saída de ser- tem a circular nas ruas que foram numa rua da Forca. A viços públicos, a perda de habitan- pedonalizadas porque seria con- câmara deveria quase ofe- EDUARDO PINA tes, a pedonalização da via, a cria- trário à minha posição anterior”, recer o espaço para a Loja ção do Fórum Aveiro e de outros disse em Assembleia Municipal. do Cidadão ir para a zona centros comerciais na cidade, a Jorge Silva, presidente da ACA, norte da Avenida e as quebra do poder de compra… Não não esconde “muitas preocupa- finanças para um outro há uma resposta única para expli- ções” com a situação do comércio HÁ QUEM DEFENDA que os automóveis regressem à Rua Direita local” car a decadência daquela que foi na cidade, havendo “várias razões” I JOÃO OLIVEIRA outrora uma das principais arté- para o actual definhamento. O feira de artesanato semanal, uns André Costa apela a um “traba- mentais para uma boa vivência “ rias comerciais de Aveiro. Mas inquérito aos vendedores - ainda baloiços”. E critica o “culto do auto- lho concertado” da Câmara e da urbana”. Gonçalo Fonseca critica a Não há milagres e perante o actual cenário de cada sem resultados divulgados - inse- móvel”, que “não existe em mais ACA, mas também à “capacidade e ACA e a Câmara. “Não existem”, há muitos anos que vez menos moradores, lojas ou cli- re-se num estudo que a associação nenhumpaísdaEuropa”. vontade dos comerciantes se avalia, sustentando que “grande a Rua Direita está entes, há quem procure soluções tem em curso para fazer um diag- Hugo Cavaleiro, um dos sócios adaptarem à mudança”. Um dos parte do que se pode fazer custa assim. Só se aguenta ainda para reanimar a rua. nóstico rigoroso e procurar saídas do Fusion Cowork, um espaço de problemas, reconhece, é a dificul- muitopoucodinheiroounenhum”. algum comércio porque o Uma delas pode ser a reabertura para a crise. A instituição lançou trabalho partilhado junto à Rua dade em encontrar lojas-âncora tribunal lá se mantém” ao trânsito, defendem alguns também o Cartão Espaço Aveiro, Direita, concorda. Não é por falta de que queiram investir. Mas acres- Terceira via comerciantes.PauloMarquesgosta- no âmbito da Agência para a carros que aquela artéria está a centa: “Nós também somos culpa- Sugestões não faltam para dinami- I JOÃO OLIVEIRA ria de ver carros a circular “dos CTT Modernização e Revitalização do morrer, mas por causa do decrésci- dos, pois alterámos os nossos zar a rua, como a instalação de um àPonte-Praça”edisse-onuminqué- Centro Urbano, que garante van- mo de moradores, do abandono de hábitos e preferimos muitas vezes parque infantil na Praça Marquês A tal solução é só rito que a Associação Comercial (ACA) promoveu junto dos lojistas locais. A “grande maioria” dos comerciantes é a favor desta iniciati- tagens aos clientes do comércio tradicional. Falta um pólo de atracção serviços e da “total ausência de pro- posta de valor da maior parte do comérciopresente”. Para André Costa, membro da ir a grandes superfícies”. Gonçalo Fonseca, da empresa que durante oito meses explorou a esplanada na Praça Marquês de dePombal.“EmcidadescomoMilão e Turim as galerias comerciais são uma animação. A Rua Direita podia ter uma cobertura e ser um espaço “ uma: devolver as pessoas à Rua Direi- ta. [Mas] há aqui um para- doxo muito forte e relevan- va,garanteodeputadomunicipaldo O debate sobre o futuro da Rua associação AgoraAveiro, “o proble- Pombal, o regresso dos automóveis de passeio com conforto”, propõe, te: é que foram as próprias CDS. Paulo Marques defende, Direita está aceso nos jornais ou ma não é certamente a ausência do parece uma “má ideia”. A escassez porsuavez,LuísSouto,ex-presiden- pessoas que abandonaram porém, uma circulação controlada, nas redes sociais. “Ao passar pela automóvel”. “A zona comercial de clientes inviabilizou o negócio. te da Associação para o Estudo e a Rua Direita” feita “a baixa velocidade” e sem aca- Rua Direita contei as lojas vazias. mais activa em Aveiro é o Fórum, “Todos os meses foi necessário DefesadoPatrimónioNaturaleCul- bar com a função pedonal da rua. Desde o início, nas pontes, até à que reúne três condições similares pagar o que a falta de pessoas não turaldaRegiãodeAveiro. I MIGUEL ARAÚJO Jaime Ramos, dono de um café Casa Martelo, contando com as da à Rua Direita: zona pedonal, esta- pagou”, diz o deputado municipal José Carlos Mota, investigador aberto há 30 anos, será dos poucos Praça Marquês de Pombal, são 19 cionamento subterrâneo pago, do PS. “Estas são as alturas em que da UA na área do planeamento, contra o regresso do automóvel. “A lojas vazias. O que se passa com área central da cidade”. Então o que as entidades públicas e associativas pede que se encare uma terceira dores/consumidores, quer porque única solução é trazer os serviços esta cidade? A crise não explica é o que o Fórum tem que a Rua mais devem intervir, porque é via. “Quando se discute o futuro da o modelo de gestão e de proprieda- públicos de volta. Sem isso, nada tudo”, assinala Rosa Pinho, investi- Direita não tem? “Estratégia de manifesta a incapacidade de con- Rua Direita surgem normalmente de não são compatíveis”. O docente feito”. “O que há de diferente ou de gadora da Universidade de Aveiro marketing profissional, lojas- sumo, porque os comerciantes não dois tipos de propostas: a do regres- defende, por isso, uma “outra fun- único que obrigue alguém de (UA). A reabertura aos automóveis âncora com enorme capacidade de têm margem para pagar nem uma so ao passado (da rua comercial fer- ção, que não só a comercial”, para a Esgueira ou de S. Bernardo a deslo- não é solução. “No Fórum há sem- atracção, comerciantes com capa- iluminação”, assinala. “Os comer- vilhante) e a da aproximação ao rua, remetendo para “experiências car-se aqui?”, interroga. pre muita gente a andar a pé. Falta cidade de se adaptarem por obriga- ciantes não se devem pendurar em modelo Fórum”. No entanto, “ne- interessantes” noutras cidades do Fernando Marques, presidente ali um pólo de atracção: uma repar- ção da entidade gestora às necessi- ninguém, mas devem ser tratados nhuma delas é, neste momento, mundo de acordo com o lema da Junta de Freguesia da Glória, tição pública movimentada, uma dades da população”, responde. como agentes económicos funda- possível, quer por falta de investi- “low-cost”e“altoimpacto”.l