Elis
Regina
Todas as letras
Pesquisa, organização e diagramação:
           Vladimir Araújo

          Projeto gráfico:
 Juliana Mesquita e Juliana Palezi
Elis
Regina
Todas as letras
Dá sorte
                                                   Eleu Salvador
                                          Viva a Brotolândia – 1961                                                 Samba feito para mim
                                                                                                                                           Paulo Tito
                               Dá sorte fazer o que eu digo                                                                         Viva a Brotolândia – 1961
                                 Dá sorte querer seu amor
                                   Dá sorte cantar comigo                                                                 Pedi pra fazerem um samba para mim.
                                                                                                                               Pra desabafar meu coração.
               Cante então a canção que eu fiz para ser feliz                                                              Tenho tanta coisa pra dizer de mim.
               Cante então a canção que eu fiz para ser feliz                                                            Como eu gostaria de falar numa canção.

                                  Creio no supremo poder                                                                Sei que o mundo é mau, jamais vai entender,
                              Gosto de quem gosta de mim                                                                     Que este samba vive de hum sofrer
                                  Serei tudo que quero ser


                                                                                 Tu serás
                                                                                                                               O tema é meu. Nasceu assim.
    Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem                                                                Era preciso fazerem um samba pra mim.

                                                                                                                            Amei alguém. Fui só de alguém.
                                                                                 Ângela Martignoni/Othon Russo
                                                                                 Viva a Brotolândia – 1961
                                                                                                                          O mundo não procurou compreender.



                                   Sonhando
                                                                                 Tu serás a vida e o meu destino         Então pedi para fazerem um samba assim.
                                                                                                                          E este samba foi feito todinho pra mim.
                                                                      (Dream)
                                                                                 Tu serás angústia e tormento
                                                                                 Tu serás a chama que ilumina
                                                                                 O eterno fogo de minha alma
                                   B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes
                                   Viva a Brotolândia – 1961
                                                                                 E na noite escura, minha estrela
                                   Sonho                                         Tu serás… tu serás
                                   Eu sempre sonho                               Estrela que mostra o meu caminho
                                   Que o amor irei buscar                        Tu serás… somente tu.

                                   Sigo                                          Vivo para amar-te e adorar-te
                                   Uma alameda                                   Pois és a razão dos meus desejos
                                   E alquém é o meu par                          E se em ti não penso a todo instante
                                                                                 Não posso acalmar o meu tormento
2




                                   Alguém que eu venero
                                   Que tanto quero
                                   Não sei quem é

                                   Sonho



                                                                                 Fala-me de amor
                                   E no meu sonho
                                   Sigo com um certo alguém
                                                                                                                          (Take me in your arms)
                                                                                 Markus/Rotter/Vs. Max Gold
                                                                                 Viva a Brotolândia – 1961




                                    Murmúrio
                                                                                 Fala-me de amor,
                                                                                 Mesmo que seja pra mentir
                                                                                 Fala-me de amor,
                                 Djalma Ferreira/Luiz Antônio                    Se vais partir.
                                         Viva a Brotolândia – 1961
                                                                                 Um beijo louco
                                           Vai nesta canção                      Para lembrar o que passou
                                         Meu último adeus                        Dura tão pouco
                                     Coração sonha em vão                        Mesmo que seja o fim
                                        Com os beijos seus                       Aperta-me assim
                                                                                 E nos braços teus
                                             Foi esta canção                     Toda magia viverei
                                           Que eu murmurei                       Beija-me assim
                                      Tu também longe amei                       Depois adeus!
                                         Murmuraste eu sei.
                                                                                 Eu queria sentir teu beijo
                         Há neste murmúrio huma saudade                          Com carinho e emocão
                                 A vontade louca de voltar                       E guardar este amor tão puro
                   Ser como era antes mesmo por instantes                        No fundo do coração
                          E depois morrer para não chorar
Baby face As coisas que eu gosto                                                          (My favorite things)
                        Davis/Asket/Vs. Fred Jorge       Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César
                             Viva a Brotolândia – 1961   Viva a Brotolândia – 1961

                                    Baby face            As coisas que eu gosto eu vou lhe dizer
                          Esse rostinho lindo            São coisas bonitas que vêm de você
                                    Baby face            É o céu de um sorriso embriagador
                              Parece ingênuo             E esses seus olhos lembrando o amor
                              Não é isso não
                                    Baby face            Nem sei como pode você ser assim
Que encontrei sorrindo e me deixou sonhando              E ter tudo, tudo que é bom para mim
                                                         Nem de encomenda eu ia achar
                                   Baby face             Outro igual a você para amar
    Esse seu modo estranho de olhar pra mim


                                                                                            Mesmo de mentira
                            Me faz acreditar             Os seus olhos
                        Que você sabe amar               Seu sorriso
                                   Mentindo              Que bonitos são
                                  Baby Face.                                                                                Carlos Imperial
                                                         Você não existe                                             Viva a Brotolândia – 1961
                                                         Na certa sonhei
                                                         Quando inventei você                                   Diz mesmo de mentira
                                                                                                             Que eu sou tudo pra você
                                                                                                                Diz mesmo de mentira
                                                                                                           Que ao seu lado eu vou viver




     Garoto último tipo
                                                                                                                                    Diz.
                                                                                                                       Prefiro a mentira
                                                           (Puppy Love)                                           Pois a verdade é ruim
                                                                                                                 Diz mesmo de mentira
     Paul Anka/Vs. Fred Jorge                                                                                Diz que você gosta de mim
     Viva a Brotolândia – 1961

                                                                                                                    Quero viver na ilusão
     Hoje eu vi um tal brotinho
                                                                                                      Pois afinal não machuca o coração
     Que o meu coração




                                                                                                                                                                                                  3
                                                                                                                 Se a verdade me faz mal
     Foi logo conquistando
                                                                                             Eu não vou fazer da minha vida um carnaval
     E eu nem disse não
                                                                                                                                 Mente
     Garoto último tipo
                                                                                                                        É melhor assim
     Broto sensação
                                                                                                             Diz que você gosta de mim
     Não sei porque


                                                                                                                                                 Amor, amor
     Dei meu coração

     Saiu pra rua                                                                                                                                                                  (Love, love)
     Trânsito parou


                                                         Dor de Covelo
                                                                                                                                                 Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial
     E pra mim o olhar mandou                                                                                                                    Viva a Brotolândia – 1961

     Que garotinho                                                                                                                               Amor, amor
     Mas que tipão                                               João Roberto Kelly                                                              Quero um amor que não tenha fim
     E roubou meu coração                                       Viva a Brotolândia – 1961                                                        Amor, amor
                                                                                                                                                 Quero um amor pra mim
                                                        Beber pra esquecer é teimosia
                                                       Hoje muito whisky, muita alegria,                                                         Amor, amor
                                                        Amanhã ressaca, saco de gelo                                                             Quero um amor que me queira bem
                                                O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo                                                    Amor, amor
                                                                                                                                                 Eu reciso amar alguém
                                                         A dor pra curar não tem receita
                                                             É corcunda que se deita                                                             Vivo a sonhar
                                                               Sem achar a posição                                                               Que estou a beijar
                                                           E sentir saudade não faz mal                                                          O meu grande amor
                                                             Não é no fundo do copo
                                                         Que você vai encontrar sua moral                                                        Sempre a esperar
                                                                                                                                                 Quem me queira amar
                                                               Beber pra esquecer...
                                                                                                                                                 O meu peito agora diz
                                                                                                                                                 Eu preciso de um amor
                                                                                                                                                 Só assim serei feliz
Poema
    Fernando Dias
    Poema de Amor – 1962




             Poema
    É a noite cheia de amargura
     Poema
       É a luz que brilha lá no céu
       Poema
4




     É ter saudade de alguém
          Que a gente quer e que não vem
        Poema
             É o cantar de um passarinho
      Que vive ao leú, perdeu seu ninho
    É a esperança de o encontrar
      Poema
     É a solidão da madrugada
       Um ébrio triste na calçada
    Querendo a lua namorar
Dá-me um beijo
                                                             (Kiss me, Kiss me)
                                                         Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu Nunes



       Pororó-Popó
                                                                         Poema de Amor – 1962

                                                                           Dá-me um beijo
                                                                                  Um só
             João Roberto Kelly                                                   Um só
             Poema de Amor – 1962
                                                                          Mata meu desejo
       Bate bate bate constante                                                  De mim


                                                                                                Meu pequeno mundo de ilusão
             Pororó-popó                                                          Tem dó
 Dançando na festa, beijinho na testa e só
                                                    Pois num beijo só você poderá sentir
                                                                                                (My little corner of the world)
          Seu telefone eu anotei                        O que sinto é desejo sim de mim
            Cupido me laçou
             E apertou o nó                                        Dá-me dá-me um beijo
             Poró-poroporó                                                     Mais um
                                                                                                Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro Pires
                                                                                                Poema de Amor – 1962
                                                                                 Só um
            Todo dia eu discava                                                           Ó vem meu doce bem
              Poró-poroporó                                                E vamos depois Ao meu pequeno mundo de ilusão
  Discava escondida da mamãe e da vovó                                           Os dois São teus os sonhos meus
                                                                                 Os dois No meu pequeno mundo de ilusão
      Tudo começou de brincadeira
    E eu fiquei brincando a vida inteira               Pela vida nos deixando com ardor Só tu então
                                                                                        Serás a inspiração
                                                                            Para sempre E neste mundo
                                                                                 Sempre Terás meu coração
                                                                                  Amor
                                                                                        E se, meu doce bem,
                                                                                        Vieres aplacar esta paixão
                                                                                        Serão somente teus


   Nos teus lábios




                                                                                                                                         5
                                                                                        O meu pequeno mundo e a ilusão

                                                                                                Eu sempre quis
                                                                                                Contigo, coração,
        Haroldo Eiras/Ataliba Santos
            Poema de Amor – 1962                                                                Viver feliz
                                                                                                Em meu mundo de ilusão



                                               Vou comprar
                                               um coração
              Nos teus olhos
    Vejo a luz com que sempre sonhei
              Nos teus lábios
    Sinto os beijos que as vezes roubei

              Vem de novo


                                                                                                          Saudade é recordar
     A saudade em meu peito apertar            Paulo Tito/Romeu Nunes
           E por isso eu canto                 Poema de Amor – 1962


              Nos teus olhos                   Vou comprar um coração
                                                                                                          Renan França/Verinha Falcão
       As estrelas refletem o brilhar          Para trocar por este meu                                   Poema de Amor – 1962
              Dos teus lábios                  Porque sem ilusão não sei viver
       Beijos mil me fazem lembrar             E este meu coração cansou de amar                          De que vale o que tenho
                                                                                                          Só tristezas pra contar
               Desde então                     Com um novo coração                                        E tristeza é ter saudade
          Não sonho e nem vivo                 Vou repetir os erros meus                                  Saudade é recordar
    Porque, amor, só posso encontrar           Fazer oque já fiz
Nos teus lábios e os teus olhos quero olhar.   Amar em vão                                                Tu cruzaste o meu caminho
                                               Ser infeliz mais uma vez.                                  Quando eu era a própria dor
       Sim os teus olhos quero olhar                                                                      Hoje deixo o teu carinho
                                                                                                          Por amor ao teu amor
Confissão                                                        Podes voltar
                                                 Umberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz Maranhão                                   Othon Russo/Nazareno de Brito
                                                 Poema de Amor – 1962                                                                   Poema de Amor – 1962

                                                 Vai nesta cancão                                    Deixa passar a incerteza que te afasta de mim
                                                 A confissão
                                                 De alguém que hoje é feliz, feliz
                                                                                            Quero pensar que ainda me queres como ontem, e assim
                                                                                                                         Quero guardar esta ilusão
                                                 Vai dizer também                                                      Adormecer e contigo sonhar
                                                 Que só alguém
                                                 Que ninguém mais faz infeliz

    Las                                          O que passou, passou
                                                                                               Se tu soubesses que torturas em minha alma sem ti

    secretárias
    Pepe Luis/Vs. Martha Almeida
                                                 Sei que não volta mais
                                                 Eis o consolo eneletivo dos meus ais

                                                 Pra que lembrança sem esperança?
                                                                                                 Noites inteiras a pensar que havia outra qualquer
                                                                                                              Mas mesmo assim haja o que houver
                                                                                                                   Podes voltar outra vez para mim
    Poema de Amor – 1962
                                                 Se um é pouco, dois é bom, três é demais




                                                                                              Pizzicato
                                                                                              Pizzicati
        Cha Cha Cha
        Para o secretário
        Cha Cha Cha




                                                          Canção
        Para estenodatilografar
        Cha Cha Cha
        Para o secretário
        Cha Cha Cha



                                                              de enganar
                                                       despedida
        Cha Cha Cha
        Como é bom bailar                                                                     Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge
                                                                                              Poema de Amor – 1962

                                                                                                  Quando eu ouvi tocar um doce pizzicati
6




        Necessito secretário competente
                                                                                                            Quase desandou
        Com experiência e boa apresentação
                                                                                                             e quase parou
        Solicito homem jovem e bonito
                                                                                                  O pobre coração que só palpita por ti
        E com carta de recomendação
                                                       Walter/Joluz                                       E sempre te adorou
        Que domine o idioma Italiano                   Poema de Amor – 1962

                                                                     Teu olhar                      Em doce pizzicato o coração pulsou
        O Francês e o Inglês com perfeição

                                                                     Meu olhar                               E alegre saltou
        Nao me importa seja loiro ou moreno

                                                                    Nosso olhar                              E alegre cantou
        Mas que tenha bem alegre o coração
                                                                                                    E como um violino doido a suspirar
                                                                     Tuas mãos                        Sonhou… sonhou… sonhou…
        Quando formos de manhã para o trabalho

                                                                    Minhas mãos
        E a tarde na hora de regressar

                                                                     A emoção                                  Plum plum plum
        Que beleza eu e o meu secretário
                                                                                                                Que delicioso
        Caminhando e cantando o cha cha cha

                                                            A noite a se perder nos faz,                       Plum plum plum
                                                                    Meu amor,                                    Maravilhoso
                                                                     Outra vez
                                                                       Amar                    Minha cancão de amor nasceu no meu coração
                                                                      Sonhar                                    Só para ti
                                                                                                               Minha paixão
                                                                    É manhã                     Em doce pizzicato eu vou levar-te a emoção
                                                                Na manhã do adeus                         O meu amor sem fim

                                                                      Repousa                              A canção que eu canto
                                                               Teus lábios nos meus                          É por ti meu bem
                                                                                                            É um doce pizzicato
                                                                 Um beijo irá fazer                           Sempre a saltitar
                                                                    Teu olhar
                                                                   Meu olhar                                   Plum plum plum
                                                                    Outra vez
                                                                      Amar
                                                                     Chorar
A Virgem de
           Macareña
    (La Virgen de la Macareña)
                                                                                                 Dengosa
                                                           Tango italiano
              B. B. Munterde/Calero/A. Bourget
                                Elis Regina – 1963                                               Castro Perret
                                                                                                 Elis Regina – 1963

                    À noite quando me deito
                                                                                                 Eu sou dengosa
               Eu rezo à Virgem de Macareña              Malgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes     Gosto de carinho
               Assim sozinho em meu quarto                        Elis Regina – 1963             Amor pra mim
   Falo à Virgem Santa todo o meu tormento
                                                                                                 Tem que ter denguinho
                                                                 Um tango italiano
                  É de coração que eu peço                         O nosso tango                 Eu sou assim
               Que alguém um dia me queira                      Quero um dia dançar              Dengosa para amar
                Que me abraçe com ternura                       E sonhar novamente               Procuro aguém dengoso
                     E me beije com doçura
                                                                                                 Para ser meu par
                                                                Um tango italiano
                             Ó Virgem Santa                      Um terno tango                  Amar com dengo
          Ó Virgem Santa porque sofro tanto                 Como aquele que viu começar          Dá gosto da gente amar
                            Ouvi o que pede                   Nosso amor tão distante            Beijar com dengo
   Ouvi o que pede a angústia do meu pranto
                                                                                                 Dá gosto de se beijar
                                                                  E nos teus braços
                    Porque, ó Santa querida,           Rodando ao compasso do tango a recordar   Amor com dengo
Não encontro na vida alguém para meu amor?
                                                                                                 Torna mais gostoso o carinho
                                                                   Nosso passado                 Mas para amar com dengo
                    Porque, ó Santa querida,             E o amor esquecido veremos retornar     É preciso ter jeitinho
Não encontro na vida alguém para meu amor?
                    Alguém que seja ternura                        Um tango italano
        E viva comigo os sonhos que sonhei                          E os teus braços
                                                            O meu corpo de novo estreitar
                  É de coração que eu peço                  E teus olhos de novo encontrar
               Que alguém um dia me queira




                                                                                                                                      7
                Que me abraçe com ternura                   E no céu de teus olhos buscar
                     E me beije com doçura                       A aventura perdida

                           Ouvi o que pede
           Ouvi o que pede minha alma aflita
                        Minha Virgem Santa
                                                                                                 Outra vez                  (Again)
                                                                                                 Cochran/Newman
            Minha Virgem Santa de Macareña


                                                       Tristeza de carnaval
                                                                                                 Elis Regina – 1963

                                                                                                 Jamais
                                                                                                 O meu amor tu terás
                                                                      Bidú/Mutinho               Não te darei novamente
                                                                      Elis Regina – 1963         A boca ardente, oh, não!

                                                                       O carnaval                Verás
                                                                 Sempre faz feliz alguém         Que o sonho que se desfaz


  Formiguinha triste
                                                                  As vezes traz tristeza         Nem deixa rastro na alma
                                                                     E a alegria foge            E acalma a ilusão de um coração

                                                                    Tudo é quarta-feira          Eu não quero
                                         Joãozinho                 Tudo é sempre cinza           De novo sofrer
                                  Elis Regina – 1963
                                                              Pra quem amou foi muito bom        Tal como eu já sofri
                                                             Pra quem perdeu chorou demais
         Era uma vez uma triste formiguinha
                                                                 Depois voltou o carnaval        Eu não quero de novo viver
     Que vivia tão sozinha tocando seu violão
                                                                     Na fantasia de sol          No amargor em que já vivi
             Tão simplezinha era sua morada
                                                               E a esperança de encontrar
            Mas existia lugar pra mais alguém
                                                                      Um novo amor               O sonho que se desfez
                                                                       No carnaval               Não deixou rastro em minha alma
             Mas certo dia, como diz a lenda,
                                                                       No carnaval               Não sonharei outra vez
              Tudo lá no quintal se iluminou
                                                                       No carnaval
               Formiguinha encontrou outra
                 Inverno sozinha não passou
Silêncio                                                                                                                       À noite
                                                                                                                                         Berstein/Roberto Côrte Real
                   Túlio Paiva                                                                                                            Elis Regina – 1963
                Elis Regina – 1963




                                                                          balançou
                                                                                      1, 2, 3,
                  Silêncio!
                                                                                                                                            À noite, amor
                  Atenção!                                                                                                                   Vou ver o meu amor
       O samba já tem outra marcação                                                                                                          A lua há de brilhar
                                                                                                                                              Pra nós dois
      O pandeiro já não faz o que fazia
      Violão só é na base da harmonia
                                                                          Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho                                À noite, amor
                                                                                     Elis Regina – 1963
                  Silêncio!                                                                                                                     Vou ver o meu amor
                  Atenção!                                                             1, 2, 3, balançou
                                                                            1, 2, 3, o meu samba quero assim
                                                                                                                                                E pra nós as estrelas virão
                                                                                  Requebra e vai por mim
    Porque o samba já tem outra marcação

                                                                                     1, 2, 3, vai não vai
     A roda do mundo sempre vai girando                                                                                                       E o sol que sabe que eu espero
            Vai girando sem parar                                            1, 2, 3, ouve o prato a marcar                                   Que só a noite eu quero
          Tudo nessa vida se renova                                                 O nosso balançar
                                                                                                                                             Compreende e já se vai
                                                                             Faz um passo todo figurado
     A bossa velha deu lugar à bossa nova
                                                                                 E segue o rebolado
       O samba já tem outra marcação                                        A onda do balanço me enrolou                                  Ó Deus, fazei
           E essa é nova marcação
                                                                                  Eu não posso parar
                                                                                                                                         Fazei que a noite seja
                                                                          Vejo o tempo correr sem me cansar                             Sem fim pra mim
                                                                                   Você pode notar
8




                                                                           Batam palmas para quem gostou
                                                                          Do meu samba que a ninguem negou



                Ressurreicão                                                                                                     Adeus amor
                                                                                   De todo coração
                                                                              Sensação enquanto balançou

                        Marino Pinto/Pernambuco                                                                            Almeida Rêgo/Newton Ramalho
                                Elis Regina – 1963                                                                      Elis Regina – 1963

           Ressurreição, meu amor do passado                                                                         Adeus amor
                  Tu és a razão do meu porvir                                                                       Eu tenho de partir
     Eu sonho em vão por que sonho acordada                                                                        Eu sei que vou sentir
                Quisera saber o que há de vir                                                                      Uma saudade imensa de você

                         A chama que se apaga                                                                      Que vai ficar



                                                     Flertei
                      Sempre mata a esperença                                                                      Sozinho como eu
                     Minha chama de esperar-te                                                                     A remoer lembranças do passado
                                 Não se cansa
                                                                                                                    Meu Deus como é que eu vou ficar
             Ressurreição, me levou ao passado       Castro Perret                                                  Sem ter você pra me abraçar?
              E curou de uma vez a minha dor         Elis Regina – 1963                                              Sem ter aqueles beijos que são meus?
                               Milagre do amor                                                                        Só meus
                                                     Agora sim estou certinha com um só
                                                     Tanto brinquei que Cupido me acertou                                 Adeus amor
                                                     Eu tive tantos mas a nenhum eu amei                                    Eu voltarei, querido,
                                                     E, no entanto, sem querer, gamei                                          pra recomeçar a nossa vida
                                                     Veja você, eu que nunca pensei em amar
                                                     Eu que flertava apenas para brincar
                                                     Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão
                                                     E o flerte transformou-se em gamação
Alô saudade
                                 Paulo Aguiar/Umberto Silva
                                         O Bem do Amor – 1963




                                                                                                       carinho
                                                                                                       Saudade e
                                  Telefonei para a saudade
                                Dizendo a ela o que sentia
                               Como ela trouxe a solução
                  Meu coração logo esqueceu toda a paixão

                        Acreditei no que me foi prescrito
                       E em tudo o que eu não acreditava                                               Renan Franca/Verinha Maranhão
                                                                                                       O Bem do Amor – 1963



                                                            Sem teu amor
            Depois do tempo em que levei sofrendo assim
                               Felicidade voltou pra mim
                                                                                                       Saudade e carinho
                                                                                                       Ai que vontade de amar!
                                                                                                       Todo amor tem o seu ninho
                                                            Luiz Mauro
                                                                                                       O meu amor, onde andará?
                                                            O Bem do Amor – 1963

                                                            Meu coração não pode mais viver assim      Tantos amores eu já tive



     Se você quiser
                                                            Sem teu amor                               Quantos amores mais terei?
                                                            Meu coracão vive chorando triste assim     Nenhum, porém, comigo vive
                                                            Sem teu amor                               Sozinha sempre viverei

          Baden Powell/Mario Telles
                                                            Tudo acabou
             O Bem do Amor – 1963
                                                            Fiquei sozinha
Você quer que eu te conte o que é o amor,                   Sem teu querer
          Feito para dois amar,


                                                                                                                      Manhã de
         Feito de sorriso e flor?                           Tudo mudou
                                                            E, sem carinho,



                                                                                                                                       AMOR
               Você quer.                                   Não sei viver
        Mas será que você quer?
  Caminhar neste luar para eu te mostrar.                   Meu coracão hoje só vive de ansiedade




                                                                                                                                                             9
                   Vem.                                     Por você
                                                            Espero em vão o fim de toda essa saudade                          Sergio Malta/Joluz
     Você quer ver na luz do meu olhar,                     De você                                                           O Bem do Amor – 1963
          Como eu te quero bem,
         Como eu te quero amar?                             Vou esperar                                               É manhã
                                                            Ó, meu querido,                                           Vem o sol
                 Eu não sei.                                Volte pr favor                                            Vem trazer o calor
           Eu não sei se você quer.                                                                                   Que aquece a emoção
            Eu posso te dar amor,                           Meu coracão                                               De um olhar
               Se vocie quiser.                             Não vai viver toda esta vida                              De um aperto de mão
                                                            Sem teu amor
                                                                                                                                    Vem a chuva também
                                                                                                                                     Vem chorar a alegria
                                                                                                                                   Do retorno de alguém
                                                                                                                                           De um amor
                                                                                                                                       Numa terna ilusão

                                                                                                                      E se faz lá no céu
                                                                                                                      O enlace da chuva e do sol
Mania de gostar                                                                                                       A natureza sorri
                                                                                                                      É tão lindo o matiz do arrebol
Luis Mauro
O Bem do Amor – 1963
                                                                                                                              Já se fez a manhã do amor
                                                                                                                                Já se pôs o arco-iris além
                                                                                                                                             Vem a chuva
Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem.
Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer.                                             Vem o sol
                                                                                                                                     Com eles, meu bem.
Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim.
Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
Há uma história triste
                                                                    Othon Russo/Niquinho
                                                                     O Bem do Amor – 1963

                                                                Há uma história triste pelo ar
                                                            História que não tem “era uma vez…”
                                                              Há uma história triste pra contar
                                                              História que começa com “talvez”

                                                                Foi, talvez, amor que acabou
                                                              Foi, talvez, um sonho que apagou
                                                              Restos de lembrança e amargura
                                                               Rugas de saudade e de ternura




     Retorno                                                                                        Meus olhos
     Aécio Kauffmann                                                                                                 Sergio Napp
     O Bem do Amor – 1963                                                                                     O Bem do Amor – 1963

     Meu bem eu agora voltarei                                                                                     Meus olhos
     Bem sei que estarás a me esperar                                                                    Saudades que eu trago
                                                                                                             Do amor de você
     Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teu
     E só me acompanhou a saudade em seu lugar                                                                      Meus olhos
                                                                                                            Silêncios na espera
     Agora voltarei novamente aos braços teus                                                          De alguém que não vem
     E tu sempre estarás eternamente nos braços meus
                                                                                                        Ah, se você entendesse
10




     Na estrada desta vida                                                                                    A beleza de amar
     Nunca mais                                                                                         Que eles trazem em si
     Nunca mais sozinha
     Longe amor                                                                                     Ah, se você compreendesse
     Dos teus carinhos                                                                             O que escondem meus olhos
                                                                                                               Voltaria pra mim




                                                        Domingo em Copacabana
                                                                  Roberto Faissal/Paulo Tito
                                                                     O Bem do Amor – 1963

                                                                      Copacabana cheia
                                                                   Bom é domingo mesmo
                                                            Dias de sol vem alegrar o nosso amor

                                                                         Mar azul
                                                                        Onda azul
                                                                  Vem beijar meus amores

                                                                     Copacabana bela
                                                                     Lua de luz acesa
                                                               Ando calçada cheia sem pensar

                                                                    Ai, rio até sozinha
                                                                   Da beleza do meu Rio

                                                                  Da TV Rio até o Forte
                                                              Gente que passa sem ter norte
                                                            Copacabana eu vou sonhar junto de ti
O bem do amor
         Rildo Hora/Clóvis Mello
            O Bem do Amor – 1963


           Se você pensava
         Bem no amor achar
      O bem no amor encontrará
         E quando você quiser

         Vá buscar ternura
         No amor que existe
       Num lugar feito pra dois
          Sim, vá buscar

     Tem perfume a flor que nasce
          No jardim ao sol

     De ver tanto encanto na flor
    Fui pedir a rosa viva e multicor
             Perfume e cor
            Fiz nosso amor
        E o mundo prá nós dois




                                       11
       É pra frente que se anda
    Caminhando sem olhar pra trás
       É pra frente que se anda
    Caminhando sem olhar pra trás

       É como a roda da história
         Que nunca pode parar
      Há um turbilhão de anseios
        Despertando a nossa voz

      Há um mundo de esperança
            Esperando,
          Esperado por nós

        E a gente vai seguindo
        Olhando só pra frente
        Sem se voltar pra trás




Mundo de paz
       Procurando nosso mundo
            Mundo de paz
                Túlio Paiva
            O Bem do Amor – 1963
O MORRO NÃO TEM VEZ                                                                                  DIZ QUE FUI POR AÍ
                 (Tom Jobim/Vinícius de Morais)                                                                           (Zé Keti/H. Rocha)

                   O morro não tem vez                                                                             Se alguém perguntar por mim
               E o que ele fez já foi demais                                                                             Diz que fui por aí




                                                      Pout Pourri
     Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro                                                              Levando o violão debaixo do braco
                 Toda a cidade vai cantar                                                                          Em qualquer esquina eu paro
                                                                                                                  Em qualquer botequim eu entro
                                                                                                         E se houver motivo, é mais um samba que eu faço
                   ESSE MUNDO É MEU                                                                         Se quiserem saber se eu volto, diga que sim
                  (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)                                                             Mas só depois que a saudade se afastar de mim
                                                                                                          Mas só depois que a saudade se afastar de mim
             Escravo no mundo em que sou
             Escravo no reino em que estou
                                                           Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues)
           Mas acorrentado ninguém pode amar                                                                          ACENDER AS VELAS
           Mas acorrentado ninguém pode amar                                                                                  (Zé Keti)

                                                                                                                Acender as velas, já é profissão
                   FEIO NAO É BONITO                                                                          Quando nao tem samba, tem desilusão
              (Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri)                                                             Acender as velas, já é profissão
                                                                  ESSE MUNDO É MEU                              Quando nao sou eu, é Nara Leão
                      Feio, nao é bonito                         (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
          O morro existe mas pede pra se acabar
                  Canta, mas canta triste              Saravá, Ogum, mandinga da gente continua
                                                               Cade o despacho pra acabá                               A VOZ DO MORRO
         Porque tristeza é só o que tem pra cantar                                                                            (Zé Keti)
                  Chora, mas chora rindo                       Santo guerrero na floresta
         Porque é valente e nunca se deixa quebrar       Se você nao vem eu mesma vou brigá                              Eu sou o samba
                     Ama, o morro ama                    Se voce nao vem eu mesma vou brigá                 A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor
                 Amor bonito, amor aflito                                                                   Quero mostrar ao mundo que tenho valor
                  Que pede outra história                                                                            Eu sou o rei do terreiro
12




                                                                       A FELICIDADE                                      Eu sou o samba
                                                                (Tom Jobim/Vinícius de Morais)                 Sou natural daqui do Rio de Janeiro
                  SAMBA DO CARIOCA                             A felicidade é como a pluma                          Sou eu quem leva alegria
                (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
                                                             Que o vento vai levando pelo ar                   Para milhões de corações brasileiros
                     Vamos, carioca,                      Brilha tão leve, mas tem a vida breve
                sai do teu sono devagar                    Precisa que haja vento sem parar
                                                                                                                    O MORRO NAO TEM VEZ
                  O dia já vem vindo aí                                                                             (Tom Jobim/Vinícius de Morais)
                    E o sol já vai raiar
                Sao Jorge, teu padrinho,                           SAMBA DE NEGRO                                      O morro não tem vez
                  te dê cana pra tomar                           (Roberto Correa/Sylvio Son)                       E o que ele fez já foi demais
                   Xango, teu pai, te dê                                                                              Mas olhem bem voces
               muitas mulheres para amar                      Subi lá no morro só pra ver                          Quando derem vez ao morro
                                                                   O que o nêgo tem                                  Toda a cidade vai cantar
                                                               Pra cantar assim gostoso                               Vai cantar, vai cantar
                                                             E fazer samba como ninguém                               Vai cantar, vai cantar



                                                                   VOU ANDAR POR AÍ
                                                                       (Newton Chaves)

                                                           Vou andar por aí, perguntar por aí
                                                                Pra ver se eu encontro
                                                                   A paz que perdi


                                                              O SOL NASCERÁ (A sorrir)
                                                                   (Cartola/Elton Medeiros)

                                                           A sorrir eu pretendo levar a vida
                                                        Pois chorando eu vi a mocidade perdida
Preciso aprender a ser só
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Dois na Bossa 1 – 1965
Samba eu canto assim – 1965


Ah! se eu te pudesse fazer entender
                                                                                            Arrastão
Sem teu amor eu não posso viver
                                                                                                       Edu Lobo/Vinícius de Morais
                                                                                                           Dois na Bossa 1 – 1965

Que sem nós dois o que resta sou eu
E u    a s s i m     t ã o      s ó                                                          Eh... tem jangada no mar
E eu preciso aprender a ser só                                                            Eh, eh, eh... hoje tem arrastão
Poder dormir sem sentir teu amor                                                              Eh... todo mundo pescar
A ver que foi só um sonho e passou                                                              Chega de sombra João
A h !            o        a m o r
                                                                                  Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim
Quando é demais ao findar leva a paz                                                 Ê meu irmão me traz Yemanjá pra mim
Me entreguei sem pensar
Que a saudade existe e se vem é tão triste
Vê, meus olhos choram a falta dos teus
                                                                                                 Minha Santa Bárbara
Esses teus olhos que foram tão meus
                                                                                                      Me abençoai
Por Deus, entenda que assim eu não vivo                                                        Quero me casar com Janaína
Eu morro pensando no nosso amor
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor
                                                                                                Eh... puxa bem devagar




                                                                                                                                                       13
                                                                                          Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão
A h !            o        a m o r                                                              Eh... é a Rainha do Mar
Quando é demais ao findar leva a paz                                                             Vem, vem na rede João
Me entreguei sem pensar                                                                                 Pra mim!
Que a saudade existe e se vem é tão triste
Vê, meus olhos choram a falta dos teus
Esses teus olhos que foram tão meus
                                                                                         Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim
Por Deus, entenda que assim eu não vivo                                                  Nunca, jamais se viu tanto peixe assim
Eu morro pensando no nosso amor
Por Deus, entenda que assim eu não vivo
Eu morro pensando no nosso amor




Terra de                          Segue nessa marcha triste   Anda.Teu caminho é longo      Pára no final da tarde           Mas...


ninguém
                                  Seu caminho aflito          Cheio de incerteza            Tomba já cansado                 O dia vai chegar
                                  Leva só saudade             Tudo é só pobreza             Cai um nordestino                Que o mundo vai saber
                                  E a injustiça               Tudo é só tristeza            Reza uma oração                  Não se vive sem se dar
                                  Que só lhe foi feita        Tudo é terra morta            Prá voltar um dia                Quem trabalha é que tem
Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
                                  Desde que nasceu            Onde a terra é boa            E criar coragem                  Direito de viver
Dois na Bossa 1 – 1965
Saudade do Brasil – 1980          Pelo mundo inteiro          O senhor é dono               Prá poder lutar                  Pois a terra é de
(Com Marcos Valle)                Que nada lhe deu            Não deixa passar              Pelo que é seu                   n i n g u é m
Sem Deus com a família          César Roldão Vieira
                                                                    Dois na Bossa 1 – 1965


                                                             Sapato de pobre é tamanco

     Menino das
                       laranjas
                                                               A vida não tem solução
                                                              Morada da rico é palácio
                                                             E casa de pobre é barracão


                                                                                                                         Reza
     Théo de Barros
     Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues)           Quem é pobre sempre sofre,
     Samba eu canto assim – 1965
                                                             Vive sempre a trabalhar
     Menino que vai pra feira                                                                                   Edu Lobo/Ruy Guerra
                                                                                                                  Dois na Bossa 1 – 1965
     Vender sua laranja até acabar                            Mas eu sofro só de dia,                        Samba eu canto assim – 1965
     Filho de mãe solteira
     Cuja ignorância tem que sustentar                     De noite eu vivo pra sambar                           Por amor andei já
                                                                                                                 Tanto chão e mar
     É madrugada, vai sentindo frio                                                                              Senhor já nem sei
     Porque se o cesto não voltar vazio                                                                      Se o amor não é mais
     A mãe arranja um outro prá laranja                                                                        Bastante pra vencer
     E esse filho vai ter que apanhar
                                                           A mulher de branco é esposa                    Eu já sei o que vou fazer
                                                                                                                       Meu Senhor
     Compra laranja                                        E a esposa do preto é mulher                                Uma oração
     Menino que vai pra feira
14




                                                          Mas minha mulher é só minha,              Vou cantar para ver se vai valer
     É madrugada vai sentindo frio                                                                   Laia ladaia sabadana ave-maria
     Porque se o cesto não voltar vazio                  Do branco eu nem sei se só dele é           Laia ladaia sabadana ave-maria
     A mãe arranja um outro prá laranja
     E esse filho vai ter que apanhar                                                                      Ah! meu santo defensor
                                                                                                                Traga o meu amor
     Compra laranja doutor                                    Branco fica atormentado
     Ainda dou uma de quebra pro senhor                                                              Laia ladaia sabadana ave-maria
                                                           E nem tem tempo pra pensar                Laia ladaia sabadana ave-maria
     Lá no morro a gente acorda cedo
     Que é só trabalhar                                                                                       Se é praga ou oração
     Comida é pouca e muita roupa
                                                           Mas o preto é mais que branco
                                                                                                                 Mil vezes cantarei
     Que a cidade manda pra lavar                            pra mãe d’água Iemanjá
                                                                                                     Laia ladaia sabadana ave-maria
     De madrugada ele menino                                                                         Laia ladaia sabadana ave-maria
     Acorda cedo tentando encontrar
     Um pouco pra comer, viver até crescer
     E a vida melhorar                                      A terra do dono é só dele
     Compra laranja doutor                                 E ali ninguém pode mandar
     Ainda dou uma de quebra pro senhor
                                                          Mas se eu não pegar na enxada
                                                          Não tem ninguém pra plantar

                                                   Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor
                                                   Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor.
Influência do Jazz
                                                                                             Formosa
                                             Carlos Lyra
                                  Elis no Fino da Bossa 1965-1967


                                                                                             Baden Powell/Vinícius de Morais
                                Pobre samba meu                                              Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro)
                 Foi se misturando se modernizando, e se perdeu
                        E o rebolado cadê?, não tem mais                                     Formosa, não faz assim
                    Cadê o tal gingado que mexe com a gente                                  Carinho não é ruim
                    Coitado do meu samba mudou de repente                                    Mulher que nega
                                 Influência do jazz                                          Não sabe não
                                                                                             Tem uma coisa de menos
                              Quase que morreu                                               No seu coração
             E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu
                  Que o samba balança de um lado pro outro                                   A gente nasce, a gente cresce
                     O jazz é diferente, pra frente pra trás                                 A gente quer amar
                    E o samba meio morto ficou meio torto                                    Mulher que nega
                               Influência do jazz                                            Nega o que não é para negar
                                                                                             A gente pega, a gente entrega
                          No afro-cubano, vai complicando                                    A gente quer morrer
                                   Vai pelo cano, vai


                                                                                                                                                           Discussão
                                                                                             Ninguém tem nada de bom
                          Vai entortando, vai sem descanso                                   Sem sofrer
                               Vai, sai, cai... no balanço!                                  Formosa mulher!
                                 Pobre samba meu
                                                                                                                                                           Tom Jobim/Newton Mendonça
                 Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu                                                                                             Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro)
                     Pra não ser um samba com notas demais


                                                                        Samba do avião
                   Não ser um samba torto pra frente pra trás                                                                                              Se você pretende sustentar opinião
                      Vai ter que se virar pra poder se livrar                                                                                             E discutir por discutir
                               Da influência do jazz                                                                                                       Só prá ganhar a discussão
                                                                                             Tom Jobim                                                     Eu lhe asseguro pode crer
                                                                         Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale)                                 Que quando fala o coração
                                                                                                                                                           As vezes é melhor perder


Vem Balançar
                                                                                         Eparrê,                                                           Do que ganhar, você vai ver




                                                                                                                                                                                                                15
                                                                                  Aroeira beira de mar                                                     Já percebi a confusão
                                                                              Salve Deus e Tiago e Humaitá                                                 Você quer ver prevalecer
                                                                     Eta, costão de pedra dos home brabo do mar                                            A opinião sobre a razão
Walter Santos/Tereza Souza                                                 Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar                                              Não pode ser, não pode ser
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
                                                                                                                                                           Prá quê trocar o sim por não
                                                                                    Minha alma canta                                                       Se o resultado é a solidão
Quem vem lá?
                                                                                 Vejo o Rio de Janeiro                                                     Em vez de amor
Quem vem lá?
                                                                             Estou morrendo de saudade                                                     Uma saudade vai dizer quem tem razão
                                                                              Rio, teu mar, praias sem fim
Se é de samba pode se chegar
                                                                              Rio, você foi feito pra mim
No meu samba tem sempre lugar
                                                                                    Cristo Redentor
Prá quem vem balançando


                                                                                                                                                 Devagar com a louça
                                                                          Braços abertos sobre a Guanabara
Querendo sambar
                                                                               Este samba é só porque
                                                                                 Rio, eu gosto de você
Quem vem lá?
                                                                                 A morena vai sambar
Quem vem lá?
                                                                               Seu corpo todo balançar                                           Luiz Reis/Haroldo Barbosa
                                                                              Rio de sol, de céu, de mar                                         Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares)
Se é de samba pode se chegar
                                                                    Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
No meu samba tem sempre lugar                                                                                                                    Devagar com a louça que eu conheço a moça,
                                                                                     Rio de Janeiro,
Prá quem vem balançando                                                                                                                          vai devagar moçinha, devagar ei.
                                                                                     Rio de Janeiro
Querendo sambar                                                                                                                                  Eu conheço a moça, devagar com a louça,
                                                                                     Rio de Janeiro,
                                                                                     Rio de Janeiro                                              vai devagar, prá não errar.
Pra quem                                                                                                                                         Devagar com a louça que eu conheço a moça,
                                                                                    Cristo Redentor
Traga o samba redondinho,                                                                                                                        vai devagar.
                                                                          Braços abertos sobre a Guanabara
bem certinho assim                                                                                                                               E eu conheço a moça, devagar com a louça.
                                                                               Este samba é só porque
todinho solto                                                                                                                                    Vai, prá não errar.
                                                                                 Rio, eu gosto de você
                                                                                 A morena vai sambar
Mas não venha contando mentira rapaz                                                                                                             Ela é mais enrolada do que linha em carretel,
                                                                               Seu corpo todo balançar
Não ponha no meu samba tão fácil demais                                                                                                          ja viu, mais você nessa jogada, hehe, vira bola de papel.
                                                                             Aperte o cinto, vamos chegar
                                                                         Água brilhando, olha a pista chegando                                   Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné.
                                                                                      E vamos nós                                                Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..'
                                                                                        Aterrar
Bocochê
                                                           Amor em paz                                                                            Baden Powell/Vinícius de Moraes
                                                                                                                                                  Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell)
                                                           Tom Jobim/Vinícius de Moraes
                                                           Elis no Fino da Bossa 1965-1967
                                                                                                                                                  Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai


                        Mulata
                                                                                                                                                  Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai
                                                           Eu amei
                                                                                                                                                  Vou procurar o meu lindo amor


                     Assanhada
                                                           E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar
                                                                                                                                                  No fundo do mar
                                                           E chorei
                                                                                                                                                  Vou procurar o meu lindo amor
                                                           Ao sentir que iria sofrer e me desesperar
                                                                                                                                                  No fundo do mar
                                       Ataulfo Alves       Foi então
                                                                                                                                                  Nhem, nhem, nhem
     Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves)   Que da minha infinita tristeza aconteceu você
                                                                                                                                                  É onda que vai
                                                           Encontrei
                         Ô, mulata assanhada                                                                                                      Nhem, nhem, nhem
                                                           Em você a razão de viver e de amar em paz
                        Que passa com graça                                                                                                       É onda que vem
                                                           E não sofrer mais
                              Fazendo pirraça                                                                                                     Nhem, nhem, nhem
                                                           Nunca mais
                            Fingindo inocente                                                                                                     Tristeza que vai
                                                           Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz
                  Tirando o sossego da gente!                                                                                                     Nhem, nhem, nhem
                                                                                                                                                  Tristeza que vem
                                                           O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
                    Ah! Mulata se eu pudesse
                      E se meu dinheiro desse                                                                                                     Foi e nunca mais voltou
                        Eu te dava sem pensar                                                                                                     Nunca mais! Nunca mais
                 Esta terra, este céu, este mar                                                                                                   Triste, triste me deixou
                      E ela finge que não sabe
                                                                                                                                                          Nhem, nhem, nhem


                                                                         Agora Ninguém Chora Mais
                    Que tem feitiço no olhar!
                                                                                                                                                          É onda que vai
                  Ai, meu Deus, que bom seria                                                                                                             Nhem, nhem, nhem
                       Se voltasse a escravidão                                                                                                           É a vida que vem
                         Eu pegava a escurinha                                                                                              Jorge Ben Nhem, nhem, nhem
                  E prendia no meu coração!...                                                Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho) É a vida que vai
                            E depois a pretoria                                                                                                           Nhem, nhem, nhem
16




                             Resolvia aquestão!                                                                              Chorava todo mundo Não volta ninguém
                                                                                                                   Mas agora ninguém chora mais
                                                                                                                           Chora mais, chora mais Menina bonita, não vá para o mar
                                                                                                                             Chorava todo mundo Menina bonita, não vá para o mar
                                                                                                                   Mas agora ninguém chora mais
                                                                                                                                          Chora mais Vou me casar com o meu lindo amor
                                                                                                                                             ô, ô, ô, ô No fundo do mar
                                                                                                                                                          Vou me casar com o meu lindo amor


                        Mas Que Nada
                                                                                                                         Chorava mãe, chorava pai No fundo do mar
                                                                                                                                Na hora da partida
                                                                                                                                Mas era uma beleza Nhem, nhem, nhem
                                                                                                                                 Em vez de tristeza É onda que vai
                                             Jorge Ben
                                 Elis no Fino da Bossa 1965-1967                                                                Mas era uma beleza Nhem, nhem, nhem
                                                                                                                                 Em vez de tristeza É onda que vem
                                     Mas, que nada                                                                                           ô, ô, ô, ô Nhem, nhem, nhem
                                  Sai da minha frente                                                                    Chorava mãe, chorava pai É a vida que vai
                                 Que eu quero passar                                                                         Chorava todo mundo Nhem, nhem, nhem
                              Pois o samba está animado                                                            Mas agora ninguém chora mais Não volta ninguém
                              E o que eu quero é sambar
                                      Este samba                                                                   Mas pois o menino voltou       Menina bonita que foi para o mar
                               Que é misto de maracatu                                                         Voltou homem, voltou doutor        Menina bonita que foi para o mar
                                É samba de preto velho                                                            Menino que é bom não cai        Dorme, meu bem
                                   Samba de preto tu                                                            Pois já nasceu com a estrela      Que você também é Iemanjá
                                     Mas, que nada                                                                      E sempre a mente sã       Dorme, meu bem
                             Um samba como esse tão legal                                                         Menino que é bom não cai        Que você também é Iemanjá
                                  Você não vai querer                                                               Pois é protegido de Iansã
                                Que eu chegue no final
                                                                                                                      Chorava todo mundo
                                                                                                              Mas agora ninguém chora mais
                                                                                                                    Chora mais, chora mais
Telefone
                             Falsa Baiana
                                                                                                      Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
                                                                                                 Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas)

                                                                                         Plém plém plém plém plém plém plém plém plém
                                                  Geraldo Pereira
                Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal)                                          Plém plém
                                                                                                       Ocupado pela décima vez
           Baiana que entra no samba e só fica parada                                                         Plém plém
            Não samba, não dança, não bole nem nada                                                   Telefono e não consigo falar
                   Não sabe deixar a mocidade louca                                                           Plém plém
      Baiana é aquela que entra no samba de qualquer                                           Estou ouvindo há muito mais de um mês
                                             maneira                                                          Plém plém
                Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras                                              Já começa quando eu penso discar
                Deixando a moçada com água na boca
                                                                                                        Eu já estou desconfiado
                  A falsa baiana quando entra no samba                                             Que ela deu meu telefone prá mim
             Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
                Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba                                                        Plém plém
                                    Salve a Bahia, senhor                                         E dizer que a vida inteira esperei
                  Mas a gente gosta quando uma baiana                                                         Plém plém



                                                                                                                                                     Somewhere
                     Samba direitinho, de cima embaixo                                          Que dei duro e me matei prá encontrar
                              Revira os olhinhos dizendo                                                      Plém plém
                            Eu sou fiilha de São Salvador                                         Toda a lista quase que eu decorei
                                                                                                              Plém plém
                                                                                                   Dia e noite não parei de discar                   Stephen Sondheim/Leonard Bernstein
                                                                                                                                                     Elis no Fino da Bossa 1965-1967
                                                                                                         E só vendo com que jeito
                                                                                                                                                     There's a place for us


Eu só queria saber
                                                                                                             Pedia prá eu ligar
                                                                                                           Plém plém plém plém                       Somewhere a place for us
                                                                                                          Não entendo mais nada                      Peace and quiet and open air
                                                                                                        Prá que é que eu fui topar?                  Wait for us
                         Miriam Ribeiro/Vera Brasil
                                                                                                                                                     Somewhere




                                                                                                                                                                                             17
  Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares)                                                   Trimm trimm
                                                                                                  Não me diga que agora atendeu                      There's a time for us
                            Eu só queria ser                                                Será que eu… eu consegui? Agora encontrar?               Some day a time for us
                     Um só dos teus anseios                                                           O moço atendeu… alô!                           Time together and time to spare
                            Eu só queria ser                                                                                                         Time to look, time to care
                   Um só dos teus momentos                                                                                                           Someday
                            Eu só queria ser                                                                                                         Somewhere
                                Dentro de ti
                                                                                                                                                     We'll find a new way of living


                                                          Se acaso você chegasse
                            A brisa que passou                                                                                                       We'll find there's a way of forgiving
                       Uma canção me trouxe                                                                                                          Somewhere
                            A brisa que passou
                      Passou e não me trouxe              Felisberto Martins/Lupicínio Rodrigues                                                     There's a place for us
                      O sol de um meigo olhar             Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues)                         A time and place for us
                                  Na escuridão                                                                                                       Hold my hand and we're halfway there
                                               Se acaso você chegasse                                                                                Hold my hand and I'll take you there
                              Só nesta solidão No meu chatô e encontrasse                                                                            Somehow
                         Sofre o meu coração Aquela mulher                                                                                           Someday
                 Cativo da canção que passou Que você gostou                                                                                         Somewhere
                                               Será que tinha coragem
                              Eu só queria ser De trocar nossa amizade                                                                               There's a place for us
                      Um só dos teus anseios Por ela que já                                                                                          Hold my hand and we're halfway there
                              Eu só queria ser Lhe abandonou?                                                                                        Hold my hand and I'll take you there
                  Um só dos teus momentos                                                                                                            Somehow
                              Eu só queria ser Eu falo porque essa dona                                                                              Someday
                                 Dentro de ti Já mora no meu barraco                                                                                 Somewhere
                                               À beira de um regato
                                               E um bosque em flor
                                               De dia me lava a roupa
                                               De noite me beija a boca
                                               E assim nós vamos
                                               Vivendo de amor
Zambi             Edu Lobo/Vinícius de Morais
                             O fino do fino – 1965




                 É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
                          É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...


      Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor.


        É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
      É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
18




         Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão.


       Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi...
           E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão.


     Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão.


           É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor.


                       É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
                  Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Esse mundo é meu
                                  Sergio Ricardo/Ruy Guerra
                                              O fino do Fino – 1965
                                  Elis no Fino da Bossa 1965-1967
                                                                                                          Té o sol raiar                       (Tempo feliz)
                                                                                                          Baden Powell/Vinícius de Morais
                                         Esse mundo é meu                                                 O fino do Fino – 1965

                                         Esse mundo é meu
                                                                                                          Feliz o tempo que passou, passou
                                                                                                          Tempo tão cheio de recordações
                             Fui escravo no reino e sou
                                                                                                          Tantas canções ele deixou,deixou
                       Escravo no mundo em que estou
                                                                                                          Trazendo paz a tantos corações
                   Mas acorrentado ninguém pode amar
                                                                                                          Que sons mais lindos tinha pelo ar
             Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua
                                                                                                          Quanta alegria de viver
                            Cade o despacho pra acabá
                                                                                                          Ah, meu amor, que tristeza me dá
                             Santo guerrero da floresta
                                                                                                          Vendo o dia querendo amanhecer
                  Se você nao vem eu mesma vou brigá
                                                                                                          E ninguem cantar
                  Se voce nao vem eu mesma vou brigá



                                                                      Resolução
                                                                                                          Mas meu bem
                                Escravo do reino e sou
                                                                                                          Deixa estar
                       Escravo do mundo em que estou
                                                                                                          Tempo vai, tempo vem
                   Mas acorrentado ninguém pode amar
                                                                                                          E quando um dia esse tempo voltar
                                                                      Edu Lobo/Lula Freire                Eu nem quero pensar o que vai ser
             Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua O fino do Fino – 1965
                                                                                                          Até o sol raiar
                            Cade o despacho pra acabá Samba eu canto assim – 1965
                             Santo guerrero da floresta
                  Se você nao vem eu mesma vou brigá
                   Se voce nao vem eu mesma vou ficar É, vou contar o que há.
                                                        É tempo de dizer quem sou
                                                        Sim. Eu cansei de lutar
                                                        E agora quero descansar




                                                                                                                                                               19
Canção do amanhecer
                                                                      Tanto eu esperei para vencer
                                                                      E agora vejo que perder
                                                                      Nada mais é do que cansar
            Edu Lobo/Vinícius de Morais
                      O fino do fino – 1965                           Eu cansei e perdi
                                                                      Em tanta coisa acreditei
                                  Ouve                                Se ninguém viu o que eu vi
            Fecha os olhos, meu amor                                  Ninguém sabe mais do que eu sei
                          É noite ainda
                          Que silêncio!                               Mas se a esperança vai me deixar
                             E nós dois                               E nem mais vou saber chorar
                Na tristeza de depois                                 Nem sorrir sem amor para dar
                         A contemplar
               O grande céu do adeus                                  Não. É preciso não morrer
                                    Ah!                               É preciso decidir de uma vez
                        Não existe paz                                O que é pra fazer
               Quando o adeus existe
          E é tão triste o nosso amor                                 Ou viver ou morrer
                       Ah! Vem comigo                                 Há tanto para se fazer
                            Em silêncio                               Ou viver ou morrer
                             Vem olhar                                Há tanto para se fazer
                Esta noite amanhecer
                               Iluminar                               Todas as canções que eu já cantei
        Os nossos passos tão sozinhos                                 Agora tem de me valer
                   Todos os caminhos                                  E me fazer acreditar
                    Todos os carinhos
            Vem raiando a madrugada                                   Que é preciso viver
                        Música no céu!                                E o resto é só deixar pra lá
                                                                      E, mesmo só, vou seguir
                                                                      E nada me fará mudar
Chegança Amor demais
             Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho       Silvio César/Ed Lincoln
                          O fino do Fino – 1965   O fino do Fino – 1965

             Estamos    chegando daqui e dali     A canção é o lamento do amor demais
      E de todo lugar   que se tem pra partir     Quem chorou
             Estamos    chegando daqui e dali     Quem sofreu



                                                                                            Maria do Maranhão
      E de todo lugar   que se tem pra partir     Quem perdeu a paz

                     Trazendo na chegança         Venho dizer
                   Foice velha, mulher nova       Na canção
                E uma quadra de esperança         O que chorou
                                                                                              Carlos Lyra/Nelson L. de Barros
                E uma quadra de esperança         Seu coração                                 Samba eu canto assim – 1965

                  Ah, se viver fosse chegar Vem                                               Maria, pobre Maria
                  Ah, se viver fosse chegar A noite é linda                                   Maria do Maranhão
                                            Vem cantar                                        Que vive por onde anda
          Chegar sem parar, parar pra casar                                                   E anda de pé no chão
                 Casar e os filhos espalhar Vem
           Por um mundo num tal de rodar Toda tristeza                                        Maria desceu escada
           Por um mundo num tal de rodar Vai passar                                           Atravessou o país
                                                                                              Procurava muito pouco
                                                  Só assim tu terás                           Muito pouco ser feliz
                                                  Amor sem fim
                                                  Amor demais                                 Nem feliz queria ser




           maior
        Por um amor
                                                                                              Que feliz não pode ser
                                                                                              Quem anda pelas estradas
                                                                                              Atravessando o país

                                                                                              Maria, pobre Maria
                                                                                              Maria do Maranhão
                                                                                              Que vive por onde anda
           Francis Hime/Ruy Guerra
                                                           João Valentão é brigão             E anda de pé no chão
20




           Samba eu canto assim – 1965
                                                               Pra dar bofetão
            Vim, eu vim te dizer                   Não presta atenção e nem pensa na vida     Maria seguiu estrada
             Eu vim te lembrar                              A todos João intimida             A estrada de uma estrela
      Que a vida não é só tristeza e dor               Faz coisas que até Deus duvida         Maria não viu a estrela
                                                       Mas tem seu momento na vida            Maria é só na estrada


                                                                                                                                Sou sem paz
       É pobre quem tem medo de falar
              O mundo que quer                          É quando o sol vai quebrando          Mas muita gente seguiu
     E depois não dá o amor que guardou             Lá pro fim do mundo pra noite chegar      A estrela que ela não viu
                                                         É quando se ouve mais forte          E vai dizer pra maria
             Sim, eu vim te dizer                    O ronco das ondas na beira do mar        Que tudo tem solução              Adilson Godoy
                                                                                                                                Samba eu canto assim – 1965
                Eu vim te falar                       É quando o cansaço da lida da vida
          Que o amor pra ser bom                            Obriga João descansar             Até mesmo pra Maria
                                                                                                                                Tento em mim seu amor
            Pra não ser qualquer                        É quando a morena se enrosca          Maria do Maranhão
                                                                                                                                Nasceu como uma flor cantando bem
        Precisa gritar a força que tem                        Do lado da gente                Que vive por onde anda
                                                                                                                                E ninguém jamais amou assim
               De tudo mudar                                  Querendo agradar                E anda de pé no chão
                                                                                                                                Nunca assim
              Vem, meu amor                                  Se a noite é de lua                                                Sofro sem tudo em mim
           Vem, que amar é vencer                     A vontade é de contar mentira                                             É só tristeza e dor
             Mas amar é também                               É de se espreguiçar                                                É só você e a felicidade que se foi
                                                       É de se deitar na areia da praia                                         Que se foi
           Gente que vai e vem                            Que acaba onde a vista
          Gente que também quer                              Não pode alcançar                                                  Você fugiu de mim
          Ver este mundo melhor                       E assim adormece esse homem                                               E triste, amor, eu canto assim
                                                    Que nunca precisa dormir pra sonhar                                         E a saudade em mim
             Que o povo é assim                       Porque não há sonho mais lindo
               E dá o que tem                             Do que sua terra, não há                                              Volte então, sou sem paz
              É o povo que faz                                                                                                  Com o seu amor e a felicidade que virá




                                                  João Valentão
                A vida maior                                     Dorival Caymmi
                                                                                                                                Que virá
                                                             Samba eu canto assim – 1965
Consolação/Berimbau/Tem dó
                                                                 Baden Powell/Vinícius de Morais
                                                                    Samba eu canto assim – 1965




                                                                                                                            Saveiros
                                                                    Se não tivesse o amor
                                                                    Se não tivesse essa dor
                                                                   E se não tivesse o sofrer
                                                                   E se não tivesse o chorar
                                                                                                                            Dory Caymmi/Nelson Motta
                                                                               …                                            Compacto duplo – 1966


                                                                     Capoeira me mandou                                     Nem bem a noite terminou


Eternidade
                                                                     Dizer que já chegou                                    Vão os saveiros para o mar
                                                                      Chegou para lutar                                     Levam no dia que amanhece
                                                                                                                            As mesmas esperanças
                                                                    Berimbau me confirmou                                   Do dia que passou
Luiz Chaves/Adilson Godoy
                                                                     Vai ter briga de amor                                  Quantos partiram de manhã
Samba eu canto assim – 1965
                                                                        Tristeza camará                                     Quem sabe quantos vão voltar
                                                                                                                            Só quando o sol descansar,
Se ele é mais que céu
                                                                               …                                            E se os ventos deixarem,
É mais que luz
                                                                                                                            Os barcos vão voltar
É mais que amor
                                                                       Ah! Tem dó                                           Quantas histórias pra contar
                                                         Quem viveu junto não pode nunca viver só                           E em cada vela que aparece
Sinto o infinito
                                                                       Ah! Tem dó                                           Um canto de alegria
Da paz que vem
                                                        Mesmo porque você não vai ter coisa melhor                          De quem venceu no mar
Nascendo em mim

E sinto, enfim                                                     Não me venha achar ruim
Que é mais que tudo                                             Porque você me conheceu assim


                                                                                                     Aleluia
É mais que o mundo                                                  Me diga agora, ora, ora
Me ensinou                                                      Não foi assim que você gamou?

Paz que eu tanto amei, chorando                                     Você sabe muito bem
                                                                                                     Edu Lobo/Ruy Guerra
Não, não se vá                                                  Que mesmosendo louca, assim          Samba eu canto assim – 1965
Nossa eternidade                                                        Gamei também




                                                                                                                                                           21
                                                                                                     Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo)
Que sempre sonhei                                                  Me diga agora, ora, ora
Nasceu no que sou                                           Será que alguém não foi quem mudou?      Barco deitado na areia
                                                                                                     Não dá pra viver, não dá
Sim, é mais que tudo                                                                                 Lua bonita sozinha
                                                                                                     Não faz o amor, não faz


                                  Último canto
É mais que o mundo
Me ensinou
                                                                                                     Toma decisão, aleluia!
                                                                                                     Que um dia o céu vai mudar
                                  Francis Hime/Ruy Guerra                                            Quem viveu a vida da gente
                                  Samba eu canto assim – 1965                                        Tem que se arriscar

                                  Vou acender uma vela                                               Amanhã é teu dia
                                  Vou só cantar o meu canto                                          Amanhã é teu mar, teu mar
                                  E vou cantar da maneira                                            E se o vento da terra
                                  A mais singela                                                     Que traz teu amor, já vem

                                  E só depois                                                        Toma decisão, aleluia!
                                  Vou te esquecer                                                    Lança o teu saveiro no mar
                                  E só depois                                                        Beabá de pesca é coragem
                                  Vou te esquecer                                                    Ganha o teu lugar

                                  Vou acender uma vela                                               Mesmo com a morte esperando
                                  Vou só chorar o meu pranto                                         Eu me largo pro mar, eu vou
                                  E vou chorar da maneira                                            Tudo o que sei é viver
                                  A mais singela                                                     E vivendo é que eu vou morrer

                                  E só depois                                                        Toma decisão, tá na hora!
                                  Quero esquecer                                                     Que um dia o céu vai mudar
                                                                                                     Quem não tem mais nada a perder
                                  Quando um amor acaba em pranto                                     Só vai poder ganhar
                                  É o mesmo que alguém morrer
                                  Vou acender esta vela
                                  Que é por mim e é por ela
Ensaio geral
                                                                                                                     Gilberto Gil



                                                          Jogo de roda
                                                                                                             Compacto duplo – 1966


                                                                                                      O Rancho do Novo Dia
                                                                                                       O Cordão da Liberdade
                                                          Edu Lobo/Ruy Guerra                          E o Bloco da Mocidade
                                                          Compacto duplo – 1966
                                                                                                           Vão sair no carnaval
                                                                                                              É preciso ir à rua
                                                          É ô lê, é hora
                                                                                                        Esperar pela passagem
                                                          É ô lê, de roda
                                                                                                        É preciso ter coragem
                                                                                                           E aplaudir o pessoal
                                                          Jogo a vida
                                                                                                      O Rancho do Novo Dia
                                                          Jogo a tarde
                                                                                                 Vem com mais de mil pastoras
                                                          Jogo a faca e a razão
                                                                                                         Todas elas detentoras
                                                          Jogo o mundo à sua sorte
                                                                                                      De um sorriso sem igual
                                                          E a mentira eu jogo ao chão
                                                                                                       O Cordão da Liberdade



                        Canto triste
                                                                                                         Ensaiado com carinho
                                                          A roda vai rodar
                                                                                                          Pelo Zé Redemoinho
                                                          E eu jogo o meu amor então
                                                                                                            Pelo Chico Vendaval
                                                          E se eu puder
                                                                                                          Oh, que linda fantasia
                                                          Entro na roda e vou rodar também
                          Edu Lobo/Vinícius de Morais                                                  Do Bloco da Mocidade
                                  Compacto duplo – 1966                                                    Colorida de ousadia
                                                          Gira a roda
                                                                                                        Costurada de amizade
     Porque sempre foste a primavera em minha vida        Roda o tempo
                                                                                                      Vai ser lindo ver o bloco
                                       Volta pra mim      Nasce um samba em minha mão
                                                                                                            Desfilar pela cidade
                 Desponta novamente no meu canto          Olho a praia
                                                                                                         Minha gente, vamos lá
           Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais      Chamo o vento
                                                                                                           Nossa turma vai sair
                         Há quanto tempo faz partiste     Abro os braços e a canção
                                                                                                      Nossa escola vai sambar
        Como a primavera que também te viu partir                                                   Vai cantar pra gente ouvir
                                Sem um adeus sequer       Eu sei aonde estou
                                                                                                           Tá na hora, vamos lá
                    E nada existe mais em minha vida      E sei onde é que eu quero ir
                                                                                                           Carnaval é pra valer
                                                          E quem quiser
22




        Como um carinho teu, como um silêncio teu                                                   Nossa turma é da verdade
                    Lembro um sorriso teu tão triste      Entre na roda e vá rodar também
                                                                                                        E a verdade vai vencer
      Ah, Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu
               Onde se esconde a minha bem-amada          Ó, meu amor
                              Onde a minha namorada       O mundo assim não pode ser
       Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço      É só tristeza e noite pra se ver
                                         Peço apenas      Sozinha estou num mundo


                                                                                                                  Rosa morena
           Que ela lembre as nossas horas de poesia       Em que o mal é rei
                                 Das noites de paixão     Mas o meu canto vem fora de lei
                E diz-lhe da saudade em que me viste
                        Que estou sozinho e só existe     Ó, meu amor
                                     Meu canto triste     Vem prá perto de mim cantar                             Dorival Caymmi/Antônio de Almeida
                                                                                                                  Compacto simples – 1966
                                           Na solidão     Que nessa roda a dor vai se entregar
                                                          A minha voz é fraca
                                                                                                                  Rosa morena
                                                          Mas em meu olhar
                                                                                                                  Onde vais morena rosa
                                                          O novo mundo roda sem parar
                                                                                                                  Com essa rosa no cabelo
                                                          Sem parar
                                                                                                                  E esse andar de moça prosa
                                                          Sem parar
                                                                                                                  Morena, morena rosa
                                                          A rodar
                                                          A rodar
                                                                                                                  Rosa morena o samba está esperando
                                                          A rodar
                                                                                                                  Esperando p’rá te ver
                                                                                                                  Deixa de lado essa coisa de dengosa
                                                          E assim tenho um norte
                                                                                                                  Anda rosa, vem me ver
                                                          Tenho a vida
                                                          Tenho um samba de cordão
                                                                                                                  Deixa de lado essa pose
                                                          Tenho a noite já vencida
                                                                                                                  Vem pro samba, vem sambar
                                                          Na palma de minha mão
                                                                                                                  Que o pessoal está cansado de esperar
                                                          Meu samba já chegou
                                                          Tanta tristeza quer também
                                                          E o teu amor
                                                          Samba na roda do meu coração
Canto de Ossanha
        Baden Powell/Vinícius de Morais
        Compacto simples – 1966
        Dois na bossa 2 – 1966
        Elis, como e porque – 1969
        Aquarela do Brasil – 1969



     O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz
  O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis
  O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"
    O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer
   Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
            Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
       Vai, vai, vai, vai, não vou
               Vai, vai, vai, vai, não vou
             Vai, vai, vai, vai, não vou
                    Vai, vai, vai, vai... não                   vou!
                            Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer




                                                                                   23
                                       a tristeza de um amor que passou
         Não         , eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
                                       na manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
  Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
       Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
 Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
                  Vai, vai, vai, vai,     amar sofrer
                                    Vai, vai, vai,
                  Vai, vai, vai, vai,     chorar dizer
                                      Vai, vai, vai,
              due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
                                     a tristeza de um amor que passou
           Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
                                  na manhã de um novo amor
Poutpourri de
                                                                                                           Louvação
                                         introdução
     SAMBA DE MUDAR                                                                                        Gilberto Gil/Torquato Neto
     (Geraldo Vandré)                                                                                      Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)

     Samba eu canto assim
     Samba eu faço asism
                                                                                                           Vou fazer a louvação
                                                                                                           Louvação, louvação

     Só quem sofreu
                                                                                                           Do que deve ser louvado

     Quem chorou
                                                                                                           Ser louvado, ser louvado
                                         Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
     Meu samba vai ouvir
                                                                                                           Meu povo, preste atenção

     Meu samba vai cantar
                                                                                                           Atenção, atenção
                                                                                                           Repare se estou errado
                                                                            SAMBA DE MUDAR
     Só na tristeza e na dor                                                           (Geraldo Vandré)
     Alguém pode entender
                                                                                                           Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.

     Que a dor vai se acabar                                                    Só quem sofreu
     E assim somente                                                             Quem chorou
                                                                                                           E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior.

                                                                            Meu samba vai ouvir
                                                                                                           Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor.

                                                                           Meu samba vai cantar
                                                                                                           Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança!
     NÃO ME DIGA ADEUS
     (Paquito/L. Soberano/J. C. Silva)
                                                                         Só na tristeza e na dor
                                                                                                           Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar.

     Não                                                                Alguém pode entender
                                                                                                           Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar.

     Não me diga adeus                                                  Que a dor vai se acabar
                                                                                                           Que só espera sentado quem se acha conformado.

     Pense nos sofrimentos meus                                                E assim somente             Vou fazendo a louvação

     VOLTA POR CIMA                                   ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM
                                                                                                           Louvação, louvação
                                                                                                           Do que deve ser louvado
     (Paulo Vanzolini)                                                                 (Sérgio Ricardo)    Ser louvado, ser louvado
     Ali onde eu chorei                                                   Por isso canta, canta
                                                                                                           Quem 'tiver me escutando
     Qualquer um chorava                                             Nasceu uma rosa na favela
                                                                                                           Atenção, atenção
     Dar a volta por cima que eu dei                                              Canta, canta
                                                                                                           Que me escute com cuidado
     Quero ver quem dava                                             Nasceu uma rosa na favela             Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
     O NEGUINHO E A SENHORITA                                                           CARNAVAL
24




     (Noel Rosa/A. da Silva)
                                                                                                           Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é.
                                                                             (D. Ferreira/Ataulfo Alves)
                                                                                                           Louvo a força do homem e a beleza da mulher.
     Eu gostei da filha da madame                                                     Lê lê lê
                                                                                                           Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra.
     Que nós tratamos de sinhá                                      A rainha do samba chegou
                                                                                      Lê lê lê
                                                                                                           Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer.
     A sinhazinha também gostou do neguinho                        O batuque do nêgo enfezou
                                                                                                           Louvo a vida merecida de quem morre pra viver.
     O crioulinho não tem dinheiro pra gastar
                                                                                                           Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer.
                                                                       NA GINGA DO SAMBA
     Mas a madame tem preconceito de cor                                                 (Ataulfo Alves)
                                                                                                           Vou fazendo a louvação
                                                                                                           Louvação, louvação
     E DAÍ                                          É na ginga bonita que o samba tem                      Do que deve ser louvado
     (Miguel Gustavo)                     Quem não tem ginga, no samba não se dá bem                       Ser louvado, ser louvado
                                                                                                           De todos peço atenção
     Proibiram que eu te amasse                                GUARDA A SANDÁLIA DELA                      Atenção, atenção
     Proibiram que eu te visse                                              (Sereno/Germano Mathias)       Falo de peito lavado
     Proibiram que eu saisse
     E perguntasse a alguém por ti                                  Guarda a sandália dela                 Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
                                                     Que o samba sem ela não pode ficar
     Proibiram tudo                                                  Diga também pra ela                   Louvo a casa onde se mora de junto da companheira.
     Proibam muito mais!                            Que a escola sem ela não pode sambar                   Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira.
     Preguem avisos!                                                                                       Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera.
     Fechem portas!                                                         SAMBA DE MUDAR
     Ponham guizos!                                                                    (Geraldo Vandré)    Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar.
     Nosso amor perguntará,
                                                                                                           Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar.
     E daí?                                                  Porque o samba é o samba bom                  O dia certo e preciso de toda a gente cantar.
                                                                            O samba é meu
                                                                              Da nossa dor                 E assim fiz a louvação
                                                                      É um samba de sofrer                 Louvação, louvação
                                                                          Samba de querer                  Do que vi pra ser louvado
                                                                                Samba de...                Ser louvado, ser louvado
                                                                           Samba de mudar                  Se me ouviram com atenção
                                                                                                           Atenção, atenção
                                                                                                           Saberão se estive errado

                                                                                                           Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado.
Amor até o fim
                                    Upa, neguinho
                                                                                       Gilberto Gil
                                                                                       Dois na bossa 2 – 1966
                                                                                       Montreaux Jazz Festival – 1982

                                    Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri                   Amor não tem que se acabar
                                    Dois na bossa 2 – 1966                             Eu quero e sei que vou ficar
                                    Compacto simples – 1968
                                    Elis especial – 1968                               Até o fim eu vou te amar
                                    Elis Regina in London – 1969                       Até que a vida em mim resolva se apagar
                                    Montreaux Jazz Festival – 1982
                                                                                       O amor é como a rosa num jardim
                                    Upa, neguinho na estrada                           A gente cuida, a gente olha
                                    Upa, pra lá e pra cá                               A gente deixa o sol bater
                                    Virge, que coisa mais linda!                       Pra crescer, pra crescer
                                    Upa, neguinho começando a andá
                                    Começando a andá, começando a andá                 A rosa do amor tem sempre que crescer
                                                                                       A rosa do amor não vai despetalar
                                    E já começa a apanhá                               Pra quem cuida bem da rosa
                                                                                       Pra quem sabe cultivar
                                    Cresce, neguinho e me abraça
                                    Cresce e me ensina a cantá                         Amor não tem que se acabar
                                    Eu vim de tanta desgraça                           Até o fim da minha vida eu vou te amar
                                    Mas muito te posso ensiná                          Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar
                                                                                       Até o fim da minha vida eu vou te amar
                                    Capoeira, posso ensiná                             Eu sei que o amor não tem que se apagar
                                    Ziquizira, posso tirá
                                    Valentia, posso emprestá



Tristeza que
                                    Mas liberdade só posso esperá




                                                                                                         Pra dizer adeus
                                    Patá tá tri


       se foi
                                    Tri tri tri
                                    Trá trá trá




                                                                                                                                                25
                 Adilson Godoy




                                                           Samba
           Dois na bossa 2 – 1966                                                                             Edu Lobo/Torquato Neto
                                                                                                              Elis – 1966
     Toda tristeza já passou                                                                                  Elis no Fino da Bossa 1965-1967




                                                             em
     E agora um novo amor
               vem surgindo                                                                                     Adeus
                    Sorrindo                                                                                    Vou pra não voltar




                                                            paz
                                                                                                                E onde quer que eu vá
Por isso bem feliz eu sei que                                                                                   Sei que vou sozinha
      Toda tristeza já passou
 E que agora um novo amor                                                                                           Tão sozinha amor
               Vem surgindo                                                                                         Nem é bom pensar
                     Sorrindo                                                                                       Que eu não volto mais
                                                                                                                    Desse meu caminho
               Por isso vou
                                                                Caetano Veloso
        Vou cantando agora                                        Elis – 1966
                                                                                                              Ah, pena eu não saber
         Vou levando agora                                                                                    Como te contar
 A beleza de um novo amor                                    O samba vai vencer                               Que o amor foi tanto
            Que me nasceu                                  Quando o povo perceber                             E no entanto eu queria dizer
                                                           Que é o dono da jogada
        Vou cantando agora                                                                                                    Vem
         Vou levando agora                                   O samba vai crescer                                         Eu só sei dizer
              Felicidade só                                  Pelas ruas vai correr                                            Vem
                                                             Uma grande batucada                                        Nem que seja só
                                                                                                                        Prá dizer adeus
                                                           Samba não vai chorar mais
                                                             Toda gente vai cantar
                                                              O mundo vai mudar

                                                             E o povo vai cantar
                                                           Um grande samba em paz
Meu povo, preste atenção
                                                                Na roda que eu te fiz
                                                          Quero mostrar a quem vem
                                                     Aquilo que o povo diz
                                                 Posso falar, pois eu sei
                                             Eu tiro os outros por mim
                                          Quando almoço, não janto
                                       E quando canto é assim

                                 Agora vou divertir
                               Agora vou começar
                            Quero ver quem vai sair
                           Quero ver quem vai ficar
                         Não é obrigado a me ouvir
                        Quem não quiser escutar

                      Quem tem dinheiro no mundo
                    Quanto mais tem, quer ganhar
                   E a gente que não tem nada
                                                                                                                                Lunik 9                                  Gilberto Gil
                                                                                                                                                                            Elis – 1966
                 Fica pior do que está                                                                                                                Elis no Fino da Bossa 1965-1967
                Seu moço, tenha vergonha
              Acabe a descaração                                                                                                       Poetas, seresteiros, namorados, correi
             Deixe o dinheiro do pobre                                                                                                 É chegada a hora de escrever e cantar




                                         Roda
            E roube outro ladrão                                                                                                          Talvez as derradeiras noites de luar
          Agora vou divertir                                                                      Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
         Agora vou prosseguir
        Quero ver quem vai ficar                                                                        Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
        Quero ver quem vai sair                                                                                                                          Sei lá que mais
       Não é obrigado a escutar
       Quem não quiser me ouvir                                                                                                                                    Ah, sim!
                                                                                                                  Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
      Se morre o rico e o pobre                                                                                                     E em tudo o início dos tempos do além
      Enterre o rico e eu                                                                                                          Em cada consciência, em todos os confins
     Quero ver quem que separa
                                                                                                                                        Da nova guerra ouvem-se os clarins
     O pó do rico do meu
     Se lá embaixo há igualdade
     Aqui em cima há de haver                                                                                                              Guerra diferente das tradicionais,
     Quem quer ser mais do que é                                                                                                 Guerra de astronautas nos espaços siderais
     Um dia há de sofrer                                                                                                                 E tudo isso em meio às discussões,
26




                                                                                                                                                                         já!
                                                                                                                                                 Muitos palpites, mil opiniões
     Agora vou divertir                                                                                                         Um fato só já existe que ninguém pode negar



                                                                                                                                                        1...
                                                Gilberto Gil/João Augusto
     Agora vou prosseguir


                                                                                                                                    3... 2...
                                                Elis – 1966
     Quero ver quem vai ficar
     Quero ver quem vai sair
                                                                                                                      5... 4...
      Não é obrigado a escutar
      Quem não quiser me ouvir                                                                         7...     6..
       Seu moço, tenha cuidado
        Com sua exploração                                                                                                E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi
        Se não lhe dou de presente                                                                                            Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi
         A sua cova no chão                                                                                   Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
          Quero ver quem vai dizer
          Quero ver quem vai mentir                                                                                                                A lua foi alcançada afinal,
           Quero ver quem vai negar                                                                                         Muito bem, confesso que estou contente também
            Aquilo que eu disse aqui

              Agora vou divertir                                                                                                  A mim me resta disso tudo uma tristeza só
               Agora vou terminar                                                                                        Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção
                Quero ver quem vai sair                                                                                                      O que será do verso sem luar?
                 Quero ver quem vai ficar                                                                                              O que será do mar, da flor, do violão?
                   Não é obrigado a me ouvir                                                                                              Tenho pensado tanto, mas nem sei
                     Quem não quiser escutar
                                                                                                                                       Poetas, seresteiros, namorados, correi
                         Agora vou terminar                                                                                            É chegada a hora de escrever e cantar
                          Agora vou discorrer
                            Quem sabe tudo e diz logo                                                                                     Talvez as derradeiras noites de luar
                               Fica sem nada a dizer
                                  Quero ver quem vai voltar
                                     Quero ver quem vai fugir
                                       Quero ver quem vai ficar
                                         Quero ver quem vai trair

                                               Por isso eu fecho essa roda
                                                  A roda que eu te fiz
                                                       A roda que é do povo
                                                            Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz...
Veleiro
                                                 Edu Lobo/Torquato neto
                                                 Elis – 1966

                                                 Ê... ô... tá na hora e no tempo
                                                 Vamos lá que esse vento traz
                                                 Recado de partir

                                                 Beira de praia
                                                 Não faz mal que se deixe             Boa palavra
                                                 Se o caminho da gente vai pro mar
                                                                                      Caetano Veloso
                                                                                      Elis – 1966
                                                 Eu vou, tanta praia deixando
                                                 Sem saber até quando eu vou          Aprendeu sozinho
                                                 Quando eu vou,quando eu volto        Na areia, no chão
                                                                                      A brincar sozinho



                  Estatuinha
                                                 Eu vou pra terra distante            Sem a mão de um irmão
                                                 Não tem mar que me espante
                                                 Não tem, não                         Aprendeu com o vento
                                                                                      Que o sono passou
            Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri     Anda, vem comigo que é tempo         E acordou sozinho
                                   Elis – 1966   Vem depressa que eu tenho            No solo sem amor
                                                 Braço forte e o rumo certo
     Se a mão livre do negro tocar na argila                                          Tava dormindo, acordei
                    O que é que vai nascer?      Aqui o dia está perto                Para acertar o namoro
                                                 E é preciso ir embora                Me deram o que de beber
           Vai nascer pote pra gente beber       Ah! vem comigo nesse veleiro         Numa caneca de ouro
            Nasce panela pra gente comer
               Nasce vazinho, nasce parede       Tá na hora e no tempo, ê... ô...     Não lhe deram nada
          Nasce estatuinha bonita de se ver      Vamos embora no vento ê... ô...      Não é seu este chão
                                                                                      Deita olhando o céu
     Se a mão livre do negro tocar na onça                                            Que o céu não tem dono, não
                   O que é que vai nascer?




                                                                                                                    27
                                                                                      Como um passarinho


                                                 Sonho de Maria
Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas                                           Aprende a voar
      Nasce tapete pra cobrir o nosso chão                                            Solta o pensamento
        Nasce caminha pra se ter nossa ialê                                           Num braço de mar
      Nasce atabaque pra se ter onde bater
                                                 Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
                                                 Elis – 1966                          Voou pra beira do rio
  Se a mão liver do negro tocar na palmeira                                           Pousou num poço dourado
                    O que é que vai nascer?      Tanta roupa pra lavar                Moça com seu namorado
                                                 Tanto barraco pra arrumar            Rico com seu empregado
         Nasce choupana prá gente morar          Tanta coisa pra esperar
          Nasce rede pra gente se embalar                                             Aprendeu sozinho
          Nasce esteira pra gente se deitar      Todo o morro a sambar                Deitado no chão
         Nasce os abanos pra gente abanar        Tanta gente pra invejar              A esperar sozinho
                                                 Nenhum sonho pra sonhar              Tempo de encontrar irmão

                                                 Maria parou de trabalhar             Inda a madrugada
                                                 No ar uma voz chamou                 Espera nascer
                                                 Maria olhou o céu                    Não lhe deram nada
                                                 Maria desejou o céu                  Mas não quer morrer

                                                 A vida é uma canção para se cantar   Boa palavra, rapaz
                                                 Mas é tarde pra voltar               Boa palavra, rapaz
                                                 Maria deixou a criança chorar        Boa palavra, rapaz
                                                 Uma estrela deixou de brilhar        É assim que um homem faz

                                                 Chorou.
                                                 Chorou o céu. Chorou
                                                 E a lágrima do céu apagou
                                                 Tudo o que maria deixou

                                                 E maria pra sempre acabou
Tem mais samba
     Chico Buarque
     Elis – 1966




                                                                                         Tereza sabe sambar
     Tem mais samba no encontro que na espera
     Tem mais samba     a maldade que a ferida
     Tem mais samba       no porto que na vela
     Tem mais samba  o perdão que a despedida
                                                                                         Francis Hime/Vinícius de Morais
     Tem mais samba nas mãos do que nos olhos                                            Elis – 1966
     Tem mais samba      no chão do que na lua
     Tem mais samba    no homem que trabalha                                                     Chegou, chegou, sim senhor
     Tem mais samba     no som que vem da rua                                                    Chegou sem anunciar
                                                                                                 Fez um alô pro tiô
     Tem mais samba   no peito de quem chora                                                     Fez um olá pra tiá
     Tem mais samba     no pranto de quem vê                                                     Depois dançou e dançou
     Que o bom samba não tem lugar nem hora                                                      Até o dia raiar
     O coração de fora samba sem querer                                                          E não contente enturmou
                                                                                                 Com as cabrochas de lá
     Vem que passa teu sofrer
                                                                                                 E não contente enturmou




                                                     Canção do sal
     Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver
                                                                                                 Com as cabrochas de lá

                                                                                                 Salve, salve a Dona Tereza
                                                                                                 Ela vai pro céu
                                                                                                 Ela tem aquela nobreza
                                                                                                 Que tinha Izabel



         Carinhoso
                                                                Milton Nascimento
                                                                     Elis – 1966
                                                               Compacto simples – 1968           Branquinha igual assim não pode existir
                                                                                                 Balanço igual eu juro que nunca vi
                                                            Trabalhando o sal                    No carnaval nós vamos nos divertir
                                                                                                 A turma tá que tá que não cabe em si
                                                       É amor, o suor que me sai
         Pixinguinha/João de Barro
         Elis – 1966
28




                                                           Vou viver cantando
                                                                                                 Porque Tereza enturmou
         Meu coração
         Não sei porque                                 O dia tão quente que faz                 Depois foi-se embora Tereza

                                                          Homem ver criança
                                                                                                 Foi como um luar
         Bate feliz, quando te vê                                                                Foi deixando tanta tristeza
                                                      Buscando conchinhas no mar
         E os meus olhos ficam sorrindo                                                          Na turma de lá
         E pelas ruas vão te seguindo
         Mas mesmo assim, foges de mim                   Trabalho o dia inteiro                  A gafieira já fez “subiscrição”

         Ah! Se tu soubesses                             Pra vida de gente levar                 Pra passar cera e dar uma caiação

         Como sou tão carinhoso                                                                  A turma tá que tá que não sai de lá
         E muito e muito que te quero
         E como é sincero o meu amor                     Água vira sal lá na salina              Tereza um dia pode querer voltar

         Eu sei que tu não fugirias mais de mim
                                                       Quem diminuiu água do mar?                Porque Tereza enturmou

                                                      Água enfrenta o sol lá na salina
                                                                                                 Porque Tereza enturmou
         Vem!..   vem!... vem!.... vem!...                                                       Voltou, voltou sim senhor
                                                    Sol que vai queimando até queimar            Voltou sem anunciar
         Vem sentir o calor                                                                      Fez um alô pro tiô
         Dos lábios meus                                                                         Fez um olá pra tiá
         À procura dos teus                                 Trabalhando o sal                    Tereza é branca na cor
                                                                                                 Mas isso diexa pra lá
         Vem matar esta paixão
         Que me devora o coração                       Pra ver a mulher se vestir                Porque Tereza enturmou
         E só assim então                                 E ao chegar em casa                    Porque ela sabe sambar

         Serei feliz, bem       feliz
                                                                                                 Tereza sabe sambar
                                                       Encontrar a família a sorrir              Tereza sabe sambar
                                                           Filho vir da escola
                                                     Problema maior é o de estudar
                                                     Que pra não ter meu trabalho
                                                          E vida de gente levar
Imagem
Canção de não cantar
                                                                                                                                   Luiz Eça/Ronaldo Bôscoli
                                                                                                                                   Dois na Bossa 3 – 1967




                                                                           Cantador
                                                Sérgio Bittencourt                                                                 Bom
                                           Festival dos festivais – 1966                                                           Ai, que bom é ver vocês
                                      Guardo o meu violão.
                                                                                                                                   E cada vez que eu volto
                                                                           Dory Caymmi/Nelson Motta
                                      Já nos faltam canções.               Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967   É para dizer
                                       São muitas as razões,                                                                       Que sem ter vocês
                                      que temos pra cantar,                Amanhece, preciso ir                                    Sem ver vocês
                                     mas hoje, amor, melhor                Meu caminho é sem volta e sem ninguém
                                                                           Eu vou pra onde a estrada levar
                                                                                                                                   Não sou ninguém
                                                é não cantar,
                                   enquanto houver em nós                  Cantador, só sei cantar
                              vontade de fugir de um canto
                                                                                                                                   Canta
                            que na voz não vai saber mentir.Ah! eu canto a dor
                                                                                                                                   Que a vida passa
                                                            Canto a vida e a morte                                                 E, se ela passa
                       Meu canto para ser um canto certo, Canto o amor
                                                                                                                                   Melhor cantar
                                 vai ter que nascer liberto
                                       e morar no assobio Cantador não escolhe o seu cantar                                        É de vocês
                                   do ocupado e do vadio Canta o mundo que vê                                                      O meu cantar
                                 do alegre e do mais triste E pro mundo que vi meu canto é dor
                                só há canto quando existe Mas é forte pra espantar a morte
                                                                                                                                   É só pra vocês

                             muito tempo e muito espaço Prá todos ouvirem minha voz
                                                                                                                                   Nosso cantar

                              pra canção ficar se eu passo Mesmo longe
                               e dizer o que eu não disse.
                                                                                                                                   Enquanto a nossa meta não for atingida,
                                Ah que bom se eu ouvisse De que servem meu canto e eu                                              continuamos gritando o nosso canto.
                                       o meu canto por ai. Se em meu peito há um amor que não morreu
                                                            Ah! se eu soubesse ao menos chorar
                                                                                                                                   Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos.
                                          Por isso o violão Cantador, só sei cantar                                                Faz escuro, mas nós cantamos.
                                         prefere emudecer.
                                       E vem pedir perdão Ah! Eu canto a dor
                                                                                                                                   O amanhã está breve.
                                     por não poder cantar De uma vida perdida sem amor
                                                                                                                                   Vamos cantar, logo logo, o que é nosso.




                                                                                                                                                                                             29
                                   que hoje, amor, melhor                                                                          Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso.
                                              é não cantar.




MANGUEIRA                                                                         MUNDO DE ZINCO                                           DESPEDIDA DA MANGUEIRA
(Assis Valente/Zequinha Reis)                                                     (Nássara/Wilson Batista)                                 (Aldo Cabral/Bendito Lacerda)

Nao há, nem pode haver                                                            Aquele mundo de Zinco que é Mangueira                    Em Mangueira na hora da minha despedida
Como Magueira não há                                                              Desperta com o apito do trem                             Todo mundo chorou, todo mundo chorou
O samba vem de lá, alegria também                                                 Uma cabrocha e uma esteira                               Foi pra mim a maior emoção da minha vida
Morena faceira só Mangueira tem                                                   Um barracão de madeira                                   pois em Mangueira o meu coracao ficou
                                                                                  Qualquer malandro em Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!                                                                                                                           PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
(Mirabeau/Milton de Oliveira)                                                     Mangueira fica pertinho do céu, Elis                     (Ary Barroso)
                                                                                  Mangueira vai assistir o meu fim
Fala, Mangueira, fala                                                             E deixa o nome na história                               Ficou pra machucar meu coracao!
Mostra a força da tua tradição                                                    O samba foi minha glória
Com licença da Portela,




                                                                                                                                              Pout-pourri
                                                                                  Eu sei que muitas cabrochas
Favela Mangueira mora no meu coração                                              Vão chorar por mim




                                                                                                                                                       Mangueira
EXALTACÃO À MANGUEIRA




                                                                                                                                           de
(Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa)
                                                                                  LEVANTA MANGUEIRA
                                                                                  (Luiz Antonio)
Mangueira teu cenário é uma beleza
Qua a natureza criou, ô ô                                                         Levanta, Mangueira, a poeira do chão
O morro com seus barracões de zinco                                               Samba de coração
Quando amanhece, que esplendor!                                                   Ai, mostra a sandália de prata da mulata                 Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
Todo mundo te conhece ao longe                                                    Acorda a cuíca e o tamborim
Pelo som do teu tamborim                                                          Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
E o rufar do teu tambor                                                           Levanta Mangueira, a poeira do chão
Chegou ô ô a Mangueira, chegou!                                                   Samba de coração
Cruz de cinza, cruz de sal
     Manifesto     zinho Rocha
                                                                                      Walter Santos/Teresa Souza
                                                                                         Dois na Bossa 3 – 1967
                                                                                        Compacto simples – 1968
                                                                                                                                                            Marcha de
     Guto/Mario
     Dois na Bossa 3
                     – 1967
                                                                                         Santa Clara clareai,
                                                                                                                                                 quarta-feira de cinzas
                                      mensagem                                                                                                                            Carlos Lyra/Vinícius de Morais
        minha músi
                      ca não traz            fria                                       São Domingo alumiai                                                                          Dois na Bossa 3 – 1967
                                                                                         Vai chuva, vem sol
     A                         ou guerra
                  chantagem
     E não faz
                                                                                         Vai chuva, vem sol
                                ia
                    em ideolog
     E nem fala                                                                                                                                                                Acabou nosso carnaval
                                                                                                                                                                        Ninguém ouve cantar canções
                                                                                    Sol, vem sol, vem sol, vem sol
                                  es falar
                     as para lh                                                                                                                                   Ninguém passa mais brincando feliz
      Eu vim apen
      De uma gra
                   nde perda
                                    eita ou da
                                                 esquerda                                Que o menino quer                                                                               E nos corações
      Que nem se
                   i  se é da dir                                                           Brincar, brincar                                                         Saudades e cinzas foi o que restou
                                   nsura cort
                                               a                                          Tanto que chamou
                     rta se a ce                                                           Vem sol, vem sol
                                                                                                                                                                                 Pelas ruas o que se vê
       Que me impo                é vermelha
                                                                                            Tudo que já fez
                     to dela se                                                                                                                                             É uma gente que nem se vê
       Pois eu gos
                                                                                     Cruz de cinza, cruz de sal,
                                   a                                                                                                                                                 Que nem se sorri
                     de e amarel
       Ou se é ver
                                                                                      Casca de ovo no quintal
                                                                                                                                                                                  Se beija e se abraça
                                        , amigo                                                                                                                                     E sai caminhando
                          companheiro
             camarada,
                                                                                          Tudo que chamou
        Oh,                                                                                                                                                      Dançando e cantando cantigas de amor
                     bora
        Ela foi em
                                                                                           Vem sol, vem sol
                                 tigo
        E o pior   que foi con
                                                                                          Santa Clara clareai
                                                                                                                                                                          E no entanto é preciso cantar
                                                                                                                                                                       Mais que nunca é preciso cantar
                                                                                           Vem sol, vem sol
                                     de golpe
                        i um gran
         Para mim fo                                                                                                                                                 É preciso cantar e alegrar a cidade
                                                                                        E a trizteza do menino
                                             o
                      de esta do ou armad
         Não sei se
         Ou talvez
                      de coração                                                         São Domingo alumiai                                                               A tristeza que a gente tem
                                                o grande                         Vem sol, vem com tanto azul no céu                                                        Qualquer dia vai se acabar
                                  or foi muit
          Só sei diz  er que a d           sformou-se                             Pra criança se perder de tanto rir                                                                  Todos vão sorrir
                                                                                  Pro menino se alegrar e o céu cair
                              teira tran                                                                                                                                           Voltou a esperança
                ha vida in
                                                                                Nessa rua onde o brinquedo é só você.
          E min
                         e agitação                                                                                                                                                É o povo que dança
          Numa enorm                                                                                                                                                 Contente da vida, feliz a cantar
                                             andato
                                                                                    Sol, vem sol, vem sol, vem sol
                                ina meu m                                                                                                                               Porque são tantas coisas azuis
           Já que  assim term          deportado
                                                                                         Que o menino quer
                                                                                                                                                                    E há tão grandes promessas de luz
                        i cassado e
           Pois eu fu
                                                                                            Brincar, brincar
                                   ocê                                                                                                                  Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
                        nge de v
           Pra bem lo
                                                                                          Tanto que chamou
30




                                            e dizer                                                                                                                        Quem me dera viver pra ver
                 inha amad
                              a, quero lh                                                  Vem sol, vem sol                                                                 E brincar outros carnavais
                                                                                            Tudo que já fez
            Oh, m
                         teu amor
            Que sem o                                                                                                                                                Com a beleza dos velhos carnavais
            Eu posso   até morrer                                                    Cruz de cinza, cruz de sal,                                                                Que marchas tão lindas
                                                                                      Casca de ovo no quintal                                                        E o povo cantando seu canto de paz
                                                                                                                                                                                      Seu canto de paz




        MINHA NAMORADA                         EU SEI QUE VOU TE AMAR                                 A VOLTA                                                    MINHA NAMORADA
        (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)       (Tom Jobim/Vinícius de Morais)                         (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)                         (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)


        Meu amor eu hoje estou contente        Eu sei que vou te amar                                 Mas quero que você me fale                                 Os seus olhos têm que ser
        Todo mundo, de repente,                Por toda minha vida vou te amar                        Que você me cale                                           só dos meus olhos
        Ficou lindo, ficou lindo de morrer     Em cada despedida eu vou te amar                       Caso eu perguntar                                          Os seus braços o meu ninho
                                               Desesperadamente eu sei que vou te amar                Se o que a faz tão linda                                   No silêncio de depois
        Hoje eu estou rindo                    E cada verso meu será                                  Foi tua pressa de voltar                                   E você tem que ser a estrela derradeira
        Nem eu mesma sei do quê                Pra te dizer que eu sei que vou te amar                                                                           Minha amiga e companheira
        Porque eu recebi                       Por toda minha vida                                    Levanta e vem correndo                                     No infinito de nós dois
        Uma cartinhazinha de você                                                                     Me abraça e sem sofrer
        Que diz assim:                         MINHA NAMORADA                                         Me beija longamente                                        PRIMAVERA
                                               (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)                                                                                  (Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
        Se você quer ser minha namorada                                                               O quanto a solidão precisa para morrer?
        Oh, que linda namorada,                Mas se em vez de minha namorada                                                                                   Amor, eu lhe direi
        Você poderia ser!                      Você quer ser minha amada                                                                                         Amor que eu tanto procurei
                                               Minha amada mais amada pra valer                                                                                  Ah, quem me dera eu pudesse ser
        Se quiser ser somente minha                                                                                                                              A tua primavera




                                                                                                                   Pout-pourri romântico
        Exatamente essa coisinha               Aquela amada                                                                                                      E depois morrer
        Essa coisa toda minha                  Pelo amor predestinada
        De ninguém mais pode ser               Sem a qual a vida é nada
                                               Sem a quel se quer morrer.

                                               Você tem que vir comigo em meu caminho
                                               E talvez o meu caminho seja triste pra você                         Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
Yê-melê
                                                                                             Samba da
                                                                                             benção (Samba saravah)
          Chico Feitosa/Luiz Carlos Vinhas
          Compacto simples – 1968

          Yê-melê ari ará
          Yê-melê ará




                                             Lapinha
          Ye-melê ari ará                                                                    Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh
                                                                                             Compacto simples – 1968
          Canto de Yemanjá
                                                                                             Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche
          Zauê zaua
                                                                                             J'aime rire chanter et je n'empêche
          Melê Mela
                                                                                             Pas les gens qui sont bien d'être joyeux
          Indê olá
                                                                                             Pourtant s'il est une samba sans tristesse
          Onda do mar
                                                                                             C'est un vin qui donne pas l'ivresse
                                                                                             Un vin qui ne donne pas l'ivresse
          A rainha mãe do mar
                                                                                             Non ce n'est pas la samba que je veux
          Traz o seu amor
          Sua benção vem me dar              Baden Powell/Paulo César Pinheiro
                                                                                             J'en connais que la chanson incommode
          E eu dou uma flor                  Compacto simples – 1968
                                                                                             D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode
                                             Quando eu morrer        me enterre na Lapinha   D'autres qui en profitent sans l'aimer
                                             Quando eu morrer        me enterre na Lapinha   Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde
          Zauê zaua
                                             Calça, culote, palitó   almofadinha             En cherchant ses racines vagabondes
          Melê Mela
                                             Calça, culote, palitó   almofadinha             C'est la chanson de samba qu'il faut chanter
          Indê olá
          Onda do mar
                                             Vai, meu lamento vai contar                     On m'a dit qu'elle venait de Bahia
                                             Toda tristeza de viver                          Qu'elle doit son rythme et sa poésie
          Algum dia vai chegar
                                             Ai, a verdade sempre trai                       À des siècles de danses et de douleur
          Que eu vou ouvir
                                             E às vezes traz um mal a mais                   Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
          Esse canto de Yemanjá
                                             Ai, só me fez dilacerar                         Elle est blanche de forme et de rimes
          Vai do mar sair
                                             Ver tanta gente se entregar                     Blanche de forme et de rimes
                                             Mas não me conformei                            Elle est nègre bien nègre dans son coeur
          Zauê zaua
          Melê Mela                          Indo contra lei
                                             Sei que não me arrependi                        Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
          Indê olá
                                             Tenho um pedido só                              Elle est blanche de forme et de rimes
          Onda do mar




                                                                                                                                                 31
                                             Último talvez, antes de partir                  Blanche de forme et de rimes
                                                                                             Elle est nègre bien nègre dans son coeur
                                             Quando eu morrer        me enterre na Lapinha


Samba do perdão
                                             Quando eu morrer        me enterre na Lapinha   Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime
                                             Calça, culote, palitó   almofadinha             Elle est blanche de forme et de rimes
                                             Calça, culote, palitó   almofadinha             Blanche de forme et de rimes
                                                                                             Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Baden Powell/Paulo César Pinheiro            Sai, minha mágoa                                Elle est nègre bien nègre dans son coeur
Elis especial – 1968
                                             Sai de mim
                                             Há tanto coração ruim
Mais uma vez amor
                                             Ai, é tão desesperador
A dor chegou sem me dizer
                                             O amor perder do desamor
Agora que existe a paixão
                                             Ah, tanto erro eu vi, lutei
A hora não é de sofrer
                                             E como perdedor gritei
                                             Que eu sou um homem só
Mas quem quer pedir perdão
                                             Sem saber mudar
Não deixa a tristeza saber
                                             Nunca mais vou lastimar
E no entando a tua falta
                                             Tenho um pedido só
Vem vazar meu coração
                                             Último talvez, antes de partir
Mas a vida ensina a crer e a perdoar
                                             Quando eu morrer        me enterre na Lapinha
Quando um amor valer
                                             Quando eu morrer        me enterre na Lapinha
E o nosso é tão grande que já nem sei
                                             Calça, culote, palitó   almofadinha
Tenha pena das penas que eu penei
                                             Calça, culote, palitó   almofadinha
Não despreze mais meu padecer
                                             Adeus Bahia, zum-zum-zum
Afasta a melancolia e a solidão
                                             Cordão de ouro
Já não cabem mais no meu violão
                                             Eu vou partir porque mataram meu besouro
Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer
Soluço eterno, pedir do coração
Só quem morre de amor pede perdão
Tributo ao Tom Jobim
     Tom Jobim
     Elis especial – 1968                                        De onde vens                               Bom tempo
                                                                     Dory Caymmi/Nelson Motta               Chico Buarque
     VOU TE CONTAR (WAVE)                                                 Elis especial – 1968              Elis especial – 1968

     Vou te contar                                               Ah, quanta dor vejo em teus olhos          Um marinheiro me contou
     Os olhos já não podem ver                                     Tanto pranto em teu sorriso              Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u
     Coisas que só o coração pode entender                            Tão vazias as tuas mãos               Que vem aí bom tempo
                                                                   De onde vens assim cansada
     Fundamental é mesmo o amor
                                                                   De que dor, de qual distância            O pescador me confirmou
     É impossível ser feliz sozinho
                                                                     De que terras,de que mar               Que um passarinho lhe cantou
                                                                                                            Que vem aí bom tempo
     OUTRA VEZ
                                                                    Só quem partiu pode voltar
                                                                      E eu voltei prá te contar
     Outra vez sem você
                                                                                                            Dou duro toda a semana
                                                                     Dos caminhos onde andei
     Outra vez sem amor
                                                                                                            Senão pergunte à Joana
                                                                     Fiz do riso amargo pranto
     Outra vez vou sofrer
                                                                                                            Que não me deixa mentir
                                                                    No olhar sempre teus olhos
     Vou chorar
                                                                                                            Mas, finalmente é domingo
                                                                    No peito aberto uma canção
     Até você voltar
                                                                                                            Naturalmente, me vingo
     VOU TE CONTAR (WAVE)                                                                                   Eu vou me espalhar por aí
                                                          Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração
                                                          Saberias num momento quanta dor há dentro dele
                                                                    Dor de amor quando não passa            No compasso do samba
     A primeira vez era a cidade
                                                                       É porque o amor valeu                E u          d i s f a r ç o                   o
     Da segunda, o cais e a eternidade
                                                                                                            c        a        n      s       a     ç       o
                                                                                                            J o a n a               d e b a i x o
     FOTOGRAFIA
                                                                                                            d o                  b r a ç o
                                                                                                            Carregadinha de amor
     Eu, você, nós dois


                                                            Da cor do pecado
                                                                                                            V o u               q u e             v o u
     Aqui nesse terraço a beira-mar
                                                                                                            Pela estrada que dá numa
     O sol já vai caindo a o seu olhar
                                                                                                            p r a i a              d o u r a d a
     Parece acompanhar a cor do mar
                                                                                                            Que dá num tal de
                                                                                                            f a z e r                        n a d a
     Você tem de ir embora
                                                                                 Bororó
32




                                                                                                            Como a natureza mandou
     A tarde cai em cores
                                                                          Elis especial – 1968
                                                                                                            V                        o                     u
     Se desfaz
                                                                       Esse corpo moreno,                   S a t i s f e i t o, a l e g r i a b a t e n d o
     Escureceu
                                                                       Cheiroso e gostoso                   n o                  p e i t o
     O sol caiu no mar
                                                                          Que você tem                      O radinho contando
     E aquela luz…
                                                                       É um corpo delgado,                  d        i        r      e        i     t      o
                                                                        Da cor do pecado,
     VOU TE CONTAR (WAVE)                                                                                   A vitória do meu tricolor
                                                                         Que faz tão bem                    V o u               q u e             v o u
                                                                                                            L á               n o             a l t o
     So close your eyes…
                                                                       Esse beijo molhado,                  O sol quente me leva
     Laralara…
                                                                          Escandalizado,                    n u m                     s a l t o
     …fundamental é mesmo o amor
                                                                          Que você deu
     É impossível ser feliz sozinho
                                                                                                            Pro lado contrário
                                                                       Tem sabor diferente,
     Sozinho…
                                                                                                            d o               a s f a l t o
                                                                       Que a boca da gente
     Sozinho…
                                                                                                            Pro lado contrário da dor
     Vou te contar                                                       Jamais esqueceu
                                                                                                            Um marinheiro me contou
                                                                    E quando você me responde
     Os olhos já não podem ver
                                                                                                            Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u
                                                                      Umas coisas com graça,
     Coisas que só o coração pode entender
                                                                                                            Que vem aí bom tempo
                                                                       A vergonha se esconde
     Fundamental é mesmo o amor
     É impossível ser feliz sozinho
                                                                         Porque se revela                   Um pescador me confirmou
                                                                        A maldade da raça.                  Que um passarinho lhe cantou
     O resto é mar
                                                                        Esse corpo, de fato,                Que vem aí bom tempo
     É tudo que não sei contar
     São coisas lindas que eu tenho pra te dar
     Vem de mansinho a brisa e me diz                                  Tem cheiro de mato,
     É impossível ser feliz sozinho                                      Saudade, tristeza,                 Ando cansado da lida
                                                                       Essa simples beleza.                 Preocupada, corrida,
     When I saw your first the time was half past three                Esse corpo moreno,                   s u r r a d a , b a t i d a
     When your eyes met mine it was eternity                           Morena enlouquece.                   d o s    d i a s  m e u s
                                                                      Eu não sei bem porque                 Mas uma vez na vida
     Agora sei                                                            Só sinto na vida                  Eu vou viver a vida
     Da onda que seguiu no mar                                         O que vem de você                    que eu pedi a Deus
     E das estrelas que esquecemos de contar
     O amor se deixa surpreender
     Enquanto a noite vem nos envolver
Corrida de jangada

                                                                                                                                        Mangueira
                Edu Lobo/José Carlos Capinam
                                 Elis especial – 1968




                                                        Carta ao mar                                                   Tributo à
                           Aquarela do Brasil – 1969
                       Elis Regina in London – 1969


                   Meu mestre deu a partida
                       é hora, vamos embora Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
        Pros rumos do litoral, vamos embora Elis especial – 1968                                                                           Elis especial – 1968
    Na volta eu venho ligeiro, vamos embora
   Eu venho primeiro pra tomar seu coração Me multiplicando em sol                                                                          MANGUEIRA
                                             Tento uma canção pra você                                                              (Assis Valente/Zequinha Reis)
                                     É hora, Trago flores, girassóis
                                             Não me importa mal me querer                                                           Nao há, nem pode haver
                       É hora, vamos embora                                                                                          Como Magueira não há
É hora, vamos embora, é hora vamos embora O que vai de mim, vem                                                                 O samba vem de lá, alegria também
          Vamos embora, ora vamos embora De um desejo imenso de ser outra vez                                                   Morena faceira só Mangueira tem
               É hora, vamos embora, é hora Um barco, um azul
                               vamos embora Outra vez, de tarde, morrer                                                                FALA, MANGUEIRA!
                                                                                                                                   (Mirabeau/Milton de Oliveira)
                         Viração, virando vai           Céu sem naves espaciais
                Olha o vento, a embarcação              Flores, só naturais                                                              Fala, Mangueira, fala
              Minha jangada não é navio, não            Só nós dois e as coisas banais                                              Mostra a força da tua tradição
                     Não é vapor nem avião              Mas não, pra quê                                                               Com licença da Portela,
                    Mas carrega tanto amor                                                                                     Favela Mangueira mora no meu coração
                   Dentro do meu coração                Pra que mundo, segue o mundo
                                                        Sem o mar, sem amar                                                        EXALTACAO À MANGUEIRA
               Sou seu mestre, meu proeiro                                                                                       (Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa)
                  Sou segundo, sou primeiro             De que vale o som sideral
 Olha a reta de chegar, olha a reta de chegar           Ou a rima mais genial                                                   Mangueira teu cenário é uma beleza
          Mestre, proeiro, segundo, primeiro            Se o amor está aqui neste sal                                                Qua a natureza criou, ô ô
              Reta de chegar, reta de chegar            Neste encontro franco e frontal                                        O morro com seus barracões de zinco
                     Meu barco é procissão                                                                                      Quando amanhece, que esplendor!
                  minha terra é minha igreja            Nesse barco longe do mundo                                               Todo mundo te conhece ao longe




                                                                                                                                                                         33
                        Noiva é meu rosário             Toda a nossa vida e um segundo                                              Pelo som do teu tamborim
                    No seu corpo vou rezar              Pra dizer do amar que voltei                                                 E o rufar do teu tambor
                  Minha noiva é meu rosário             Que sou do mar                                                           Chegou ô ô a Mangueira, chegou!
                    No seu corpo vou rezar              Sou do mar
                                                        Do mar                                                                        LEVANTA MANGUEIRA
                                               Ora,                                                                                       (Luis Antonio)

                          Ora vamos embora                                                                                      Levanta, Mangueira, a poeira do chão
               Vamos embora,vamos embora                                                                                                 Samba de coração
               Vamos embora,vamos embora                                                                                      Ai, mostra a sandália de prata da mulata
É hora, vamos embora, é hora vamos embora                                                                                          Acorda a cuíca e o tamborim
                         Nego, vamos embora                                                                                 Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim
   Velho, vamos embora, nego, vamos embora




                                                                     Vira
                                                                                                                                Levanta Mangueira, a poeira do chão
   Vamos, vamos embora, ora, vamos embora                                                                                                Samba de coração




                                                                                         mundo
                É hora, vamos embora,é hora
                               vamos embora                                                                                       DESPEDIDA DA MANGUEIRA
                                                                                         Gilberto Gil/José Carlos Capinam
                                                                                         Elis especial – 1968
                                                                                                                                  (Aldo Cabral/Benedito Lacerda)

                                                             Sou viramundo virado                                            Em Mangueira na hora da minha despedida
                                                          Nas rondas da maravilha                                             Todo mundo chorou, todo mundo chorou
                                                          Cortando a faca e facão                                            Foi pra mim a maior emoção da minha vida
                                                              Os desatinos da vida       Sou viramundo virado                  pois em Mangueira o meu coracao ficou
                                                            Gritando para assustar       Pelo mundo do sertão
                                                             A coragem da inimiga        Mas inda viro este mundo               PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO
                                                        Pulando pra não ser preso        Em festa, trabalho e pão                       (Ary Barroso)
                                                            Pelas cadeias da intriga     Virado será o mundo
                                                            Prefiro ter toda a vida      E viramundo verão                       Ficou pra machucar meu coracao!
                                                              A vida como inimiga        O virador deste mundo
                                                           A ter na morte da vida        Astuto, mau e ladrão
                                                              Minha sorte decidida       Ser virado pelo mundo
                                                                                         Que virou com certidão
                                                                                         Ainda viro este mundo
                                                                                         Em festa, trabalho e pão
Noite dos mascarados                                                                         Noite dos Mascarados
     (La nuit des masques)                                                                                                                    Chico Buarque
                                                                                                            Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque)
     Chico Buarque/Vs. Pierre Barouh
     Elis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh)                                                                                        Ele: Quem é você?
                                                                                                                             Ela: Adivinhe, se gosta de mim
                                                                                                                          Os dois: Hoje os dois mascarados
                                         Qui êtes-vous? dois deviner
                                                         tu                                                                   Procuram os seus namorados
                                                                                                                                           Perguntando assim:
                                         Si tu m'aimes, tous les deux on se cache                                               Ele: Quem é você, diga logo
                                                                                                                       Ela: Que eu quero saber o seu jogo
                                         Aujourd'hui asques                                                       Ele: Que eu quero morrer no seu bloco
                                         Derrière nos mnder                                                      Ela: Que eu quero me arder no seu fogo
                                                                                                                                        Ele: Eu sou seresteiro
                                         Pour se dema                                                                                            Poeta e cantor
                                                                                                                                   Ela: O meu tempo inteiro
                                                                         ite                                                              Só zombo do amor
                                               Qu  i êtes-vous? Dxites vm'invites                                                 Ele: Eu tenho um pandeiro
                                                                                                                                     Ela: Só quero um violão
                                                                  u tu
                                              Dis-moi à quel ejefondre à ta suite                                                  Ele: Eu nado em dinheiro
                                                                                                                                   Ela:Não tenho um tostão
                                                Je voudrais m qu'on prenne la fuite                                                      Fui porta-estandarte
                                                   Je voudrais                                                                           Não sei mais dançar
                                                                                                                                    Ele: Eu, modéstia à parte
                                                                                            et hanteur
                                                                          gabonde, poète ènecau bonheur                                      Nasci pra sambar
                                                                                                                                       Ela: Eu sou tão menina
                                                              Moi, je va onde qui m                                                   Ele: Meu tempo passou
                                                                             r
                                                             J'ai perdu la rs les routes                                               Ela: Eu sou Colombina
                                                                                                                                            Ele: Eu sou Pierrot
                                                                Moi, je cou moi                                                        Os dois: Mas é carnaval
                                                                                                                            Não me diga mais quem é você
                                                                Je reste chez déroute
34




                                                                                                                             Amanhã, tudo volta ao normal
                                                                L'amour me pas...                                                         Deixe a festa acabar
                                                                                                                                        Deixe o barco correr
                                                                 Je n'y croyais                                                               Deixe o dia raiar
                                                                                                                                              Que hoje eu sou
                                                                                                      un dr peau
                                                                                     anfare je porte du pipaeau              Da maneira que você me quer
                                                                                                                                             O que você pedir
                                                                   Moi, dans la f rt, je joue bien                                                   Eu lhe dou
                                                                    Modestie à paragile                                                    Seja você quem for
                                                                                                                                      Seja o que Deus quiser
                                                                        Je suis si f trop                                                  Seja você quem for
                                                                                       e                                              Seja o que Deus quiser
                                                                       J'ai dix ans dmbine
                                                                         Je suis colo rot
                                                                             Je suis pier
                                                                                                                              i tu es
                                                                                            n val et qu'importe aujourd'hui qu
                                                                         Mais c'ést Carevaiendra normal
                                                                                         ed
                                                                       Demain tout rut va finir, laissons le temps courir
                                                                            Demain to ur sa lumière
                                                                              Laisse au jo urd'hui je suis ce que tu attends de moi
                                                                                       Aujo                           verra
                                                                                    Si tu veu   x laissons faire, ronrouvera
                                                                                  P                    ain on se et
                                                                                     eut-être que demdemain on se reconnaîtra
                                                                                      Peut-être que
                                                                                   La, la, la, la...
Deixa                                                Aquarela do Brasil /
Baden Powell/Vinícius de Morais
Elis Regina em Paris – 1968                          Nega do cabelo duro                                  Um novo rumo
Deixa,                                                             Elis, como e porque – 1969
                                                                   Aquarela do Brasil – 1969              Artur Verocal/Geraldo Flach
Fale quem quiser falar, meu bem.                                                                          I Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968)
                                                                   Saudade do Brasil – 1980
Deixa,
Deixe o coração falar também,
                                                                   AQUARELA DO BRASIL
Porque ele tem razão demais quando se queixa.
                                                                                                          Vou caminhando sem caminho
                                                                   (Ary Barroso)
Então a gente deixa, deixa, deixa,
                                                                                                          Em cada passo vou levando meu cansaço
Deixa,                                                                                                    O que me espera?
                                                                   Ô, ôi essas fontes murmurantes
Ninguém vive mais do que uma vez.
                                                                   Ôi onde eu mato a minha sede
                                                                                                          Uma terra, um desencontro
Deixa,
                                                                   E onde a lua vem brincá
                                                                                                          A cidade, a claridade
Diz que sim prá não dizer talvez.
                                                                   Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro
                                                                                                          E essa estrada não tem volta
Deixa,
                                                                   É o meu Brasil brasileiro              Lá se solta o fim do mundo
A paixão também existe.
                                                                   Terra de samba e pandeiro              Um fim incerto que me assusta
Deixa,
                                                                   Brasil! Brasil!
Não me deixe ficar triste.
                                                                                                          Longe ou perto, se prepara
                                                                   Prá mim... prá mim...                  Ninguém para para pensar
                                                                                                          Para olhar a dor que chora a morte
                                                                   NÊGA DO CABELO DURO                    De um valente lutador
                                                                   (Rubens Soares/David Nasser)


      A noite do meu bem                                           Nêga do cabelo duro,
                                                                                                          Quem fui, já não sou
                                                                   Qual é o pente que te penteia ?
                    (La nuit de mon amour)                         Qual é o pente que te penteia ?
                                                                   Qual é o pente que te penteia ?
                                                                                                          Vou chegando à encruzilhada descobrir
                                                                                                          Um caminho e uma nova direção
                           Dolores Duran/Vs. Pierre Barouh                                                Onde piso vou deixando o que não sou
                                     Elis Regina em Paris – 1968   Quando tu entras na roda,




                                                                                                                                                                         35
                                                                                                          Vou para luta
                                                                   O teu cabelo serpenteia,
                                                   Ce soir
                                                                                                          Não paro não
                                                                   O teu cabelo está na moda,
                      Je veux trouver la rose la plus belle
                                                                                                          Vou para luta, agora eu vou
                                                                   Qual é o pente que te penteia ?
                       Et la première étoile qui m'appelle
                                                                                                          Não paro não
                     Pour célébrer la nuit de mon amour
                                                                                                          Tem tanta gente que se vai
                                                   Ce soir                                                A imensidão do seu querer
              Je veux la paix des enfants qui s'endorment                                                 Querendo vida sem a morte
                    Je veux l'écho d'une vie qui se forme                                                 Ser mais forte sem sofrer
                     Pour célébrer la nuit de mon amour                                                   E ter certeza sem buscar

                                                                   Tristeza
                                                    Ce soir
                                                                                                          Ganhar o amigo sem se dar
                   Je veux la joie d'un voilier qui s'élance
                                                                                                          Sem semear, colher o amor
                     Et l'abandon d'une main qui s'avance
                                                                                                          O amor ferido pela guerra
                     Pour célébrer la nuit de mon amour            Haroldo Lobo/Niltinho
                                                                                                          Quem na terra desconhece
                                                                   Elis Regina em Paris – 1968
                                                                                                          Aparece sem valor
                                                   Ce soir                                                Ergo meu braço qual alguém
                   Je voudrais toute la beauté du monde            Tristeza,                              Que já caiu mas levantou
                 Pour que ce soit la nuit la plus profonde         Por favor vai embora,
                   Puisqu'elle sera la nuit de mon amour           Minha alma que chora,                  Quem fui, já não sou
                                                                   Está vendo o meu fim,
                                                Pourtant
              Ces joies soudain me semblent incertaines            Fez do meu coração a sua moradia,
                                                                                                          Vou chegando à encruzilhada descobrir
                    Je ne peux croire qu'elle serait vaine         Já é demais o meu penar,
                                                                                                          Um caminho e uma nova direção
                    Cette espérance qui me vient de toi            Quero voltar àquela vida de alegria,   Onde piso vou deixando o que não sou
                                                                   Quero de novo cantar.                  Vou para luta
                                                    Ah...                                                 Não paro não
                    Mais cet amour tant me tarde à venir           La, ra, ra, ra,                        Vou para luta, agora eu vou
                    Que je ne sais plus comment retenir            La, ra, ra, ra, ra, ra,                Não paro não
                                         Cette tendresse           La, ra, ra, ra, ra, ra,
                                     Que je veux offrir...         Quero de novo cantar.
O barquinho
                           Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli
                           Elis, como e porque – 1969
                           Aquarela do Brasil – 1969
                                                                                                                                               Récit de Cassard
                           Elis Regina in London – 1969                                                                                        Michel Legrand/Jacques Deny
                                                                                                                                               Elis, como e porque – 1969
                           Dia de luz festa de sol
                           E o barquinho a navegar                                                                                             Autrefois, j'ai aimé une femme


                                                                          Vera Cruz
                           No macio azul do mar                                                                                                Elle ne m'aimait pas,
                                                                                                                                               on l'appellait Lola
                           Tudo é verão o amor se faz                                                                                          Autrefois.
                           Num barquinho pelo mar
                           Que desliza sem parar
                                                                 Milton Nascimento/Márcio Borges                                               Déçu, j'ai voulu l'oublier
                                                                             Elis, como e porque – 1969
                                                                                                                                               Alors j'ai quitté la France,
                           Sem intenção nossa canção                                                                                           je suis allé au bout du monde
                                                                              Hoje foi que a perdi
                           Vai saindo deste mar e o sol                      Mas onde, já nem sei
                           Beija o barco e luz, dias tão azuis                                                                                 je ne pense qu'à elle
                                                                              Me levo para o mar
                                                                               Em Vera me larguei
                           Festa do mar, desmaia o sol                                                                                         j'ai voulu vous parler franchement
                                                                                E deito nesta dor
                           E o barquinho a deslizar                                                                                            vous ne m'en voulez pas
                                                                             Meu corpo, sem lugar


                                                                                                          O sonho
                           E a vontade de cantar                                                                                               il n'est pas question
                                                                                                                                               d'influencer Genevieve,
                                                                             Ah! quisera esquecer
                           Céu tão azul, ilhas do sul                                                                                          Genevieve est libre
                                                                               A moça que se foi
                           E o barquinho coração                              De nossa Vera Cruz          Egberto Gismonti
                           Deslizando na canção                              E o pranto que ficou         Elis, como e porque – 1969
                                                                             Do norte que sonhei          Aquarela do Brasil – 1969
                           Tudo isso é paz, tudo isso traz                    Das coisas do lugar
                           Uma calma de verão e então                                                     Sinto que é hora




                                Giro
                           O barquinho vai, a tardinha cai                   Nos rios me larguei          Salto
                           O barquinho vai                                   Correndo sem parar           Meu foguete some queimando espaço
                                                                               Buscava Vera Cruz          Tudo vejo e abraço
                                                                            Nos campos e no mar           A vaidade
36




                                                                                Mas ela se soltou         Estou morando em pleno céu
                                                                             Pra longe se perdeu          Namorando o azul



                                                                                                                                                            Andança
                                                                       Quero em outra mansidão            Ando no espaço louco
                                                                                Um dia ancorar            Meu foguete segue deixando traços
                                                                        E ao vento me esquecer            Entre estrelas vejo a liberdade
                        Antonio Adolfo/Tibério Gaspar
                                                                       Que ao vento me amarrei            E fotografo todo o céu                   Danilo Caymmi/Edmundo Souto
                                 Elis, como e porque – 1969
                               Elis Regina in London – 1969
                                                                               E nele vou partir          E revelo paz                                      Elis, como e porque – 1969
                                                                             Atrás de Vera Cruz
                   Hoje a cidade inteira se enfeitou                                                      Busco cores e imagens                          Vim.Tanta areia andei
                 Coberta de alegria, a noite serenou                        Ah! quisera encontrar         Faltam pássaros e flores                         Da lua cheia eu sei
                     A casa branca, praça e chafariz                           A moça que se foi                                                         Uma saudade imensa
                  Da rua principal à porta da matriz                         Do lar de Vera Cruz          Coração na mão                             Vagando em verso eu vim
                                                                             E o pranto que ficou         Corpo solto                                         Vestida de cetim
                    Tem lua acesa clareando o chão                            Do norte que perdi          Estou entre estrelas                   Na mão direita rosas vou levar
            Tem moça pra dançar de saia de algodão                            Das coisas do lugar         Vou deitar neste luar
                      Tem violeiro violando o amor                                                                                                                 Me dá amor
     Cantando em verso a paz, desponta um cantador                                                        Indo de encontro ao riso                                       Amor
                                                                                                          Do quarto minguante                                     Me leva amor
                                     De ponta a ponta                                                     E o sol queimando                      Por onde for quero ser seu par
                                     Bandas e cordões                                                     A pele branca
                                         E a lua tonta                                                    Despertando                                       Rodei de roda andei
                                     Gira os corações                                                     Vejo a cama e meu amor                          Dança da moda eu sei
                                                                                                          Acordado estou                                   Cansei de se sozinha
                                      No giro, dança                                                      Choro…                                           Verso encantado usei
                                Quem quer se alegrar                                                      Choro…                                            Meu namorado é rei
                                    Velho ou criança                                                      Choro…                              Nas lendas do caminho onde andei
                                  Vem que tem lugar
                                                                                                                                                                   Me dá amor
                   Sobe o foguete acarinhando o céu                                                                                                                      Amor
                 E a rua floresceu bandeiras de papel                                                                                                             Me leva amor
                      A vida em festa num giro girou                                                                                             Por onde for quero ser seu par
               Tristeza adormeceu e a noite serenou
Memórias de Marta Saré                                     Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
                                                                 Elis, como e porque – 1969




                                                          A casa lá da fazenda
                                                        A lua clareando a porta



 Samba da Pergunta                                                                            A volta
                                                        Deixando o brilho claro
                                                         Nas pedras dos degraus

                                                                Cristal de lua
               Pingarrilho/Marcos Vasconcelos                                                 Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
                         Elis, como e porque – 1969                                           Aquarela do Brasil – 1969
                                                                                              Elis Regina in London – 1969
                                                         Pra dentro Marta Saré
         Ela agora mora só no pensamento                 Pra dentro Marta Saré
                  Ou então no firmamento                                                      Quero ouvir a sua voz
                  Em tudo que no ceu viaja                                                    E quero que a canção seja você
                                                         Pra dentro Marta Saré
                    Pode ser um astronauta                                                    E quero, em cada vez que espero
                                                               Pra dentro
                            Um passarinho                                                     Desesperar, se não te vir
                               Pé de vento                O rosário obrigatório               É triste a solidão
                      Pipa de papel de seda                                                   É longe o não te achar
                 Quem sabe um balãozinho                                                      Que lindo é o seu perdão
                                                         A janta lá na cozinha
                    Ou estar num asteróide                                                    Que festa é o seu voltar
                                                         Todo dia à mesma hora
         Na estrela Dalva que daqui se olha               As estórias de Dorinha              Mas quero que você me fale
            Pode estar morando em Marte                                                       Que você me cale
                 Nunca mais se soube dela                                                     Caso eu perguntar
                               Desapareceu                                                    Se o que a faz tão linda
                                                         Pra dentro Marta Saré
                                                                                              Foi sua pressa de voltar
                                                         Pra dentro Marta Saré
                                                                                              Levanta e vem correndo




                                                                                                                                                  37
                                                         Pra dentro Marta Saré
                                                         Pra dentro, pra dentro               Me abraça e sem sofrer
                                                                                              Me beija longamente
                                                         A lanterna azul partida              O quanto a solidão precisa para morrer
                                                       A dor, a palmatória, a raiva


                                 Wave
                                                          A cantiga mais sentida
                                                           Um galope de cavalo



                                                                                              A time for love
                                       Tom Jobim              Mestre severino
                           Aquarela do Brasil – 1969
                           Saudade do Brasil – 1980
                                                         Pra dentro Marta Saré
                                                                                              Webster/John Mandel
                             Vou te contar,
                                                         Pra dentro Marta Saré
                                                                                              Elis Regina in London – 1969
                Os olhos já não podem ver
                                                         Pra dentro Marta Saré
    Coisas que só o coração pode entender                Pra dentro, pra dentro               A time for summer skies
             Fundamental é mesmo o amor                                                       For humming-birds and butterflies
              É impossível ser feliz sozinho             Bate forte o coração                 For tender words that harmonize with love

                              O resto é mar,                                                  A time for climbing hills
                                                         Dor no peito magoado
               É tudo que eu nem sei contar              O sorriso mais sem jeito             For leaning out of window sills
   São coisas lindas que eu tenho pra te dar             Do primeiro namorado                 Admiring the daffodils above.
          Vem de mansinho a brisa e me diz
                É impossível ser feliz sozinho                                                A time for holding hands together
                                                                                              A time for rainbow colored weather
                                                         Pra dentro Marta Saré
               Da primeira vez era a cidade              Pra dentro Marta Saré                A time of make believe that we've been draming of
           Da segunda o cais e a eternidade              Pra dentro Marta Saré
                                                                                              As time goes drifting by
                             Agora eu já sei                                                  The willow bends and so do I
                                                         Pra dentro, pra dentro
             Da onda que se ergueu no mar                                                     But oh, my friends, what ever sky above
   E das estrelas que esquecemos de contar                   Moço Severino                    I've known a time for spring, a time for fall
               O amor se deixa surpreender                     Por do sol                     But best of all
         Enquanto a noite vem nos envolver               Pra dentro Marta Saré                A time for love
Se você pensa                                                                                                                                                       Minha
                  Roberto Carlos/Erasmo Carlos
                     Elis Regina in London – 1969                                                                                                                       Francis Hime/Ruy Guerra
                                                                                                                                                                         Elis no Teatro de Praia – 1970
                    Elis no Teatro de Praia – 1970                                         Watch
                                                                                                                                                                                   Minha
            Se você pensa que vai fazer de mim                                              what                                                                               Vai ser minha
           O que faz com todo mundo que te ama                                                                                                                                 Desde a hora
     Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar                                happens                                                                              Que nasceste
                                                                                         Norman Gimbel/Michel Legrand
                                                                                            Elis Regina in London – 1969                                                          Minha
              Você tem a vida inteira pra viver                                                                                                                            Não te encontro
            E saber o que é bom e o que é ruim                                                                                                                           Só sei que estas perto
                                                                                                                                                                               E tão longe
                                                                                  Let someone start believing in you,
       Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim
                                                                                      Let him hold out his hand                                                                No silêncio
                                                                             Let him touch you and watch what happens                                                        Noutro amor
                                                                                                                                                                           Ou numa estrada
             Daqui pra frente, tudo vai ser diferente
              Você tem que aprender a ser gente                                                                                                                              Que não deixa
                O teu orgulho não vale nada                                   One someone who can look in your eyes,                                                          Seres minha
                                                                                        And see into your heart                                                               Como sejas
                                                                                                                                                                             Onde estejas
                                                                                                                                                                              Vou te achar
                     Você não sabe                                            Let him find you and watch what happens
                Nem nunca procurou saber                                                                                                                                   Vou me entregar
              Que quando a gente ama pra valer                                Cold, no I won't believe your heart is cold                                                     Vou te amar
               O bom é ser feliz e mais nada
                                                                                                                                                                        E é tanto, tanto amor
                                                                                Maybe just afraid to be broken again
                                                                                                                                                                        Que até pode assustar
                                                                                 Let someone with a deep love to give                                                 Não temas essa imensa sede
                                                                                                                                                                      Que ao teu corpo vou levar
     How insensitive                                                                  Give that deep love to you,
                       (Insensatez)                                                                                                                                    Minha és e sou só teu
                                                                                       And what magic you'll see
                                                                                                                                                                  Sai de onde estás pra eu te ver
         Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman Gimbel                                                                                                            Pois tudo tem que acontecer
                                                                                                                                                                            Tem de ser
                                                                     Let someone give his heart, someone who cares like me
                     Elis Regina in London – 1969
38




                                                                          Let someone give his heart who cares like me                                                      Tem de ser
                           How insensitive                                                                                                                               Vem para sempre
                        I must have seemed                                                                                                                                 Para sempre
               When he told me that he loved me



                                                                                                              Perdão não tem
                     How unmoved and cold




                                                                 Irene
                                                                                                                                                                      Vexamão
                        I must have seemed
                  When he told me so sincerely
                     Why he must have asked
                                                                                                                             Edson Arantes do Nascimento
               Did I just turn and stare in icy silence
                        What was I to say?                                                                                 Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
                                                                                                                                                                      Edson Arantes do Nascimento
                                                                                                                                                                      Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
                                                                                                                                                        Não
                         What can you say

                                                                                                                                      Não vá embora não
                   When a love affair is over?
                                                                                                                                                             Outro dia
                                                                                                                                         Porque a saudade
                                                                         Caetano Veloso                                                                      Me pegaram de surpresa
                                                                                                                                     Vai ficar em seu lugar
                     Why he must have asked
                                                                   Elis no Teatro de Praia – 1970
               Did I just turn and stare in icy silence                                                                                                      Me deram um violão
                                                                                                                                                             E fizeram eu cantar
                        What was I to do?                                                                                              Não me faça sofrer
                                                                                                                                             A sua ausência
                                                             Eu quero ir, minha gente
                                                                                                                                                             Eu todo desajeitado
                         What can one do
                                                                                                                                            Tenha paciiencia
                                                                                                                                                             Cantando tudo errado
                   When a love affair is over?
                                                                                                                                            Não vá embora
                                                                 Eu não sou daqui
                                                                                                                                                             Sem saber como parar
                    So now he's gone away                                                                                              Não me deixes não
                                                                Eu não tenho nada
                                                                                                                                                      Foi um tremendo de um vexame
                                                                                                                                Quando você chegou
                           And I'm alone
                                                                                                                                                      Mas o engraçado
                                                                                                                      Foi recebida de braços abertos
                 With a memory of her last look                 Quero ver irene rir                                                                   É que eu cantava errado
                                                                                                                                 Jurava me dar amor
                   Vague and drawn and sad
                                                                                                                                                      E os “puxa” achava bom
                                                                                                                                         Ser boazinha
                             I see it still                Quero ver irene dar sua risada
                                                                                                                            E não falar em ir embora
                                                                                                                                                      Estava o rádio
                All the heartbreak in his last look

                                                                                                                                                      Jornal e a televisão
                   How he must have asked,
                                                                                                                       Agora depois de tanto tempo
                                                                                                                                                      E eu todo sem graça
              Could I just turn and stare in icy silence
                                                                                                                   Quer partir sem dizer qual a razão
                                                                                                                                                      Só fazia láralá
                       What was I to do?
                                                                                                                                    Não vá, meu bem
                                                                                                                     Porque depois, perdão não tem
                        What can one do
                   When a love affair is over?
Aquele
 abraço
                                                                                               Can’t take
                                                                                                my eyes
                                                                                                off you
                                                                                                             B. Crewe/B. Gaudio
                                                                                                          Elis no Teatro de Praia – 1970


                                                                                                     You're just too good to be true.
                   Gilberto Gil                                                                        Can't take my eyes off you.
          Elis no Teatro de Praia – 1970                                                             You'd be like Heaven to touch.
   Este samba vai para Dorival Caymmi,                                                                 I wanna hold you so much.
     João Gilberto e Caetano Veloso.                                                                  At long last love has arrived
                                                                                                       And I thank God I'm alive.
    O Rio de Janeiro continua lindo,
    O Rio de Janeiro continua sendo
                                                                                                     You're just too good to be true.
   O Rio de Janeiro, fevereiro e março,
                                                                                                       Can't take my eyes off you.
           Alô, alô Realengo,
             Aquele abraço,                                                                            Pardon the way that I stare.
        Alô torcida do flamengo,                                                                     There's nothing else to compare.
             Aquele abraço!
           Alô, Alô Realengo,
                                                                                                    The sight of you leaves me weak.
             Aquele abraço,                                                                         There are no words left to speak,
        Alô torcida do flamengo,                                                                         But if you feel like I feel,
             Aquele abraço!                                                                          Please let me know that it's real.



                                                       Zazueira
  Chacrinha continua balançando a pança,
                                                                                                    You're just too good to be true.
E buzinando a moça e comandando a massa,
                                                                                                       Can't take my eyes off you.
  E continua dando as ordens no terreiro,
  Alô, alô seu Chacrinha Velho Guerreiro,                                                                    I love you, baby,
      Alô, alô Terezinha, Rio de Janeiro,                                                                And if it's quite alright,
   Alô, alô seu Chacrinha velho palha ço,                          Jorge Ben




                                                                                                                                              39
                                                         Elis Regina in London – 1969
      Alô, alô Terezinha, Aquele abraço,
                                                                                                            I need you, baby,
                                                         Elis no Teatro de Praia – 1970
    Alô moçada da favela, aquele abraço,                                                                 To warm a lonely night.
   Todo mundo da Portela, aquele abraço,    Ela vem chegando          (ela vem chegando)
                                                                                                             I love you, baby.
    Todo mês de fevereiro, aquele passo,    E feliz vou esperando (e feliz vou esperando)                Trust in me when I say:
    Alô Banda de Ipanema, aquele abraço,    A espera é difícil          (a espera é difícil)
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço,
                                                                                                            Oh, pretty baby,
                                            Mas eu espero sambando (eu espero sambando)
    A Bahia já me deu régua e compasso,
                                                                                                      Don't bring me down, I pray.
 Quem sabe de mim sou eu, aquele abraço,              Menina bonita do céu azul
                                                                                               Oh, pretty baby, now that I found you, stay
 Pra você que me esqueceu, aquele abraço,                 Ela é uma beleza
                                                                                                      And let me love you, baby.
      Alô Rio de Janeiro, aquele abraço!             Menina bonita, você é demais                            Let me love you.
                                                      Alegria na minha tristeza

                                                                  Zazueira
                                                                                                     You're just too good to be true.
                                                                  Zazueira
                                                                                                       Can't take my eyes off you.
                                                                  Zazueira                           You'd be like Heaven to touch.
                                                                                                       I wanna hold you so much.
                                            Ela vem chegando          (ela vem chegando)              At long last love has arrived
                                            E feliz vou esperando (e feliz vou esperando)
                                            A espera é difícil          (a espera é difícil)
                                                                                                       And I thank God I'm alive.
                                            Mas eu espero sonhando (eu espero sonhando)
                                                                                                     You're just too good to be true.
                                                                                                       Can't take my eyes off you.
                                                          Uma flor é uma rosa
                                                          Uma rosa é uma flor
                                                        É um amor esta menina
                                                                                                              I love you, baby,
                                                        Esta menina é meu amor
                                                                                                          And if it's quite alright,
                                                                                                             I need you, baby,
                                                                  Zazueira                               To warm a lonely night.
                                                                  Zazueira                                    I love you, baby.
                                                                  Zazueira                                Trust in me when I say:
                                                                                                             Oh, pretty baby,
                                                                                                      Don't bring me down, I pray.
                                                                                               Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
As curvas da Estrada
  de Santos
       Roberto Carlos/Erasmo Carlos
       Em pleno verão – 1970



      Se você pretende saber que
                                m eu sou eu posso lhe dizer.
      Entre no meu carro e na est
                                  rada de Santos você vai me
                                                             conhecer.

      Você vai pensar que eu nã
                               o gosto nem mesmo de mim.
      E que na minha idade só
                               a velocidade anda junto a
                                                         mim.

      Só ando sozinho e no meu
                                caminho o tempo é cada vez
                                                           menor.
      Preciso de ajuda. Por favor
                                  me acuda. Eu vivo muito só.
40




     Se acaso numa curva eu me
                                 lembro do meu mundo,
     eu piso mais fundo, corrij
                               o num segundo, não posso
                                                        parar.

     Eu prefiro as curvas da est
                                rada de Santos onde eu ten
                                                           to esquecer
     um amor que eu tive e vi
                              pelo espelho na distância
                                                        se perder

     Mas se o amor que perdi eu
                                 novamente encontrar,
     as curvas se acabam e na
                               estrada de Santos eu não
                                                        vou mais passar.
     Não, não vou mais passar.
Bicho do mato
e rolar
Vou deitar                                       Jorge Ben
                                                 Em pleno verão – 1970                                                Frevo
                                                 Bicho do mato                                        Tom Jobim/Vinícius de Morais
                                                                                                               Em pleno verão – 1970
Baden Powell/Paulo César Pinheiro                Nego teve aí
Em pleno verão – 1970                            Bicho do mato                                        Vem, vamos dançar ao sol
                                                                                                    Vem, que a banda vai passar
                                                 Devagar pra não cair                             Vem, ouvir o toque dos clarins
Não venha querer me consolar
Que agora não dá mais pé                                                                                 Anunciando o carnaval
Nem nunca mais vai dar                           Bicho do mato
Também quem mandou se levantar                   Bicho bonito danado                              E vão brilhando os seus metais
Quem levantou pra sair                           Bicho do mato
Perde o lugar                                    Nego teve aí                                                Por entre cores mil
                                                                                                          Verde mar, céu de anil
E agora, cadê teu novo amor                      E disse assim:                                         Nunca se viu tanta beleza
Cadê que ele nunca funcionou                                                                                       Ai, meu Deus

                                                 Bicho do mato
Cadê que nada resolveu                                                                                  Que lindo o meu Brasil!

Quaquaraquaquá, quem riu                         Quero você para mim
Quaquaraquaquá, fui eu                           Eu só vou embora
Quaquaraquaquá, quem riu                         Se você disser que sim
Quaquaraquaquá, fui eu



                                                                                      Fechado pra
                                                 Mas eu só ponho o meu boné
Ainda sou mais eu                                Onde eu posso apanhar
                                                 Devagar se vai ao longe


                                                                                      balanço
Você já entrou na de voltar                      Devagar eu chego lá
Agora fica na tua
Que é melhor ficar
Porque vai ser fogo me aturar
                                                 Bicho do mato
Quem cai na chuva                                Nego teve aí                         Gilberto Gil
                                                 Bicho do mato




                                                                                                                                       41
                                                                                      Em pleno verão – 1970
Só tem que se molhar
                                                 Devagar pra não cair
                                                                                      Fechado pra balanço
E agora cadê, cadê você
                                                                                      Deve ser bom, deve ser bom
Cadê que eu não vejo mais, cadê
                                                                                      Tô fechado pra balanço
Pois é quem te viu e quem te vê
                                                                                      Meu saldo deve ser bom


                                    Até aí morreu Neves
                                                                                      Deve ser bom
Quaquaraquaquá, quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
                                                                                      Vou sambar de roda um pouco
Quaquaraquaquá, quem riu
                                                                                      Um xaxado bem guardado
Quaquaraquaquá, fui eu                                  Jorge Ben
                                                   Em pleno verão – 1970              E mais algum trocado
                                                                                      Se tiver gingado eu tô, eu tô, eu tô
Todo mundo se admira
                                                  Se segura malandro                  Eu tô de corpo fechado, eu tô, eu tô
Da mancada que a Terezinha deu
                                      Pois malandro que é malandro não se estoura     Deve ser bom, deve ser bom
Que deu no pira
                                                  Se segura malandro                  Tô fechado pra balanço
E ficou sem nada ter de seu
                                                                                      Meu saldo deve ser bom
Ela não quis fazer fé
                                          Pois um dia há de chegar a tua hora
Na virada da maré
                                           Vai cantar, vai brincar sem fantasia       Um pouco da minha grana
                                                Você vai chorar de alegria            Vais ter saudade, baiana
Breque!
                                      Pois ela vai voltar pra alegrar o seu coração   Ponho sempre por semana
                                                                                      Cinco cartas no correio
Mas que malandro sou eu
                                    Pois malandro que é malandro não se estoura não   Gasto sola de sapato
Pra ficar dando colher de chá
                                                                                      Mas aqui custa barato
Se eu não tiver colher?
                                              Porque até aí morreu Neves              Cada sola de sapato
Vou deitar e rolar!
                                                 Até aí morreu Neves                  Custa um samba, um samba e meio
                                               Até aí morreu das Neves
O vento que venta aqui
                                               Até aí morreu das Neves                O resto...
É o mesmo que venta lá
                                                                                      O resto não dá despesa
E volta pro mandingueiro
                                                  Devegar malandro                    Viver não me custa nada
A mandinga de quem mandigá
                                                  Devagar, cuidado!                   Viver só me custa a vida
                                                  Afobado come cru                    E a minha vida foi dada
                                                Devagar se vai ao longe
Comunicação
                                                     These are the songs
                                                                            Tim Maia
                                                               Em pleno verão – 1970 (Com Tim Mais)
                                                                                                                                    Edson Alencar/Hélio Matheus
                                                                                                                                    Em pleno verão – 1970
                                                                    These are the songs
                                                                                                                                    (Roda, roda e avisa!)



     Não tenha medo
                                                                       I want to sing
                                                                    These are the songs                                             Sigo o anúncio e vejo
                                                                                                                                    Em forma de desejo o sabonete
                                                                                                                                    Em forma de sorvete acordo e durmo na televisão.
                                                                      I want to play
                            Caetano Veloso
                                                                  I will sing it every time
                         Em pleno verão – 1970                                                                                      Creme dental, saúde
                                                                                                                                    E vivo num sorriso, paraíso
                                                                 And I sing it every day
         Tenha medo, não, tenha medo, não                           These are the songs                                             Quase que jogado, impulsionado, no comercial.
     Não tenha medo não, tenha medo, não
                                                                                                                                    Só tomava chá
                                                                 I want to sing and play
                 Nada é pior do que tudo                                                                                            Quase que forcado vou tomar café
                 Nada é pior do que tudo                                                                                            Ligo o aparelho, vejo o Rei Pelé
                                                                                                                                    Vamos entao repetir o gol!
                                                          Esta é a canção que eu vou ouvir
              Nem um não, nenhum senão                    Esta é a canção que eu vou cantar
       Nem um ladrão, nem uma escuridão                                                                                             E na lua sou
                                                                                                                                    Mais um astronauta-patrocinador
                                                                Fala de você, meu bem
                  Nada é pior do que tudo
     Que você já tem no seu coração mudo                        Do nosso amor também                                                Chego atrasado perco o meu amor
                                                                                                                                    Mais um anúncio sensacional!



                                                                                                           Osanah
                                                                Sei que você vai gostar
             Nem um cão, nem um dragão
     Nem um avião, nem uma assombração                                                                                              Ponho um aditivo dentro da panela, gasolina
                  Nada é pior do que tudo                                                                                           Passo na janela da cozinha tem mais um fogão
     Que você já tem no seu coração mudo
                                                                                                                  Tony Osanah       Tocam a campainha
            Nem um chão, nem um porão                                                                       Compacto duplo – 1970   Mais uma pesquisa e eu respondo
         nem uma prisão, nem uma solidão                                                                                            Que enlouquecendo, já sou fã do comercial!
                  Nada é pior do que tudo                                                                     Sei prá onde vou
     Que você já tem no seu coração mudo                                                               Agora eu sei quem sou        (Na Brastel, tudo a preço de banana!
                                                                                                          Sei do meu caminho
42




                                                                                                                                    Quem não se comunica, se trumbica!
                                                                                                      Eu sei com quem eu vou        Tereeziiinha...!




                       Copacabana
                                                                                                                                    Estamos pensando em bloco...
                                                                                                           Descubro riso            Conheça o Brasil pela Varig!
                                                                                                             Invento a luz          Ducal... meu nome é Gal!... Ducal!....)
                                                                                         Tudo é claro para quem quer ver


                       velha de guerra                                                                Osanah, Osanah, Osanah
                                                                                                      Osanah, Osanah, Osanah        Nada será como antes
                       Joyce/Sérgio Flackman
                                                                                      Pela vida afora eu vou jogando fora           Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
                       Em pleno verão – 1970
                                                                                    As coisas que eu guardei por guardar            Compacto duplo – 1970
                                                                                                                                    Elis – 1972
                       Nós estamos por aí, sem medo                                                    Um passo à frente
                       Nós, sem medo, estamos por aí                                                       Ou volto atrás
                                                                                           Mas não fico no meusmo lugar             Eu já estou com o pé nessa estrada
                                                                                                                                    Qualquer dia gente se vê
                       Qualquer sorte me espera                                                                                     Sei que nada será como antes, amanhã
                       E a tarde talvez vá me mostrar                                                 Osanah, Osanah, Osanah
                       Treze ventos nas janelas                                                       Osanah, Osanah, Osanah
                                                                                                                                    Que notícias me dão dos amigos
                       E as praças do mundo a me chamar                                                                             Que notícias me dão de você
                                                                                              Não me importa o tempo
                                                                                                     Eu fico aqui e agora           Sei que nada será como está
                       Sou mais um na multidão                                                                                      Amanhã ou depois de amanhã
                       Na vitrine dos magazines                                     E quero tudo que houver prá querer
                                                                                        O que é passado nào volta mais              Resistindo na boca da noite um gosto de sol
                       Procurando uma camisa da cor do mar
                                                                                            E o futuro ainda não chegou
                                                                                                                                    Num domingo qualquer, qualquer hora
                       Mão no bolso, riso lento                                                                                     Ventania em qualquer direção
                       E a tarde passando devagar                                                     Osanah, Osanah, Osanah
                                                                                                      Osanah, Osanah, Osanah        Sei que nada será como antes, amanhã
                       Não me encontro na vitrine
                       Não ligo, é difícil me encontrar                                                                             Que notícias me dão dos amigos
                                                                                                                                    Que notícias me dão de você
                       Sou só eu na multidão                                                                                        Sei que nada será como está
                       E eu queria me ver passar                                                                                    Amanhã ou depois de amanhã
                       Desfilando com a camisa da cor do mar                                                                        Resistindo na boca da noite um gosto de sol
                       Olha eu lá!
Ih! Meu Deus do céu!
A fia de Chico Brito
                                                                               Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza
                                                                               Ela – 1971

                                                                               Ih! Meu Deus do céu!
                                                                               Estou rindo à toa
Chico Anysio                                                                   Ih! Meu Deus do céu!
Compacto duplo – 1970                                                          Ela me afeiçoa

Sou filha de Chico Brito                                                       Espontaneidade
Pai de oito filho maior                                                        Eu sou, eu sou
Nascida em Baturité                                                            Na mesticidade
Criada a carne de sol                                                          Eu vou, eu vou

Sete homem e eu mulher                                                         A sorte e a morte
Oito filho prá criá                                                            Ocorrem subitamente
Sete homem prá peixeira
E a mulher prá…                                                                Estou diante dela
                                                                               A felicidade
Dos oito filho do velho                                                        Exijo a parcela


                             Casa no campo
Tem sete que se casou                                                          Da cumplicidade
Os homem fez casamento                                                         Lá vem o crime
E cinco já procriou                                                            Se anime
Só eu é que tô sobrando      Zé Rodrix/Tavito
                                                                               É hora de matar a saudade
Na certa Deus se enganou     Compacto duplo – 1970
Acabo me abilolando          Elis 1972
Porque meu caso é casar
E caso de quarquer jeito     Eu quero uma casa no campo




                                                                                                                     43
Caso inté no…                Onde eu possa compor muitos rocks rurais
                             E tenha somente a certeza
Sou filha de Chico Brito     Dos amigos do peito e nada mais
Pai de oito filho maior
Nascida em Baturité          Eu quero uma casa no campo
Criada a carne de sol        Onde eu possa ficar no tamanho da paz
                             E tenha somente a certeza
Sete homem e eu mulher       Dos limites do corpo e nada mais           Golden slumbers
Oito filho prá criá
Sete homem prá peixeira      Eu quero carneiros e cabras                        John Lennon/Paul McCartney
                                                                                         Ela – 1971
E a mulher prá…              Pastando solenes no meu jardim
                             Eu quero o silêncio das línguas cansadas
De tanto piscar o os olhos   Eu quero a esperança de óculos             Once there was a way to get back homeward
Já tô ficando zarolha        E um filho de cuca legal
De tanto chamar com a mão    Eu quero plantar e colher com a mão
                                                                         Once there was a way to get back home
Na mão já tenho inté bolha   A pimenta e o sal                                Sleep pretty darling do not cry
Já fiz duzenta novena
Já me cansei de rezar        Eu quero uma casa no campo
                                                                                  And I will sing a lullaby
Meus cotovelo tá inchado     Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
De no portão debruçar        Onde eu possa plantar meus amigos
Mas caso de quarquer jeito   Meus discos e livros
                                                                              Golden slumbers fill your eyes
Caso inté no…                E nada mais                                     Smiles awake you when you arise
                                                                              Sleep pretty darling do not cry
                                                                                  And I will sing a lullaby

                                                                             Boy, you gonna carry that weigth
                                                                              Carry that weight a long time
Madalena
                                           Cinema Olympia                          Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza
                                                                                   Ela – 1971
                                                                 Caetano Veloso
                                                                      Ela – 1971   Oh, Madalena
                                                               Não quero mais
                                                                                   O meu peito percebeu
                                                  Essas tardes mornais, normais
                                                                                   Que o mar é uma gota
                                                               Não quero mais
                                                                                   Comparado ao pranto meu
                                             Video-tapes, mormaço, março, abril
                                                                                   Fique certa
                                                  Eu quero pulgas mil na geral     Quando o nosso amor desperta
                                                             Eu quero a geral      Logo o sol se desespera
                                               Eu quero ouvir gargalhada geral
                                            Quero um lugar para mim, pra você
                                                                                   E se esconde lá na serra

                                                Na matiné do cinema Olympia        Eh Madalena
                                                          Tom Mix, Buck Jones
                                                                                   O que é meu não se divide
                                                                   Tela e palco
                                                                                   Nem tão pouco se admite
                                                            Sorvetes e vedetes     Quem do nosso amor duvide.
                                                               Socos e coladas
                                                              Pernas e gatilhos    Até a lua se arrisca num palpite
                                                     Atilhos e gargalhada geral    Que o nosso amor existe
                                                 Do meio-dia até o amanhecer
                                                 Na matiné do cinema Olympia
                                                                                   Forte ou fraco, alegre ou triste

                                                                                   Oh, Madalena, Madalena, Madalena, Madalena
                                                                                   Oh Ma, oh Mada, oh Madale
44




                                                                                   Oh Madale, le, le, le oh Ma, oh Mada




     Falei e disse                            Aviso aos navegantes                                                Black is beautiful
     Baden Powell/Paulo César Pinheiro        Baden Powell/Paulo César Pinheiro                                   Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle
     Ela – 1971                               Ela – 1971                                                          Ela – 1971

     Mulher, se Deus não criasse você         Esse ano vai sobrar um                                              Hoje cedo na rua do Ouvidor
     Ele próprio custava a crer               Quem falou já morreu                                                Quantos brancos horríveis eu vi
     Mas só que tem que não dá pé você        Quem sabe dele sou eu                                               Eu quero esse homem de cor
     Ser a mulher de quem Vinícius falou      A vida quem dá é Deus
                                                                                                                  Um Deus Negro do Congo ou daqui
     Formosa, não faz assim                   Quem é malandro não dá
     Carinho não é ruim                       Vidinha boa à ninguém                                               Hoje cedo amante negro eu vou
                                              Malandro traz no cantar                                             Enfeitar o meu corpo no seu
     Eu avisei bem, não faça ingratidão       A pinta que o canto tem                                             Eu quero esse homem de cor
     Porque eu também sei dançar              Briga com quem sabe mais
     conforme a canção                        Não dá camisa a ninguém                                             Um Deus Negro do Congo ou daqui
     E quem vai embora agora sou eu           Olha, aqui você faz                                                 Que se integre no meu sangue europeu
     Adeus pra quem já me esqueceu            Aqui mesmo vai entrar bem
                                                                                                                  Black is beautiful black is beautiful
     Tá acabada essa parada                                                                                       Black beauty so beautiful
     E agora cada qual no seu lugar                                                                               I wanna a black I wanna a beautiful
     Não tem nada se a jogada dela                                                                                I wanna a black I wanna a beautiful
     É ver a lua em vez de um lar
                                                                                                                  Que se integre no meu sangue europeu
     Teresa é nome de mulher                                                                                      Black is beautiful black is beautiful
     Ah, que pena que me dá                                                                                       Black beauty so beautiful
     Ela não ser mais Teresa mulher                                                                               I wanna a black I wanna a beautiful
                                                                                                                  I wanna a black I wanna a beautiful
Mundo deserto
Ela
César Costa Filho/Aldir Blanc
Ela – 1971


Ela sente a solidão do oitavo andar
                                                                 Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Todo dia à hora triste do jantar                                          Ela – 1971

                                                            Num mundo deserto de almas negras
Só um copo, só um prato
E ao lado um só talher                                             Me visto de branco
                                                              Me curo da vida sofrida, sentida
Tudo é um em seu pequeno mundo                                    Que deram pra mim

                                                           Num mundo deserto de almas negras
De mulher
                                                                    Sorriso não nego
                                                                  Mas vejo um sol cego
Surge a esperança na vida                                  Querendo queimar o que resta de mim

                                                          Vivo num mundo deserto de almas negras
Ela que dança e convida alguém
Ao elevador do oitavo andar
                                                            Na vontade da verdade eu quero ficar
                                                              E não acredito no dito maldito
Pro primeiro amor do oitavo andar
                                                                  Que o amor já morreu

Ela e ele qualquer                                               Tenho fé que o meu país
                                                              Ainda vai dar amor pro mundo
                                                             Um amor tão profundo, tão grande
Ela duela o pranto do amor
Com ele qualquer                                              Que vai reviver quem morreu

Desce e se esquece no elevador                            Vivo num mundo deserto de almas negras
Com ele qualquer




                                                                                                                                45
                                                                                       Os argonautas
Ela lembra a vida do interior


Ela na varanda espera seus irmãos
                                                                                       Caetano Veloso




                                                Estrada do sol
Mesa posta, luz de velas, canções                                                      Ela – 1971

Ela brinca de princesa                                                                 O barco, meu coração não aguenta
                                                                                       Tanta tormenta, alegria
                                                                                       Meu coração não contenta
E vem o carnaval
                                                           Tom Jobim/Dolores Duran
Passa a Páscoa em paz consigo, no quintal                                 Ela – 1971   O dia, o marco, meu coração
                                                                                       O porto, não
                                                     Quero que você me dê a mão
Os dias frios de junho                                               Vamos sair        Navegar é preciso, viver não é preciso

As rendas brancas nos punhos, balões                        É de manhã, vem o sol,     O barco, noite no céu tão bonito
                                            Mas os pingos da chuva que ontem caiu      Sorriso solto perdido
                                                              Ainda estão a brilhar,   Horizonte, madrugada
E um dia no teatro do local
Ela é a virgem no presépio de Natal                           Ainda estão a dançar     O riso, o arco, da madrugada
                                                                  Ao vento alegre      O porto, nada
                                                         Que me traz esta canção.
                                                                                       Navegar é preciso, viver não é preciso
                                                   Quero que você me dê a mão,
Ela e um dia qualquer
É na varanda, Páscoa, Natal                                     Vamos sair por aí      O barco, o automóvel brilhante
                                                           Sem pensar no que foi       O trilho solto, o barulho
Com um ele qualquer                                                   que sonhei,      Do meu dente em tua veia
                                                            Que chorei, que sofri,     O sangue, o charco, barulho lento
                                                             Pois a nossa manhã        O porto silêncio
Ela duela o pranto do amor
                                                              Já me fez esquecer,
                                            Me dê a mão, vamos sair prá ver o sol.     Navegar é preciso, viver não é preciso
Sozinha outra vez
No oitavo andar onde tudo é um
Alô, alô.                                                                                                                      Bala
                                                                                                                                    bala
     Taí Carmem Miranda
     Heitor/Maneco/Wilson Diabo
                                                                                                                                     com
     Os maiores sambas enredos de todos os tempos – 1971


     Uma pequena notável
     Cantou muito samba

                                                                     Tiradentes
                                                                                                                                    João Bosco/Aldir Blanc
     É motivo de carnaval                                                                                                           Elis – 1972

     Pandeiro, camisa listrada                                                                                                      A sala cala
     Tornou a baiana internacional                                                                                                  E o jornal prepara
                                                                     Décio Antonio Carlos/Penteado/Estanislau Silva
                                                                     Os maiores sambas enredos de todos os tempos Volume 2 – 1972   Quem está na sala
     Seu nome corria chão                                                                                                           Com pipoca e bala
     Na boca de toda gente                                           Joaquim José da Silva Xavier
                                                                                                                                    E o urubu sai voando
     Que grilo é esse?                                               Morreu a 21 de abril
                                                                                                                                    Manso
                                                                     Pela independência do Brasil
     Vou embarcar nessa onda                                         Foi traído e não traiu jamais
     É o Império Serrano que canta                                   A inconfidência de Minas Gerais                                O tempo corre
     Dando uma de Carmem Miranda                                                                                                    E o suor escorre,
                                                                     Joaquim José da Silva Xavier
                                                                     Era o nome de Tiradentes                                       Vem alguém de porre
     Cai, cai, cai, cai                                                                                                             E há um corre-corre
                                                                     Foi sacrificado pela nossa liberdade
     Quem mandou escorregar                                          Esse grande herói pra sempre deve ser lembrado                 E o mocinho chegando
     Cai, cai, cai, cai                                                                                                             Dando
     É melhor se levantar, oi




                           20 anos blue
                                                                                                                                    Eu esqueço sempre nesta hora,
                                                                                                                                    Linda, loura
                                                                                                                                    Minha velha fuga em todo impasse
46




                                                                                                                                    Eu esqueço sempre nesta hora,
                                                                                                                                    Linda, loura

                                                                                   Mucuripe
                                                     Sueli Costa/Vitor Martins                                                      Quanto me custa dar a outra face
                                                                     Elis – 1972

                                                                                                                                    O tapa estala
                   Hoje de manhã quando acordei                                    Fagner/Belchior                                  No balacobaco
                     Olhei pra vida e me espantei                                  Elis – 1972
                                                                                                                                    E é bala com bala
                      Eu tenho mais de vinte anos                                  As velas do Mucuripe                             E é fala com fala
     Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas                                  Vão sair para pescar                             E o galã se espalhando
                     Estou ligada num futuro blue                                  Vou levar as minhas mágoas
                                                                                                                                    Dando
                                                                                   Pras águas fundas do mar
                                                                                   Hoje à noite namorar
                            Os meus pais nas minhas costas                         Sem ter medo de saudade                          No rala-rala
                                      As raízes na marquise                        Sem vontade de casar                             Quando acaba a bala
                              Eu tenho mais de vinte muros                                                                          É faca com faca
                                                                                   Calça nova de riscado
                                 O sangue jorra pelos furos                        Paletó de linho branco
                                                                                                                                    É rapa com rapa
                                                                                                                                    Eu me realizando
                                    Pelas veias de um jornal                       Que até o mês passado
                                                                                   Lá no campo 'inda era flor                       Bambo
                           Eu não te quero, eu te quero mal                        Sob o meu chapéu quebrado
                                                                                   O sorriso ingênuo e franco
                                                                                                                                    Quando a luz acende é uma tristeza
                             Essa calma que inventei, bem sei                      De um rapaz novo encantado
                                                                                                                                    Trapo, presa
                                                                                   Com vinte anos de amor
                                Custou as contas que contei                                                                         Minha coragem muda em cansaço
                                 Eu tenho mais de vinte anos                       Aquela estrela é dela                            Toda fita em série que se preza
                              Eu quero as cores e os colírios                      Vida, vento, vela leva-me daqui.                 Dizem, reza
                                               Meus delírios                                                                        Acaba sempre no melhor pedaço
                                Estou ligada num futuro blue
Olhos abertos
Zé Rodrix/Guttenberg Guarabyra
Elis – 1972

Atravessando uma ponte, de noite
No meio da chuva
Cercada pelo silêncio
Daquela cidade do interior



                                        Atrás da porta
Depois da ponte, uma estrada de terra
Molhada de chuva
Cercada pelo silêncio
E sem nenhum pedaço de amor             Francis Hime/Chico Buarque
                                        Elis – 1972
Vendo os olhares desertos
De tantas pessoas antigas               Quando olhaste bem nos olhos meus
Tantas pessoas amigas                   E o teu olhar era de adeus
Querendo um cigarro e um carinho        Juro que não acreditei, eu te estranhei
                                        Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
Gente que puxa uma briga na estrada     E me arrastei e te arranhei
Com os olhos brilhando                  E me agarrei nos teus cabelos
Precisa só de um abraço                 No teu peito, teu pijama
Bem forte e bem dado                    Nos teus pés ao pé da cama
                                        Sem carinho, sem coberta
E eu quero encontrar as pessoas         No tapete atrás da porta
De mãos e de olhos abertos              Reclamei baixinho
Sem me preocupar
Com dinheiro e posição                  Dei pra maldizer o nosso lar
                                        Pra sujar teu nome, te humilhar




                                                                                                                                                      47
Eu preciso encontrar as pessoas         E me vingar a qualquer preço
Ficar de mãos dadas com elas            Te adorando pelo avesso
Conversar com a boca                    Pra mostrar que ainda sou tua


                                                                                  Cais                                 Vida de bailarina
E os olhos do coração                   Só pra provar que inda sou tua



                                                                                  Milton Nascimento/Ronaldo Monteiro   Américo Seixas/Dorival Silva
                                                                                  Elis – 1972                          Elis – 1972

                                                                                  Para quem quer se soltar             Quem descerrar a cortina
                                                                                  Invento o cais                       Da vida da bailarina
                                                                                  Invento mais que a solidão me dá     Há de ver cheio de horror
                                                                                  Invento a lua nova a clarear         Que no fundo do seu peito
                                                                                  Invento o amor                       Abriga um sonho desfeito
                                                                                  E sei a dor de me lançar             Ou a desgraça de um amor

                                                                                  Eu queria ser feliz invento o mar    Os que compram o desejo
                                                                                  Invento em mim o sonhador            Pagando amor a varejo
                                                                                                                       Vão falando sem saber
                                                                                  Para quem quer me seguir             Que ela é forçada a enganar
                                                                                  Eu quero mais                        Não vivendo pra dançar
                                                                                  Tenho o caminho que sempre quis      Mas dançando pra viver
                                                                                  E um saveiro pronto prá partir
                                                                                  Invento o cais
                                                                                  E sei a vez de me lançar
Águas de março            Tom Jobim
                                Elis – 1972
                    Elis & Tom – 1974 (Com Tom Jobim)
                       Montreaux jazz Festival – 1982


               É pau, é pedra, é o fim do caminho
            É um resto de toco, é um pouco sozinho
              É um caco de vidro, é a vida, é o sol
            É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
             É peroba no campo, é o nó da madeira
              Caingá candeia, é o matita-pereira
           É madeira de vento, tombo da ribanceira
        É o mistério profundo, é o queira ou não queira
             É o vento ventando, é o fim da ladeira
               É a viga, é o vão, festa da cumeeira
             É a chuva chovendo, é conversa ribeira
           Das águas de março, é o fim da canseira
             É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
            Passarinho na mao, pedra de atiradeira
             É uma ave no céu, é uma ave no chão
         É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
             É o fundo do poço, é o fim do caminho
           No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
       É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
48




        É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
        É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
             É a luz da manha, é o tijolo chegando
              É a lenha, é o dia, é o fim da picada
          É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
             É o projeto da casa, é o corpo na cama
            É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
        É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
             É um resto de mato na luz da manhã
            São as águas de março fechando o verão
              É a promessa de vida no teu coração
              É pau, é pedra, é o fim do caminho
            É um resto de toco, é um pouco sozinho
             É uma cobra, é um pau, é João, é José
           É um espinho na mão, é um corte no pé
           São as águas de março fechando o verão
             É a promessa de vida no teu coração
              É pau, é pedra, é o fim do caminho
            É um resto de toco, é um pouco sozinho
        É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
            É um belo horizonte, é uma febre terçã
           São as águas de março fechando o verão
             É a promessa de vida no teu coração
              É pau, é pedra, é o fim do caminho
            É um resto de toco, é um pouco sozinho
Doente
                                                                               morena
                                                                              Gilberto Gil/Duda
                                                                              Elis – 1973
                                                                              Luz das Estrelas – 1984


                                                                              De manhã cedo ela sai
                                                                              Leva a chave
                                                                              Me deixa trancado
                                                                              O dia inteiro
                                                                              Não ligo
                                                                              Deito sobre os trilhos
                                                                              E vejo o trem passar
                                                                              Entre brinquedos, cigarros
                                                                              O Tesouro da Juventude
                                                                              Em não sei quantos volumes
                                                                              E quando canto
                                                                              Deixo a imaginação voar
                                                                              Mas ontem à noite
                                                                              A mão sobre meus cabelos
                                                                              Ela me disse:
                                                                              "Meu bem, não tenha medo
                                                                              No verão que vem
                                                                              Nós vamos à praia"




                                                                                                                        49
Me deixa em paz                       Boa noite, amor                         Oriente
Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza   Maria José de Abreu/Francisco Matoso    Gilberto Gil
Elis – 1972                           Elis – 1972                             Elis – 1973


Paz!                                  Boa noite amor
                                      Meu grande amor
                                                                              Se oriente, rapaz
                                                                              Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Que eu já não aguento mais            Contigo sonharei                        Se oriente, rapaz
Me deixa em paz                                                               Pela constatação de que a aranha
Sai de mim                            E a minha dor esquecerei                Vive do que tece
Me deixa em paz                       Se eu souber que o sonho teu            Vê se não se esquece
                                      Foi o mesmo sonho meu                   Pela simples razão de que tudo merece
Vai!                                  Boa noite, amor
                                                                              Consideração

Hoje o fogo se apagou                 E sonhe enfim                           Considere, rapaz
Nosso jogo terminou                   Pensando sempre em mim                  A possibilidade de ir pro Japão
Vai prá onde Deus quizer                                                      Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Já é hora de                          Na carícia de um beijo                  Pela curiosidade de ver
De voce partir                        Que ficou no desejo                     Onde o sol se esconde
Não adianta mais ficar                Boa noite, meu grande amor.             Vê se compreende
                                                                              Pela simples razão de que tudo depende
                                                                              De determinação

                                                                              Determine, rapaz
                                                                              Onde vai ser seu curso de pós-graduação
                                                                              Se oriente, rapaz
                                                                              Pela rotação da Terra em torno do Sol
                                                                              Sorridente, rapaz
                                                                              Pela continuidade do sonho de Adão
O caçador de
                                                                     esmeralda

         Agnus sei
                                                                 João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei
                                                                Elis – 1973

                                                               Verde que te quiero oro
                                                              Bandeiras removendo a terra




                                                                                                                                              campo
                                                             Esmeralda que aguarda agora
                                                             No riacho além de Tordesilhas



                                                                                                                         Meio de
       João Bosco/Aldir Blanc                                E Fernão se apaixonou como um selvagem
       Elis – 1973
                                                             Pela sereia do sertão
                                                             Na água, imagem virgem
       Faces sob o sol, os olhos na cruz
                                                              Miragem esverdeada
       Os heróis do bem prosseguem na brisa na manhã
                                                                                                                                            Gilberto Gil
       Vão levar ao reino dos minaretes
                                                              No mel das abelhas e nos frutos                                                Elis – 1973
       A paz na ponta dos arietes
                                                              O gosto dela, febre da paixão
       A conversão para os infiéis                                                                                                    Prezado amigo Afonsinho
                                                               Fernão se esmerava na conquista
                                                                De esmeralda, inferno de Fernão                                       Eu continuo aqui mesmo
     Para trás ficou a marca da cruz                                                                                                Aperfeiçoando o imperfeito
       Na fumaça negra vinda na brisa da manhã                                                                                     Dando tempo, dando um jeito
                                                                   E um dia no Fusca duas portas, dois amantes
          Ah, como é difícil tornar-se herói                                                                                          Desprezando a perfeição
                                                                    Fernão louco, Esmeralda desvairada
             Só quem tentou sabe como dói                                                                                           Que a perfeição é uma meta
                                                                      O enleio dos delirantes
                Vencer Satã só com orações                                                                                             Defendida pelo goleiro
                                                                       No Recreio dos Bandeirantes
                                                                                                                                        Que joga na seleção
            Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê                                                                                    E eu não sou Pelé, nem nada
          Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê                                                                                     Se muito for eu sou um Tostão


                                                                               Cabaré
        Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!
50




                                                                                                                         Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão
        Dominus dominium juros além                                                                                                  Entrou de bola, e tudo!
        Todos esses anos agnus sei que sou também
        Mas ovelha negra me desgarrei                                           João Bosco/Aldir Blanc
        O meu pastor não sabe que eu sei                                         Elis – 1973
        Da arma oculta na sua mão
                                                                                  Na porta lentas luzes de neon
               Meu profano amor eu prefiro assim                                  Na mesa flores murchas de crepon
              À nudez sem véus diante da Santa Inquisição                          E a luz grená filtrada entre conversas
             Ah, o tribunal não recordará                                          Inventa um novo amor, loucas promessas
            Dos fugitivos de Shangri-Lá
           O tempo vence toda a ilusão                                              De tomara-que-caia surge a crooner do norte
                                                                                    Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte
         Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê
         Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê                                        Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
         Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!                           Quem sabe dos outros, das grades, dos muros

                                                                                     No drama sufocado em cada rosto
                                                                                    A lama de não ser o que se quis
                                                                                    A chama quase morta de um sol posto
                                                                                    A dama de um passado mais feliz

                                                                                  Um cuba-libre treme na mão fria
                                                                                 Ao triste strip-tease da agonia
                                                                                 De cada um que deixa o cabaré
                                                                                Lá fora a luz do dia fere os olhos

                                                                              Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
                                                                              Quem sabe dos outros
Ladeira da Preguiça
                                                                            Gilberto Gil
                                                                            Elis – 1973




       Comadre
                                                                            Essa ladeira
                                                                            Que ladeira é essa?
                                                                            Essa é a Ladeira da Preguiça
        João Bosco/Aldir Blanc
                                                                            Preguiça que eu tive sempre


                                   Folhas secas
                     Elis – 1973
                                                                            De escrever para a família
 Em tudo o que me acontecer                                                 E de mandar contar pra casa
       O dedo da comadre tá                                                 Que esse mundo é uma maravilha
  Na corda quando escurecer                                                 E pra saber se a menina já conta as estrelas
                                   Nélson Cavaquinho/Guilherme de Brito
       Anágua da comadre lá        Elis – 1973
                                                                            E sabe a segunda cartilha
                                                                            E pra saber se o menino já canta cantigas
              Branco de doer       Quando eu piso em folhas secas           E já não bota mais a mão na barguilha
    Me convidando a imaginar       Caídas de uma mangueira                  E pra falar do mundo, falar uma besteira
             Se o vento bater      Penso na minha escola                    Formenteira é uma ilha
    A ginga que a comadre dá       E nos poetas da minha Estação Primeira   Onde se chega de barco, mãe

      E a ginga da comadre tá Não sei quantas vezes                         Que nem lá
   Em tudo que me acontecer Subi o morro cantando                           Na Ilha do Medo
No copo que eu me embriagar Sempre o sol me queimando                       Que nem lá
                               E assim vou me acabando                      Na Ilha do Frade
                 Se relampejar                                              Que nem lá
                Se eu adoecer Quando o tempo avisar                         Na Ilha de Maré
          Se a febre aumentar Que eu não posso mais sambar                  Que nem lá
              A comadre vem Sei que vou sentir saudade                      Salina das Margaridas
                               Ao lado do meu violão
  Na palha que eu adormecer Da minha mocidade                               Essa ladeira
Nas águas em que eu me lavar                                                Que ladeira é essa?
  E na pitanga que eu morder Quando eu piso em folhas secas                 Essa é a Ladeira da Preguiça
    Na arapuca que eu armar Caídas de uma mangueira




                                                                                                                           51
                               Penso na minha escola                        Ela não é de hoje
       Onde eu me esconder E nos poetas da minha Estação Primeira           Ela é desde quando
Em tudo quanto eu pude olhar                                                Se amarrava cachorro com linguiça
            No que ouvi dizer Não sei quantas vezes
       A ginga da comadre tá Subi o morro cantando
                               Sempre o sol me queimando


                                                                            É com esse que eu vou
No samba que eu me exceder E assim vou me acabando
 No doce que eu me lambuzar E assim vou me acabando
  Na hora que eu endoidecer E assim vou me acabando
                                                                            Pedro Caetano
         Se o sangue espirrar                                               Elis – 1973
             Se a ferida arder
            Se a boca chupar                                                É com esse que eu vou
              A comadre vem                                                 Sambar até cair no chão
                                                                            É com esse que eu vou
                                                                            Desabafar na multidão
                                                                            Se ninguém se animar
                                                                            Eu vou quebrar meu tamborim
                                                                            Mas se a turma gostar
                                                                            Vai ser pra mim

                                                                            Eu quero ver
                                                                            O ronca ronca da cuíca
                                                                            Gente pobre, gente rica
                                                                            Deputado, senador

                                                                            Quebra, quebra
                                                                            Quero ver uma cabrocha boa
                                                                            No piano da patroa
                                                                            Batucando
                                                                            É com esse que eu vou
Conversando no bar
                                                                   Milton Nascimento/Fernando Brant



     Na batucada da vida
                                                                                Elis – 1974
                                                                          Saudade do Brasil – 1980



                      Ary Barroso
                                                               Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira


                                                                                                                       Ponta de areia
                       Elis – 1974                           E o motorneiro parava a orquestra um minuto
          No dia em que eu apareci no mundo                  Para me contar casos da campanha da Itália
           Juntou uma porção de vagabundo
                        Da orgia
                                                                     E de um tiro que ele não levou
                                                                                                                        Milton Nascimento/Fernando Brant
            De noite, teve samba e batucada                   Levei um susto imenso nas asas da Pan Air                              Elis – 1974
              Que acabou de madrugada                                                                                        Montreaux Jazz Festival – 1982

                 Em grossa pancadaria
                                                                    Descobri que as coisas mudam
                                                            E que o mundo é pequeno nas asas da Pan Air                     Ponta de areia, ponto final
           Depois do meu batismo de fumaça                                                                              Da Bahia à Minas, estrada natural
           Mamei um litro e meio de cachaça                                                                             Que ligava Minas ao porto, ao mar
                     Bem puxado                                E lá vai menino xingando padre e pedra                 Caminho do ferro mandaram arrancar
          E fui adormecer como um despacho                                                                               Velho maquinista com seu boné
     Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados                                                                   Lembra o povo alegre que vinha cortejar
                                                                E lá vai menino lambendo podre delícia
                                                                  E lá vai menino senhor de todo fruto                    Maria Fumaça, não canta mais
           Cresci olhando a vida sem malícia                                                                           Para moças, flores, janelas e quintais
                                                                                                                          Na praça vazia, um grito um ai
                                                                    Sem nenhum pecado, sem pavor
             Quando um cabo de polícia
               Despertou meu coração
                                                             O medo em minha vida nasceu muito depois                  Casas esquecidas, viúvas nos portais
           E como eu fui pra ele muito boa                             Descobri que a minha arma
                Me soltou na rua à toa
              Desprezada como um cão
                                                          É o que a memória guarda dos tempos da Pan Air



                                                                                                                        O mestre-sala
           E hoje que eu sou mesmo da virada
              E que eu não tenho nada, nada
                                                                  Nada existe que não se esqueça


                                                                                                                         dos mares
                 E por Deus fui esquecida
52




                                                                  Alguém insiste e fala ao coração
          Irei cada vez mais me esmulambando
                 Seguirei sempre cantando
                                                               Tudo de triste existe que não se esquece
                   Na batucada da vida                             Alguém insiste e fere o coração
                                                                                                                               João Bosco/Aldir Blanc




                 Travessia
                                                                 Nada de novo existe neste planeta
                                                                                                                                       Elis – 1974
                                                                Que não se fale aqui na mesa de bar                              Luz das estrelas – 1984


                                                                                                                      Há muito tempo nas águas da Guanabara
            Milton Nascimento/Fernando Brant                    E aquela briga e aquela fome de bola                        O dragão do mar apareceu
                        Elis – 1974                                                                                       Na figura de um bravo feiticeiro
                                                                                                                          A quem a história não esqueceu
                                                               E aquele tango e aquela dama da noite
               Quando você foi embora                              E aquela mancha e a fala oculta                       Conhecido como navegante negro
              Fez-se noite em meu viver                                                                                 Tinha a dignidade de um mestre-sala
            Forte eu sou, mas não tem jeito                                                                         E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
                                                                   Que no fundo do quintal morreu
              Hoje eu tenho que chorar                            Morri a cada dia dos dias que vivi              Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
                Minha casa não é minha                                                                               Jovens polacas e por batalhões de mulatas
                E nem é meu este lugar
                                                                        Cerveja que tomo hoje
              Estou só e não tem resisto                    É apenas em memória dos tempos da Pan Air                            Rubras cascatas
                 Muito tenho pra falar                                                                                   Jorravam das costas dos santos
                                                                                                                             Entre cantos e chibatas
                                                                       A primeira Coca-Cola foi,
       Solto a voz nas estradas, já não quero parar          Me lembro bem agora, nas asas da Pan Air                         Inundando o coração
     Meu caminho é de pedra, como posso sonhar?                                                                               Do pessoal do porão
        Sonho feito de brisa vento vem terminar                                                                     Que a exemplo do feiticeiro gritava, então:
                                                                      A maior das maravilhas foi
     Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar            Voando sobre o mundo nas asas da Pan Air
                                                                                                                     Glória aos piratas, às mulatas, às sereias,
                Vou seguindo pela vida                                                                                 Glória à farofa, à cachaça, às baleias,
               Me esquecendo de você                  Em volta dessa mesa velhos e moços lembrando o que já foi          Glória a todas as lutas inglórias
             Eu não quero mais a morte                                                                                    Que através da nossa história
                Tenho muito que viver                                                                                        Não esquecemos jamais.
                                                        Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual
              Vou querer amar de novo                  Em volta dessas mesas existe a rua vivendo o seu normal
             E se não der não vou sofrer                                                                                     Salve o navegante negro
                Já não sonho, hoje faço                                                                                     Que tem por monumento
                                                        Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais
             Com meu braço o meu viver                                  Em volta da cidade...                               As pedras pisadas do cais
Dois                                                                                                     Caça à raposa
            prá lá,
dois
                                                                                                                     João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                                                     Elis – 1974




 prá ca
                                                                                                                     O olhar dos cães
                                                                                                                     A mão nas rédeas
                                                                                                                     E o verde da floresta
João Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1974                                                                                                          Dentes brancos, cães
                                                                                                                     A trompa ao longe, o riso
Sentindo frio em minh'alma                                                                                           Os cães, a mão na testa
Te c onv i d e i p r a d a n ç a r
A t u a vo z m e a c a l m av a


                                                Maria Rosa
                                                                                                                     O olhar procura, antecipa
São dois pra lá, dois pra cá                                                                                         A dor no coração vermelho
                                                                                                                     Senhorita e seus anéis, corcéis
Meu coração traiçoeiro                                                                                               E a dor no coração vermelho
Batia mais que o bongô                          Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves
Tremia mais que as maracas                      Elis – 1974                                                          O rebenque estala, um leque aponta: foi por lá
Descompassado de amor
                                                Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos                   Um olhar de cão
M i n h a c a b e ç a ro d a n d o              Vestindo farrapos calçando tamancos                                  As mãos são pernas
Rodava mais que os casais                       Pedindo nas portas pedaços de pão ?                                  E o verde da floresta
O teu perfume gardênia                          A conheci quando moça era um anjo de formosa
E não me pergunte mais                          Seu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão                          Oh, manhã entre manhãs
                                                                                                                     A trompa em cima, os cães
A tua mão no pescoço                            Os trapos de suas vestes não é só necessidade                        Nenhuma fresta
As tuas costas macias                           Cada um, para ela, representa uma saudade
Por quanto tempo rondaram                       Ou de um vestido de baile, ou de um presente , talvez                O olhar se fecha, uma lembrança
A s min h a s n o i te s v a z i a s            Que algum dos seus apaixonados lhe fez                               Afaga o coração vermelho
                                                                                                                     Uma cabeleira sobre o feno
No dedo um falso brilhante                      Quis certo dia Maria por a fantasia de tempos passados               Afoga o coração vermelho
B rin c os i g u a i s a o c o l a r            Por em sua galeria uns novos apaixonados




                                                                                                                                                                      53
E a ponta de um torturante                      Esta mulher que outrora a tanta gente encantou                       Montarias freiam, dentes brancos: terminou
B an d- a i d n o c a l c a n h a r             Nenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou
                                                                                                                     Línguas rubras dos amantes
Eu hoje me embriagando                          E então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileção         Sonhos sempre incandescentes
De whisky com guaraná                           Mandou fazer essa capa de recordação                                 Recomeçam desde instantes
Ouvi tua voz sussurrando                        Vocês Marias de agora, amem somente uma vez                          Que os julgamos mais ausentes
São dois pra lá, dois pra cá.                   Prá que mais tarde esta capa não sirva em vocês.
                                                                                                                     Ah! recomecar, recomecar
                                                                                                                     Como canções e epidemias
                                                                                                                     Ah! recomeçar como as colheitas
                                                                                                                     Como a lua e a covardia
                                                                                                                     Ah! recomeçar como a paixão e o fogo
                                                                                                                     E o fogo, e o fogo...



                  O compositor me disse
                  Gilberto Gil
                  Elis – 1974

                  Compositor me disse que eu cantasse distraidamente essa canção.
                  Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca vindo do pulmão.
                  E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento, jogando as palavras pelo ar.

                  O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento, sem ligar pras coisas que ele quis dizer.
                  Que eu não pensasse em mim nem em você.
                  Que eu cantasse distraidamente como bate o coração.

                  E que eu parasse aqui.

                  Assim..
Pois é
     Tom Jobim/Chico Buarque
     Elis & Tom – 1974                                                                                                        Modinha
                                                                                                                           Tom Jobim/Vinícius de Morais
                                                                                                                                  Elis & Tom – 1974
     Pois é... Fica o dito e o redito por não dito. E é difícil dizer que foi bonito. É inútil cantar o que perdi.

     Taí.. Nosso mais-que-perfeito está desfeito. E o que me parecia tão direito. Caiu desse jeito sem perdão.                        Não
                                                                                                                           Não pode mais meu coração
     Então... Disfarçar minha dor eu não consigo. Dizer: – somos sempre bons amigos, é muita mentira para mim                Viver assim dilacerado
                                                                                                                            Escravizado a uma ilusão
                                                                                                                                    Que é só
                                                                                                                                    Desilusão
     Enfim... Hoje na solidão ainda custo a entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação.

                                                                                                                         Ah, não seja a vida sempre assim
     Pois é... e então ...
                                                                                                                           Como um luar desesperado
                                                                                                                         A derramar melancolia em mim
                                                                                                                                 Poesia em mim

                                                                                                                        Vai, triste canção, sai do meu peito
                                                                                                                                  E semeia a emoção
                                                                                                                        Que chora dentro do meu coração
                                                                                                                                       Coração
                  Só tinha de ser com você
                  Tom Jobim/Chico Buarque
                  Elis & Tom – 1974



                  É... só eu sei quanto amor eu guardei

                                                                                                                                   Triste
54




                                                                                      Corcovado
                  Sem saber que era só pra você

                  É. Só tinha de ser com você                                                                                         Tom Jobim
                                                                                                                                   Elis & Tom – 1974
                                                                                                Tom Jobim
                  havia de ser prá você                                                      Elis & Tom – 1974                   Luz das estrelas – 1984
                                                                                       Montreaux Jazz Festival – 1982
                  Senão era mais uma dor                                                                                      Triste é viver na solidão
                                                                                       Um cantinho, um violão              Na dor cruel de uma paixão
                                                                                       Este amor, uma canção             Triste é saber que ninguém pode
                  Senão não seria o amor
                                                                                    Pra fazer feliz a quem se ama                  Viver de ilusão
                                                                                                                                 Que nunca vai ser
                  Aquele que o mundo não vê
                  O amor que chegou para dar                                          Muita calma pra pensar                       Nunca vai dar
                                                                                      E ter tempo pra sonhar              O sonhador tem que acordar
                  O que ninguém deu pra você                                        Da janela vê se o Corcovado
                                                                                       O Redentor, que lindo                 Tua beleza é um avião
                                                                                                                          Demais pra um pobre coração
                                                                                    Quero a vida sempre assim              Que para pra te ver passar
                                                                                                                              Só pra me maltratar
                  É. Você que é feita de azul                                        Com você perto de mim
                  Me deixa morar nesse azul                                         Até o apagar da velha chama             Triste é viver na solidão

                  Me deixa encontrar minha paz                                          E eu que era triste                   Triste é viver na solidão
                                                                                     Descrente desse mundo                 Na dor cruel de uma paixão
                  Você que é bonita demais                                         Ao encontrar você eu conheci          Triste é saber que ninguém pode
                                                                                   O que é felicidade, meu amor                    Viver de ilusão
                                                                                                                                 Que nunca vai ser
                  Se ao menos pudesse saber
                  Que eu sempre fui só de você                                                                                     Nunca vai dar
                                                                                                                          O sonhador tem que acordar.
                  Você sempre foi só de mim
Retrato em branco e preto

                                                                                                       Inútil
Tom Jobim/Chico Buarque
Elis & Tom – 1974




                                                                                                     paisagem
Já conheço os passos dessa estrada,
Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor.
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho                                                                              Tom Jobim/Aloysio de Oliveira
Eu vou ficar tanto pior,                                                                                         Elis & Tom – 1974

O que é que eu posso contra o encanto                                                                          Mas pra que?
Desse amor que eu nego tanto, evito tanto                                                                   Pra que tanto céu?
                                                                                                       Pra que tanto mar, pra que?
E que no entanto volta sempre a enfeitiçar                                                De que serve esta onda que quebra e o vento da tarde?
Com seus mesmos tristes velhos fatos                                                                      De que serve a tarde?
                                                                                                              Inútil paisagem
Que num álbum de retratos eu teimo em colecionar.
                                                                                                      Pode ser que nao venhas mais

Lá vou eu de novo como um tolo,
                                                                                                        Que não voltes nunca mais
                                                                                            De que servem as flores que nascem pelos caminhos
Procurar o desconsolo                                                                               Se o meu caminho sozinho é nada?
Que cansei de conhecer.
Novos dias tristes, noites claras,
Versos, cartas,
Minha cara, ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,

                                                                           Brigas nunca mais




                                                                                                                                                                 55
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão.                                                       Tom Jobim/Vinícius de Morais
Vou colecionar mais um soneto,                                             Elis & Tom – 1974

Outro retrato em branco e preto                                            Chegou, sorriu,
A maltratar meu coração.                                                   Venceu, depois chorou.
                                                                           Então fui eu
                                                                           Quem consolou sua tristeza,
                                                                           Na certeza de que o amor


                          O que tinha de ser                                                                            Por toda minha vida
                                                                           Tem dessas fazes más,
                                                                           Que é bom para fazer as pazes

                                                                           Mas depois fui eu
                                         Tom Jobim/Vinícius de Morais                                                   Tom Jobim/Vinícius de Morais
                                                       Elis & Tom – 1974   Quem dela precisou,                          Elis & Tom – 1974
                                                                           E ela então me socorreu.
                                               Porque foste na vida        E o nosso amor                               Meu bem-amado
                                                 A última esperança        Mostrou que veio pra ficar                   Quero fazer-te um juramento uma canção
                                         Encontrar-te me fez criança       Mais uma vez, por toda a vida.               Eu prometo, por toda a minha vida
                                                Porque já eras meu         Bom é mesmo amar em paz,                     Ser somente tua e amar-te como nunca
                                               Sem eu saber sequer         Brigas, nunca mais                           Ninguém jamais amou, ninguém
                                           Porque és o meu homem
                                                    E eu tua mulher                                                     Meu bem-amado
                                                                                                                        Estrela pura aparecida
                                             Porque tu me chegaste                                                      Eu te amo e te proclamo
                                           Sem me dizer que vinhas                                                      O meu amor
                               E tuas mãos foram minhas com calma                                                       O meu amor
                                         Porque foste em minh'alma                                                      Maior que tudo quanto existe
                                              Como um amanhecer                                                         Oh, meu amor
                                     Porque foste o que tinha de ser
Soneto de
                                                           Chovendo na roseira
                                                                                                                                      Tom Jobim/Vinícius de Morais
                                                                                                                                      Elis & Tom – 1974

                                                                                                                                      De repente do riso fez-se o pranto
                                                                              Tom Jobim                                               Silencioso e branco como a bruma
                                                                           Elis & Tom – 1974
                                                                                                                                      E das bocas unidas fez-se a espuma
                                                                                                                                      E das mãos espalmadas fez-se o espanto
                                                                  Olha, está chovendo na roseira
                                                                  Que só dá rosa mas não cheira
                                                                                                                                      De repente da calma fez-se o vento
                                                                   A frescura das gotas úmidas
                                                                                                                                      Que dos olhos desfez a última chama
                                                                          Que é de Luísa
                                                                                                                                      E da paixão fez-se o pressentimento
                                                                        Que é de Paulinho
                                                                                                                                      E do momento imóvel fez-se o drama
                                                                          Que é de João
                                                                        Que é de ninguém
                                                                                                                                      De repente, não mais que de repente
                                                                                                                                      Fez-se de triste o que se fez amante
                                                              Pétalas de rosa carregadas pelo vento
                                                                                                                                      E de sozinho o que se fez contente
                                                           Um amor tão puro carregou meu pensamento



                                                                                                       Fotografia
                                                                                                                                      Fez-se do amigo próximo, distante




                                                                                                                                      separação
                                                                  Olha, um tico-tico mora ao lado
                                                                                                                                      Fez-se da vida uma aventura errante
                                                                     E, passeando no molhado,
                                                                                                                                      De repente, não mais que de repente
                                                                       Adivinhou a primavera
                                                                                                              Tom Jobim
                                                                 Olha, que chuva boa, prazenteira           Elis & Tom – 1974
                                                                 Que vem molhar minha roseira
                                                                       Chuva boa, criadeira               Eu, você, nós dois
                                                                        Que molha a terra          Aqui neste terraço à beira-mar
                                                                         Que enche o rio                 O sol já vai caindo



     Cadeira vazia
                                                                         Que limpa o céu                    E o seu olhar
                                                                         Que traz o azul          Parece acompanhar a cor do mar

                                                              Pétalas de rosa carregadas pelo vento Você tem que ir embora
56




                                                           Um amor tão puro carregou meu pensamento          A tarde cai
        Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves                                                           Em cores se desfaz,
        Lupiscinio Rodrigues na Interpretacao de: – 1974
                                                                  Olha, um tico-tico mora ao lado            Escureceu
                                                                     E passeando no molhado              O sol caiu no mar
     Entra meu amor fica a vontade
                                                                      Adivinhou a primavera                 E aquela luz
     E diz com sinceridade
                                                                                                      Lá em baixo se acendeu
     O que desejas de mim
                                                                  Olha, o jasmineiro está florido
     Entra podes entrar a casa é tua
                                                                   E o riachinho de água esperta             Você e eu
     Já q u e c an saste d e v i ve r n a r u a
                                                             Se lança embaixo do rio de águas calmas
     E teus sonhos chegaram ao fim
                                                                                                         Eu, você, nós dois
                                                                     Ah… você é de ninguém         Sozinhos neste bar à meia-luz
     Eu sofri demais quando partiste
                                                                                                   E uma grande lua saiu do mar
     Passei tantas horas triste
                                                                                                  Parece que este bar já vai fechar
     Que nem devo lembrar esse dia
     Mas de uma coisa podes ter certeza
                                                                                                      E há sempre uma canção
     Que teu lugar aqui na minha mesa
                                                                                                             Para contar
     Tu a c a d e i r a a i n d a e s t á v a z i a
                                                                                                        Aquela velha história
                                                                                                           De um desejo
     Tu é s a f i l h a p r ó d i g a q u e v o l t a
                                                                                                       Que todas as canções
     Procurando em minha porta
                                                                                                          Têm pra contar
     O que o mundo não te deu
     E faz de conta que sou o teu paizinho
                                                                                                         E veio aquele beijo
     Que tanto tempo aqui fiquei sozinho
                                                                                                            Aquele beijo
     A esperar por um carinho teu
                                                                                                            Aquele beijo
     Voltaste, estás bem, estou contente
     Só que me encontraste muito diferente
     Vo u t e f a l a r d e t o d o o c o r a ç ã o
     N ão t e dare i c a r i n h o n e m a fe to
     Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto
     Prá te alimentar podes comer meu pão
Alto da Bronze                             Boi barroso                                       Homens de preto
Paulo Coelho/Foquinha                      Folclore                                          Paulo Ruschel
Música popular do sul – 1975               Música popular do sul – 1975                      Música popular do sul – 1975

Alto da Bronze,                            Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré        Os homens de preto trazendo a boiada
Cabeça quebrada,                           Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré       Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Praça querida                                                                                Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Sempre lembrada                            Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
A praça 11 da molecada                     O teu lugar, ai, é lá na canga                    Os homens de preto trazendo a boiada
Praça sem branco                                                                             Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Do rato branco e do futebol                Eu mandei fazer um laço do couro da jacutinga     E o bicho coitado não pensa em nada
Da garotada endiabrada                     Pra laçar o boi barroso, lá no alto da restinga   Só vai pela estrada direto a charqueada
Das manhãs de sol                                                                            Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Guardo a eterna lembrança                  Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
Do tempo feliz em que eu era criança       O teu lugar, ai, é lá na canga                    Os homens de preto trazendo a boiada
Do tempo em que a vida era                                                                   Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
Da minha infância a grande quimera                                                           Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Hoje eu, pobre profano,
Me lembro de ti e dos meus desenganos                                                        Os homens de preto trazendo a boiada
Ó, meu Alto da Bronze dos meus oito anos                                                     Vêm rindo, cantando, dando gargalhada
                                                                                             E o bicho coitado não pensa em nada
                                                                                             Só vem pela estrada, vem, berrando, berrando,
                                                                                             vem berrando




                                                                                                                                             57
                                                                                             O gado coitado, nasceu, foi marcado
                                                                                             Aí vai condenado na estrada berrando
                                                                                             A querência deixando
                                                                                             Os homens marvado empurrando e gritando
                                                                                             Toca boi, toca boi

                                                                                             O gado coitado, nasceu foi marcado
                                                                                             Aí vai condenado direto a charqueada
                                                                                             Mas manda a poeira no rumo de Deus
                                                                                             Berrando pra ele dizendo pra Deus
                                                                                             Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
                                                                                             Os homens de preto, empurrando a boiada
                                                                                             Vêm rindo, cantando, dando gargalhada

                                                                                             Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Como nossos pais
                                                             Belchior
                                                Falso brilhante – 1976

                          Não quero lhe falar, meu grande amor
                             Das coisas que aprendi nos discos
                                Quero lhe contar como eu vivi
                               E tudo o que aconteceu comigo

                                   Viver é melhor que sonhar
                         E eu sei que o amor é uma coisa boa
                          Mas também sei que qualquer canto
                     É menor do que a vida de qualquer pessoa

                Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina
                   Eles venceram e o sinal está fechado pra nós
                                             Que somos jovens

              Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
               É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz

                             Você me pergunta pela minha paixão
              Digo que estou encantado com uma nova invenção             Velha roupa colorida
             Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão        Belchior
     Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação          Falso brilhante – 1976
                    Eu sei de tudo da ferida viva no meu coração

                                Já faz tempo eu vi você na rua Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
                                                               Voce não sente, não vê

                       Cabelo ao vento e gente jovem reunida Que uma nova mudança em breve vai acontecer
                                        Na parede da memória
58




                      Essa lembrança é o quadro que dói mais O que há algum tempo era novo e jovem

                                         Minha dor é perceber E precisamos todos rejuvenescer
                                                               Hoje é antigo

                Que apesar de termos feito tudo que fizemos
                           Ainda somos os mesmos e vivemos Nunca mais seu pai falou "She's leaving home"
                                            Como nossos pais E meteu o pé na estrada "Like a Rolling Stone..."

                          Nossos ídolos ainda são os mesmos Para correr no seu carro
                                                               Nunca mais você buscou sua menina

                          E as aparências não se enganam, não Loucura, chiclete e som
                                     Você diz que depois deles
                                  Não apareceu mais ninguém Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido

                         Você pode até dizer que tou por fora Cabelo ao vento
                                                               O dedo em V

                                 Ou então que tou inventando Amor e flor
                 Mas é você que ama o passado e que não vê Que é do cartaz
                      É você que ama o passado e que não vê
                                      Que o novo sempre vem No presente a mente, o corpo é diferente

                    Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia
                                                               E o passado é uma roupa que não nos serve mais

                        De uma nova consciência e juventude Como Poe, poeta louco americano,
                             Está em casa guardado por Deus Eu pergunto ao passarinho blackbird, o que se faz?
                                          Contando o vil metal

                                         Minha dor é perceber Blackbird me responde:
                                                               E raven, never, raven, never, raven

          Que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos "Tudo ja ficou pra trás"
                      Nós ainda somos os mesmos e vivemos E raven, never, raven, never, raven
                           Ainda somos os mesmos e vivemos Assum preto me responde:
                                          Como os nossos pais "O passado, nunca mais!"
Um por todos                                (Versão 1)              Um por todos                          (Versão 2)
                                       João Bosco/Aldir Blanc
                                            Falso brilhante – 1976
                                                                     João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                                                                                Los hermanos
                         Do ventre chão da terra mãe Do ventre chão da terra mãe                                                                Atahualpa Yupanqui
                           Nasce o herói improvisado Nasce o beato improvisado                                                                  Falso brilhante – 1976
        Querido filho pranteado da fortuna e do acaso Querido filho pranteado da fortuna e do acaso
                                                                                                                                                Yo tengo tantos hermanos
                  Avante! Um por todos e todos por um!               Avante! Um por todos e todos por um!                                       Que no los puedo contar
                               Ficam, das lutas ao longe,            Ficam, das lutas de um homem,                                              En el valle, la montaña
                                Duas medalhas pregadas               Bustos de bronze e histórias                                               En la pampa y en el mar
                                    Em peito de bronze               Que as horas consomem                                                      Cada cual con sus trabajos
                                                                                                                                                Con sus sueños cada cual
                                 E as bandeirinhas e as rifas        E as bandeirinhas e as rifas                                               Con la esperanza delante
                                  O foguetório e a fanfarra          O foguetório e a fanfarra                                                  Con los recuerdos detrás
                                    Meio velório, meio farra         Meio velório, meio farra                                                   Yo tengo tantos hermanos
                               O sentimento dos teus pares           O sentimento dos teus pares                                                Que no los puedo contar

                Heróis dos escolares e das lavadeiras Senhor dos escolares e das lavadeiras                                                     Gente de mano caliente
                       Oh! Deus das mocas solteiras Oh! Deus das moças solteiras                                                                Por eso de la amistad
        Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira                                               Con un lloro pa' llorarlo
                                                                                                                                                Con un rezo pa' rezar
                                          Eu te conheço              Eu te conheço                                                              Con un horizonte abierto
                       Sei preço da fama e nao esqueço               Sei preço da fama e nao esqueço                                            Que siempre esta mas allá
                   Que deitei em tua cama, em teu berço              Que deitei em tua cama, em teu berço                                       Y esa fuerza pa' buscarlo
                                        Eu sei teu preço             Eu sei teu preço                                                           Con tesón y voluntad
                                          Eu te conheço              Eu te conheço                                                              Cuando parece mas cerca
                                    Meu oportuno herói               Meu milagroso irmão                                                        Es cuando se aleja mas
                                                                                                                                                Yo tengo tantos hermanos
                                             Eu lavo as mãos         Eu lavo as mãos                                                            Que no los puedo contar




                                                                                                                                                                                          59
                         Pôncio cônscio pilhado em flagrante         Pôncio cônscio pilhado em flagrante
                            Lavo as mãos e prossigo adiante          Lavo as mãos e prossigo adiante                                            Y así seguimos andando
                                         Eu por mim mesma            Eu por mim mesma                                                           Curtidos de soledad
                                             Todos por mim           Todos por mim                                                              Nos perdemos por el mundo
                                       Meu oportuno herói            Meu milagroso irmão                                                        Nos volvemos a encontrar
                                                                                                                                                Y así nos reconocemos
                                                                                                                                                Por el lejano mirar
                                                                                                                                                Por las coplas que mordemos
                                                                                                                                                Semillas de inmensidad.


                                                      Fascinação
                                                                                                                                                Yo tengo tantos hermanos
                                                                                                                                                Que no los puedo contar
                                                                                                                                                Y así seguimos andando
                                                                                                                                                Curtidos de soledad
                                                      F. D. Marchetti/M. de Feraudy/Vs. Armando Louzada
                                                      Falso brilhante – 1976                                                                    Y en nosotros nuestros muertos
                                                      Transversal do tempo – 1978                                                               Pa' que nadie quede atrás
                                                                                                O teu corpo é luz, sedução                      Yo tengo tantos hermanos
                                                      Os sonhos mais lindos sonhei              Poema divino cheio de esplendor                 Que no los puedo contar
                                                      De quimeras mil um castelos ergui         Teu sorriso prende                              Y una hermana muy hermosa




Quero
                                                      E no teu olhar, tonto de emoção           Me enebria, entontece                           Que se llama libertad
                                                      Com sofreguidão mil venturas vivi         És fascinação amor




Thomas Roth
Falso brilhante – 1976

Quero ver o sol atrás do muro                           Quero uma estrada que leve à verdade               Quero voar de mãos dadas com você        Quero rodar nas asas do girassol
Quero um refúgio que seja seguro                        Quero a floresta em lugar da cidade                Ganhar o espaco em bolhas de sabão       Fazer cristais com gotas de orvalho
Uma nuvem branca, sem pó nem fumaça                     Uma estrela pura de ar respirável                  Escorregar pelas cachoeiras              Cobrir de flores campos de aço
Quero um mundo feito sem porta, vidraça                 Quero um lago limpo de água potável                Pintar o mundo de arco-íris              Beijar de leve a face da lua
Gracias a la vida           Violeta Parra
                                                          Falso brilhante – 1976




                                                                                                                     O cavaleiro e
                                                                                                                    os moinhos
                                                          Gracias a la vida, que me ha dado tanto
                                                          Me dio dos luceros, que cuando los abro
                                                          Perfecto distingo lo negro del blanco
                                                          Y en el alto cielo su fondo estrellado



     Jardins da infância
                                                          Y en las multitudes el hombre que yo amo
                                                                                                              João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                                             Falso brilhante – 1976

                                                                                                           Acreditar na existência dourada do sol
                                                          Gracias a la vida, que me ha dado tanto
                            João Bosco/Aldir Blanc                                                         Mesmo que em plena boca
                                 Falso brilhante – 1976
                                                                                                           Nos bata o açoite contínuo da noite
                                                          Me ha dado el oído que, en todo su ancho

                      É como um conto de fadas
                                                          Graba noche y día grillos y canarios
                                                                                                           Arrebentar a corrente que envolve o amanhã
             Tem sempre uma bruxa pra apavorar
                                                                                                           Despertar as espadas
                                                          Martillos, turbinas, ladridos, chubascos
                       O dragão comendo gente
                                                                                                           Varrer as esfinges das encruzilhadas
                 A bela adormecida sem acordar
                                                          Y la voz tan tierna de mi bien amado
                    Tudo o que o mestre mandar
                                                                                                            Todo esse tempo foi igual a dormir num navio
               E a cabra cega roda sem enxergar
                                                                                                             Sem fazer movimento
                                                          Gracias a la vida, que me ha dado tanto
                                                                                                              Mas tecendo o fio da água e do vento
                              E você se escondeu
                                                          Me ha dado el sonido y el abecedario
                                 E você esqueceu
                                                                                                              Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro
                                                          Con él las palabras que pienso y declaro
                                                                                                               Malandramente pelos caminhos
                        Pique-papos tem distância
                                                          "Madre,", "amigo," "hermano," y los alumbrando
                                                                                                                Meu companheiro tá armado até os dentes
60




                  Pés pisando em ovos, veja você
                                                                                                                  Já não há mais moinhos como os de antigamente
                                                          La ruta del alma del que estoy amando
                         Um tal de pular fogueira,
                  Pistolas, morteiros, vejam vocês
                           Pega malhação de judas



                                                                                                                            Tatuagem
                                                          Gracias a la vida, que me ha dado tanto
                   E quebra-cabeças, vejam vocês          Me ha dado la marcha de mis pies cansados
                              E você se escondeu          Con ellos anduve ciudades y charcos
                              E você não quis ver         Playas y desiertos, montañas y llanos
                        Olha o bobo na berlinda           Y la casa tuya, tu calle y tu patio                                Chico Buarque
                              Olha o pau no gato                                                                             Falso brilhante – 1976
                                  Polícia e ladrão
     Tem carniça e palmatória bem no teu portão                                                                              Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
                                                                                                                             Que é pra te dar coragem pra seguir viagem
                                                          Gracias a la vida que me ha dado tanto

                         Você vive o faz de conta                                                                            Quando a noite vem
                                                          Me dio el corazón, que agita su marco
                           Diz que é de mentira                                                                              E também pra me perpetuar em tua escrava
                                                                                                                             Que você pega, esfrega, nega, mas não lava
                                                          Cuando miro el fruto del cerebro humano
                                   Brinca até cair        Cuando miro al bueno tan lejos del malo
       Chicotinho tá queimando, mamãe posso ir                                                                              Quero brincar no teu corpo feito bailarina
                                                                                                                           Que logo te alucina, salta e te ilumina
                                                          Cuando miro el fondo de tus ojos claros

                        Pique-papos tem distância                                                                          Quando a noite vem
              Pés pisando em ovos, bruxa, dragão                                                                          E nos músculos exaustos do teu braço
                                                                                                                         Repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço
                                                          Gracias a la vida que me ha dado tanto
                          Um tal de pular fogueira
                      E a cabra cega vai de roldão
                                                          Me ha dado la risa, y me ha dado el llanto
                           Pega malhação de judas
                                                          Así yo distingo dicha de quebranto                           Quero pesar feito cruz nas tuas costas
                 E um passarinho morto no chão                                                                        Que te retalha em postas mas no fundo gostas
                                                                                                                     Quando a noite vem
                                                          Los dos materiales que forman mi canto
                                 E você conheceu
                                                          Y el canto de ustedes que es el mismo canto               Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
                                 E você aprendeu          Y el canto de todos que es mi propio canto               Marcada a frio, a ferro e fogo em carne viva

                                                                                                                Corações de mães, arpões
                                                                                                              Sereias e serpentes
                                                                                                             Que te rabiscam o corpo todo
                                                                                                            Mas não sentes...
Colagem
Claudio Lucci
                                           Vecchio novo
                                           Claudio Lucci/José Maria Pereira
Elis – 1977                                Elis – 1977


Se você com muita calma usar sua raça      Amor sem pé nem cabeça
Vai surpreender                            Que vive dentro de nós
A surpresa para muitos é uma arma          Explode tão facilmente
Pra se esconder                            E sem mais nos esquece só

Se esconder não é tão bom                  Quantos e tantos presságios
                                           Que, por instantes, nos faz
Pra viver, pra morrer                      Sentir ser forte, moleque
                                           E estranhamente encarar
Se você lembrar que tudo é relativo
Vai compreender                            Um belo poema novo
Mas a compreensão por vezes tão sensata    Vecchio de tanto amor
Vai lhe conter                             Amar
                                           Vecchio em canto novo
Se conter não é tão bom                    Sempre aqui onde está
Pra viver, pra morrer
                                           Ah, se eu pudesse abarcar
Se você tentar despir essa colagem         A força da alma vadia
Vai se perder                              Como um costume leal
E a perda de si próprio é quase um passo   Eu até que não brincaria
Pra conceder                               Como um poema novo
                                           Vecchio de tanto amor




                                                                                                                         61
Conceder não é tão bom                     Amar
Pra viver, pra morrer, pra nascer          Vecchio em canto novo

                                                                              Cartomante
                                           Sempre aqui onde está
Somos homens sem lugar
Homens velhos com raça                     Amor sem pé nem cabeça
                                                                              Ivan Lins/Vítor Martins
À espera de algum descuido                 Que vive dentro de nós
E com cuidado gozamos paz                  Explode tão Sutilmente             Elis – 1977
                                                                              Transversal do tempo – 1978
Somos homens bons demais                   E, maroto, nos deixa só
Sufocados pelo mal                                                            Nos dias de hoje é bom que se proteja
                                                                              Ofereça a face pra quem quer que seja


                                           Qualquer dia
                                                                              Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Só queremos acreditar
                                                                              Haja o que houver pense nos seus filhos
Que isso tudo pode acabar

                                           Ivan Lins/Vítor Martins
                                                                              Não   ande nos bares, esqueça os amigos
                                           Elis – 1977                        Não   pare nas praças, não corra perigo
                                                                              Não   fale do medo que temos da vida
                                           Nessa calma sertaneja              Não   ponha o dedo na nossa ferida
                                           De quem sabe o que fareja
                                           Eu te encontro qualquer dia        Nos dias de hoje não lhes dê motivo
                                           Eu te encontro qualquer dia        Porque na verdade eu te quero vivo
                                                                              Tenha paciência, Deus está contigo
                                           Já conheço os teus rastros         Deus está conosco até o pescoço
                                           Já comi no teu prato
                                           Já bebi tua cerveja                Já está escrito, já está previsto
                                           Eu conheço o teu cheiro            Por todas as videntes, pelas cartomantes
                                           Eu te encontro qualquer dia        Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
                                           Ah! Eu te encontro qualquer dia    No jogo dos búzios e nas profecias

                                           Logo quem me julgava morto         Cai o rei de Espadas
                                           Mas esquecendo a qualquer custo    Cai o rei de Ouros
                                           Vai morrer de medo e susto         Cai o rei de Paus
                                           Quando abrir a porta               Cai, não fica nada
Morro velho
     Milton Nascimento
     Elis – 1977

     No sertão da minha terra
     Fazenda é o camarada que ao chão se deu
     Fez a obrigação com força
     Parece até que tudo aquilo ali é seu
     Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer

     Orgulhoso camarada de viola em vez de enxada

     Filho do branco e do preto
     Correndo pela estrada atrás de passarinho
     Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos
     Sempre pequeninos
     Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver

     Orgulhoso camarada conta histórias prá moçada

     Filho do senhor vai embora
     Tempo de estudos na cidade grande
     Parte, tem os olhos tristes
     Deixando o companheiro na estação distante
     Não esqueça, amigo, eu vou voltar
     Some longe o trenzinho ao deus-dará

     Quando volta já é outro
     Trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
     Linda como a luz da lua
     Que em lugar nenhum rebrilha como lá
     Já tem nome de doutor
62




     E agora na fazenda é quem vai mandar

     E seu velho camarada já não brinca mais, trabalha



     Caxangá
     Milton Nascimento/Fernando Brant
     Elis – 1977 (Com Milton)
     Trem azul – 1982

     Sempre no coração, haja o que houver
     A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher

     Veja bem meu patrão como pode ser bom
     Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar

     Luto para viver, vivo para morrer
     Enquanto minha morte não vem eu vivo de brigar contra o rei

     Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo
     Conta o que tem pra contar
     Casos e desejos, coisas dessa vida e da outra
     Mas nada de assustar
     Quem não é sincero sai da brincadeira correndo
     Pois pode se queimar

     Queimar!!!
     Saio do trabalho e... volto para casa e...
     Não lembro de canseira maior
     Em tudo é o mesmo suor
Tr a n s v e r s a l                                            d o                       t e m p o
     João Bosco/Aldir Blanc
     Elis – 1977


     As coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade. Pedem, insistem e eu me sinto pouco à vontade.
     Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo. Acho que o amor é a ausência de engarrafamento.
     As coisas que eu sei de mim tentam vencer a distância. E é como se aguardassem feridas numa ambulância.
     As pobres coisas que eu sei podem morrer, mas espero. Como se houvesse um sinal sem sair do amarelo.



A dama do apocalipse
Natan Marques/Crispin del Cistia
Elis – 1977




                                                                                                        Romaria
Branco por cima e o negro de um sorriso herói

                                                       Sentimental eu fico
Trancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destrói
                                                                                                        Renato Teixeira
Rasgam-me o sonho e o mal me põe na vida                                                                Elis – 1977




                                                                                                                                                   63
E a vida me faz sem medo                                                                                É de sonho e de pó, o destino de um só
                                                                                    Renato Teixeira
                                                                                          Elis – 1977   Feito eu perdido em pensamentos
Nos diademas, pragas, anjos de neon                                                                     Sobre o meu cavalo
                                                                             Sentimental eu fico        É de laço e de nó, de gibeira o jiló,
Nos holocaustos trompas, flexas, megatons                       Quando pouso na mesa de um bar          Dessa vida cumprida a sol
                                                                 Eu sou um lobo cansado carente
Rasgam-me a terra e o fogo traz a vida                                De cerveja e velhos amigos        Sou caipira, Pirapora
E a vida não traz segredo                                                                               Nossa Senhora de Aparecida
                                                          Na costura da minha vida mais um ponto        Ilumina a mina escura e funda
                                                              No arremate do sorriso mais um nó         O trem da minha vida
                                                              Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Fecha-se o ar e o sol se nega                              Tem coisa transformando a água em pó         O meu pai foi peão, minha mãe solidão
Nega-se o pão e a paz                                                                                   Meus irmãos perderam-se na vida
                                                          E apesar de estar no bar caçando amores       Em busca de aventuras
E o amor me cega                                                Eu nego tudo e invento explicações      Descasei, joguei, investi, desisti
                                                               Amigo velho amar não me compete          Se há sorte eu não sei, nunca vi
                                                                    Eu quero é destilar as emoções
Sete rajadas correm, somem                                                                              Me disseram porém que eu viesse aqui
E uma mulher                                                                 Sentimental eu fico        Pra pedir em romaria e prece
                                                                Quando pouso na mesa de um bar          Paz nos desaventos
Se entrega e se impõe ardente                                    Eu sou um lobo cansado carente         Como eu não sei rezar, só queria mostrar
                                                                      De cerveja e velhos amigos        Meu olhar, meu olhar, meu olhar
Constante, serpente, vulgar
                                                             E os projetos todos tolos combinados
                                                                  Perecerão nas margens da manhã
Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescer                        Uma tontura solta na cabeça
Abre-se a mente e o cego vê a luz nascer                       Um olho em Deus e outro com satã

Trava-se a guerra e o fogo faz a vida                          E quando o sol raiar desentendido
E a vida não tem segredo                                             Eu vou ferir a vista na manhã
                                                              E olharei pra quem vai pro trabalho
                                                            Com os olhos feito os olhos de uma rã
O rancho da goiabada                                               João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                                                 Transversal do tempo – 1978

                                                                                                                 Os boias-frias
                                                                                                                 Quando tomam umas biritas
                                                                                                                 Espantando a tristeza
                                                                                                                 Sonham com bife à cavalo, batata-frita
                                                                                                                 E a sobremesa
                                                                                                                 É goiabada cascão
                                                                                                                 Com muito queijo
                                                                                                                 Depois café, cigarro
                                                                                                                 E um beijo de uma mulata
                                                                                                                 Chamada Leonor ou Dagmar




             Sinal Fechado
                                                                                                                 Amar
                                                                                                                 O rádio de pilha
                                                                                                                 O fogão jacaré
                                                                                                                 A marmita


                                                         Deus lhe pague
                                  Paulinho da Viola                                                              O domingo
                           Transversal do tempo – 1978
                                                                                                                 O bar
                                                                                                                 Onde tantos iguais
                               – Olá, como vai?
                                                                                                                 Se reúnem contando mentiras
              – Eu vou indo, e você, tudo bem?           Chico Buarque
                                                                                                                 Pra poder suportar
            – Tudo bem, eu vou indo correndo             Transversal do tempo – 1978
            Pegar meu lugar no futuro. E você?
                                                         Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir        Ai, são pais-de-santo, paus-de-araras são passistas
            – Tudo bem, eu vou indo em busca
                                                         A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir          São flagelados, são pingentes, balconistas
            De um sono tranqüilo, quem sabe?
                                                         Por me deixar respirar, por me deixar existir           Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados
                           – Quanto tempo…
                                                         Deus lhe pague                                          Dançando, dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
                     – Pois é, quanto tempo…
                                                                                                                 Dos faraós embalsamados
64




                          – Me perdoe a pressa           Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
                É a alma dos nossos negócios.            Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
                         – Oh! não tem de quê            Um crime pra comentar e um samba pra distrair
                     Eu também só ando a cem
               – Quando é que você telefona?
                      Precisamos nos ver por aí
     – Pra semana, prometo, talvez nos vejamos
                                  – Quem sabe?
                                                         Deus lhe pague

                                                         Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
                                                         O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
                                                         Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
                                                         Deus lhe pague
                                                                                                               Construção
                                                                                                                 Chico Buarque
                                                                                                                 Transversal do tempo – 1978

                             – Quanto tempo…
                      – Pois é, quanto tempo…                                                                    Amou daquela vez como se fosse a última
                                                         Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir       Beijou sua mulher como se fosse a última
                                                         Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir       E cada filho seu como se fosse o único
             – Tanta coisa que eu tinha a dizer          Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair     E atravessou a rua com seu passo tímido
                Mas eu sumi na poeira das ruas           Deus lhe pague
               – Eu também tenho algo a dizer                                                                    Subiu a construção como se fosse máquina
                       Mas me foge a lembrança           Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir        Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
         – Por favor, telefone, eu preciso beber         Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir            Tijolo com tijolo num desenho mágico
                     Alguma coisa, rapidamente           E pelo grito demente que nos ajuda a fugir              Seus olhos embotados de cimento e lágrima
                                  – Pra semana...        Deus lhe pague
                                       – O sinal...                                                              Sentou pra descansar como se fosse sábado
                            – Eu procuro você...         Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir          Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
                                      – Vai abrir...     E pelas moscar-bicheiras a nos beijar e cobrir          Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
                        – Prometo, não esqueço           E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir         Dançou e gargalhou como se ouvisse música
                        – Por favor, não esqueça         Deus lhe pague
                                         – Adeus,                                                                E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
                          – Não esqueço, adeus.                                                                  E flutuou no ar como se fosse um pássaro
                                                                                                                 E se acabou no chão feito um pacote flácido
                                                                                                                 Agonizou no meio do passeio público

                                                                                                                 Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Querelas do Brasil
                                                                                               Maurício Tapajós/Aldir Blanc



Boto                                                                                           Transversal do tempo – 1978

                                                                                               O Brazil não conhece o Brasil
                                                                                               O Brasil nunca foi ao Brazil




                                          Cão sem dono
Tom Jobim/Jararaca                                                                             Tapi, jabuti, iliana, alamandra, alialaúde
Transversal do tempo – 1978
                                                                                               Piau, ururau, aquiataúde
                                                                                               Piau, carioca, moreca, meganha
A praia de dentro tem areia                                                                    Jobim akarare e jobim açu
A praia de fora tem o mar                    Sueli Costa/Paulo César Pinheiro                  Oh, oh, oh
                                                  Transversal do tempo – 1978
Um boto casado com sereia                                                                      Pererê, camará, gororó, olererê
                                         É nas noites que eu passo sem sono                    Piriri, ratatá, karatê, olará
Navega num rio pelo mar                   Entre o copo, a vitrola e a fumaça
                                         Que ergo a torre do meu abandono                      O Brazil não merece o Brasil
                                               E que caio em desgraça                          O Brazil tá matando o Brasil
O corpo dum bicho deu na praia
                                          É nas horas em que a noite faz frio                  Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranha
                                          E a lembrança ao castigo me arrasta
E a alma perdida quer voltar
                                                                                               Sertões, guimarães, bachianas, águas
Caranguejo conversa com arraia               Solidão é o carrasco sombrio                      E marionaíma, ariraribóia
                                                 E a saudade a vergasta                        Na aura das mãos do jobim açu
Marcando a viagem pelo ar
                                                                                               Oh, oh, oh
                                              Se eu cantar a alegria sai falsa
                                              Se eu calar a tristeza começa                    Gererê, sarará, cururu, olerê
Ainda ontem vim de lá do Pilar                E eu prefiro dançar uma valsa                    Ratatá, bafafá, sururu, olará
Ontem vim de lá do Pilar                          Que ouvir uma peça
                                                                                               Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Com vontade de ir por aí               E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeito
                                     Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo                  Tinhorão, urutú, sucuri




                                                                                                                                                    65
                                          Eu me irrito, eu odeio, eu exito                     O Jobim, sabiá, bem-te-vi
Na ilha deserta o sol desmaia                   Eu reflito e me calo                           Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê
Do alto do morro vê-se o mar                                                                   Madureira, Olaria e Bangu, olará
                                                                                               Cascadura, Água Santa, Pari, olerê
Papagaio discute com Jandaia                                                                   Ipanema e Nova Iguaçu, olará
Se o homem foi feito pra voar
                                                                                               Do Brasil S.O.S. ao Brasil
                                                                                               Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Inhambu cantou lá na floresta
E o velho Jereba fêz-se ao ar
Sapo querendo entrar na festa
Viola pesada pra voar               Saudosa maloca
                                    Adoniran Barbosa
Ainda ontem vim de lá do Pilar      Transversal do tempo – 1978

Ontem vim de lá do Pilar            Se o sinhô não tá lembrado, dá licença de contar.
Com vontade de ir por aí            Ali onde agora está este adifício arto, era uma casa véia, um palacete assobradado.
                                    Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca, construimo nossa maloca.
                                    Mais um dia – nóis nem pode se alembrá – veio os home co’as ferramenta e o dono mandô derrubá.

                                    Peguemos todas nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição.
Camiranga, urubu, mestre do vento
Urubu caçador, mestre do ar         Que tristeza que nóis sentia. Cada táuba que caía doía no coração.

                                    Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei: – Os home tá co'a razão. Nóis arranja outro lugar.
Urutau cantando num lamento
Pra lua redonda navegar
                                    Só se conformemo quando o Joca falou: – Deus dá o frio conforme o cobertor.
                                    E hoje nóis pega paia nas grama do jardim. E pra esquecer nóis cantemos assim:

                                    – Saudosa maloca... maloca querida! Dim dim donde nóis passemo os dias feliz da nossa vida.
Meio-termo
     Lourenço Baeta/Cacaso
     Transversal do tempo – 1978



     Ah! como eu tenho me enganado...
     Como tenho me matado por ter demais confiado nas evidências do amor.

     Como tenho andado certo... como tenho andado errado...
     Por seu carinho inseguro... por meu caminho deserto...

     Como tenho me encontrado... como tenho descoberto
     a sombra leve da morte passando sempre por perto.

     E o sentimento mais breve rola no ar e descreve a eterna cicatriz.
     Mais uma vez... mais de uma vez...
     Quase que fui feliz.
66




     A barra do amor é que ele é meio êrmo.
     A barra da morte é que ela não tem meio-termo.

                                                                               Corpos     Ivan Lins/Vítor Martins
                                                                                          Transversal do tempo – 1978



                                              Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você.
                                               Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.

                                                   Procure saber... procure em você... procure em mim.
                                                Procure em todos... na lama, no lodo, na febre, no fogo.

                                              Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você.
                                               Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
Violeta de Belford Roxo                                     João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                         Elis especial – 1979

                                                                                   Vivia entre bordados
                                                                                        Pensativa Violeta       Ou bola ou búlica
Noves fora
                                                                                  A branca adolescente
                                                                            De raro encanto e mão frias         João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                                                Elis especial – 1979

                                                                              Mão fria, coração quente          É tanto nem se discute no meio, tou meia tantã, lélé.
Fagner/Belchior                                                            Quem te botou quebranto              Mas ninguém fica pra sempre na frente de "vejo amanhã" pois é.
Elis especial – 1979
                                                                                  Vivia triste no canto         Barba, cabelo, bigode, na marra você me arrancou, mas quem
                                                                          Passando as contas do terço           tem cabelinho na venta, não senta, não vai nesse andor, morou?
Meu Deus!
                                                                              São José tirando a barba
O que é que eu faço?
                                                                    Me lembra alguém que eu conheço    Chega, já foi tempo do "tá louca"
Tua beleza tá me carregando pelo braço
                                                                                                       Chega, dá o fora que eu tou nas bocas
                                                                             Um dia um menino cego Chega, eu nunca mais dormi de touca
Da laranja eu quero um gomo
                                                                                   Tocou Violeta e viu Chega eu nunca mais, nunca mais
Do limão quero um pedaço
                                                                              E depois o surdo ouviu
E da menina mais bonita
                                                                     Chagas sumiram, curou-se o coxo Selo, carimbo, estampilha no centro da cuca eu levei, calei.
Eu quero um beijo e um abraço
                                                                                     Por obra e graça Mas sou marraio no jogo, no tronco ferido eu sou rei, falei.
                                                                     De santa Violeta de Belfort Roxo Tempo há pro tabibitati sotaque só falta engasgar, porque
É tudo ou nada
Noves fora nada                                                                                          é bola ou búlica, é fogo esse jogo, não dá pra enganar, nêga.
                                                                                E, milagre dos milagres
É tudo ou nada
                                                                           Sem jamais haver provado Dá o fora sua louca.
Noves fora nada
                                                                                         O leito nupcial Eu nunca mais vou dormir de touca.
                                                                                       Violeta deu à luz
Ja rezei até pro meu santo
                                                            Um bebê de vitral, em meio ao "É hoje só"
Na terra Canindé
                                                                                  Da terça de carnaval
Que me dê amor bem grande
Que pequeno não dá pé




                                                                                                                                                                                 67
                                                                                    O alentado rebento
                                                                                  Vai se chamar Juvenal




                                         Credo
É tudo ou nada
                                                                               Por sinal o mesmo nome
Noves fora nada
                                                                               De um sargento do local          Dinorah, Dinorah
É tudo ou nada
Noves fora nada                                                                                                 Ivan Lins/Vítor Martins
                                                                                                                Elis especial – 1979
A tua falta somada
A minha vida tão diminuida                                                                                      Quando a turma reunia alguém sempre pedia
Com esta dor multiplicada                Milton Nascimento/Fernando Brant
Pelo fator despedida
                                                                                                                Ah, Dinorah, Dinorah
                                         Elis especial – 1979
                                                                                                                E o malandro descrevia e logo já se via
Deixou minha alma muito dividida         Caminhando pela noite de nossa cidade                                  É, Dinorah, Dinorah
Em frações tão desiguais                 Acendendo a esperança e apagando a escuridão
                                         Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade
                                                                                                                E até que ela chegasse a um motel de classe
E desde a hora
                                         Viver derramando a juventude pelos corações
                                                                                                                Ui, Dinorah, Dinorah
Em que você foi embora
Sou um zero e nada mais
                                                                                                                Dava um frio na barriga e pé pra muita briga
                                         Tenha fé no nosso povo que ele resiste                                 Ui, Dinorah, Dinorah
Um, dois, três
Ene infinito                             Tenha fé no nosso povo que ele insiste
                                         E acorda novo, forte, alegre, cheio de paixão
                                                                                                                E nos espelhos ela se despe
Do meu lado esquerdo
É você que é demais                      Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova
                                                                                                                Dança nos olhos uma chacrete
                                         Viver semeando a liberdade em cada coração                             E o pessoal na pior: repete!

                                         Tenha fé no nosso povo que ele acorda
                                         Tenha fé em nosso povo que ele assusta
                                                                                                                Mas o verdadeiro fato está dentro do quarto
                                                                                                                Ui, Dinorah, Dinorah
                                         Caminhando e vivendo com a alma aberta
                                                                                                                Ele abre o seu armário e vê no calendário
                                         Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal                          É, Dinorah, Dinorah
                                         Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade                         E se abraça em frente a ela, o terno, o corpo dela
                                         Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real                       Ui, Dinorah, Dinorah
                                         Caminhemos pela noite com a esperança
                                                                                                                Desenhando na lapela a boca, o beijo dela
                                         Caminhemos pela noite com a juventude                                  Ah, Dinorah, Dinorah
Joana francesa
        Chico Buarque
        Elis especial – 1979
                                                                                                              Bodas de prata
                                                                                                                       João Bosco/Aldir Blanc
                                                                                                                           Elis especial – 1979
        Tu ris, tu mens trop                                                                                             Luz das estrelas – 1984

        Tu pleures, tu meurs trop                                                                             Você fica deitada de olhos arregalados
                                                                                                               Ou andando no escuro de peignoir
        Tu as le tropique
                                                                                                                         Não adiantou nada
                                                                                                                 Cortar os cabelos e jogar no mar
        Dans le sang et sur la peau
                                                                                                               Não adiantou nada o banho de ervas
                                                                                                               Não adiantou nada o nome da outra
        Geme de loucura e de torpor                                                                           No pano vermelho pro anjo das trevas
                                                                                                              Ele vai voltar tarde cheirando à cerveja
        Já é madrugada                                                                                           Se atirar de sapatos na cama vazia
                                                                                                              E dormir na hora mormurando: "Dora"
        Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
                                                                                                                      Mas você é Maria
                                                                                                           Você fica deitada com medo do escuro
        Mata-me de rir                                                                                            Ouvindo bater no ouvido
                                                                                                                 O coração descompassado
        Fala-me de amor                                                                                   É o tempo, Maria, te comendo feito traça
                                                                                                                  Num vestido de noivado
        Songes et mensonges
        Sei de longe e sei de cor




                                                                                       Entrudo
        Geme de prazer e de pavor
        Já é madrugada
68




        Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda                                         Carlos Lyra
                                                                                       Elis especial – 1979




                                                                  Bonita
                                                                                       Vem, oh minha amada
                                                                                       Desce a estrada de rainha
        Vem molhar meu colo
        Vou te consolar                                                                Num passo de rancho corre o manto
                                                Tom Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert
                                                                                       No medo e espanto morre minha alegria
        Vem, mulato mole                                        Elis especial – 1979
                                                                                       Vem, oh, fantasia
        Dance dans mes bras                         What can I say to you Bonita       Arrasta a saia, rasga o dia
                                         What magic words would capture you            Meu passo é o compasso na avenida
                                         Like a soft evasive mist you are Bonita       Teu riso que dança, trança, triste e sofrido
        Vem, moleque me dizer
        Onde é que está                           You fly away when love is new
                                                 What do you ask of me Bonita          Se meu abandono
        Ton soleil, ta braise               What part do you want me to play           Em cinzas frias amanhece
                                             Shall I be the clown for you Bonita       Mas o sangue não se cansa
                                                        I will be anything you say     Não se esquece de chamar
                                                                              Bonita
                                                           Don't run away Bonita       E eu abro alas, jogo lanças
        Quem me enfeitiçou
        O mar, marée, bateau                                                  Bonita   Serpentinas de cores feridas
                                         Don't be afraid to fall in love with me       E rompo estandartes na avenida em dor
        Tu as le parfum                                                   I love you   Sem céu, sem luz, sem sol, sem cor
                                                              I tell you I love you,
        De la cachaça e de suor                                               Bonita   Mas vem, ou tudo ou nada
                                                                     If you love me    Meu entrudo, minha espera
                                                              Life will be beautiful   Meus campos de guerra, vem amada
        Geme de preguiça e de calor                                   Bonita, Bonita   De tanto que eu chamo, canto, peço e preciso

        Já é madrugada
        Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
        Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Cai dentro
                                                             Baden Powell/Paulo César Pinheiro
                                                             Essa mulher – 1979
                                                             Montreaux Jazz Festival – 1982

                                                             Até que eu vou gostar
                                                             Se de repente combina da gente se cruzar
                                                             Ora, veja só, pois é, pode apostar
                                                             Se você gosta de samba, encosta e ve se dá
Valsa rancho
   Francis Hime/Chico Buarque                                Vem
               Elis especial – 1979                          Pode chegar
                                                             Que vai ter
                  Valsa, rancha       Me valsa               De balancear
               Me faz esquecer        Me rancha              De bambolear
                        Esperar       Me faz                 E aqui no mocó
               Em mil lágrimas        Me deixa               Tem que dizer no gogó
                   Mil lágrimas       Que criança            Pois é, vem
                   Mil lágrimas       Que esperança          Tem que dar nó, vem
                                      Que prazer             Rebolar, remexer, requebrar, vem
                 Valsa, rancha        Que saudade
             Me faz responder         Que maldade            Bota a baiana pra rodar
                  Transbordar         Piedade                De cima em baixo eu quero ver
              Em mil lágrimas         Que fartura            Não sossego o facho até acabar
                  Mil lágrimas        Que loucura            Diz que isso é com você
                  Mil lágrimas        Que cruel tortura
                                      Nos carinhos teus      Quaquaquá-quará-quaquá
                   Mil abraços        Minha santa criatura
                  Mil fracassos       Diz que jura           Tem nêgo querendo lhe gozar
                   Meu delírio        Pela mãe de Deus       E logo prá cima de “moi”
                 Teus pedaços                                E é por isso que nao tem colher de chá... Não dou
                      Teu calor       Valsa, rancha          Nem vem na cola, que se entrar de sola vai dançar
                      Seja feito      Me faz desfazer        E é prá nunca mais você poder falar




                                                                                                                 69
                    Teu desejo        Descansar              Que dá na bola porque na bola você não dá.Viu?
                 Seja um beijo        De mil lágrimas
                Seja como for         Mil lágrimas


                                                             Deixa o mundo e o sol entrar
               Quantos braços         Mil lágrimas
                   Mil regaços
                                      Valsa rancha
            Mil e um noites           Me faz duvidar
           Faz um outra vez           Delirar                Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle
         Como se ainda fosse          Prometer               Elis especial – 1979

              Como é doce             Desatar
                                                             De repente, vejo bem
             Como você fez            Responder
                                                             Eu sou alguém com medo de viver
                                      Transbordar
                                                             Sou prisioneiro das coisas que eu amei
                                      Devolver
                                                             Mas não tem sentido estar na vida
                                      Me acabar
                                                             Preso a quem não quero mais
                                      Devagar
                                      Desmaiar
                                                             De outro lado está você
                                      Com você
                                                             Nessas promessas vou, quase sem ver
                                                             Que esse amor aflito, guardado só pra nós
                                                             De tão grande já não dá no quarto
                                                             Pede o mundo e a luz do sol

                                                             Meu passado já morreu
                                                             Quem veio dele, sei, vai me entender
                                                             Que o amor existe enquanto há paixão
                                                             Siga minha amiga pela vida
                                                             E que eu viva um novo amor

                                                             De outro lado estamos nós
                                                             Sem compromissos, vem, sem lar, sem lei
                                                             Siga minha amante enquanto houver amor
                                                             Abre as portas todas deste quarto
                                                             Deixa o mundo e o sol entrar
O bêbado e a equilibrista                          João Bosco/Aldir Blanc
                                                        Essa mulher – 1979

                                                        Caía a tarde feito um viaduto
                                                        E um bêbado trajando luto
                                                        Me lembrou Carlitos
                                                        A lua, tal qual a dona de um bordel
                                                        Pedia a cada estrela fria
                                                                                                       Essa mulher
                                                        Um brilho de aluguel                            Joyce/Ana Terra
                                                                                                        Essa mulher – 1979

                                                        E nuvens, lá no mata-borrão do céu
                                                                                                        De manhã cedo essa senhora se conforma
                                                        Chupavam manchas torturadas
                                                                                                        Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
                                                        Que sufoco!
                                                                                                        Ah, como essa santa não se esquece
                                                        Louco!
                                                                                                        De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
                                                        O bêbado com chapéu-coco
                                                                                                        Depois sorri meio sem graça
                                                        Fazia irreverências mil
                                                                                                        E abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz
                                                        Pra noite do Brasil
                                                                                                        De tardezinha essa menina se namora
                                                        Meu Brasil
                                                                                                        Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal
                                                        Que sonha com a volta do irmão do Henfil
                                                                                                        Ah, como essa coisa é tão bonita
                                                        Com tanta gente que partiu
                                                                                                        Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom
                                                        Num rabo de foguete
                                                                                                        E chora tanto de prazer e de agonia
                                                        Chora a nossa pátria, mãe gentil
                                                                                                        De algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz


               Beguine dodói
                                                        Choram Marias e Clarices
                                                        No solo do Brasil
                                                                                                        De madrugada essa mulher faz tanto estrago
                                                                                                        Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
                                                        Mas sei que uma dor assim pungente
                                                                                                        Ah, como essa louca se esquece
            João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei      Não há de ser inutilmente
                                                                                                        Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão
                                   Essa mulher – 1979   A esperança
                                                                                                        Depois parece que acha graça
                                                        Dança na corda bamba de sombrinha
                                                                                                        E agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz
                                Olha, meu bem           E em cada passo dessa linha
             O que restou daquele grande herói          Pode se machucar
70




                                                                                                        Essa menina, essa mulher, essa senhora
          Sem ter amor, enlouqueci e ando dodói         Azar!
                                                                                                        Em quem esbarro a toda hora no espelho casual
                                                        A esperança equilibrista
                                                                                                        É feita de sombra e tanta luz
                    Como Tarzan depois da gripe,        Sabe que o show de todo artista
                                                                                                        De tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural
                             De emplastro sabiá         Tem que continuar
                    Tomando cana nos botequins
                              Eu vou me acabar

             Espremo cravos defronte ao espelho
                               Lembrando você           Basta de clamares inocência
                     Faço novena, tomo gemada           Cartola
                                Ah, não dá mais!        Essa mulher – 1979

                     Julio Lousada que me socorra       Basta de clamares inocência
                               Nessa aflição mortal     Eu sei todo o mal que a mim você fez
                          Maracujina já não resolve     Você desconhece consciência
                                        Ao recordar     Só deseja o mal a quem o bem te fez
      Meias fumê, ligas vermelhas e um olhar fatal
                        Minha Dalila, volta depressa    Basta! Não ajoelhes, vá embora
                           Que o teu Sansão tá mal      Se estás arrempedido
                                                        Vê se chora

                                                        Quando você partiu
                                                        Me disse chora
                                                        Não chorei
                                                        Caprichosamente fui esquecendo
                                                        Que te amei
                                                        Hoje me encontras tão alegre e diferente
                                                        Jesus não castiga um filho que está inocente

                                                        Basta não ajoelhes, vá embora
                                                        Se estás arrependida
                                                        Vê se chora
Altos e baixos Eu, heim, Rosa!
                        Sueli Costa/Aldir Blanc
                               Essa mulher – 1979
                                                    João Nogueira/Paulo César Pinheiro
                                                    Essa mulher – 1979
                                                                                                                           Bolero
                   Foi, quem sabe, esse disco
         Esse risco de sombra em teus cílios
             Foi ou não meu poema no chão
                                                    Eu, hein, rosa!
                                                    Se manca, segura essa banca de escrupulosa
                                                    Eu, hein, rosa!
                                                                                                                             de
                      Ou talvez nossos filhos

              As sandálias de saltos tão altos
    O relógio batendo, o sol posto, o relógio
                                                    O meu jogo é na retranca, área muito perigosa

                                                    Você parece que nem lembra mais de tempos atrás
                                                    A tua figura era vergonhosa
                                                                                                                            satã
                                                                                                                           Guinga/Paulo César Pinheiro
    As sandálias, e eu bantendo em teu rosto        Eu me reparti querendo reconstituir                                          Essa mulher – 1979
                                                    A quem hoje me vira o rosto assim
              E a queda dos saltos tão altos        Mas eu nem me abalo                                               Você penetrou como o sol da manhã
                     Sobre os nossos filhos         Você vai cair do cavalo                                            E em nós começou uma festa pagã
            Com um raio de sangue no chão           Quando precisar de mim                                           Você libertou em você a infernal cortezã
                    Do risco em teus cílios
                                                    Eu, hein, rosa!
                                                                                                                         E em mim despertou esse amor
       Foram discos demais, desculpas demais        Vem mansa porque a contradança é mais audaciosa
                                                                                                                          Atormentado e mal de Satã
   Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas      Eu, hein, rosa!
             Meu táxi, whisky, Dietil, Diempax      Apela pra ignorancia é coisa indecorosa                         Você me deixou como o fim da manhã
Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos                                                                      E em mim começou esse angústia, esse afã
              O amor quando traz tanta vida         Acho que estou é forçando demais as cordas vocais             Você me plantou a paixão imortal e mal sã
                                                    Você naõ merece um dedo de prosa                             Que se enraizou e será meu maldito final amanhã
                                                    E pra resumir, faço questão de conferir
                                                    Se se quebra ou não um vaso ruim                                       E agora me aperta a aflição
                                                    Saia no pinote
                                                    Senão vai ser de camarote
                                                                                                                         De chorar louca e só de manhã
                                                    Que eu vou assistir seu fim
                                                                                                                           É a seta do arco da noite
                                                                                                                              Sangrando-me agora
                                                                                                                          São lágrimas, sangue, veneno




                                                                                                                                                                   71
                                                                                                                           Correndo no meu coração
                                                                                                                   Formando-me dentro esse pântano de solidão




     As aparências enganam                                                         Tunai/Sérgio Natureza
                                                                                   Essa mulher – 1979
                                                                                   Saudade do Brasil – 1980


                                                                                   As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
                                                                                   Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
                                                                                   Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
                                                                                   Se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas
                                                                                   São o alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
                                                                                   Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver

                                                                                   As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
                                                                                   Poque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
                                                                                   Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
                                                                                   Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
                                                                                   Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
                                                                                   Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor

                                                                                   As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
                                                                                   Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
                                                                                   Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
                                                                                   Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
                                                                                   Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
                                                                                   No insistente perfume de alguma coisa chamada amor
Pé sem cabeça
     Danilo Caymmi/Ana Terra
     Essa mulher – 1979

     Você me fez sofrer
     Ninguém me faz sofrer assim
     O que era tanta beleza
     Num pé sem cabeça, você transformou
     Mas você onde está
     Não me viu, não será?
     Que teu sono vai ter paz


                                           No céu da vibração
     Se meu rosto se acender, brilhar
     Se teu olho te trair, não vai durar
     Seu porto seguro, seu lugar comum
     Você navegando pra lugar nenhum
                                           Gilberto Gil
     Quem sabe de tudo                     1980
     Não sabe o seu fim
     Mas eu não me quero fugindo daqui
     Também não te deixo zombando de mim   Os homens são mortais
     Quem sabe de tudo não sabe seu fim    Todos os animais
                                           Os vegetais também o são
                                           Como será
                                           Não ser assim?
                                           Não precisar
                                           O começo, o meio, o fim
                                           A encarnação, Deus?


                                                                              Rebento
                                           Como será
                                           Não estar aqui nem lá
                                           E tão somente andar ao léu
                                           No céu da vibração?
                                                                              Gilberto Gil
                                                                              Elis – 1980
72




                                           Para os olhos, fez-se a cor        Vento de maio – 1981
                                           Para os ouvidos, o som             Montreaux Jazz Festival – 1982
                                           Para os corações, o fogo do amor
                                           E para os puros, o que é bom       Rebento, substantivo abstrato
                                                                              O ato, a criação e o seu momento
                                           Só me resta agradecer              Como uma estrela nova e o seu barato
                                           E aguardar a ocasião               Que só Deus sabe lá no firmamento
                                           De tão somente andar ao léu
                                           No céu da vibração                 Rebento, tudo que nasce é rebento
                                                                              Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra
                                                                              Rebento raro, como flor na pedra
                                                                              Rebento farto, como trigo ao vento

                                                                              Outras vezes rebento simplesmente
                                                                              No presente do indicativo
                                                                              Como a corrente de uma cão furioso
                                                                              Com as mãos de um lavrador ativo

                                                                              Ás vezes mesmo perigosamente
                                                                              Como acidente em forno radioativo
                                                                              Ás vezes só porque fico nervosa
                                                                              Eu Rebento
                                                                              Ou necessariamente só por que estou vivo

                                                                              Rebento, a reação imediata
                                                                              A cada sensação de abatimento
                                                                              Eu Rebento, o coração dizendo bata
                                                                              A cada bofetão do sofrimento
                                                                              Eu Rebento, como um trovão dentro da mata
                                                                              E a imensidão do som desse momento
O medo de amar é o medo de ser livre
                                                                 Beto Guedes/Fernando Brant
                                                                           Elis – 1980
                                                                      Vento de maio – 1981




Sai dessa
                                                                        Trem azul – 1982




                                                                                                        Nova estação
                                                              O medo de amar é o medo de ser
                                                                  Livre para o que der e vier
Natan Marques/Ana Terra                                  Livre para sempre estar onde o justo estiver
Elis – 1980
Vento de maio – 1981                                                                                    Luiz Guedes/Thomas Roth
                                                            O medo de amar é o medo de ter              Elis – 1980
Trem azul – 1982
                                                              De a todo momento escolher                Vento de maio – 1981
                                                          Com acerto e precisão a melhor direção
Sonhei que existia uma avenida                                                                          Nova esperança
Sem entrada e sem saída pra gente comemorar                                                             Bate coração
                                                               O sol levantou mais cedo e quis
Toda hora, todo dia, toda vida                                                                          Renascer cada dia com a luz da manhã
                                                                Em nossa casa fechada entrar
Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão                                                      Despertar sem medo
                                                                           Prá ficar
                                                                                                        Enganar a dor
Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica                                                                  Disfarçar essa mágoa que anda solta no ar
                                                              O medo de amar é não arriscar
No banheiro não tem fila nem existe contramão
                                                               Esperando que façam por nós
Que o trabalho é ali na nossa esquina                                                                   Ter que acreditar no regresso da estação
                                                            O que é nosso dever: recusar o poder
E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão                                                          Como o sol volta a brilhar, como as chuvas de verão
                                                             O sol levantou mais cedo e cegou           Ter que acreditar só pra ter razão
Sonhei, como faço todo dia                                                                              De sonhar mais uma vez
                                                             O medo nos olhos de quem foi ver
Como você não sabia, meu senhor não levo a mal
                                                                         Tanta luz
A beleza, o amor, a fantasia                                                                            Nova esperança
O que tece e o que desfia não se aprende no jornal                                                      Bate coração
                                                                                                        Renascer cada dia com a luz da manhã
Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas                                                             Semear a terra
E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista                                                       Certo de colher da semente o fruto
Sem essa, moço, por favor não crie clima                                                                Depois descansar
Seu buraco é mais embaixo, nosso astral é mais em cima




                                                                                                                                                              73
                                              Aprendendo a jogar
                                                                      Guilherme Arantes
                                                                           Elis – 1980




Só Deus é quem sabe                                                                                     O trem azul
                                                                      Vento de maio – 1981
                                                                        Trem azul – 1982

                                                                Vivendo e aprendendo a jogar
                                                                Vivendo e aprendendo a jogar
Guilherme Arantes                                                  Nem sempre ganhando                  Lô Borges/Ronaldo Bastos
Elis – 1980                                                                                             Elis – 1980
                                                                   Nem sempre perdendo                  Vento de maio – 1981
Vento de maio – 1981
                                                                   Mas, aprendendo a jogar              Trem azul – 1982
Não, não sei guardar ressentimeto
                                                                 Água mole em pedra dura                Coisas que a gente se esquece de dizer
Eu hoje lembro com ternura cada momento
                                                                 Mas vale que dois voando               Frases que o vento tem as vezes me lembrar
Promessas de nós dois naqueles dias
                                                                Se eu nascesse assim pra lua            Coisas que ficaram muito tempo por dizer
O tempo transformou-as em palavras vazias
                                                                  Não estaria trabalhando               Na canção do vento não se cansam de voar
Ás vezes a paixão nos traiu
                                                                 Mas em casa de ferreiro                Você pega o trem azul
Ás vezes foi a voz que mentiu
                                                             Quem com ferro se fere é bobo              O sol na cabeça
Mas nada disso importa
                                                                Cria a fama, deita na cama              Você pega o trem azul
O que vale é o que sorte escreveu
                                                           Quero ver o berreiro na hora do lobo         Você na cabeça
Só Deus é quem sabe do amor
Eu não sei nada                                                                                         O sol na cabeça
                                                                Quem tem amigo cachorro
Só sei que a vida nos prepara cada cilada
                                                                 Quer sarna para se coçar
E é inútil se tentar fugir da longa estrada
                                                             Boca fechada não entra besouro
                                                            Macaco que muito pular quer dançar
Vento de maio
                       Telo Borges/Márcio Borges
                          Elis – 1980 (Com Lô Borges)
                     Vento de maio – 1981 (Com Lô Borges)
                                Trem azul – 1982

                          Vento de raio
                         Rainha de maio
                         Estrela cadente
              Chegou de repente o fim da viagem
             Agora já não dá mais pra voltar atrás
              Rainha de maio, valeu o teu pique
             Apenas para chover no meu piquenique
              Assim meu sapato coberto de barro
             Apenas pra não parar nem voltar atrás
               Rainha de maio valeu a viagem
                   Agora já não dá mais
        Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção
                (Vento solar e estrela do mar…)
       Sol, girassol, e meus olhos ardendo de tanto cigarro
                     E quase que eu me esqueci
             Que o tempo não pára, nem vai esperar
                         Vento de maio
                    Rainha dos raios de sol
         Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais
     Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez
                 Nem lembro teu nome nem sei
74




              Estrela qualquer lá no fundo do mar
                        Vento de maio
                     Rainha dos raios de sol
              Rainha de maio, valeu o teu pique
             Apenas para chover no meu piquenique
              Assim meu sapato coberto de barro
             Apenas pra não parar nem voltar atrás
Pra que que eu fui lembrar dos óio dele
                                                            Jabuticaba madura
                                                     Coração cabeça-dura
                                                 Teima, bate até que fura
                                            Desconjura e negaceia
                                        Feito lobo em lua cheia
                                     Na cadeia desse olhar

                                Que arrepia, esfria e me dá
                            Taquicardia, falta de ar
                         É o coração que desde pro calcanhar de aquiles
                       Doce suplício do amor
                     Faquires tiram partido da dor

                 Que bate, come e repinica                                                                                                         Maria, Maria
               Feito fome de lumbriga                                                                                                  É um dom, uma certa magia
             Na barriga da miséria                                                                                                         Uma força que nos alerta
           Coração cabeça velha                                                                                                   Uma mulher que merece viver e amar
          Me virando do avesso
        Inventei qualquer pretexto
                                  Calcanhar                                                                                            Como outra qualquer do planeta

       Fui pedir para voltar       de Aquiles                                                                                                                  Maria, Maria
                                                                                                                                                  É o som, é a cor, é o suor
      Cheguei no prédio, errei de andar               Jean Garfunkel/Paulo Garfunkel
                                                                                                                                                  É a dose mais forte e lenta
                                                                             Elis – 1980
    No elevador um gordo me dá                                     Vento de maio – 1981                                               De uma gente que ri quando deve chorar
   Um pisão no calo que me enxotou de lá                                                                                                             E não vive, apenas agüenta
   Mancando
  Sei que esse amor vai ficar sangrando                                                                                                                     Mas é preciso ter força
 No peito e no calcanhar de aquiles                                                                                                                                É preciso ter raça
Doce suplício do amor                                                                                                                                      É preciso ter gana sempre
Faquires tiram partido da dor                                                                                                                            Quem traz no corpo a marca
Que dá lembrar dos olhos dele                                                                                                                                             Maria, Maria
                                                                                                                                                              Mistura a dor e a alegria
                                                                                                                                 Maria
                                                                                                                                                                   Mas é preciso ter manha
                                                                                                                                 Maria                                   É preciso ter graça




                                                                                                                                                                                               75
                                                                                                                                 Milton Nascimento
                                                                                                                                                                É preciso ter sonho sempre
                                                                                                                                 Saudade do Brasil – 1980 Quem traz na pele essa marca
Alô, alô marciano                                                                                                                Trem azul – 1982                   Possui a estranha mania
Aqui quem fala é da Terra                                                                                                        Montreaux Jazz Festival – 1982           De ter fé na vida
Pra variar, estamos em guerra
 Você não imagina a loucura
 O ser humano tá na maior fissura porque
  Tá cada vez mais down no high society!
                                  Alô alô
   Alô, alô marciano
    A crise tá virando zona      marciano
     Cada um por si, todo mundo na lona           Rita Lee/Roberto de Carvalho
                                                                                                                                                    Amigo é coisa pra se guardar
                                                                                                                                                           Debaixo de 7 chaves
      E lá se foi a mordomia                                                                                                                               Dentro do coração
       Tem muito rei aí pedindo alforria porque
         Tá cada vez mais down no high society!
                                                           Saudade do Brasil – 1980
                                                                  Trem azul – 1982                     Canção da                                        Assim falava a canção
                                                                                                                                                       Que na América ouvi

          Alô, alô marciano
                                                                                                       América
                                                                                                       Milton Nascimento/Fernando Brant
                                                                                                                                                  Mas quem cantava chorou
                                                                                                                                                  Ao ver seu amigo partir
           A coisa tá ficando ruça                                                                     Saudade do Brasil – 1980
             Muita patrulha, muita bagunça                                                             Trem azul – 1982         Mas quem
                                                                                                                                       ficou, no pensamento voou
               O muro começou a pichar                                                                                      Com seu canto que o outro lembrou
                  Tem sempre um aiatolá prá atolá, Aláh!                                                                    E quem voou, no pensamento ficou
                    Tá cada vez mais down no high society!                                                               Com a lembrança que o outro cantou

                                                                                                                          Amigo é coisa pra se guardar
                                                                                                                         No lado esquerdo do peito
                                                                                                         Mesmo que o tempo e a distância digam não
                                                                                                                   Mesmo esquecendo a canção

                                                                                                                       O que importa é ouvir
                                                                                                               A voz que vem do coração
                                                                                               Pois seja o que vier, venha o que vier
                                                                                   Qualquer dia, amigo eu volto a te encontrar
                                                                              Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
O primeiro jornal
        Sueli Costa/Abel Silva
        Saudade do Brasil – 1980

        Quero cantar pra você
        Segunda-feira de manhã


                     Agora tá
        Pelo seu rádio de pilha tão docemente
        E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente

        Quero juntar minha voz matinal
        Aos restos dos sons noturnos
        E aos cheiros domingueiros que ainda boiam
                                                                      Tunai/Sérgio Natureza
                                                                         Saudade do Brasil – 1980
                                                                    Montreaux Jazz Festival – 1982
        Na casa e em você
                                                                                Já que tá aí
        Para que junto com o café e o pão se dê                        Pela metade, mas tá
                                                          Melhor cuidar pra peteca não cair
        O milagre de ouvir latir o coração
        Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança
        Uma saudade à toa
        Venha nascendo com o dia numa boa

        E estar com você na primeira brasa do cigarro
        No primeiro jorro da torneira
                                                                   Pra não deixar escapulir
                                                                        Como água no ralo

                                                                      Aquilo que já fez calo
                                                                        Doeu feito joanete
                                                                     Castigou nosso cavalo
                                                                                                     Onze fitas
                                                                                                     Fátima Guedes
                                                                                                     Saudade do Brasil – 1980
                                                                                                     Montreaux Jazz Festival – 1982
        Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã              Cortou como canivete
                                                                       Feriu, mexeu, mixou
        Para que saias com alguma alegria bem normal                                                 Por engano, vingança ou cortesia
        Que dure pelo menos até você comprar e ler                    Nunca comeu melado             Tava lá morto e posto, um desgarrado
        O primeiro jornal                                                      Vai lambuzar          Onze tiros fizeram a avaria
                                                            Se vacilar pode cantar pra subir         E o morto já tava conformado
                                                                Porque não dá pra começar
                                                                         Todo rolo de novo           Onze tiros e não sei porque tantos
                                                                                                     Esses tempos não tão pra ninharia
76




                                                                     Se o bolo fica sem ovo          Não fosse a vez daquele um outro ia
                                                             Se a massa não tem fermento
                                                                                                     Deus o livre morrer assassinado

         Presidnova
        bossa  ente                                            Se não cozinhar por dentro
                                                                  Vai tudo por água abaixo
                                                           Eu acho, acho, acho que agora tá
                                                                         Quase no ponto tá
                                                                       No ponto de provar
                                                                       Eu acho que agora tá
                                                                         No ponto de solar
                                                                                                     Pro seu santo não era um qualquer um
                                                                                                     Três dias num terreno abandonado
                                                                                                     Ostentando onze fitas de Ogum

                                                                                                     Quantas vezes se leu só nesta semana
                                                                                                     Essa história contada assim por cima
        Juca Chaves                                                                                  A verdade não rima
        Saudade do Brasil – 1980
                                                                         Acho que agora tá           A verdade não rima
                                                                         pra lá de pronto tá         A verdade não rima
        Bossa Nova mesmo é ser Presidente
                                                                          acho que agora tá
        Desta terra descoberta por Cabral,
                                                                          acho que agora tá
        Para tanto basta ser tão simplesmente
                                                                                 já que tá aí
        Simpático, risonho, original.
        Depois desfrutar da maravilha
        De ser o Presidente do Brasil,
        Voar da velha capta Brasília
        Ser alvorada e voar de volta ao rei.

        Voar, voar, voar,
        Voar, voar pra bem distante
        A que versales onde duas mineirinhas valsinhas
        Dançam como duas debutantes, interessante...
        Mandar parente a jato pro dentista,
        Almoçar com o tenista campeão,
        Também poder ser um grande artista exclusivista
        Tomando com Dilermando umas aulinhas de violão.
        Isto é viver como se aprova,
        É ser um Presidente Bossa Nova,
        Bossa Nova, muito nova, nova mesmo, ultranova.
Moda de sangue               Jerônimo Jardim/Ivaldo Roque
                                                         Saudade do Brasil – 1980

                                              Quando te prendo na cadeia dos abraços
                                              E te torturo, e te sufoco em meus braços
                                                 E te fuzilo com os olhos do desejo
                                                Te mordendo no gosto do meu beijo



Marambaia
                                               Quando te arranho, te lanho de ternura
                                              Vertendo sangue do teu corpo de malícia


                                                                                                            Menino
                                               Quando te xingo com palavras obcenas
                                                Como jurasse as juras mais serenas
Henricão/Rubens Campos
Saudade do Brasil – 1980
                                              Quando me vingo dos males que me fazes
Eu tenho uma casinha lá na Marambaia             Com frazes de maldade e veneno             Milton Nascimento/Fernando Brant
                                                                                                         Saudade do Brasil – 1980
Fica na beira da praia só vendo que beleza      Sinto, meu amor, que o amor é isso
Tem uma trepadeira que na primavera               Essas coisas muito fora de juízo               Quem cala sobre teu corpo
Fica toda florescida de brincos de princesa                                                         Consente na tua morte
                                                                                                      Talhada a ferro e fogo
Quando chega o verão eu sento na varanda                                                          Nas profundezas do corte
Pego o meu violão e começo a cantar                                                              Que a bala riscou no peito
E o meu moreno fica sempre bem disposto
Senta ao meu lado e começa a cantar                                                               Quem cala morre contigo
                                                                                                 Mais morto que estás agora
Quando chega a tarde um bando de andorinhas                                                        Relógio no chão da praça
Voa em revoada fazendo verão                                                                       Batendo, avisando a hora
E lá na mata o sabiá gorjeia




                                                                                                                                    77
                                                                                                Que a raiva traçou no tempo
Linda melodia pra alegrar meu coração
Às seis horas o sino da capela                                                                         No incêndio repetido
Toca as badaladas da Ave-Maria                                                                        O brilho do teu cabelo
A lua nasce por detrás da serra                                                                      Quem grita vive contigo
Anunciando que acabou o dia



                                                          Luiz Gonzaga Jr.
                                                        Saudade do Brasil – 1980

                                               Vou buscar um mundo novo, vida nova
                                                E ver se dessa vez faço um final feliz
                                                Deixar de lado aquela velha história
                                                   O verso usado, o canto antigo




Mundo novo                                                                               Vida nova
                                                          Vou dizer adeus
                                               Fazer de tudo e todos mera lembrança
                                                     Deixar de ser só esperança
                                                     E por minhas mãos lutando
                                                            Me superar

                                                        Vou rasgar no tempo
                                                      O meu próprio caminho
                                                 E, assim, abrir meu peito ao vento
                                                             Me libertar
                                                De ser somente aquilo que se espera
                                                      Em forma, jeito, luz e cor
                                                                E vou...

                                               Vou pegar um mundo novo, vida nova
                                               Vou buscar um mundo novo, vida nova
O pequeno exilado
     Raul Ellwanger
     Raul Ellwanger – 1980


     Navegas, navegas, navegas
     Lá do outro lado do oceano
     Na palma da mão já carrega
     Vinte m il léguas de sonhos


                                      Aos nossos filhos Sabiá
     Seguingo teu pai que te leva
     A bordo dos teus nove anos
     Pequeno exilado sem pátria                  Ivan Lins/Vítor Martins Tom Jobim/Chico Buarque
                                                    Saudade do Brasil – 1980 Saudade do Brasil – 1980

                                              Perdoem a cara amarrada   Vou voltar
     Navegas teu barco de enganos
                                             Perdoem a falta de abraço  Sei que ainda vou voltar
                                             Perdoem a falta de espaço  Para o meu lugar
     Navegas teus olhos molhados                   Os dias eram assim   Foi lá e é ainda lá
                                                                        Que eu hei de ouvir cantar
     Na capital dos franceses              Perdoem por tantos perigos Uma sabiá
                                              Perdoem a falta de abrigo Cantar uma sabiá
                                             Perdoem a falta de amigos
     Carregas teus olhos chorados
                                                    Os dias eram assim Vou voltar,
78




     Contando dias e meses                                              Sei que ainda vou voltar
                                              Perdoem a falta de folhas Vou deitar à sombra de uma palmeira
                                                  Perdoem a falta de ar Que já não há
     Menino crescido sem terra               Perdoem a falta de escolha Colher a flor que já não dá
                                                    Os dias eram assim E algum amor, talvez possa espantar
     Teu único plano primeiro                                           As noites que eu não queria
                                            E quando passarem a limpo E anunciar o dia
                                           E quando cortarem os laços
     É ver terminar tanta espera
     É ser cidadão brasileiro              E quando soltarem os cintos Vou voltar
                                                 Façam a festa por mim Sei que ainda vou voltar
                                                                        Não vai ser em vão
                                              Quando lavarem a mágoa Que fiz tantos planos de me enganar
     Guerreiro do bairro da Glória              Quando lavarem a alma Como fiz enganos de me encontrar
                                                Quando lavarem a água Como fiz estradas de me perder
                                               Lavem os olhos por mim Fiz de tudo e nada de te esquecer
     Doende do bairro Floresta
     Vem cá conhecer nossa história         Quando brotarem as flores
     Malandros, calçadas e festas          Quando crescerem as matas
                                           Quando colherem os frutos
                                              Digam o gosto pra mim
     Só quero te ver na cidade
     Cantando em bom Português
     Canções de gritar liberdade
     Daquela que usa o Francês

     Vou me embora vou me embora…
Redescobrir
     Luiz Gonzaga Jr.
     Saudade do Brasil – 1980




     Como se fora brincadeira de roda     memória
     Jogo do trabalho na dança das mãos macias
     O suor dos corpos na canção da vida história

     O suor da vida no calor de irmãos magia

     Como um animal que sabe da floresta memória

     Redescobrir o sal que está na própria pele, macia

     Redescobrir o doce no lamber das línguas macias

     Redescobrir o gosto e o sabor da festa magia




                                                                79
     Vai o bicho homem fruto da semente memória

     Renascer da própria força, própria luz e fé memória

     Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós história

     Somos a semente, ato, mente e voz magia

     Não tenha medo, meu menino bobo, memória

     Tudo principia na própria pessoa beleza
     Vai como a criança que não teme o tempo mistério

     Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor magia

     Como se fora brincadeira de roda memória

     Jogo do trabalho na dança das mãos macias

     O suor dos corpos na canção da vida história

     O suor da vida no calor de irmãos magia
O que foi feito devera (de Vera)
     Milton Nascimento/Fernando Brant
     Clube da Esquina 2 – 1978 (Com Milton Nascimento)
     Saudade do Brasil – 1980
     Vento de maio – 1981 (Com Milton Nascimento)
     Trem azul – 1982


     O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou?
     O que foi feito da vida, o que foi feito do amor?                            Na baixa do sapateiro
     Quisera encontrar                                                                                   Ary Barroso
     Aaquele verso menino que escrevi                                                                    Montreaux Jazz Festival – 1982

     Há tantos anos atrás                                                                                Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia
                                                                                                         O moreno mais folgado da Bahia
                                                                                                         Pedi-lhe um beijo, não deu
     Falo assim com saudade, falo assim por saber                                                        Um abraço, sorriu
                                                                                                         Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu
     Se muito vale o já feito, mas vale o que será
     Mas vale o que será                                                                                 Bahia, terra da felicidade
                                                                                                         Moreno, eu ando louca de saudade
     E o que foi feito é preciso conhecer                                                                Meu Senhor do Bonfim
     Para melhor prosseguir                                                                              Arranje outro moreno igualzinho pra mim



                                                           Outro cais
                                                                                                         Oh! amor, ai
     Falo assim sem tristeza, falo por acreditar                                                         Amor bobagem que a gente não explica, ai ai
                                                                                                         Prova um bocadinho, ô
     Que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer     Marilton Borges/Duca Leal                     Fica envenenado, ô
                                                           Os Borges – 1980                              E pro resto da vida é um tal de sofrer
80




                                                                                                         Ôlará, ôlerê
     Nós iremos crescer                                    Vento de maio – 1981
     Outros outubros virão, outras manhãs
                                                           Me atraiu o teu canto                         Ô Bahia
     Plenas de sol e de luz                                Respirei o teu ar                             Bahia que não me sai do pensamento
                                                           Te arranquei do teu cais                      Faço o meu lamento, ô
                                                           Me lancei no teu mar                          Na desesperança, ô
     Alertem todos alarmas que o homem que eu era voltou                                                 De encontrar nesse mundo
                                                           Te cobri com meu manto                        Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar
     A tribo toda reunida, ração dividida ao sol           Descansei nessas ondas
     De nossa Vera Cruz                                    Misturamos nosso sangue                       Ô Bahia
                                                           Juntos fomos dançar                           Bahia que não me sai do pensamento
     Quando o descanso era luta pelo pão
     E aventura sem parar


                                                           Tiro ao álvaro
     Quando o cansaço era rio e rio qualquer dava pé
     E a cabeça rodava num gira-girar de amor
     E até mesmo a fé                                      Adoniran Barbosa/Oswaldo Moles
                                                           Adoniran e convidados – 1980
     Não era cega nem nada                                 Vento de maio – 1981
     Era só núvem no céu e raiz                            De tanto levar frechada do teu olhar
                                                           Meu peito até parece, sabe o que?
                                                           Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar
     Hoje essa vida só cabe na palma da minha paixão
     Devera nunca se acabe, abelha fazendo o seu mel       Teu olhar mata mais do que bala de carabina
                                                           Que veneno estriquinina
     No pranto que criei                                   Que peixeira de baiano
     Nem vá dormir como pedra                              Teu olhar mata mais
                                                           Que atropelamento de automóver
     E esquecer o que foi feito de nós                     Mata mais que bala de revórver
Se eu quiser falar com Deus                        Gilberto Gil
                                                Vento de maio – 1981
                                                  Trem azul – 1982


                                       Se eu quiser falar com Deus
                                           Tenho que ficar a sós
                                          Tenho que apagar a luz
                                          Tenho que calar a voz
                                        Tenho que encontrar a paz
                                    Tenho que folgar os nós dos sapatos
                                                 Da gravata
                                                Dos desejos
                                                Dos receios
A corujinha                             Tenho que esquecer a data
                                                                               Cobra criada
    Toquinho/Vinícius de Morais         Tenho que perder a conta                      João Bosco/Paulo Emílio
                                                                                      Montreaux Jazz Festival – 1982
         A arca de noé – 1980
                                        Tenho que ter mãos vazias
   Corujinha, corujinha                  Ter a alma e o corpo nus                     Suco de sururucu
                                                                                         Diga lá jacu
   Que peninha de você
  Fica toda encolhidinha                Se eu quiser falar com Deus                     Cutia comadre
Sempre olhando não sei que                 Tenho que aceitar a dor                    Posta de pirarucu
                                          Tenho que comer o pão




                                                                                                                       81
                                                                                         Diga lá caju
  O teu canto de repente
                                            Que o diabo amassou
                                                                                       Barata cascuda
  Faz a gente estremecer
                                           Tenho que virar um cão
                                                                                    Gruta de veiúva negra
                                   Tenho que lamber o chão dos palácios
                                                                                        Caranguejeira
  Corujinha, pobrezinha
                                  Dos castelos suntuosos dos meus sonhos
                                                                                        Saúva coruja
  Todo mundo que te vê
                                        Tenho que me ver tristonho
                                                                                     Rastro de jararucu
 Diz assim, ah! coitadinha
                                       Tenho que me achar medonho
                                                                                         Jararacoral
  Que feinha que é você
                                        E apesar de um mal tamanho
                                                                                       Piranha calunga
                                            Alegrar meu coração
                                                                                    Diaba de banda retrai
Quando a noite vem chegando
                                                                                          De carataí
   Chega o teu amanhecer
                                         Se eu quiser falar com Deus
                                                                                    Traíra de dente de dá
 E se o sol vem despontando
                                           Tenho que me aventurar
                                                                                    E cada dentada que dá
   Vais voando te esconder
                                           Tenho que subir aos céus
                                                                                        Cascudo cará
 Hoje em dia andas vaidosa
                                            Sem cordas pra segurar
                                                                                         Purús juruá
     Orgulhosa com quê
                                            Tenho que dizer adeus
                                                                                    Mordida no maracujá

                                                Dar as costas
                                                                                   De cobra criada no mar
   Toda noite tua carinha
                                              Caminhar decidido
                                                                                    Chocalha no cadê você
      Aparece na TV
                                                                                   Sussurra no bote que dá
    Corujinha, corujinha          Pela estrada que ao findar vai dar em nada      Curare de cobra suga e sai
                                             Nada, nada, nada, nada
   Que feinha que é você!
                                                                                Picada de cobra amor não dói
                                             Nada, nada, nada, nada
                                             Nada, nada, nada, nada
                                         Do que eu pensava encontrar
Garota de Ipanema                                                                              Asa branca
     Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Ing. Norman Gimbel                                        Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira
     Montreaux Jazz Festival – 1982                                                                     Montreaux Jazz Festival – 1982

     Olha, que coisa mais linda                                                                 Quando olhei a terra ardendo
     Mais cheia de graça                                                                            Qual fogueira de São João
     É ela, menina, que vem e que passa                                                      Eu perguntei a meu Deus do Céu
     Num doce balanço, a caminho do mar                                                              Porque tamanha judiação
     Moça do corpo dourado
     Do sol de Ipanema                                                                          Quando olhei a terra ardendo
     O seu balançado                                                                                Qual fogueira de São João
     É mais que um poema                                                                     Entonce eu disse: “Adeus Rosinha,
     É a coisa mais linda                                                                       Guarda contigo meu coração”
     Que eu já vi passar

     Ah, por que estou tão sozinho?
     Ah, por que tudo é tão triste?
     Ah, a beleza que existe
     A beleza que não é só minha
     Que também passa sozinha




                                                                        Fé cega, faca amolada
     Ah, se ela soubesse que quando ela passa
     O mundo inteirinho se enche de graça
     E fica mais lindo por causa do amor
82




     Girl from Ipanema                                                                        Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
                                                                                                       Montreaux Jazz Festival – 1982

     Tall and tan and young and lovely                                      Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada
     The girl from ipanema goes walking                                          Agora eu não espero mais aquela madrugada
     And when she passes, each one she passes goes – ah                    Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada
                                                                                    O brilho cego de paixão e fé, faca amolada
     When she walks, she’s like a samba
     That swings so cool and sways so gentle                                   Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo
     That when she passes, each one she passes goes – ooh                   Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo
                                                                               Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada
     (ooh) but I watch her so sadly                                             Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
     How can I tell her I love her
     Yes I would give my heart gladly                                             Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia
                                                                                Beber o vinho e renascer na luz de cada dia
     But each day, when she walks to the sea                                         A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada
     She looks straight ahead, not at me                                  O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada

     Tall, (and) tan, (and) young, (and) lovely                                    Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
     The girl from ipanema goes walking                                         Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
     And when she passes, I smile – but she doesn’t see (doesn’t see)    Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranqÄilo
     (she just doesn’t see, she never sees me,...)                                Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Mancada Samba dobrado
                                                                            Gilberto Gil     Djavan
                                                            Montreaux Jazz Festival – 1982   Montreaux Jazz Festival – 1982

                                                         O dinheiro que eu lhe dei           Vai ser pior ainda quando amanhecer
                                                                      Pro tamborim           Tudo que se tem pra cantar
                                                                      Não vá gastar          Não pra embalar nem pra devolver
                                                       Depois jogar a culpa em mim           O direito de escolher
                                                                                             A música melhor para se dançar
                                                         O dinheiro que eu lhe dei
                                                                    Não é meu, não           Quem faz parte dessa cena pode rodar
                                                                        É da escola          Pra cumprir a mesma pena
                                                         Por favor, não mete a mão           Não é preciso ensaiar
                                                                                             Tá combinado
                                                           Você lembra muito bem             Basta aprender a sambar dobrado
                                                                No outro carnaval
                                            Você chorou porque não pôde desfilar
                                           A fantasia que eu mandei você comprar
                                                                  Não ficou pronta
                                     Porque o dinheiro que eu lhe dei pra costurar
                                                                Você (hum, hum)...
                                        Eu nem vou dizer pra não lhe envergonhar




Me deixas louca                                                      Lança perfume                                            Valsa de Eurídice




                                                                                                                                                                83
Armando Manzanero/Vs. Paulo Coelho                                   Rita Lee/Roberto de Carvalho                             Vinícius de Morais
Trem azul – 1982                                                     Trem azul – 1982                                         Trem azul – 1982

Quando caminho pela rua lado a lado com você                         Lança, lança perfume                                     Tantas vezes já partiste
Me deixas louca                                                      Lança, lança perfume                                     Que chego a desesperar
E quando escuto o som alegre do teu riso                                                                                      Chorei tanto, estou tão triste
Que me dá tanta alegria, me deixas louca                             Lança menina                                             Que já nem sei mais chorar
                                                                     Lança todo este perfume                                  Oh, meu amado, não parta
Me deixas louca quando vejo mais um dia                              Desbaratina                                              Não parta de mim
Pouco a pouco entardecer                                             Não dá pra ficar imune                                   Oh, uma partida que não tem fim
E chega a hora de ir pro quarto escutar                              Ao seu amor                                              Não há nada que conforte
As coisas lindas que começas a dizer                                 Que tem cheiro de coisa maluca                           A falta dos olhos teus
Me deixas louca                                                                                                               Pensa que a saudade
                                                                     Vem cá meu bem                                           Pode matar-me
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague                Me descola uma carinho                                   Adeus
Me deixas louca                                                      Eu sou néném
Quando transmites o calor de tuas mãos                               Só sossego com beijinho
Pro meu corpo que te espera                                          E ve se me dá
Me deixas louca                                                      O prazer de ter prazer comigo

E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas          Me   aqueça
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço                 Me   vira de ponta cabeça
Você me abraça, a noite passa                                        Me   faz de gato e sapato e
E me deixas louca                                                    Me   deixa de quatro no ato
                                                                     Me   enche de amor , de amor
Sinto os teus braços se cruzando em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço                 Lança, lança pefume
Você me abraça, a noite passa                                        oh oh oh oh lança, lança perfume
E me deixas louca                                                    Lança perfume
Imagino-te já idosa,
     Frondosa toda a folhagem,
     Multiplicada a ramagem
     De agora.

     Tendo tudo transcorrido,
     Flores e frutos da imagem
     Com que faço essa viagem
     Pelo reino do teu nome,

     Oh, Flora!

     Imagino-te jaqueira
     Prostrada à beira da estrada
     Velha, forte, farta, bela
     Senhora.

     Pelo chão, muitos caroços,     Flora
84




     Como que restos dos nossos       Gilberto Gil
                                      Trem azul – 1982
     Próprios sonhos devorados
     Pelo pássaro da aurora,

     Oh, Flora!

     Imagino-te futura,
     Ainda mais linda, madura,
     Pura no sabor de amor e
     De amora.

     Toda aquela luz acesa
     Na doçura e na beleza,
     Terei sono, com certeza,
     Debaixo da tua sombra,

     Oh, Flora!
Amante à moda antiga

Aqui é o país do futebol
                                                                                                             (trecho)
                                                                                            Roberto Carlos/Erasmo Carlos
                                                                                                        Trem azul – 1982

                                                                                    Eu sou aquele amante à moda antiga
Milton Nascimento/Fernando Brant
Trem azul – 1982
                                                                                        Dio tipo que ainda manda flores
                                                                             Apesar do velho tienis e da calça desbotada
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?                                         Ainda chamo de querida a namorada
olha o sambão aqui é o país do futebol                                                             A minha namorada…

No fundo desse país
Ao longo das avenidas
Nos campos de terra e grama
Brasil só é futebol


                                                                        Começar de novo (trecho)
Nestes noventa minutos
De emoção e alegria
Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora                                                                               Ivan Lins/Vítor Martins
A fome fica lá fora                                                                                        Trem azul – 1982
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora                                                                                   Começar de novo
Família fica lá fora                                                                                   E contar comigo
A vida fica lá fora                                                                                     Vai valer a pena




                                                                                                                              85
E tudo fica lá fora...                                                                                  Ter amanhecido
                                                                                                       Ter me rebelado
                                                                                                     Ter me consumido
                                                                                                     Ter me machucado
                                                                                                        Ter sobrevivido
(Texto de Fernando Faro)
Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
“




                                                                          Menino do Rio (trecho)
Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim...
Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.
Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.
                                                                                                          Caetano Veloso
E assim – dizem – recontam a vida.                                                                         Trem azul – 1982

                                                                                                         Menino do Rio
Agora retiram de mim a cobertura da carne.
Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.                                   Calor que provoca arrepio
E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.                         Dragão tatuado no espaço
                                                                                       Calção, corpo aberto no estpaço
                                                                                                               Coração
Um rascunho...
Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.                                                              De eterno flerte
Como uma estrela...                                                                                        Adoro ver-te
                                                                                                          Menino vadio
Agora eu sou uma estrela!”                                                                       Tesão flutuante do Rio
                                                                                         Eu peço pra Deus proteger-te
Para Lennon                                  No dia em que eu                             Velho arvoredo
     & McCartney
                                                  vim-me embora
                                                  Caetano Veloso/Gilberto Gil
                                                                                               Hélio Delmiro/Paulo César Pinheiro
                                                                                               Luz das estrelas – 1984
                                                  Luz das estrelas – 1984
     Lô Borges/Márcio Borges/Fernando Brant
     Luz das estrelas – 1984                                                                   Eu te esqueci muito cedo
                                                  No dia em que eu vim-me embora               Pelo tempo que passou
     Por que vocês não sabem do lixo ocidental?   Minha mãe chorava em ai                      Tal como um velho arvoredo
     Não precisam mais temer                      Minha irmã chorava em ui                     Que o vento não derrubou
     Não precisam da solidão                      E eu nem olhava pra trás
     Todo dia é dia de viver                                                                   Tronco mudado em rochedo
                                                  No dia que eu vim-me embora                  Pedra transformada em flor
     Por que você não verá meu lado ocidental?    Não teve nada de mais                        E eu fui ficando sozinho no pó do caminho
     Não precisa medo não                                                                      Me desenganando, sofrendo e chorando
     Não precisa da timidez                       Mala de couro forrada
     Todo dia é dia de viver                      Com pano forte, brim cáqui                   E mantendo em segredo
                                                  Minha vó já quase morta
86




                                                                                               Essa minha ilusão
     Eu sou da América do Sul                     Minha mãe até a porta                        Que me escapou de entre os dedos
     Eu sei, vocês não vão saber                  Minha irmã até a rua                         Pra não sei que outras mãos
     Mas agora sou cowboy                         E até o porto meu pai
     Sou do ouro, eu sou vocês                                                                 E eu me tornei o arremedo
     Sou do mundo, sou Minas Gerais               O qual não disse palavra                     De tudo aquilo que eu não sou
                                                  Durante todo o caminho                       Mas eu jamais retrocedo
     Por que vocês não sabem do lixo ocidental?   E quando eu me vi sozinho                    O que passou passou
     Não precisam mais temer                      Vi que não entendia nada
     Não precisam da solidão                      Nem de pro que eu ia indo                    Já superei, mas só eu sei
     Todo dia é dia de viver                      Nem dos sonhos que eu sonhava                O mesmo jamais eu serei
                                                                                               Feito a madeira o machado inclinando
     Eu sou da América do Sul                     Senti apenas que a mala                      Eu por fora estou cicatrizando
     Eu sei, vocês não vão saber                  De couro que eu carregava
     Mas agora sou cowboy                         Embora estando forrada                       E por dentro sangrando, afastado do medo
     Sou do ouro, eu sou vocês                    Fedia, cheirava mal                          Mas sozinho, tal como o velho arvoredo
     Sou do mundo, sou Minas Gerais                                                            Que não serve ao tempo nem ao lenhador
                                                  Afora isto ia indo, atravessando, seguindo   E o vento abandonou
                                                  Nem chorando nem sorrindo
                                                  Sozinho pra Capital
                                                  Nem chorando nem sorrindo

                                                  Sozinho   pra   Capital
                                                  Sozinho   pra   Capital
                                                  Sozinho   pra   Capital
                                                  Sozinho   pra   Capital
banca do                                Gol anulado                                        Corsário
distinto
A
                                               João Bosco/Aldir Blanc                             João Bosco/Aldir Blanc
                                               Luz das estrelas – 1984                            Luz das estrelas – 1984
Billy Blanco
Luz das estrelas – 1984
                                               Quando você gritou: Mengo!                         Meu coração tropical está coberto de neve
Não fala com pobre,                            No segundo gol do Zico                             Mas ferve em seu cofre gelado, a voz vibra e a mão escreve: Mar
Não dá mão a preto,                            Tirei sem pensar o cinto                           Bendita a lâmina grave que fere a parede
Não carrega embrulho.                          E bati até cansar                                  E traz as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais
Para quê tanta posse doutor?
Para que esse orgulho?                         Três anos vivendo juntos                           Roseirais
A bruxa que é cega esbarra na gente,           E eu sempre disse contente:                        Nova Granada de Espanha
A vida estanca.                                Minha preta é uma rainha                           Por você, eu, teu corsário preso
O enfarte te pega Doutor !                     Porque não teme o batente                          Vou partir a geleira azul da solidão
Acaba essa banca !                             Se garante na cozinha                              E buscar a mão do mar
                                               E ainda é Vasco doente                             Me arrastar até o mar




                                                                                                                                                                     87
A vaidade é assim,                                                                                Procurar o mar
Põe o tonto no alto, retira a escada.          Daquele gol até hoje o meu radio está desligado
Fica por perto, esperando sentada,             Como se radiasse o silencio de um amor terminado   Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão.     Eu aprendi que a alegria de quem está apaixonado   Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
                                               É como a falsa euforia de um gol anulado           Com as garrafas de náufragos e as rosas partindo o ar
Mais alto o coqueiro maior é o tombo do coco                                                      Nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar
Afinal todo o mundo é igual
Quando o tombo termina,
Com terra por cima e na horizontal.
Lembre-se
       Sergio Natureza/Tunai


       Longe

       Sombras desenhadas no horizonte
       Cavalos cobertos de ouro e bronze
       Vassalos de um rei de não sei onde
       Cavaleiros estrangeiros
       A bandeira do invasor

       Noite

       E um tropel atravessa a fumaça
                                              Porto dos casais
       Tropas
                                                Jaime Lewgoy Lubianca

                                                É sempre bom lembrar coisas passadas
       Tropeçando num céu de fogo e prata       Rever os lampiões, os ancestrais
                                                Singrando o Guaíba, apareceram
                                                Os velhos fundadores coloniais
       O mundo acabou de repente
       Quando a manhã começava                  Chegaram tão alegres, alegres por demais
       A dor começou com o chicote              Fundaram este Porto dos Casais
       Com as esporas com as espadas            É porto, Porto Alegre, antigo Dos Casais
                                                Saudades dos tempos que não vêm mais
       Terror
88




       Das legiões das ambições e praças

       Chagas                                 General
       No seio de uma terra abençoada

       O céu desabou de repente
                                                da banda
                                                José Alcides/Satiro de Melo/Tancredo Silva

       Quando a gente levantava                 Chegou general da banda ê ê
       O pó levantou sufocando                  Chegou general da banda ê a
       Quem vivia respirava                     Chegou general da banda ê ê
                                                Chegou general da banda ê a
                                                Mourão, mourão
       Passou                                   Vara madura que não cai
                                                Mourão, mourão, mourão
       O tempo mas não apagou a marca           Catuca por baixo que ele vai
                                                Mourão, mourão
       Marcou                                   Vara madura que não cai
                                                Mourão, mourão, mourão
                                                Catuca por baixo que ele vai
       Nos corações nas mentes e nas praças     Chegou general da banda ê ê
                                                Chegou general da banda ê a
       Hoje                                     Chegou general da banda ê ê
                                                Chegou general da banda ê a
       Na memória viva de uma raça
       Um pavor latente e uma ameaça
       E um canto maior que todo medo
       Espalhando amor por onde passa
Ye s t e r d a y
Dindi
                                                                                                 John Lennon/Paul McCartney


                                                            My Funny                             Yesterday
                                                                                                 All my troubles seemed so far away

                                                   Va l e n t i n e          Rodgers/Hart
                                                                                                 Now it looks as though they're here to stay
                                                                                                 Oh, I believe
                                                                                                 In yesterday
Tom Jobim/Aloysio de Oliveira/Ray Gilbert

Céu, tão grande é o céu                                                 My funny valentine       Suddenly
E bandos de nuvens que passam ligeiras                               Sweet comic valentine       I'm not half the man I used to be
Prá onde elas vão                                         You make me smile with my heart        There's a shadow hanging over me
Ah! eu não sei, não sei                                            Your looks are laughable      Oh, yesterday
E o vento que fala nas folhas                                            Unphotographable        Came suddenly
Contando as histórias                                    Yet you’re my favourite work of art
Que são de ninguém
                                                                                                 Why she
Mas que são minhas                                              Is your figure less than greek   Had to go I don't know
E de você também                                                   Is your mouth a little weak   She wouldn't say
Ah! Dindi                                                       When you open it to speak        I said
Se soubesses do bem que eu te quero
                                                                                                 Something wrong now I long




                                                                                                                                               89
                                                                              Are you smart?
O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi
                                                                                                 For yesterday
Lindo Dindi                                                  But don’t change a hair for me
Ah! Dindi                                                           Not if you care for me       Yesterday
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi                    Stay little valentine stay   Love was such an easy game to play
Fica, Dindi, olha Dindi                                          Each day is valentine’s day     Now I need a place to hide away
E as águas deste rio aonde vão eu não sei
                                                                                                 Oh, I believe
A minha vida inteira esperei, esperei                           Is your figure less than greek   In yesterday
Por você, Dindi                                                    Is your mouth a little weak
Que é a coisa mais linda que existe                             When you open it to speak        Why she
Você não existe, Dindi                                                        Are you smart?     Had to go I don't know
Olha, Dindi
                                                                                                 She wouldn't say
Adivinha, Dindi                                       But don’t you change one hair for me       I said
Deixa, Dindi                                                         Not if you care for me      Something wrong now I long
Que eu te adore, Dindi... Dindi                                     Stay little valentine stay   For yesterday
                                                                 Each day is valentine’s day
                                                                                                 Yesterday
                                                                                                 Love was such an easy game to play
                                                                                                 Now I need a place to hide away
                                                                                                 Oh, I believe
                                                                                                 In yesterday
Mulheres
             de Atenas
      Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
      Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas
      Quando andas, se perfumam
      Se banham com leite, se arrumam
      Suas melenas
      Quando fustigadas não choram
      Se ajoelham, pedem, imploram
                                                            Chico Buarque


      Mais duras penas
      Cadenas

      Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
      Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
      Quando eles embarcam, soldados
      Elas tecem longos bordados
      Mil quarentenas
      E quando eles voltam sedentos
      Querem arrancar violentos
      Carícias plenas
      Obscenas

      Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
      Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
90




      Quando eles se entopem de vinho
      Costumam buscar o carinho
      De outras felenas
      Mas no fim da noite, aos pedaços
      Quase sempre voltam pros braços
      De suas pequenas
      Helenas

      Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
      Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
      Elas não têm gosto ou vontade
      Nem defeito nem qualidade
      Têm medo apenas
      Não têm sonhos, só têm presságios
      Lindas sirenas
      Morenas

      Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
      Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
      As jovens viúvas marcadas
      E as gestantes abandonadas
      Não fazem cenas
      Vestem-se de negro, se encolhem
      Se conformam e se recolhem
      Às suas novenas
      Serenas

      Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
      Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Jesus Cristo
                                 Roberto Carlos/Erasmo Carlos


                Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... (bis)

                Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando
                Olho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhando
                Como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai
                  Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai

                 Toda essa multidão tem no peito amor e procura a paz
                      E apesar de tudo a esperança não se desfaz
                Olhando a flor que nasce no chão daquele que tem amor
                   Olho pro céu e sinto crescer a fé no meu Salvador

                 Em cada esquina eu vejo o olhar perdido de um irmão
                Em busca do mesmo bem nessa direção caminhando vem
                  É meu desejo ver aumentando sempre essa procissão
                 Para que todos cantem com a mesma voz essa oração




              Sá Marina                          San Vicente




                                                                                    91
           Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar         Milton Nascimento/Fernando Brant

             Descendo a rua da ladeira           Coração americano
          Só quem viu que pode contar            Acordei de um sonho estranho
          Cheirando a flor de laranjeira         Um gosto vidro e corte
              Sá Marina vem pra cantar           Um sabor de chocolate
             De saia branca costumeira           No corpo e na cidade
         Gira o sol que parou pra olhar          Um sabor de vida e morte
           Com seu jeitinho tão faceira          Coração americano
              Fez o povo inteiro cantar          Um sabor de vidro e corte

                   Roda pela vida afora          A espera da fila imensa
            E põe pra fora, essa alegria         E o corpo negro se esqueceu
Dança que amanhece o dia pra se cantar           Estava em San Vicente
            Dança que essa gente aflita          A cidade, suas luzes
         Se agita e segue, no seu passo          Estava em San Vicente
      Mostra toda essa poesia no olhar           As mulheres e os homens
                                                 Coração americano
         Deixando os versos na partida           Um sabor de vidro e corte
            E só cantigas pra se cantar
            Naquela tarde de domingo             As horas não se contavam
             Fez o povo inteiro cantar           E o que era negro anoiteceu
                                                 Enquanto se esperava
             E fez o povo inteiro cantar         Eu estava em San Vicente
             E fez o povo inteiro cantar         Enquanto acontecia
             E fez o povo inteiro cantar         Eu estava em San Vicente
                                                 Coração americano
                                                 Um sabor de vidro e corte
Índices
1, 2, 3, balançou
20 anos blue
A banca do distinto
A corujinha
A dama do apocalipse
                                                            8
                                                           46
                                                           87
                                                           81
                                                           63
                                                                                                   Índice
                                                                                                      geral
A fia de Chico Brito                                       43                                        Cartomante                          61
À noite                                                     8                                        Caso no campo                       43
A noite do meu bem           (La nuit de mon amour)        35                                        Caxangá                             62
A time for love                                            37                                        Chegança                            20
A Virgem de Macareña          (La Virgen de la Macareña)    7                                        Chovendo na roseira                 56
A volta                                                    37                                        Cinema Olympia                      44
                                                                Aviso aos navegantes          44
Adeus amor                                                  8                                        Cobra criada                        81
                                                                Baby Face                      3
Agnus sei                                                  50                                        Colagem                             61
                                                                Bala com bala                 46
Agora ninguém chora mais                                   16                                        Comadre                             51
                                                                Basta de clamares inocência   70
Agora tá                                                   76                                        Começar de novo                     85
                                                                Beguine dodói                 70
Águas de março                                             48                                        Como nossos pais                    58
                                                                Bicho do mato                 41
Aleluia                                                    21                                        Comunicação                         42
                                                                Black is beautiful            44
Alô alô marciano                                           75                                        Confissão                            6
                                                                Boa noite, amor               49
Alô saudade                                                 9                                        Consolação/Berimbau/Tem dó          21
                                                                Boa palavra                   27
Alô, alô, taí Carmen Miranda                               46                                        Construção                          64
                                                                Bocochê                       16
Alto da Bronze                                             57                                        Conversando no bar                  52
                                                                Bodas de prata                68
Altos e baixos                                             71                                        Copacabana velha de guerra          42
                                                                Boi barroso                   57
Amante à moda antiga                                       85                                        Corcovado                           54
                                                                Bolero de satã                71
Amor até o fim                                             25                                        Corpos                              66
                                                                Bom tempo                     32
Amor demais                                                20                                        Corrida de jangada                  33
                                                                Bonita                        68
Amor em paz                                                16                                        Corsário                            87




                                                                                                                                              93
                                                                Boto                          65
Amor, amor    (Love, love)                                  3                                        Credo                               67
                                                                Brigas nunca mais             55
Andança                                                    36                                        Cruz de cinza, cruz de sal          30
                                                                Cabaré                        50
Aos nossos filhos                                          78                                        Da cor do pecado                    32
                                                                Caça à raposa                 53
Aprendendo a jogar                                         73                                        Dá sorte                             2
                                                                Cadeira vazia                 56
Aquarela do Brasil                                         35                                        Dá-me um beijo (Kiss me, kiss me)    5
                                                                Cai dentro                    69
Aquele abraço                                              39                                        De onde vens                        32
                                                                Cais                          47
Aqui é o país do futebol                                   85                                        Deixa                               35
                                                                Calcanhar de Aquiles          75
Arrastão                                                   13                                        Deixa o mundo e o sol entrar        69
                                                                Can't take my eyes off you    39
As aparências enganam                                      71                                        Dengosa                              7
                                                                Canção da América             75
As coisas que eu gosto         (My favorite things)         3                                        Deus lhe pague                      64
                                                                Canção de enganar despedida    6
As curvas da estrada de Santos                             40                                        Devagar com a louça                 15
                                                                Canção de não cantar          29
Asa branca                                                 82                                        Dindi                               89
                                                                Canção do amanhecer           19
Até aí morreu Neves                                        41                                        Dinorah, Dinorah                    67
                                                                Canção do sal                 28
Atrás da porta                                             47                                        Discussão                           15
                                                                Cantador                      29
                                                                Canto de Ossanha              23
                                                                Canto triste                  22
                                                                Cão sem dono                  65
                                                                Carinhoso                     28
                                                                Carta ao mar                  33
Imagem                             29
                                                         Influência do jazz                 15
                                                         Inútil paisagem                    55
                                                         Irene                              38
                                                         Jardins da infância                60
                                                         Jesus Cristo                       91
                                                         Joana francesa                     68
     Doente morena                                  49   João valentão                      20   Meu pequeno mundo de ilusão
                                                                                                           (My little corner of the world)             5
     Dois prá lá, dois prá cá                       53   Jogo de roda                       22
     Domingo em Copacabana                          10   Ladeira da preguiça                51   Meus olhos                                           10

     Dor de Covelo                                   3   Lança perfume                      83   Minha                                                38

     É com esse que eu vou                          51   Lapinha                            31   Moda de sangue                                       77

     Ela                                            45   Las secretárias                     6   Modinha                                              54

     Ensaio geral                                   22   Lembre-se                          88   Morro velho                                          62

     Entrudo                                        68   Los hermanos                       59   Mucuripe                                             46

     Essa mulher                                    70   Louvação                           24   Mulata assanhada                                     16

     Esse mundo é meu                               19   Lunik 9                            26   Mulheres de Atenas                                   90

     Estatuinha                                     27   Madalena                           44   Mundo de paz                                         11

     Estrada do sol                                 45   Mancada                            83   Mundo deserto                                        45

     Eternidade                                     21   Manhã de amor                       9   Mundo novo vida nova                                 77

     Eu só queria saber                             17   Mania de gostar                     9   Murmúrio                                              2

     Eu, heim, Rosa!                                71   Manifesto                          30   My funny valentine                                   89
                                                                                                 Na baixa do sapateiro                                80
94




     Fala-me de amor      (Take me in your arms)     2   Marambaia                          77
     Falei e disse                                  44   Marcha de quarta-feira de cinzas   30   Na batucada da vida                                  52

     Falsa Bahiana                                  17   Maria do Maranhão                  20   Nada será como antes                                 42

     Fascinação                                     59   Maria Maria                        75   Não tenha medo                                       42

     Fé cega, faca amolada                          82   Maria Rosa                         53   Nêga do cabelo duro                                  35

     Fechado pra balanço                            41   Mas que nada                       16   No céu da vibração                                   72

     Flertei                                         8   Me deixa em paz                    49   No dia em que eu vim-me embora                       86

     Flora                                          84   Me deixas louca                    83   Noite dos Mascarados                                 34

     Folhas secas                                   51   Meio de campo                      50   Noite dos Mascarados         (La nuit des masques)   34

     Formiguinha triste                              7   Meio-termo                         66   Nos teus lábios                                       5

     Formosa                                        15   Memórias de Marta Saré             37   Nova estação                                         73

     Fotografia                                     56   Menino                             77   Noves fora                                           67

     Frevo                                          41   Menino das laranjas                14   O barquinho                                          36

     Garota de Ipanema        (Girl from Ipanema)   82   Menino do Rio                      85   O bêbado e a equilibrista                            70

     Garoto último tipo      (Puppy Love)            3   Mesmo de mentira                    3   O bem do amor                                        11

     General da banda                               88                                           O caçador de esmeralda                               50

     Giro                                           36                                           O cavaleiro e os moinhos                             60

     Glden slumbers                                 43                                           O compositor me disse                                53

     Gol anulado                                    87                                           O medo de amar é o medo de ser livre                 73

     Gracias a la vida                              60                                           O mestre-sala dos mares                              52

     Há uma história triste                         10                                           O pequeno exilado                                    78

     Homens de preto                                57                                           O primeiro jornal                                    76

     How insensitive     (Insensatez)               38                                           O que foi feito devera (de Vera)                     80

     Ih! Meu Deus do céu!                           43                                           O que tinha de ser                                   55
                                                                                                 O rancho da goiabada                                 64
Telefone                  17
                                                                                                Tem mais samba            28
                                                                                                Tereza sabe sambar        28
                                                                                                Terra de ninguém          13
O sonho                                       36                                                These are the songs       42
O trem azul                                   73                                                Tiradentes                46
Olhos abertos                                 47                                                Tiro ao álvaro            80
Onze fitas                                    76                                                Transversal do tempo      63
Oriente                                       49                                                Travessia                 52
Os argonautas                                 45                                                Tributo à Mangueira       33
Osanah                                        42                                                Tributo a Tom Jobim       32
Ou bola ou búlica                             67   Retorno                                 10   Tristeza                  35
Outra vez    (Again)                           7   Retrato em branco e preto               55   Tristeza                  54
Outro cais                                    80   Reza                                    14   Tristeza de carnaval       7
Para Lennon & McCartney                       86   Roda                                    26   Tristeza que se foi       25
Pé sem cabeça                                 72   Romaria                                 63   Tu serás                   2
Perdão não tem                                38   Rosa morena                             22   Último canto              21
Pizzicati pizzicato                            6   Sá Marina                               91   Um novo rumo              35
Podes voltar                                   6   Sabiá                                   78   Um por todos              59
Poema                                          4   Sai dessa                               73   Upa, neguinho             25
Pois é                                        54   Samba da benção       (Samba saravah)   31   Valsa de Eurídice         83
Ponta de areia                                52   Samba da pergunta                       37   Valsa rancho              69
Por toda minha vida                           55   Samba do avião                          15   Vecchio novo              61
Por um amor maior                             20   Samba do perdão                         31   Veleiro                   27
Pororó-Popó                                    5   Samba dobrado                           83   Velha roupa colorida      58
Porto dos casais                              88   Samba em paz                            25   Velho arvoredo            86
                                                   Samba feito para mim                     2




                                                                                                                               95
Pout Pourri   (2 na bossa)                    12                                                Vem balançar              15
Pout Pourri de introcução    (2 na Bossa 2)   24   San Vicente                             91   Vento de maio             74
Pout Pourri de Mangueira                      29   Saudade e carinho                        9   Vera Cruz                 36
Pout Pourri Romântico                         30   Saudade é recordar                       5   Vexamão                   38
Prá dizer adeus                               25   Saudosa maloca                          65   Vida de bailarina         47
Preciso aprender a ser só                     13   Saveiros                                21   Violeta de Belford Roxo   67
Presidente bossa nova                         76   Se acaso você chegasse                  17   Viramundo                 33
Qualquer dia                                  61   Se eu quiser falar com Deus             81   Vou comprar um coração     5
Querelas do Brasil                            65   Se você pensa                           38   Vou deitar e rolar        41
Quero                                         59   Se você quiser                           9   Watch what happens        38
Rebento                                       72   Sem Deus com a família                  14   Wave                      37
Récit de Cassard                              36   Sem teu amor                             9   Yê-melê                   31
Redescobrir                                   79   Sentimental eu fico                     63   Yesterday                 89
Resolução                                     19   Silêncio                                 8   Zambi                     18
Ressurreição                                   8   Sinal fechado                           64   Zazueira                  39
                                                   Só Deus é quem sabe                     73
                                                   Só tinha de ser com você                54
                                                   Somewhere                               17
                                                   Soneto de separação                     56
                                                   Sonhando    (Dream)                      2
                                                   Sonho de Maria                          27
                                                   Sou sem paz                             20
                                                   Tango italiano                           7
                                                   Tatuagem                                60
                                                   Té o sol raiar                          19
Principais compositores
                                                                             Caetano Veloso
     Adoniran Barbosa                                                        Boa palavra                              27
                                                                             Cinema Olympia                           44
     Saudosa maloca              65   Ary Barroso                            Irene                                    38
     Tiro ao álvaro              80                                          Menino do Rio                            85
                                      Aquarela do Brasil                35   Não tenha medo                           42
                                      Na baixa do sapateiro             80   No dia em que eu vim-me embora           86
                                      Na batucada da vida               52   Os argonautas                            45
                                                                             Samba em paz                             25




     Aldir Blanc

     Agnus sei                   50
     Altos e baixos              71   Baden Powell
     Bala com bala               46                                          Carlos Lyra
     Beguine dodói               70   Aviso aos navegantes              44
96




     Bodas de prata              68   Bocochê                           16   Entrudo                                  68
     Cabaré                      50   Cai dentro                        69   Influência do jazz                       15
     Caça à raposa               53   Canto de Ossanha                  23   Marcha de quarta-feira de cinzas         30
     Comadre                     51   Consolação/Berimbau/Tem dó        21   Maria do Maranhão                        20
     Corsário                    87   Deixa                             35
     Dois prá lá, dois prá cá    53   Falei e disse                     44
     Ela                         45   Formosa                           15
     Gol anulado                 87   Lapinha                           31
     Jardins da infância         60   Samba da benção (Samba saravah)   31
     O bêbado e a equilibrista   70   Samba do perdão                   31
     O caçador de esmeralda      50   Se você quiser                     9
     O cavaleiro e os moinhos    60   Té o sol raiar                    19
     O mestre-sala dos mares     52   Vou deitar e rolar
     Ou bola ou búlica           67                                     41
     Querelas do Brasil          65                                          Chico Buarque
     Transversal do tempo        63
     Um por todos                59                                          Atrás da porta                            47
     Violeta de Belford Roxo     67                                          Bom tempo                                 32
                                                                             Construção                                64
                                                                             Deus lhe pague                            64
                                                                             Joana francesa                            68
     Ana Terra                                                               Mulheres de Atenas                        90
                                                                             Noite dos Mascarados                      34
     Essa mulher                 70   Belchior                               Noite dos Mascarados (La nuit des masques)34
     Pé sem cabeça               72                                          Pois é                                    54
     Sai dessa                   73   Como nossos pais                  58   Retrato em branco e preto                 55
                                      Mucuripe                          46   Sabiá                                     78
                                      Noves fora                        67   Só tinha de ser com você                  54
                                      Velha roupa colorida              58   Tatuagem                                  60
                                                                             Tem mais samba                            28
                                                                             Valsa rancho                              69
Claudio Lucci

Colagem                  61
Vecchio novo             61                                          Guilherme Arantes

                                                                     Aprendendo a jogar          73
                                                                     Só Deus é quem sabe         73
                              Francis Hime

                              Atrás da porta                    47
                              Minha                             38
                              Por um amor maior                 20
                              Tereza sabe sambar                28
                              Último canto                      21
Dory Caymmi & Nelson Motta    Valsa rancho                      69

Cantador                 29
De onde vens             32
                              Fred Jorge                             Ivan Lins
Saveiros                 21
                                                                     Aos nossos filhos           78
                              Baby Face                         3
                                                                     Cartomante                  61
                              Garoto último tipo (Puppy Love)   3
                                                                     Começar de novo             85
                              Pizzicati pizzicato               6
                                                                     Corpos                      66
                                                                     Dinorah, Dinorah            67
                                                                     Ih! Meu Deus do céu!        43
                                                                     Madalena                    44
                                                                     Me deixa em paz             49
                                                                     Qualquer dia                61

Dorival Caymmi




                                                                                                      97
João valentão            20
Rosa morena              22
                              Gilberto Gil

                              Amor até o fim                    25
                              Aquele abraço                     39
                              Doente morena                     49
                              Ensaio geral                      22
                              Fechado pra balanço               41
                                                                     João Bosco
                              Flora                             84
                                                                     Agnus sei                   50
                              Ladeira da preguiça               51
                                                                     Bala com bala               46
                              Louvação                          24
                                                                     Beguine dodói               70
                              Lunik 9                           26
Edu Lobo                      Mancada                           83
                                                                     Bodas de prata              68
                                                                     Cabaré                      50
                              Meio de campo                     50
Aleluia                  21                                          Caça à raposa               53
                              No dia em que eu vim-me embora    86
Arrastão                 13                                          Cobra criada                81
                              No céu da vibração                72
Canção do amanhecer      19                                          Comadre                     51
                              O compositor me disse             53
Canto triste             22                                          Corsário                    87
                              Oriente                           49
Chegança                 20                                          Dois prá lá, dois prá cá    53
                              Rebento                           72
Corrida de jangada       33                                          Gol anulado                 87
                              Roda                              26
Estatuinha               27                                          Jardins da infância         60
                              Se eu quiser falar com Deus       81
Jogo de roda             22                                          O bêbado e a equilibrista   70
                              Viramundo                         33
Memórias de Marta Saré   37                                          O caçador de esmeralda      50
Prá dizer adeus          25                                          O cavaleiro e os moinhos    60
Resolução                19                                          O mestre-sala dos mares     52
Reza                     14                                          O rancho da goiabada        64
Upa, neguinho            25                                          Ou bola ou búlica           67
Veleiro                  27                                          Transversal do tempo        63
Zambi                    18                                          Um por todos                59
                                                                     Violeta de Belford Roxo     67
Milton Nascimento                       Rita Lee

                                         Aqui é o país do futebol           85   Alô alô marciano                 75
                                         Cais                               47   Lança perfume                    83
                                         Canção da América                  75
                                         Canção do sal                      28
                                         Caxangá                            62
     Jorge Ben                           Conversando no bar                 52
                                         Credo                              67
     Agora ninguém chora mais       16   Fé cega, faca amolada              82
     Bicho do mato                  41   Maria Maria                        75
     Mas que nada                   16   Menino                             77
     Zazueira                       39   Morro velho                        62
                                         Nada será como antes               42
                                         O que foi feito devera (de Vera)   80   Roberto & Erasmo Carlos
                                         Ponta de areia                     52
                                         San Vicente                        91   Amante à moda antiga             85
                                         Travessia                          52   As curvas da estrada de Santos   40
                                         Vera Cruz                          36   Jesus Cristo                     91
                                                                                 Mundo deserto                    45
                                                                                 Se você pensa                    38



     Lupicínio Rodrigues
98




     Cadeira vazia                  56
     Maria Rosa                     53


                                         Paulo César Pinheiro

                                         Aviso aos navegantes               44   Roberto Menescal
                                         Bolero de satã                     71   & Ronaldo Bôscoli
                                         Cai dentro                         69
                                         Cão sem dono                       65   A volta                          37
                                         Eu, heim, Rosa!                    71   Carta ao mar                     33
                                         Falei e disse                      44   O barquinho                      36
     Marcos & Paulo Sérgio Valle         Lapinha                            31   Telefone                         17
                                         Samba do perdão                    31
     Black is beautiful             44   Velho arvoredo                     86
     Deixa o mundo e o sol entrar   69   Vou deitar e rolar                 41
     Preciso aprender a ser só      13
     Sonho de Maria                 27
     Terra de ninguém               13




                                                                                 Ruy Guerra

                                                                                 Aleluia                          21
                                         Renato Teixeira                         Esse mundo é meu                 19
                                                                                 Jogo de roda                     22
                                         Romaria                            63   Minha                            38
                                         Sentimental eu fico                63   Por um amor maior                20
                                                                                 Reza                             14
                                                                                 Último canto                     21
Torquato Neto

                                             Louvação                                24
                                             Prá dizer adeus                         25
                                             Veleiro                                 27


Sueli Costa

20 anos blue                            46
Altos e baixos                          71
Cão sem dono                            65
O primeiro jornal                       76



                                             Tunai

                                             Agora tá                                76
                                             As aparências enganam                   71




Tom Jobim




                                                                                                                            99
Águas de março                          48
Amor em paz                             16
Bonita                                  68
Boto                                    65                                                Walter Santos & Tereza Souza
Brigas nunca mais                       55   Vinícius de Moraes                           Cruz de cinza, cruz de sal   30
Chovendo na roseira                     56
Corcovado                               54                                                Vem balançar                 15
                                             A corujinha                             81
Dindi                                   89   Amor em paz                             16
Discussão                               15   Arrastão                                13
Estrada do sol                          45   Bocochê                                 16
Fotografia                              56   Brigas nunca mais                       55
Frevo                                   41   Canção do amanhecer                     19
Garota de Ipanema (Girl from Ipanema)   82   Canto de Ossanha                        23
How insensitive (Insensatez)            38   Canto triste                            22
Inútil paisagem                         55   Consolação/Berimbau/Tem dó              21
Modinha                                 54   Deixa                                   35
O que tinha de ser                      55   Formosa                                 15
Pois é                                  54                                                Zé Rodrix
                                             Frevo                                   41
Por toda minha vida                     55   Garota de Ipanema (Girl from Ipanema)   82
Retrato em branco e preto               55                                                Caso no campo                43
                                             How insensitive (Insensatez)            38
Sabiá                                   78                                                Olhos abertos                47
                                             Marcha de quarta-feira de cinzas        30
Samba do avião                          15   Modinha                                 54
Só tinha de ser com você                54   O que tinha de ser                      55
Soneto de separação                     56   Por toda minha vida                     55
Tributo a Tom Jobim                     32   Samba da benção (Samba saravah)         31
Tristeza                                54   Soneto de separação                     56
Wave                                    37   Té o sol raiar                          19
                                             Tereza sabe sambar                      28
                                             Valsa de Eurídice                       83
                                             Zambi                                   18
“ gora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
A
Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
 E todas as figuras são assim...
 Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.
 Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.
  E assim – dizem – recontam a vida.
  Agora retiram de mim a cobertura da carne.
  Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.
  E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.
   Um rascunho...
   Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.
   Como uma estrela...
                                 Agora eu sou uma estrela!”

Elis regina todas as letras araujo,mesquita e palezi

  • 1.
  • 2.
    Pesquisa, organização ediagramação: Vladimir Araújo Projeto gráfico: Juliana Mesquita e Juliana Palezi
  • 3.
  • 4.
    Dá sorte Eleu Salvador Viva a Brotolândia – 1961 Samba feito para mim Paulo Tito Dá sorte fazer o que eu digo Viva a Brotolândia – 1961 Dá sorte querer seu amor Dá sorte cantar comigo Pedi pra fazerem um samba para mim. Pra desabafar meu coração. Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Tenho tanta coisa pra dizer de mim. Cante então a canção que eu fiz para ser feliz Como eu gostaria de falar numa canção. Creio no supremo poder Sei que o mundo é mau, jamais vai entender, Gosto de quem gosta de mim Que este samba vive de hum sofrer Serei tudo que quero ser Tu serás O tema é meu. Nasceu assim. Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem Era preciso fazerem um samba pra mim. Amei alguém. Fui só de alguém. Ângela Martignoni/Othon Russo Viva a Brotolândia – 1961 O mundo não procurou compreender. Sonhando Tu serás a vida e o meu destino Então pedi para fazerem um samba assim. E este samba foi feito todinho pra mim. (Dream) Tu serás angústia e tormento Tu serás a chama que ilumina O eterno fogo de minha alma B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal Fernandes Viva a Brotolândia – 1961 E na noite escura, minha estrela Sonho Tu serás… tu serás Eu sempre sonho Estrela que mostra o meu caminho Que o amor irei buscar Tu serás… somente tu. Sigo Vivo para amar-te e adorar-te Uma alameda Pois és a razão dos meus desejos E alquém é o meu par E se em ti não penso a todo instante Não posso acalmar o meu tormento 2 Alguém que eu venero Que tanto quero Não sei quem é Sonho Fala-me de amor E no meu sonho Sigo com um certo alguém (Take me in your arms) Markus/Rotter/Vs. Max Gold Viva a Brotolândia – 1961 Murmúrio Fala-me de amor, Mesmo que seja pra mentir Fala-me de amor, Djalma Ferreira/Luiz Antônio Se vais partir. Viva a Brotolândia – 1961 Um beijo louco Vai nesta canção Para lembrar o que passou Meu último adeus Dura tão pouco Coração sonha em vão Mesmo que seja o fim Com os beijos seus Aperta-me assim E nos braços teus Foi esta canção Toda magia viverei Que eu murmurei Beija-me assim Tu também longe amei Depois adeus! Murmuraste eu sei. Eu queria sentir teu beijo Há neste murmúrio huma saudade Com carinho e emocão A vontade louca de voltar E guardar este amor tão puro Ser como era antes mesmo por instantes No fundo do coração E depois morrer para não chorar
  • 5.
    Baby face Ascoisas que eu gosto (My favorite things) Davis/Asket/Vs. Fred Jorge Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando César Viva a Brotolândia – 1961 Viva a Brotolândia – 1961 Baby face As coisas que eu gosto eu vou lhe dizer Esse rostinho lindo São coisas bonitas que vêm de você Baby face É o céu de um sorriso embriagador Parece ingênuo E esses seus olhos lembrando o amor Não é isso não Baby face Nem sei como pode você ser assim Que encontrei sorrindo e me deixou sonhando E ter tudo, tudo que é bom para mim Nem de encomenda eu ia achar Baby face Outro igual a você para amar Esse seu modo estranho de olhar pra mim Mesmo de mentira Me faz acreditar Os seus olhos Que você sabe amar Seu sorriso Mentindo Que bonitos são Baby Face. Carlos Imperial Você não existe Viva a Brotolândia – 1961 Na certa sonhei Quando inventei você Diz mesmo de mentira Que eu sou tudo pra você Diz mesmo de mentira Que ao seu lado eu vou viver Garoto último tipo Diz. Prefiro a mentira (Puppy Love) Pois a verdade é ruim Diz mesmo de mentira Paul Anka/Vs. Fred Jorge Diz que você gosta de mim Viva a Brotolândia – 1961 Quero viver na ilusão Hoje eu vi um tal brotinho Pois afinal não machuca o coração Que o meu coração 3 Se a verdade me faz mal Foi logo conquistando Eu não vou fazer da minha vida um carnaval E eu nem disse não Mente Garoto último tipo É melhor assim Broto sensação Diz que você gosta de mim Não sei porque Amor, amor Dei meu coração Saiu pra rua (Love, love) Trânsito parou Dor de Covelo Bill Caesar/Vs. Carlos Imperial E pra mim o olhar mandou Viva a Brotolândia – 1961 Que garotinho Amor, amor Mas que tipão João Roberto Kelly Quero um amor que não tenha fim E roubou meu coração Viva a Brotolândia – 1961 Amor, amor Quero um amor pra mim Beber pra esquecer é teimosia Hoje muito whisky, muita alegria, Amor, amor Amanhã ressaca, saco de gelo Quero um amor que me queira bem O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo Amor, amor Eu reciso amar alguém A dor pra curar não tem receita É corcunda que se deita Vivo a sonhar Sem achar a posição Que estou a beijar E sentir saudade não faz mal O meu grande amor Não é no fundo do copo Que você vai encontrar sua moral Sempre a esperar Quem me queira amar Beber pra esquecer... O meu peito agora diz Eu preciso de um amor Só assim serei feliz
  • 6.
    Poema Fernando Dias Poema de Amor – 1962 Poema É a noite cheia de amargura Poema É a luz que brilha lá no céu Poema 4 É ter saudade de alguém Que a gente quer e que não vem Poema É o cantar de um passarinho Que vive ao leú, perdeu seu ninho É a esperança de o encontrar Poema É a solidão da madrugada Um ébrio triste na calçada Querendo a lua namorar
  • 7.
    Dá-me um beijo (Kiss me, Kiss me) Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu Nunes Pororó-Popó Poema de Amor – 1962 Dá-me um beijo Um só João Roberto Kelly Um só Poema de Amor – 1962 Mata meu desejo Bate bate bate constante De mim Meu pequeno mundo de ilusão Pororó-popó Tem dó Dançando na festa, beijinho na testa e só Pois num beijo só você poderá sentir (My little corner of the world) Seu telefone eu anotei O que sinto é desejo sim de mim Cupido me laçou E apertou o nó Dá-me dá-me um beijo Poró-poroporó Mais um Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro Pires Poema de Amor – 1962 Só um Todo dia eu discava Ó vem meu doce bem Poró-poroporó E vamos depois Ao meu pequeno mundo de ilusão Discava escondida da mamãe e da vovó Os dois São teus os sonhos meus Os dois No meu pequeno mundo de ilusão Tudo começou de brincadeira E eu fiquei brincando a vida inteira Pela vida nos deixando com ardor Só tu então Serás a inspiração Para sempre E neste mundo Sempre Terás meu coração Amor E se, meu doce bem, Vieres aplacar esta paixão Serão somente teus Nos teus lábios 5 O meu pequeno mundo e a ilusão Eu sempre quis Contigo, coração, Haroldo Eiras/Ataliba Santos Poema de Amor – 1962 Viver feliz Em meu mundo de ilusão Vou comprar um coração Nos teus olhos Vejo a luz com que sempre sonhei Nos teus lábios Sinto os beijos que as vezes roubei Vem de novo Saudade é recordar A saudade em meu peito apertar Paulo Tito/Romeu Nunes E por isso eu canto Poema de Amor – 1962 Nos teus olhos Vou comprar um coração Renan França/Verinha Falcão As estrelas refletem o brilhar Para trocar por este meu Poema de Amor – 1962 Dos teus lábios Porque sem ilusão não sei viver Beijos mil me fazem lembrar E este meu coração cansou de amar De que vale o que tenho Só tristezas pra contar Desde então Com um novo coração E tristeza é ter saudade Não sonho e nem vivo Vou repetir os erros meus Saudade é recordar Porque, amor, só posso encontrar Fazer oque já fiz Nos teus lábios e os teus olhos quero olhar. Amar em vão Tu cruzaste o meu caminho Ser infeliz mais uma vez. Quando eu era a própria dor Sim os teus olhos quero olhar Hoje deixo o teu carinho Por amor ao teu amor
  • 8.
    Confissão Podes voltar Umberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz Maranhão Othon Russo/Nazareno de Brito Poema de Amor – 1962 Poema de Amor – 1962 Vai nesta cancão Deixa passar a incerteza que te afasta de mim A confissão De alguém que hoje é feliz, feliz Quero pensar que ainda me queres como ontem, e assim Quero guardar esta ilusão Vai dizer também Adormecer e contigo sonhar Que só alguém Que ninguém mais faz infeliz Las O que passou, passou Se tu soubesses que torturas em minha alma sem ti secretárias Pepe Luis/Vs. Martha Almeida Sei que não volta mais Eis o consolo eneletivo dos meus ais Pra que lembrança sem esperança? Noites inteiras a pensar que havia outra qualquer Mas mesmo assim haja o que houver Podes voltar outra vez para mim Poema de Amor – 1962 Se um é pouco, dois é bom, três é demais Pizzicato Pizzicati Cha Cha Cha Para o secretário Cha Cha Cha Canção Para estenodatilografar Cha Cha Cha Para o secretário Cha Cha Cha de enganar despedida Cha Cha Cha Como é bom bailar Stern/Marnay/Vs. Fred Jorge Poema de Amor – 1962 Quando eu ouvi tocar um doce pizzicati 6 Necessito secretário competente Quase desandou Com experiência e boa apresentação e quase parou Solicito homem jovem e bonito O pobre coração que só palpita por ti E com carta de recomendação Walter/Joluz E sempre te adorou Que domine o idioma Italiano Poema de Amor – 1962 Teu olhar Em doce pizzicato o coração pulsou O Francês e o Inglês com perfeição Meu olhar E alegre saltou Nao me importa seja loiro ou moreno Nosso olhar E alegre cantou Mas que tenha bem alegre o coração E como um violino doido a suspirar Tuas mãos Sonhou… sonhou… sonhou… Quando formos de manhã para o trabalho Minhas mãos E a tarde na hora de regressar A emoção Plum plum plum Que beleza eu e o meu secretário Que delicioso Caminhando e cantando o cha cha cha A noite a se perder nos faz, Plum plum plum Meu amor, Maravilhoso Outra vez Amar Minha cancão de amor nasceu no meu coração Sonhar Só para ti Minha paixão É manhã Em doce pizzicato eu vou levar-te a emoção Na manhã do adeus O meu amor sem fim Repousa A canção que eu canto Teus lábios nos meus É por ti meu bem É um doce pizzicato Um beijo irá fazer Sempre a saltitar Teu olhar Meu olhar Plum plum plum Outra vez Amar Chorar
  • 9.
    A Virgem de Macareña (La Virgen de la Macareña) Dengosa Tango italiano B. B. Munterde/Calero/A. Bourget Elis Regina – 1963 Castro Perret Elis Regina – 1963 À noite quando me deito Eu sou dengosa Eu rezo à Virgem de Macareña Malgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes Gosto de carinho Assim sozinho em meu quarto Elis Regina – 1963 Amor pra mim Falo à Virgem Santa todo o meu tormento Tem que ter denguinho Um tango italiano É de coração que eu peço O nosso tango Eu sou assim Que alguém um dia me queira Quero um dia dançar Dengosa para amar Que me abraçe com ternura E sonhar novamente Procuro aguém dengoso E me beije com doçura Para ser meu par Um tango italiano Ó Virgem Santa Um terno tango Amar com dengo Ó Virgem Santa porque sofro tanto Como aquele que viu começar Dá gosto da gente amar Ouvi o que pede Nosso amor tão distante Beijar com dengo Ouvi o que pede a angústia do meu pranto Dá gosto de se beijar E nos teus braços Porque, ó Santa querida, Rodando ao compasso do tango a recordar Amor com dengo Não encontro na vida alguém para meu amor? Torna mais gostoso o carinho Nosso passado Mas para amar com dengo Porque, ó Santa querida, E o amor esquecido veremos retornar É preciso ter jeitinho Não encontro na vida alguém para meu amor? Alguém que seja ternura Um tango italano E viva comigo os sonhos que sonhei E os teus braços O meu corpo de novo estreitar É de coração que eu peço E teus olhos de novo encontrar Que alguém um dia me queira 7 Que me abraçe com ternura E no céu de teus olhos buscar E me beije com doçura A aventura perdida Ouvi o que pede Ouvi o que pede minha alma aflita Minha Virgem Santa Outra vez (Again) Cochran/Newman Minha Virgem Santa de Macareña Tristeza de carnaval Elis Regina – 1963 Jamais O meu amor tu terás Bidú/Mutinho Não te darei novamente Elis Regina – 1963 A boca ardente, oh, não! O carnaval Verás Sempre faz feliz alguém Que o sonho que se desfaz Formiguinha triste As vezes traz tristeza Nem deixa rastro na alma E a alegria foge E acalma a ilusão de um coração Tudo é quarta-feira Eu não quero Joãozinho Tudo é sempre cinza De novo sofrer Elis Regina – 1963 Pra quem amou foi muito bom Tal como eu já sofri Pra quem perdeu chorou demais Era uma vez uma triste formiguinha Depois voltou o carnaval Eu não quero de novo viver Que vivia tão sozinha tocando seu violão Na fantasia de sol No amargor em que já vivi Tão simplezinha era sua morada E a esperança de encontrar Mas existia lugar pra mais alguém Um novo amor O sonho que se desfez No carnaval Não deixou rastro em minha alma Mas certo dia, como diz a lenda, No carnaval Não sonharei outra vez Tudo lá no quintal se iluminou No carnaval Formiguinha encontrou outra Inverno sozinha não passou
  • 10.
    Silêncio À noite Berstein/Roberto Côrte Real Túlio Paiva Elis Regina – 1963 Elis Regina – 1963 balançou 1, 2, 3, Silêncio! À noite, amor Atenção! Vou ver o meu amor O samba já tem outra marcação A lua há de brilhar Pra nós dois O pandeiro já não faz o que fazia Violão só é na base da harmonia Nazareno de Brito/Alcyr Pires Vermelho À noite, amor Elis Regina – 1963 Silêncio! Vou ver o meu amor Atenção! 1, 2, 3, balançou 1, 2, 3, o meu samba quero assim E pra nós as estrelas virão Requebra e vai por mim Porque o samba já tem outra marcação 1, 2, 3, vai não vai A roda do mundo sempre vai girando E o sol que sabe que eu espero Vai girando sem parar 1, 2, 3, ouve o prato a marcar Que só a noite eu quero Tudo nessa vida se renova O nosso balançar Compreende e já se vai Faz um passo todo figurado A bossa velha deu lugar à bossa nova E segue o rebolado O samba já tem outra marcação A onda do balanço me enrolou Ó Deus, fazei E essa é nova marcação Eu não posso parar Fazei que a noite seja Vejo o tempo correr sem me cansar Sem fim pra mim Você pode notar 8 Batam palmas para quem gostou Do meu samba que a ninguem negou Ressurreicão Adeus amor De todo coração Sensação enquanto balançou Marino Pinto/Pernambuco Almeida Rêgo/Newton Ramalho Elis Regina – 1963 Elis Regina – 1963 Ressurreição, meu amor do passado Adeus amor Tu és a razão do meu porvir Eu tenho de partir Eu sonho em vão por que sonho acordada Eu sei que vou sentir Quisera saber o que há de vir Uma saudade imensa de você A chama que se apaga Que vai ficar Flertei Sempre mata a esperença Sozinho como eu Minha chama de esperar-te A remoer lembranças do passado Não se cansa Meu Deus como é que eu vou ficar Ressurreição, me levou ao passado Castro Perret Sem ter você pra me abraçar? E curou de uma vez a minha dor Elis Regina – 1963 Sem ter aqueles beijos que são meus? Milagre do amor Só meus Agora sim estou certinha com um só Tanto brinquei que Cupido me acertou Adeus amor Eu tive tantos mas a nenhum eu amei Eu voltarei, querido, E, no entanto, sem querer, gamei pra recomeçar a nossa vida Veja você, eu que nunca pensei em amar Eu que flertava apenas para brincar Mas fui brincar de amor quem soube entender meu coracão E o flerte transformou-se em gamação
  • 11.
    Alô saudade Paulo Aguiar/Umberto Silva O Bem do Amor – 1963 carinho Saudade e Telefonei para a saudade Dizendo a ela o que sentia Como ela trouxe a solução Meu coração logo esqueceu toda a paixão Acreditei no que me foi prescrito E em tudo o que eu não acreditava Renan Franca/Verinha Maranhão O Bem do Amor – 1963 Sem teu amor Depois do tempo em que levei sofrendo assim Felicidade voltou pra mim Saudade e carinho Ai que vontade de amar! Todo amor tem o seu ninho Luiz Mauro O meu amor, onde andará? O Bem do Amor – 1963 Meu coração não pode mais viver assim Tantos amores eu já tive Se você quiser Sem teu amor Quantos amores mais terei? Meu coracão vive chorando triste assim Nenhum, porém, comigo vive Sem teu amor Sozinha sempre viverei Baden Powell/Mario Telles Tudo acabou O Bem do Amor – 1963 Fiquei sozinha Você quer que eu te conte o que é o amor, Sem teu querer Feito para dois amar, Manhã de Feito de sorriso e flor? Tudo mudou E, sem carinho, AMOR Você quer. Não sei viver Mas será que você quer? Caminhar neste luar para eu te mostrar. Meu coracão hoje só vive de ansiedade 9 Vem. Por você Espero em vão o fim de toda essa saudade Sergio Malta/Joluz Você quer ver na luz do meu olhar, De você O Bem do Amor – 1963 Como eu te quero bem, Como eu te quero amar? Vou esperar É manhã Ó, meu querido, Vem o sol Eu não sei. Volte pr favor Vem trazer o calor Eu não sei se você quer. Que aquece a emoção Eu posso te dar amor, Meu coracão De um olhar Se vocie quiser. Não vai viver toda esta vida De um aperto de mão Sem teu amor Vem a chuva também Vem chorar a alegria Do retorno de alguém De um amor Numa terna ilusão E se faz lá no céu O enlace da chuva e do sol Mania de gostar A natureza sorri É tão lindo o matiz do arrebol Luis Mauro O Bem do Amor – 1963 Já se fez a manhã do amor Já se pôs o arco-iris além Vem a chuva Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem. Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer. Vem o sol Com eles, meu bem. Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim. Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
  • 12.
    Há uma históriatriste Othon Russo/Niquinho O Bem do Amor – 1963 Há uma história triste pelo ar História que não tem “era uma vez…” Há uma história triste pra contar História que começa com “talvez” Foi, talvez, amor que acabou Foi, talvez, um sonho que apagou Restos de lembrança e amargura Rugas de saudade e de ternura Retorno Meus olhos Aécio Kauffmann Sergio Napp O Bem do Amor – 1963 O Bem do Amor – 1963 Meu bem eu agora voltarei Meus olhos Bem sei que estarás a me esperar Saudades que eu trago Do amor de você Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teu E só me acompanhou a saudade em seu lugar Meus olhos Silêncios na espera Agora voltarei novamente aos braços teus De alguém que não vem E tu sempre estarás eternamente nos braços meus Ah, se você entendesse 10 Na estrada desta vida A beleza de amar Nunca mais Que eles trazem em si Nunca mais sozinha Longe amor Ah, se você compreendesse Dos teus carinhos O que escondem meus olhos Voltaria pra mim Domingo em Copacabana Roberto Faissal/Paulo Tito O Bem do Amor – 1963 Copacabana cheia Bom é domingo mesmo Dias de sol vem alegrar o nosso amor Mar azul Onda azul Vem beijar meus amores Copacabana bela Lua de luz acesa Ando calçada cheia sem pensar Ai, rio até sozinha Da beleza do meu Rio Da TV Rio até o Forte Gente que passa sem ter norte Copacabana eu vou sonhar junto de ti
  • 13.
    O bem doamor Rildo Hora/Clóvis Mello O Bem do Amor – 1963 Se você pensava Bem no amor achar O bem no amor encontrará E quando você quiser Vá buscar ternura No amor que existe Num lugar feito pra dois Sim, vá buscar Tem perfume a flor que nasce No jardim ao sol De ver tanto encanto na flor Fui pedir a rosa viva e multicor Perfume e cor Fiz nosso amor E o mundo prá nós dois 11 É pra frente que se anda Caminhando sem olhar pra trás É pra frente que se anda Caminhando sem olhar pra trás É como a roda da história Que nunca pode parar Há um turbilhão de anseios Despertando a nossa voz Há um mundo de esperança Esperando, Esperado por nós E a gente vai seguindo Olhando só pra frente Sem se voltar pra trás Mundo de paz Procurando nosso mundo Mundo de paz Túlio Paiva O Bem do Amor – 1963
  • 14.
    O MORRO NÃOTEM VEZ DIZ QUE FUI POR AÍ (Tom Jobim/Vinícius de Morais) (Zé Keti/H. Rocha) O morro não tem vez Se alguém perguntar por mim E o que ele fez já foi demais Diz que fui por aí Pout Pourri Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morro Levando o violão debaixo do braco Toda a cidade vai cantar Em qualquer esquina eu paro Em qualquer botequim eu entro E se houver motivo, é mais um samba que eu faço ESSE MUNDO É MEU Se quiserem saber se eu volto, diga que sim (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra) Mas só depois que a saudade se afastar de mim Mas só depois que a saudade se afastar de mim Escravo no mundo em que sou Escravo no reino em que estou Dois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues) Mas acorrentado ninguém pode amar ACENDER AS VELAS Mas acorrentado ninguém pode amar (Zé Keti) Acender as velas, já é profissão FEIO NAO É BONITO Quando nao tem samba, tem desilusão (Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri) Acender as velas, já é profissão ESSE MUNDO É MEU Quando nao sou eu, é Nara Leão Feio, nao é bonito (Sérgio Ricardo/Ruy Guerra) O morro existe mas pede pra se acabar Canta, mas canta triste Saravá, Ogum, mandinga da gente continua Cade o despacho pra acabá A VOZ DO MORRO Porque tristeza é só o que tem pra cantar (Zé Keti) Chora, mas chora rindo Santo guerrero na floresta Porque é valente e nunca se deixa quebrar Se você nao vem eu mesma vou brigá Eu sou o samba Ama, o morro ama Se voce nao vem eu mesma vou brigá A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor Amor bonito, amor aflito Quero mostrar ao mundo que tenho valor Que pede outra história Eu sou o rei do terreiro 12 A FELICIDADE Eu sou o samba (Tom Jobim/Vinícius de Morais) Sou natural daqui do Rio de Janeiro SAMBA DO CARIOCA A felicidade é como a pluma Sou eu quem leva alegria (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Que o vento vai levando pelo ar Para milhões de corações brasileiros Vamos, carioca, Brilha tão leve, mas tem a vida breve sai do teu sono devagar Precisa que haja vento sem parar O MORRO NAO TEM VEZ O dia já vem vindo aí (Tom Jobim/Vinícius de Morais) E o sol já vai raiar Sao Jorge, teu padrinho, SAMBA DE NEGRO O morro não tem vez te dê cana pra tomar (Roberto Correa/Sylvio Son) E o que ele fez já foi demais Xango, teu pai, te dê Mas olhem bem voces muitas mulheres para amar Subi lá no morro só pra ver Quando derem vez ao morro O que o nêgo tem Toda a cidade vai cantar Pra cantar assim gostoso Vai cantar, vai cantar E fazer samba como ninguém Vai cantar, vai cantar VOU ANDAR POR AÍ (Newton Chaves) Vou andar por aí, perguntar por aí Pra ver se eu encontro A paz que perdi O SOL NASCERÁ (A sorrir) (Cartola/Elton Medeiros) A sorrir eu pretendo levar a vida Pois chorando eu vi a mocidade perdida
  • 15.
    Preciso aprender aser só Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Dois na Bossa 1 – 1965 Samba eu canto assim – 1965 Ah! se eu te pudesse fazer entender Arrastão Sem teu amor eu não posso viver Edu Lobo/Vinícius de Morais Dois na Bossa 1 – 1965 Que sem nós dois o que resta sou eu E u a s s i m t ã o s ó Eh... tem jangada no mar E eu preciso aprender a ser só Eh, eh, eh... hoje tem arrastão Poder dormir sem sentir teu amor Eh... todo mundo pescar A ver que foi só um sonho e passou Chega de sombra João A h ! o a m o r Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim Quando é demais ao findar leva a paz Ê meu irmão me traz Yemanjá pra mim Me entreguei sem pensar Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Minha Santa Bárbara Esses teus olhos que foram tão meus Me abençoai Por Deus, entenda que assim eu não vivo Quero me casar com Janaína Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Eh... puxa bem devagar 13 Eh, eh, eh... já vem vindo o arrastão A h ! o a m o r Eh... é a Rainha do Mar Quando é demais ao findar leva a paz Vem, vem na rede João Me entreguei sem pensar Pra mim! Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Valha-me Deus Nosso Senhor do Bonfim Por Deus, entenda que assim eu não vivo Nunca, jamais se viu tanto peixe assim Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Terra de Segue nessa marcha triste Anda.Teu caminho é longo Pára no final da tarde Mas... ninguém Seu caminho aflito Cheio de incerteza Tomba já cansado O dia vai chegar Leva só saudade Tudo é só pobreza Cai um nordestino Que o mundo vai saber E a injustiça Tudo é só tristeza Reza uma oração Não se vive sem se dar Que só lhe foi feita Tudo é terra morta Prá voltar um dia Quem trabalha é que tem Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Desde que nasceu Onde a terra é boa E criar coragem Direito de viver Dois na Bossa 1 – 1965 Saudade do Brasil – 1980 Pelo mundo inteiro O senhor é dono Prá poder lutar Pois a terra é de (Com Marcos Valle) Que nada lhe deu Não deixa passar Pelo que é seu n i n g u é m
  • 16.
    Sem Deus coma família César Roldão Vieira Dois na Bossa 1 – 1965 Sapato de pobre é tamanco Menino das laranjas A vida não tem solução Morada da rico é palácio E casa de pobre é barracão Reza Théo de Barros Dois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues) Quem é pobre sempre sofre, Samba eu canto assim – 1965 Vive sempre a trabalhar Menino que vai pra feira Edu Lobo/Ruy Guerra Dois na Bossa 1 – 1965 Vender sua laranja até acabar Mas eu sofro só de dia, Samba eu canto assim – 1965 Filho de mãe solteira Cuja ignorância tem que sustentar De noite eu vivo pra sambar Por amor andei já Tanto chão e mar É madrugada, vai sentindo frio Senhor já nem sei Porque se o cesto não voltar vazio Se o amor não é mais A mãe arranja um outro prá laranja Bastante pra vencer E esse filho vai ter que apanhar A mulher de branco é esposa Eu já sei o que vou fazer Meu Senhor Compra laranja E a esposa do preto é mulher Uma oração Menino que vai pra feira 14 Mas minha mulher é só minha, Vou cantar para ver se vai valer É madrugada vai sentindo frio Laia ladaia sabadana ave-maria Porque se o cesto não voltar vazio Do branco eu nem sei se só dele é Laia ladaia sabadana ave-maria A mãe arranja um outro prá laranja E esse filho vai ter que apanhar Ah! meu santo defensor Traga o meu amor Compra laranja doutor Branco fica atormentado Ainda dou uma de quebra pro senhor Laia ladaia sabadana ave-maria E nem tem tempo pra pensar Laia ladaia sabadana ave-maria Lá no morro a gente acorda cedo Que é só trabalhar Se é praga ou oração Comida é pouca e muita roupa Mas o preto é mais que branco Mil vezes cantarei Que a cidade manda pra lavar pra mãe d’água Iemanjá Laia ladaia sabadana ave-maria De madrugada ele menino Laia ladaia sabadana ave-maria Acorda cedo tentando encontrar Um pouco pra comer, viver até crescer E a vida melhorar A terra do dono é só dele Compra laranja doutor E ali ninguém pode mandar Ainda dou uma de quebra pro senhor Mas se eu não pegar na enxada Não tem ninguém pra plantar Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor.
  • 17.
    Influência do Jazz Formosa Carlos Lyra Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Baden Powell/Vinícius de Morais Pobre samba meu Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro) Foi se misturando se modernizando, e se perdeu E o rebolado cadê?, não tem mais Formosa, não faz assim Cadê o tal gingado que mexe com a gente Carinho não é ruim Coitado do meu samba mudou de repente Mulher que nega Influência do jazz Não sabe não Tem uma coisa de menos Quase que morreu No seu coração E acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu Que o samba balança de um lado pro outro A gente nasce, a gente cresce O jazz é diferente, pra frente pra trás A gente quer amar E o samba meio morto ficou meio torto Mulher que nega Influência do jazz Nega o que não é para negar A gente pega, a gente entrega No afro-cubano, vai complicando A gente quer morrer Vai pelo cano, vai Discussão Ninguém tem nada de bom Vai entortando, vai sem descanso Sem sofrer Vai, sai, cai... no balanço! Formosa mulher! Pobre samba meu Tom Jobim/Newton Mendonça Volta lá pro morro e pede socorro onde nasceu Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro) Pra não ser um samba com notas demais Samba do avião Não ser um samba torto pra frente pra trás Se você pretende sustentar opinião Vai ter que se virar pra poder se livrar E discutir por discutir Da influência do jazz Só prá ganhar a discussão Tom Jobim Eu lhe asseguro pode crer Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale) Que quando fala o coração As vezes é melhor perder Vem Balançar Eparrê, Do que ganhar, você vai ver 15 Aroeira beira de mar Já percebi a confusão Salve Deus e Tiago e Humaitá Você quer ver prevalecer Eta, costão de pedra dos home brabo do mar A opinião sobre a razão Walter Santos/Tereza Souza Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar Não pode ser, não pode ser Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Prá quê trocar o sim por não Minha alma canta Se o resultado é a solidão Quem vem lá? Vejo o Rio de Janeiro Em vez de amor Quem vem lá? Estou morrendo de saudade Uma saudade vai dizer quem tem razão Rio, teu mar, praias sem fim Se é de samba pode se chegar Rio, você foi feito pra mim No meu samba tem sempre lugar Cristo Redentor Prá quem vem balançando Devagar com a louça Braços abertos sobre a Guanabara Querendo sambar Este samba é só porque Rio, eu gosto de você Quem vem lá? A morena vai sambar Quem vem lá? Seu corpo todo balançar Luiz Reis/Haroldo Barbosa Rio de sol, de céu, de mar Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares) Se é de samba pode se chegar Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão No meu samba tem sempre lugar Devagar com a louça que eu conheço a moça, Rio de Janeiro, Prá quem vem balançando vai devagar moçinha, devagar ei. Rio de Janeiro Querendo sambar Eu conheço a moça, devagar com a louça, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro vai devagar, prá não errar. Pra quem Devagar com a louça que eu conheço a moça, Cristo Redentor Traga o samba redondinho, vai devagar. Braços abertos sobre a Guanabara bem certinho assim E eu conheço a moça, devagar com a louça. Este samba é só porque todinho solto Vai, prá não errar. Rio, eu gosto de você A morena vai sambar Mas não venha contando mentira rapaz Ela é mais enrolada do que linha em carretel, Seu corpo todo balançar Não ponha no meu samba tão fácil demais ja viu, mais você nessa jogada, hehe, vira bola de papel. Aperte o cinto, vamos chegar Água brilhando, olha a pista chegando Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné. E vamos nós Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..' Aterrar
  • 18.
    Bocochê Amor em paz Baden Powell/Vinícius de Moraes Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell) Tom Jobim/Vinícius de Moraes Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai Mulata Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vai Eu amei Vou procurar o meu lindo amor Assanhada E amei, ai de mim, muito mais do que devia amar No fundo do mar E chorei Vou procurar o meu lindo amor Ao sentir que iria sofrer e me desesperar No fundo do mar Ataulfo Alves Foi então Nhem, nhem, nhem Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves) Que da minha infinita tristeza aconteceu você É onda que vai Encontrei Ô, mulata assanhada Nhem, nhem, nhem Em você a razão de viver e de amar em paz Que passa com graça É onda que vem E não sofrer mais Fazendo pirraça Nhem, nhem, nhem Nunca mais Fingindo inocente Tristeza que vai Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz Tirando o sossego da gente! Nhem, nhem, nhem Tristeza que vem O amor é a coisa mais triste quando se desfaz Ah! Mulata se eu pudesse E se meu dinheiro desse Foi e nunca mais voltou Eu te dava sem pensar Nunca mais! Nunca mais Esta terra, este céu, este mar Triste, triste me deixou E ela finge que não sabe Nhem, nhem, nhem Agora Ninguém Chora Mais Que tem feitiço no olhar! É onda que vai Ai, meu Deus, que bom seria Nhem, nhem, nhem Se voltasse a escravidão É a vida que vem Eu pegava a escurinha Jorge Ben Nhem, nhem, nhem E prendia no meu coração!... Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho) É a vida que vai E depois a pretoria Nhem, nhem, nhem 16 Resolvia aquestão! Chorava todo mundo Não volta ninguém Mas agora ninguém chora mais Chora mais, chora mais Menina bonita, não vá para o mar Chorava todo mundo Menina bonita, não vá para o mar Mas agora ninguém chora mais Chora mais Vou me casar com o meu lindo amor ô, ô, ô, ô No fundo do mar Vou me casar com o meu lindo amor Mas Que Nada Chorava mãe, chorava pai No fundo do mar Na hora da partida Mas era uma beleza Nhem, nhem, nhem Em vez de tristeza É onda que vai Jorge Ben Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Mas era uma beleza Nhem, nhem, nhem Em vez de tristeza É onda que vem Mas, que nada ô, ô, ô, ô Nhem, nhem, nhem Sai da minha frente Chorava mãe, chorava pai É a vida que vai Que eu quero passar Chorava todo mundo Nhem, nhem, nhem Pois o samba está animado Mas agora ninguém chora mais Não volta ninguém E o que eu quero é sambar Este samba Mas pois o menino voltou Menina bonita que foi para o mar Que é misto de maracatu Voltou homem, voltou doutor Menina bonita que foi para o mar É samba de preto velho Menino que é bom não cai Dorme, meu bem Samba de preto tu Pois já nasceu com a estrela Que você também é Iemanjá Mas, que nada E sempre a mente sã Dorme, meu bem Um samba como esse tão legal Menino que é bom não cai Que você também é Iemanjá Você não vai querer Pois é protegido de Iansã Que eu chegue no final Chorava todo mundo Mas agora ninguém chora mais Chora mais, chora mais
  • 19.
    Telefone Falsa Baiana Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas) Plém plém plém plém plém plém plém plém plém Geraldo Pereira Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal) Plém plém Ocupado pela décima vez Baiana que entra no samba e só fica parada Plém plém Não samba, não dança, não bole nem nada Telefono e não consigo falar Não sabe deixar a mocidade louca Plém plém Baiana é aquela que entra no samba de qualquer Estou ouvindo há muito mais de um mês maneira Plém plém Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras Já começa quando eu penso discar Deixando a moçada com água na boca Eu já estou desconfiado A falsa baiana quando entra no samba Que ela deu meu telefone prá mim Ninguém se incomoda, ninguém bate palma Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba Plém plém Salve a Bahia, senhor E dizer que a vida inteira esperei Mas a gente gosta quando uma baiana Plém plém Somewhere Samba direitinho, de cima embaixo Que dei duro e me matei prá encontrar Revira os olhinhos dizendo Plém plém Eu sou fiilha de São Salvador Toda a lista quase que eu decorei Plém plém Dia e noite não parei de discar Stephen Sondheim/Leonard Bernstein Elis no Fino da Bossa 1965-1967 E só vendo com que jeito There's a place for us Eu só queria saber Pedia prá eu ligar Plém plém plém plém Somewhere a place for us Não entendo mais nada Peace and quiet and open air Prá que é que eu fui topar? Wait for us Miriam Ribeiro/Vera Brasil Somewhere 17 Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares) Trimm trimm Não me diga que agora atendeu There's a time for us Eu só queria ser Será que eu… eu consegui? Agora encontrar? Some day a time for us Um só dos teus anseios O moço atendeu… alô! Time together and time to spare Eu só queria ser Time to look, time to care Um só dos teus momentos Someday Eu só queria ser Somewhere Dentro de ti We'll find a new way of living Se acaso você chegasse A brisa que passou We'll find there's a way of forgiving Uma canção me trouxe Somewhere A brisa que passou Passou e não me trouxe Felisberto Martins/Lupicínio Rodrigues There's a place for us O sol de um meigo olhar Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues) A time and place for us Na escuridão Hold my hand and we're halfway there Se acaso você chegasse Hold my hand and I'll take you there Só nesta solidão No meu chatô e encontrasse Somehow Sofre o meu coração Aquela mulher Someday Cativo da canção que passou Que você gostou Somewhere Será que tinha coragem Eu só queria ser De trocar nossa amizade There's a place for us Um só dos teus anseios Por ela que já Hold my hand and we're halfway there Eu só queria ser Lhe abandonou? Hold my hand and I'll take you there Um só dos teus momentos Somehow Eu só queria ser Eu falo porque essa dona Someday Dentro de ti Já mora no meu barraco Somewhere À beira de um regato E um bosque em flor De dia me lava a roupa De noite me beija a boca E assim nós vamos Vivendo de amor
  • 20.
    Zambi Edu Lobo/Vinícius de Morais O fino do fino – 1965 É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor. É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... 18 Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão. Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi... E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão. Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão. É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor. É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi... Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
  • 21.
    Esse mundo émeu Sergio Ricardo/Ruy Guerra O fino do Fino – 1965 Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Té o sol raiar (Tempo feliz) Baden Powell/Vinícius de Morais Esse mundo é meu O fino do Fino – 1965 Esse mundo é meu Feliz o tempo que passou, passou Tempo tão cheio de recordações Fui escravo no reino e sou Tantas canções ele deixou,deixou Escravo no mundo em que estou Trazendo paz a tantos corações Mas acorrentado ninguém pode amar Que sons mais lindos tinha pelo ar Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua Quanta alegria de viver Cade o despacho pra acabá Ah, meu amor, que tristeza me dá Santo guerrero da floresta Vendo o dia querendo amanhecer Se você nao vem eu mesma vou brigá E ninguem cantar Se voce nao vem eu mesma vou brigá Resolução Mas meu bem Escravo do reino e sou Deixa estar Escravo do mundo em que estou Tempo vai, tempo vem Mas acorrentado ninguém pode amar E quando um dia esse tempo voltar Edu Lobo/Lula Freire Eu nem quero pensar o que vai ser Saravá, Ogum, mandinga prá gente continua O fino do Fino – 1965 Até o sol raiar Cade o despacho pra acabá Samba eu canto assim – 1965 Santo guerrero da floresta Se você nao vem eu mesma vou brigá Se voce nao vem eu mesma vou ficar É, vou contar o que há. É tempo de dizer quem sou Sim. Eu cansei de lutar E agora quero descansar 19 Canção do amanhecer Tanto eu esperei para vencer E agora vejo que perder Nada mais é do que cansar Edu Lobo/Vinícius de Morais O fino do fino – 1965 Eu cansei e perdi Em tanta coisa acreditei Ouve Se ninguém viu o que eu vi Fecha os olhos, meu amor Ninguém sabe mais do que eu sei É noite ainda Que silêncio! Mas se a esperança vai me deixar E nós dois E nem mais vou saber chorar Na tristeza de depois Nem sorrir sem amor para dar A contemplar O grande céu do adeus Não. É preciso não morrer Ah! É preciso decidir de uma vez Não existe paz O que é pra fazer Quando o adeus existe E é tão triste o nosso amor Ou viver ou morrer Ah! Vem comigo Há tanto para se fazer Em silêncio Ou viver ou morrer Vem olhar Há tanto para se fazer Esta noite amanhecer Iluminar Todas as canções que eu já cantei Os nossos passos tão sozinhos Agora tem de me valer Todos os caminhos E me fazer acreditar Todos os carinhos Vem raiando a madrugada Que é preciso viver Música no céu! E o resto é só deixar pra lá E, mesmo só, vou seguir E nada me fará mudar
  • 22.
    Chegança Amor demais Edu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho Silvio César/Ed Lincoln O fino do Fino – 1965 O fino do Fino – 1965 Estamos chegando daqui e dali A canção é o lamento do amor demais E de todo lugar que se tem pra partir Quem chorou Estamos chegando daqui e dali Quem sofreu Maria do Maranhão E de todo lugar que se tem pra partir Quem perdeu a paz Trazendo na chegança Venho dizer Foice velha, mulher nova Na canção E uma quadra de esperança O que chorou Carlos Lyra/Nelson L. de Barros E uma quadra de esperança Seu coração Samba eu canto assim – 1965 Ah, se viver fosse chegar Vem Maria, pobre Maria Ah, se viver fosse chegar A noite é linda Maria do Maranhão Vem cantar Que vive por onde anda Chegar sem parar, parar pra casar E anda de pé no chão Casar e os filhos espalhar Vem Por um mundo num tal de rodar Toda tristeza Maria desceu escada Por um mundo num tal de rodar Vai passar Atravessou o país Procurava muito pouco Só assim tu terás Muito pouco ser feliz Amor sem fim Amor demais Nem feliz queria ser maior Por um amor Que feliz não pode ser Quem anda pelas estradas Atravessando o país Maria, pobre Maria Maria do Maranhão Que vive por onde anda Francis Hime/Ruy Guerra João Valentão é brigão E anda de pé no chão 20 Samba eu canto assim – 1965 Pra dar bofetão Vim, eu vim te dizer Não presta atenção e nem pensa na vida Maria seguiu estrada Eu vim te lembrar A todos João intimida A estrada de uma estrela Que a vida não é só tristeza e dor Faz coisas que até Deus duvida Maria não viu a estrela Mas tem seu momento na vida Maria é só na estrada Sou sem paz É pobre quem tem medo de falar O mundo que quer É quando o sol vai quebrando Mas muita gente seguiu E depois não dá o amor que guardou Lá pro fim do mundo pra noite chegar A estrela que ela não viu É quando se ouve mais forte E vai dizer pra maria Sim, eu vim te dizer O ronco das ondas na beira do mar Que tudo tem solução Adilson Godoy Samba eu canto assim – 1965 Eu vim te falar É quando o cansaço da lida da vida Que o amor pra ser bom Obriga João descansar Até mesmo pra Maria Tento em mim seu amor Pra não ser qualquer É quando a morena se enrosca Maria do Maranhão Nasceu como uma flor cantando bem Precisa gritar a força que tem Do lado da gente Que vive por onde anda E ninguém jamais amou assim De tudo mudar Querendo agradar E anda de pé no chão Nunca assim Vem, meu amor Se a noite é de lua Sofro sem tudo em mim Vem, que amar é vencer A vontade é de contar mentira É só tristeza e dor Mas amar é também É de se espreguiçar É só você e a felicidade que se foi É de se deitar na areia da praia Que se foi Gente que vai e vem Que acaba onde a vista Gente que também quer Não pode alcançar Você fugiu de mim Ver este mundo melhor E assim adormece esse homem E triste, amor, eu canto assim Que nunca precisa dormir pra sonhar E a saudade em mim Que o povo é assim Porque não há sonho mais lindo E dá o que tem Do que sua terra, não há Volte então, sou sem paz É o povo que faz Com o seu amor e a felicidade que virá João Valentão A vida maior Dorival Caymmi Que virá Samba eu canto assim – 1965
  • 23.
    Consolação/Berimbau/Tem dó Baden Powell/Vinícius de Morais Samba eu canto assim – 1965 Saveiros Se não tivesse o amor Se não tivesse essa dor E se não tivesse o sofrer E se não tivesse o chorar Dory Caymmi/Nelson Motta … Compacto duplo – 1966 Capoeira me mandou Nem bem a noite terminou Eternidade Dizer que já chegou Vão os saveiros para o mar Chegou para lutar Levam no dia que amanhece As mesmas esperanças Berimbau me confirmou Do dia que passou Luiz Chaves/Adilson Godoy Vai ter briga de amor Quantos partiram de manhã Samba eu canto assim – 1965 Tristeza camará Quem sabe quantos vão voltar Só quando o sol descansar, Se ele é mais que céu … E se os ventos deixarem, É mais que luz Os barcos vão voltar É mais que amor Ah! Tem dó Quantas histórias pra contar Quem viveu junto não pode nunca viver só E em cada vela que aparece Sinto o infinito Ah! Tem dó Um canto de alegria Da paz que vem Mesmo porque você não vai ter coisa melhor De quem venceu no mar Nascendo em mim E sinto, enfim Não me venha achar ruim Que é mais que tudo Porque você me conheceu assim Aleluia É mais que o mundo Me diga agora, ora, ora Me ensinou Não foi assim que você gamou? Paz que eu tanto amei, chorando Você sabe muito bem Edu Lobo/Ruy Guerra Não, não se vá Que mesmosendo louca, assim Samba eu canto assim – 1965 Nossa eternidade Gamei também 21 Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo) Que sempre sonhei Me diga agora, ora, ora Nasceu no que sou Será que alguém não foi quem mudou? Barco deitado na areia Não dá pra viver, não dá Sim, é mais que tudo Lua bonita sozinha Não faz o amor, não faz Último canto É mais que o mundo Me ensinou Toma decisão, aleluia! Que um dia o céu vai mudar Francis Hime/Ruy Guerra Quem viveu a vida da gente Samba eu canto assim – 1965 Tem que se arriscar Vou acender uma vela Amanhã é teu dia Vou só cantar o meu canto Amanhã é teu mar, teu mar E vou cantar da maneira E se o vento da terra A mais singela Que traz teu amor, já vem E só depois Toma decisão, aleluia! Vou te esquecer Lança o teu saveiro no mar E só depois Beabá de pesca é coragem Vou te esquecer Ganha o teu lugar Vou acender uma vela Mesmo com a morte esperando Vou só chorar o meu pranto Eu me largo pro mar, eu vou E vou chorar da maneira Tudo o que sei é viver A mais singela E vivendo é que eu vou morrer E só depois Toma decisão, tá na hora! Quero esquecer Que um dia o céu vai mudar Quem não tem mais nada a perder Quando um amor acaba em pranto Só vai poder ganhar É o mesmo que alguém morrer Vou acender esta vela Que é por mim e é por ela
  • 24.
    Ensaio geral Gilberto Gil Jogo de roda Compacto duplo – 1966 O Rancho do Novo Dia O Cordão da Liberdade Edu Lobo/Ruy Guerra E o Bloco da Mocidade Compacto duplo – 1966 Vão sair no carnaval É preciso ir à rua É ô lê, é hora Esperar pela passagem É ô lê, de roda É preciso ter coragem E aplaudir o pessoal Jogo a vida O Rancho do Novo Dia Jogo a tarde Vem com mais de mil pastoras Jogo a faca e a razão Todas elas detentoras Jogo o mundo à sua sorte De um sorriso sem igual E a mentira eu jogo ao chão O Cordão da Liberdade Canto triste Ensaiado com carinho A roda vai rodar Pelo Zé Redemoinho E eu jogo o meu amor então Pelo Chico Vendaval E se eu puder Oh, que linda fantasia Entro na roda e vou rodar também Edu Lobo/Vinícius de Morais Do Bloco da Mocidade Compacto duplo – 1966 Colorida de ousadia Gira a roda Costurada de amizade Porque sempre foste a primavera em minha vida Roda o tempo Vai ser lindo ver o bloco Volta pra mim Nasce um samba em minha mão Desfilar pela cidade Desponta novamente no meu canto Olho a praia Minha gente, vamos lá Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais Chamo o vento Nossa turma vai sair Há quanto tempo faz partiste Abro os braços e a canção Nossa escola vai sambar Como a primavera que também te viu partir Vai cantar pra gente ouvir Sem um adeus sequer Eu sei aonde estou Tá na hora, vamos lá E nada existe mais em minha vida E sei onde é que eu quero ir Carnaval é pra valer E quem quiser 22 Como um carinho teu, como um silêncio teu Nossa turma é da verdade Lembro um sorriso teu tão triste Entre na roda e vá rodar também E a verdade vai vencer Ah, Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu Onde se esconde a minha bem-amada Ó, meu amor Onde a minha namorada O mundo assim não pode ser Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço É só tristeza e noite pra se ver Peço apenas Sozinha estou num mundo Rosa morena Que ela lembre as nossas horas de poesia Em que o mal é rei Das noites de paixão Mas o meu canto vem fora de lei E diz-lhe da saudade em que me viste Que estou sozinho e só existe Ó, meu amor Meu canto triste Vem prá perto de mim cantar Dorival Caymmi/Antônio de Almeida Compacto simples – 1966 Na solidão Que nessa roda a dor vai se entregar A minha voz é fraca Rosa morena Mas em meu olhar Onde vais morena rosa O novo mundo roda sem parar Com essa rosa no cabelo Sem parar E esse andar de moça prosa Sem parar Morena, morena rosa A rodar A rodar Rosa morena o samba está esperando A rodar Esperando p’rá te ver Deixa de lado essa coisa de dengosa E assim tenho um norte Anda rosa, vem me ver Tenho a vida Tenho um samba de cordão Deixa de lado essa pose Tenho a noite já vencida Vem pro samba, vem sambar Na palma de minha mão Que o pessoal está cansado de esperar Meu samba já chegou Tanta tristeza quer também E o teu amor Samba na roda do meu coração
  • 25.
    Canto de Ossanha Baden Powell/Vinícius de Morais Compacto simples – 1966 Dois na bossa 2 – 1966 Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou" O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor Vai, vai, vai, vai, não vou Vai, vai, vai, vai, não vou Vai, vai, vai, vai, não vou Vai, vai, vai, vai... não vou! Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer 23 a tristeza de um amor que passou Não , eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer Pergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer Vai, vai, vai, vai, amar sofrer Vai, vai, vai, Vai, vai, vai, vai, chorar dizer Vai, vai, vai, due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor
  • 26.
    Poutpourri de Louvação introdução SAMBA DE MUDAR Gilberto Gil/Torquato Neto (Geraldo Vandré) Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues) Samba eu canto assim Samba eu faço asism Vou fazer a louvação Louvação, louvação Só quem sofreu Do que deve ser louvado Quem chorou Ser louvado, ser louvado Dois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues) Meu samba vai ouvir Meu povo, preste atenção Meu samba vai cantar Atenção, atenção Repare se estou errado SAMBA DE MUDAR Só na tristeza e na dor (Geraldo Vandré) Alguém pode entender Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. Que a dor vai se acabar Só quem sofreu E assim somente Quem chorou E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior. Meu samba vai ouvir Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor. Meu samba vai cantar Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança! NÃO ME DIGA ADEUS (Paquito/L. Soberano/J. C. Silva) Só na tristeza e na dor Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar. Não Alguém pode entender Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar. Não me diga adeus Que a dor vai se acabar Que só espera sentado quem se acha conformado. Pense nos sofrimentos meus E assim somente Vou fazendo a louvação VOLTA POR CIMA ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM Louvação, louvação Do que deve ser louvado (Paulo Vanzolini) (Sérgio Ricardo) Ser louvado, ser louvado Ali onde eu chorei Por isso canta, canta Quem 'tiver me escutando Qualquer um chorava Nasceu uma rosa na favela Atenção, atenção Dar a volta por cima que eu dei Canta, canta Que me escute com cuidado Quero ver quem dava Nasceu uma rosa na favela Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. O NEGUINHO E A SENHORITA CARNAVAL 24 (Noel Rosa/A. da Silva) Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é. (D. Ferreira/Ataulfo Alves) Louvo a força do homem e a beleza da mulher. Eu gostei da filha da madame Lê lê lê Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra. Que nós tratamos de sinhá A rainha do samba chegou Lê lê lê Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer. A sinhazinha também gostou do neguinho O batuque do nêgo enfezou Louvo a vida merecida de quem morre pra viver. O crioulinho não tem dinheiro pra gastar Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer. NA GINGA DO SAMBA Mas a madame tem preconceito de cor (Ataulfo Alves) Vou fazendo a louvação Louvação, louvação E DAÍ É na ginga bonita que o samba tem Do que deve ser louvado (Miguel Gustavo) Quem não tem ginga, no samba não se dá bem Ser louvado, ser louvado De todos peço atenção Proibiram que eu te amasse GUARDA A SANDÁLIA DELA Atenção, atenção Proibiram que eu te visse (Sereno/Germano Mathias) Falo de peito lavado Proibiram que eu saisse E perguntasse a alguém por ti Guarda a sandália dela Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado. Que o samba sem ela não pode ficar Proibiram tudo Diga também pra ela Louvo a casa onde se mora de junto da companheira. Proibam muito mais! Que a escola sem ela não pode sambar Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira. Preguem avisos! Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera. Fechem portas! SAMBA DE MUDAR Ponham guizos! (Geraldo Vandré) Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar. Nosso amor perguntará, Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar. E daí? Porque o samba é o samba bom O dia certo e preciso de toda a gente cantar. O samba é meu Da nossa dor E assim fiz a louvação É um samba de sofrer Louvação, louvação Samba de querer Do que vi pra ser louvado Samba de... Ser louvado, ser louvado Samba de mudar Se me ouviram com atenção Atenção, atenção Saberão se estive errado Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado.
  • 27.
    Amor até ofim Upa, neguinho Gilberto Gil Dois na bossa 2 – 1966 Montreaux Jazz Festival – 1982 Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Amor não tem que se acabar Dois na bossa 2 – 1966 Eu quero e sei que vou ficar Compacto simples – 1968 Elis especial – 1968 Até o fim eu vou te amar Elis Regina in London – 1969 Até que a vida em mim resolva se apagar Montreaux Jazz Festival – 1982 O amor é como a rosa num jardim Upa, neguinho na estrada A gente cuida, a gente olha Upa, pra lá e pra cá A gente deixa o sol bater Virge, que coisa mais linda! Pra crescer, pra crescer Upa, neguinho começando a andá Começando a andá, começando a andá A rosa do amor tem sempre que crescer A rosa do amor não vai despetalar E já começa a apanhá Pra quem cuida bem da rosa Pra quem sabe cultivar Cresce, neguinho e me abraça Cresce e me ensina a cantá Amor não tem que se acabar Eu vim de tanta desgraça Até o fim da minha vida eu vou te amar Mas muito te posso ensiná Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar Até o fim da minha vida eu vou te amar Capoeira, posso ensiná Eu sei que o amor não tem que se apagar Ziquizira, posso tirá Valentia, posso emprestá Tristeza que Mas liberdade só posso esperá Pra dizer adeus Patá tá tri se foi Tri tri tri Trá trá trá 25 Adilson Godoy Samba Dois na bossa 2 – 1966 Edu Lobo/Torquato Neto Elis – 1966 Toda tristeza já passou Elis no Fino da Bossa 1965-1967 em E agora um novo amor vem surgindo Adeus Sorrindo Vou pra não voltar paz E onde quer que eu vá Por isso bem feliz eu sei que Sei que vou sozinha Toda tristeza já passou E que agora um novo amor Tão sozinha amor Vem surgindo Nem é bom pensar Sorrindo Que eu não volto mais Desse meu caminho Por isso vou Caetano Veloso Vou cantando agora Elis – 1966 Ah, pena eu não saber Vou levando agora Como te contar A beleza de um novo amor O samba vai vencer Que o amor foi tanto Que me nasceu Quando o povo perceber E no entanto eu queria dizer Que é o dono da jogada Vou cantando agora Vem Vou levando agora O samba vai crescer Eu só sei dizer Felicidade só Pelas ruas vai correr Vem Uma grande batucada Nem que seja só Prá dizer adeus Samba não vai chorar mais Toda gente vai cantar O mundo vai mudar E o povo vai cantar Um grande samba em paz
  • 28.
    Meu povo, presteatenção Na roda que eu te fiz Quero mostrar a quem vem Aquilo que o povo diz Posso falar, pois eu sei Eu tiro os outros por mim Quando almoço, não janto E quando canto é assim Agora vou divertir Agora vou começar Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar Quem tem dinheiro no mundo Quanto mais tem, quer ganhar E a gente que não tem nada Lunik 9 Gilberto Gil Elis – 1966 Fica pior do que está Elis no Fino da Bossa 1965-1967 Seu moço, tenha vergonha Acabe a descaração Poetas, seresteiros, namorados, correi Deixe o dinheiro do pobre É chegada a hora de escrever e cantar Roda E roube outro ladrão Talvez as derradeiras noites de luar Agora vou divertir Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva Agora vou prosseguir Quero ver quem vai ficar Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural Quero ver quem vai sair Sei lá que mais Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo Se morre o rico e o pobre E em tudo o início dos tempos do além Enterre o rico e eu Em cada consciência, em todos os confins Quero ver quem que separa Da nova guerra ouvem-se os clarins O pó do rico do meu Se lá embaixo há igualdade Aqui em cima há de haver Guerra diferente das tradicionais, Quem quer ser mais do que é Guerra de astronautas nos espaços siderais Um dia há de sofrer E tudo isso em meio às discussões, 26 já! Muitos palpites, mil opiniões Agora vou divertir Um fato só já existe que ninguém pode negar 1... Gilberto Gil/João Augusto Agora vou prosseguir 3... 2... Elis – 1966 Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair 5... 4... Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir 7... 6.. Seu moço, tenha cuidado Com sua exploração E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi Se não lhe dou de presente Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi A sua cova no chão Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão: Quero ver quem vai dizer Quero ver quem vai mentir A lua foi alcançada afinal, Quero ver quem vai negar Muito bem, confesso que estou contente também Aquilo que eu disse aqui Agora vou divertir A mim me resta disso tudo uma tristeza só Agora vou terminar Talvez não tenha mais luar pra clarear minha canção Quero ver quem vai sair O que será do verso sem luar? Quero ver quem vai ficar O que será do mar, da flor, do violão? Não é obrigado a me ouvir Tenho pensado tanto, mas nem sei Quem não quiser escutar Poetas, seresteiros, namorados, correi Agora vou terminar É chegada a hora de escrever e cantar Agora vou discorrer Quem sabe tudo e diz logo Talvez as derradeiras noites de luar Fica sem nada a dizer Quero ver quem vai voltar Quero ver quem vai fugir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai trair Por isso eu fecho essa roda A roda que eu te fiz A roda que é do povo Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz...
  • 29.
    Veleiro Edu Lobo/Torquato neto Elis – 1966 Ê... ô... tá na hora e no tempo Vamos lá que esse vento traz Recado de partir Beira de praia Não faz mal que se deixe Boa palavra Se o caminho da gente vai pro mar Caetano Veloso Elis – 1966 Eu vou, tanta praia deixando Sem saber até quando eu vou Aprendeu sozinho Quando eu vou,quando eu volto Na areia, no chão A brincar sozinho Estatuinha Eu vou pra terra distante Sem a mão de um irmão Não tem mar que me espante Não tem, não Aprendeu com o vento Que o sono passou Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Anda, vem comigo que é tempo E acordou sozinho Elis – 1966 Vem depressa que eu tenho No solo sem amor Braço forte e o rumo certo Se a mão livre do negro tocar na argila Tava dormindo, acordei O que é que vai nascer? Aqui o dia está perto Para acertar o namoro E é preciso ir embora Me deram o que de beber Vai nascer pote pra gente beber Ah! vem comigo nesse veleiro Numa caneca de ouro Nasce panela pra gente comer Nasce vazinho, nasce parede Tá na hora e no tempo, ê... ô... Não lhe deram nada Nasce estatuinha bonita de se ver Vamos embora no vento ê... ô... Não é seu este chão Deita olhando o céu Se a mão livre do negro tocar na onça Que o céu não tem dono, não O que é que vai nascer? 27 Como um passarinho Sonho de Maria Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas Aprende a voar Nasce tapete pra cobrir o nosso chão Solta o pensamento Nasce caminha pra se ter nossa ialê Num braço de mar Nasce atabaque pra se ter onde bater Marcos Valle/Paulo Sergio Valle Elis – 1966 Voou pra beira do rio Se a mão liver do negro tocar na palmeira Pousou num poço dourado O que é que vai nascer? Tanta roupa pra lavar Moça com seu namorado Tanto barraco pra arrumar Rico com seu empregado Nasce choupana prá gente morar Tanta coisa pra esperar Nasce rede pra gente se embalar Aprendeu sozinho Nasce esteira pra gente se deitar Todo o morro a sambar Deitado no chão Nasce os abanos pra gente abanar Tanta gente pra invejar A esperar sozinho Nenhum sonho pra sonhar Tempo de encontrar irmão Maria parou de trabalhar Inda a madrugada No ar uma voz chamou Espera nascer Maria olhou o céu Não lhe deram nada Maria desejou o céu Mas não quer morrer A vida é uma canção para se cantar Boa palavra, rapaz Mas é tarde pra voltar Boa palavra, rapaz Maria deixou a criança chorar Boa palavra, rapaz Uma estrela deixou de brilhar É assim que um homem faz Chorou. Chorou o céu. Chorou E a lágrima do céu apagou Tudo o que maria deixou E maria pra sempre acabou
  • 30.
    Tem mais samba Chico Buarque Elis – 1966 Tereza sabe sambar Tem mais samba no encontro que na espera Tem mais samba a maldade que a ferida Tem mais samba no porto que na vela Tem mais samba o perdão que a despedida Francis Hime/Vinícius de Morais Tem mais samba nas mãos do que nos olhos Elis – 1966 Tem mais samba no chão do que na lua Tem mais samba no homem que trabalha Chegou, chegou, sim senhor Tem mais samba no som que vem da rua Chegou sem anunciar Fez um alô pro tiô Tem mais samba no peito de quem chora Fez um olá pra tiá Tem mais samba no pranto de quem vê Depois dançou e dançou Que o bom samba não tem lugar nem hora Até o dia raiar O coração de fora samba sem querer E não contente enturmou Com as cabrochas de lá Vem que passa teu sofrer E não contente enturmou Canção do sal Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver Com as cabrochas de lá Salve, salve a Dona Tereza Ela vai pro céu Ela tem aquela nobreza Que tinha Izabel Carinhoso Milton Nascimento Elis – 1966 Compacto simples – 1968 Branquinha igual assim não pode existir Balanço igual eu juro que nunca vi Trabalhando o sal No carnaval nós vamos nos divertir A turma tá que tá que não cabe em si É amor, o suor que me sai Pixinguinha/João de Barro Elis – 1966 28 Vou viver cantando Porque Tereza enturmou Meu coração Não sei porque O dia tão quente que faz Depois foi-se embora Tereza Homem ver criança Foi como um luar Bate feliz, quando te vê Foi deixando tanta tristeza Buscando conchinhas no mar E os meus olhos ficam sorrindo Na turma de lá E pelas ruas vão te seguindo Mas mesmo assim, foges de mim Trabalho o dia inteiro A gafieira já fez “subiscrição” Ah! Se tu soubesses Pra vida de gente levar Pra passar cera e dar uma caiação Como sou tão carinhoso A turma tá que tá que não sai de lá E muito e muito que te quero E como é sincero o meu amor Água vira sal lá na salina Tereza um dia pode querer voltar Eu sei que tu não fugirias mais de mim Quem diminuiu água do mar? Porque Tereza enturmou Água enfrenta o sol lá na salina Porque Tereza enturmou Vem!.. vem!... vem!.... vem!... Voltou, voltou sim senhor Sol que vai queimando até queimar Voltou sem anunciar Vem sentir o calor Fez um alô pro tiô Dos lábios meus Fez um olá pra tiá À procura dos teus Trabalhando o sal Tereza é branca na cor Mas isso diexa pra lá Vem matar esta paixão Que me devora o coração Pra ver a mulher se vestir Porque Tereza enturmou E só assim então E ao chegar em casa Porque ela sabe sambar Serei feliz, bem feliz Tereza sabe sambar Encontrar a família a sorrir Tereza sabe sambar Filho vir da escola Problema maior é o de estudar Que pra não ter meu trabalho E vida de gente levar
  • 31.
    Imagem Canção de nãocantar Luiz Eça/Ronaldo Bôscoli Dois na Bossa 3 – 1967 Cantador Sérgio Bittencourt Bom Festival dos festivais – 1966 Ai, que bom é ver vocês Guardo o meu violão. E cada vez que eu volto Dory Caymmi/Nelson Motta Já nos faltam canções. Festival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967 É para dizer São muitas as razões, Que sem ter vocês que temos pra cantar, Amanhece, preciso ir Sem ver vocês mas hoje, amor, melhor Meu caminho é sem volta e sem ninguém Eu vou pra onde a estrada levar Não sou ninguém é não cantar, enquanto houver em nós Cantador, só sei cantar vontade de fugir de um canto Canta que na voz não vai saber mentir.Ah! eu canto a dor Que a vida passa Canto a vida e a morte E, se ela passa Meu canto para ser um canto certo, Canto o amor Melhor cantar vai ter que nascer liberto e morar no assobio Cantador não escolhe o seu cantar É de vocês do ocupado e do vadio Canta o mundo que vê O meu cantar do alegre e do mais triste E pro mundo que vi meu canto é dor só há canto quando existe Mas é forte pra espantar a morte É só pra vocês muito tempo e muito espaço Prá todos ouvirem minha voz Nosso cantar pra canção ficar se eu passo Mesmo longe e dizer o que eu não disse. Enquanto a nossa meta não for atingida, Ah que bom se eu ouvisse De que servem meu canto e eu continuamos gritando o nosso canto. o meu canto por ai. Se em meu peito há um amor que não morreu Ah! se eu soubesse ao menos chorar Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos. Por isso o violão Cantador, só sei cantar Faz escuro, mas nós cantamos. prefere emudecer. E vem pedir perdão Ah! Eu canto a dor O amanhã está breve. por não poder cantar De uma vida perdida sem amor Vamos cantar, logo logo, o que é nosso. 29 que hoje, amor, melhor Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso. é não cantar. MANGUEIRA MUNDO DE ZINCO DESPEDIDA DA MANGUEIRA (Assis Valente/Zequinha Reis) (Nássara/Wilson Batista) (Aldo Cabral/Bendito Lacerda) Nao há, nem pode haver Aquele mundo de Zinco que é Mangueira Em Mangueira na hora da minha despedida Como Magueira não há Desperta com o apito do trem Todo mundo chorou, todo mundo chorou O samba vem de lá, alegria também Uma cabrocha e uma esteira Foi pra mim a maior emoção da minha vida Morena faceira só Mangueira tem Um barracão de madeira pois em Mangueira o meu coracao ficou Qualquer malandro em Mangueira tem FALA, MANGUEIRA! PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO (Mirabeau/Milton de Oliveira) Mangueira fica pertinho do céu, Elis (Ary Barroso) Mangueira vai assistir o meu fim Fala, Mangueira, fala E deixa o nome na história Ficou pra machucar meu coracao! Mostra a força da tua tradição O samba foi minha glória Com licença da Portela, Pout-pourri Eu sei que muitas cabrochas Favela Mangueira mora no meu coração Vão chorar por mim Mangueira EXALTACÃO À MANGUEIRA de (Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa) LEVANTA MANGUEIRA (Luiz Antonio) Mangueira teu cenário é uma beleza Qua a natureza criou, ô ô Levanta, Mangueira, a poeira do chão O morro com seus barracões de zinco Samba de coração Quando amanhece, que esplendor! Ai, mostra a sandália de prata da mulata Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues) Todo mundo te conhece ao longe Acorda a cuíca e o tamborim Pelo som do teu tamborim Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim E o rufar do teu tambor Levanta Mangueira, a poeira do chão Chegou ô ô a Mangueira, chegou! Samba de coração
  • 32.
    Cruz de cinza,cruz de sal Manifesto zinho Rocha Walter Santos/Teresa Souza Dois na Bossa 3 – 1967 Compacto simples – 1968 Marcha de Guto/Mario Dois na Bossa 3 – 1967 Santa Clara clareai, quarta-feira de cinzas mensagem Carlos Lyra/Vinícius de Morais minha músi ca não traz fria São Domingo alumiai Dois na Bossa 3 – 1967 Vai chuva, vem sol A ou guerra chantagem E não faz Vai chuva, vem sol ia em ideolog E nem fala Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Sol, vem sol, vem sol, vem sol es falar as para lh Ninguém passa mais brincando feliz Eu vim apen De uma gra nde perda eita ou da esquerda Que o menino quer E nos corações Que nem se i se é da dir Brincar, brincar Saudades e cinzas foi o que restou nsura cort a Tanto que chamou rta se a ce Vem sol, vem sol Pelas ruas o que se vê Que me impo é vermelha Tudo que já fez to dela se É uma gente que nem se vê Pois eu gos Cruz de cinza, cruz de sal, a Que nem se sorri de e amarel Ou se é ver Casca de ovo no quintal Se beija e se abraça , amigo E sai caminhando companheiro camarada, Tudo que chamou Oh, Dançando e cantando cantigas de amor bora Ela foi em Vem sol, vem sol tigo E o pior que foi con Santa Clara clareai E no entanto é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar Vem sol, vem sol de golpe i um gran Para mim fo É preciso cantar e alegrar a cidade E a trizteza do menino o de esta do ou armad Não sei se Ou talvez de coração São Domingo alumiai A tristeza que a gente tem o grande Vem sol, vem com tanto azul no céu Qualquer dia vai se acabar or foi muit Só sei diz er que a d sformou-se Pra criança se perder de tanto rir Todos vão sorrir Pro menino se alegrar e o céu cair teira tran Voltou a esperança ha vida in Nessa rua onde o brinquedo é só você. E min e agitação É o povo que dança Numa enorm Contente da vida, feliz a cantar andato Sol, vem sol, vem sol, vem sol ina meu m Porque são tantas coisas azuis Já que assim term deportado Que o menino quer E há tão grandes promessas de luz i cassado e Pois eu fu Brincar, brincar ocê Tanto amor para amar de que a gente nem sabe nge de v Pra bem lo Tanto que chamou 30 e dizer Quem me dera viver pra ver inha amad a, quero lh Vem sol, vem sol E brincar outros carnavais Tudo que já fez Oh, m teu amor Que sem o Com a beleza dos velhos carnavais Eu posso até morrer Cruz de cinza, cruz de sal, Que marchas tão lindas Casca de ovo no quintal E o povo cantando seu canto de paz Seu canto de paz MINHA NAMORADA EU SEI QUE VOU TE AMAR A VOLTA MINHA NAMORADA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) (Tom Jobim/Vinícius de Morais) (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli) (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Meu amor eu hoje estou contente Eu sei que vou te amar Mas quero que você me fale Os seus olhos têm que ser Todo mundo, de repente, Por toda minha vida vou te amar Que você me cale só dos meus olhos Ficou lindo, ficou lindo de morrer Em cada despedida eu vou te amar Caso eu perguntar Os seus braços o meu ninho Desesperadamente eu sei que vou te amar Se o que a faz tão linda No silêncio de depois Hoje eu estou rindo E cada verso meu será Foi tua pressa de voltar E você tem que ser a estrela derradeira Nem eu mesma sei do quê Pra te dizer que eu sei que vou te amar Minha amiga e companheira Porque eu recebi Por toda minha vida Levanta e vem correndo No infinito de nós dois Uma cartinhazinha de você Me abraça e sem sofrer Que diz assim: MINHA NAMORADA Me beija longamente PRIMAVERA (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) (Carlos Lyra/Vinícius de Morais) Se você quer ser minha namorada O quanto a solidão precisa para morrer? Oh, que linda namorada, Mas se em vez de minha namorada Amor, eu lhe direi Você poderia ser! Você quer ser minha amada Amor que eu tanto procurei Minha amada mais amada pra valer Ah, quem me dera eu pudesse ser Se quiser ser somente minha A tua primavera Pout-pourri romântico Exatamente essa coisinha Aquela amada E depois morrer Essa coisa toda minha Pelo amor predestinada De ninguém mais pode ser Sem a qual a vida é nada Sem a quel se quer morrer. Você tem que vir comigo em meu caminho E talvez o meu caminho seja triste pra você Dois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
  • 33.
    Yê-melê Samba da benção (Samba saravah) Chico Feitosa/Luiz Carlos Vinhas Compacto simples – 1968 Yê-melê ari ará Yê-melê ará Lapinha Ye-melê ari ará Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre Barouh Compacto simples – 1968 Canto de Yemanjá Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on cherche Zauê zaua J'aime rire chanter et je n'empêche Melê Mela Pas les gens qui sont bien d'être joyeux Indê olá Pourtant s'il est une samba sans tristesse Onda do mar C'est un vin qui donne pas l'ivresse Un vin qui ne donne pas l'ivresse A rainha mãe do mar Non ce n'est pas la samba que je veux Traz o seu amor Sua benção vem me dar Baden Powell/Paulo César Pinheiro J'en connais que la chanson incommode E eu dou uma flor Compacto simples – 1968 D'autres pour qui ce n'est rien qu'une mode Quando eu morrer me enterre na Lapinha D'autres qui en profitent sans l'aimer Quando eu morrer me enterre na Lapinha Moi je l'aime et j'ai parcouru le monde Zauê zaua Calça, culote, palitó almofadinha En cherchant ses racines vagabondes Melê Mela Calça, culote, palitó almofadinha C'est la chanson de samba qu'il faut chanter Indê olá Onda do mar Vai, meu lamento vai contar On m'a dit qu'elle venait de Bahia Toda tristeza de viver Qu'elle doit son rythme et sa poésie Algum dia vai chegar Ai, a verdade sempre trai À des siècles de danses et de douleur Que eu vou ouvir E às vezes traz um mal a mais Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Esse canto de Yemanjá Ai, só me fez dilacerar Elle est blanche de forme et de rimes Vai do mar sair Ver tanta gente se entregar Blanche de forme et de rimes Mas não me conformei Elle est nègre bien nègre dans son coeur Zauê zaua Melê Mela Indo contra lei Sei que não me arrependi Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Indê olá Tenho um pedido só Elle est blanche de forme et de rimes Onda do mar 31 Último talvez, antes de partir Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Quando eu morrer me enterre na Lapinha Samba do perdão Quando eu morrer me enterre na Lapinha Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprime Calça, culote, palitó almofadinha Elle est blanche de forme et de rimes Calça, culote, palitó almofadinha Blanche de forme et de rimes Elle est nègre bien nègre dans son coeur Baden Powell/Paulo César Pinheiro Sai, minha mágoa Elle est nègre bien nègre dans son coeur Elis especial – 1968 Sai de mim Há tanto coração ruim Mais uma vez amor Ai, é tão desesperador A dor chegou sem me dizer O amor perder do desamor Agora que existe a paixão Ah, tanto erro eu vi, lutei A hora não é de sofrer E como perdedor gritei Que eu sou um homem só Mas quem quer pedir perdão Sem saber mudar Não deixa a tristeza saber Nunca mais vou lastimar E no entando a tua falta Tenho um pedido só Vem vazar meu coração Último talvez, antes de partir Mas a vida ensina a crer e a perdoar Quando eu morrer me enterre na Lapinha Quando um amor valer Quando eu morrer me enterre na Lapinha E o nosso é tão grande que já nem sei Calça, culote, palitó almofadinha Tenha pena das penas que eu penei Calça, culote, palitó almofadinha Não despreze mais meu padecer Adeus Bahia, zum-zum-zum Afasta a melancolia e a solidão Cordão de ouro Já não cabem mais no meu violão Eu vou partir porque mataram meu besouro Tanta mágoa, sim, que eu vou morrer Soluço eterno, pedir do coração Só quem morre de amor pede perdão
  • 34.
    Tributo ao TomJobim Tom Jobim Elis especial – 1968 De onde vens Bom tempo Dory Caymmi/Nelson Motta Chico Buarque VOU TE CONTAR (WAVE) Elis especial – 1968 Elis especial – 1968 Vou te contar Ah, quanta dor vejo em teus olhos Um marinheiro me contou Os olhos já não podem ver Tanto pranto em teu sorriso Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u Coisas que só o coração pode entender Tão vazias as tuas mãos Que vem aí bom tempo De onde vens assim cansada Fundamental é mesmo o amor De que dor, de qual distância O pescador me confirmou É impossível ser feliz sozinho De que terras,de que mar Que um passarinho lhe cantou Que vem aí bom tempo OUTRA VEZ Só quem partiu pode voltar E eu voltei prá te contar Outra vez sem você Dou duro toda a semana Dos caminhos onde andei Outra vez sem amor Senão pergunte à Joana Fiz do riso amargo pranto Outra vez vou sofrer Que não me deixa mentir No olhar sempre teus olhos Vou chorar Mas, finalmente é domingo No peito aberto uma canção Até você voltar Naturalmente, me vingo VOU TE CONTAR (WAVE) Eu vou me espalhar por aí Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração Saberias num momento quanta dor há dentro dele Dor de amor quando não passa No compasso do samba A primeira vez era a cidade É porque o amor valeu E u d i s f a r ç o o Da segunda, o cais e a eternidade c a n s a ç o J o a n a d e b a i x o FOTOGRAFIA d o b r a ç o Carregadinha de amor Eu, você, nós dois Da cor do pecado V o u q u e v o u Aqui nesse terraço a beira-mar Pela estrada que dá numa O sol já vai caindo a o seu olhar p r a i a d o u r a d a Parece acompanhar a cor do mar Que dá num tal de f a z e r n a d a Você tem de ir embora Bororó 32 Como a natureza mandou A tarde cai em cores Elis especial – 1968 V o u Se desfaz Esse corpo moreno, S a t i s f e i t o, a l e g r i a b a t e n d o Escureceu Cheiroso e gostoso n o p e i t o O sol caiu no mar Que você tem O radinho contando E aquela luz… É um corpo delgado, d i r e i t o Da cor do pecado, VOU TE CONTAR (WAVE) A vitória do meu tricolor Que faz tão bem V o u q u e v o u L á n o a l t o So close your eyes… Esse beijo molhado, O sol quente me leva Laralara… Escandalizado, n u m s a l t o …fundamental é mesmo o amor Que você deu É impossível ser feliz sozinho Pro lado contrário Tem sabor diferente, Sozinho… d o a s f a l t o Que a boca da gente Sozinho… Pro lado contrário da dor Vou te contar Jamais esqueceu Um marinheiro me contou E quando você me responde Os olhos já não podem ver Q u e a b o a b r i s a l h e s o p ro u Umas coisas com graça, Coisas que só o coração pode entender Que vem aí bom tempo A vergonha se esconde Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho Porque se revela Um pescador me confirmou A maldade da raça. Que um passarinho lhe cantou O resto é mar Esse corpo, de fato, Que vem aí bom tempo É tudo que não sei contar São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz Tem cheiro de mato, É impossível ser feliz sozinho Saudade, tristeza, Ando cansado da lida Essa simples beleza. Preocupada, corrida, When I saw your first the time was half past three Esse corpo moreno, s u r r a d a , b a t i d a When your eyes met mine it was eternity Morena enlouquece. d o s d i a s m e u s Eu não sei bem porque Mas uma vez na vida Agora sei Só sinto na vida Eu vou viver a vida Da onda que seguiu no mar O que vem de você que eu pedi a Deus E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver
  • 35.
    Corrida de jangada Mangueira Edu Lobo/José Carlos Capinam Elis especial – 1968 Carta ao mar Tributo à Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969 Meu mestre deu a partida é hora, vamos embora Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Pros rumos do litoral, vamos embora Elis especial – 1968 Elis especial – 1968 Na volta eu venho ligeiro, vamos embora Eu venho primeiro pra tomar seu coração Me multiplicando em sol MANGUEIRA Tento uma canção pra você (Assis Valente/Zequinha Reis) É hora, Trago flores, girassóis Não me importa mal me querer Nao há, nem pode haver É hora, vamos embora Como Magueira não há É hora, vamos embora, é hora vamos embora O que vai de mim, vem O samba vem de lá, alegria também Vamos embora, ora vamos embora De um desejo imenso de ser outra vez Morena faceira só Mangueira tem É hora, vamos embora, é hora Um barco, um azul vamos embora Outra vez, de tarde, morrer FALA, MANGUEIRA! (Mirabeau/Milton de Oliveira) Viração, virando vai Céu sem naves espaciais Olha o vento, a embarcação Flores, só naturais Fala, Mangueira, fala Minha jangada não é navio, não Só nós dois e as coisas banais Mostra a força da tua tradição Não é vapor nem avião Mas não, pra quê Com licença da Portela, Mas carrega tanto amor Favela Mangueira mora no meu coração Dentro do meu coração Pra que mundo, segue o mundo Sem o mar, sem amar EXALTACAO À MANGUEIRA Sou seu mestre, meu proeiro (Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa) Sou segundo, sou primeiro De que vale o som sideral Olha a reta de chegar, olha a reta de chegar Ou a rima mais genial Mangueira teu cenário é uma beleza Mestre, proeiro, segundo, primeiro Se o amor está aqui neste sal Qua a natureza criou, ô ô Reta de chegar, reta de chegar Neste encontro franco e frontal O morro com seus barracões de zinco Meu barco é procissão Quando amanhece, que esplendor! minha terra é minha igreja Nesse barco longe do mundo Todo mundo te conhece ao longe 33 Noiva é meu rosário Toda a nossa vida e um segundo Pelo som do teu tamborim No seu corpo vou rezar Pra dizer do amar que voltei E o rufar do teu tambor Minha noiva é meu rosário Que sou do mar Chegou ô ô a Mangueira, chegou! No seu corpo vou rezar Sou do mar Do mar LEVANTA MANGUEIRA Ora, (Luis Antonio) Ora vamos embora Levanta, Mangueira, a poeira do chão Vamos embora,vamos embora Samba de coração Vamos embora,vamos embora Ai, mostra a sandália de prata da mulata É hora, vamos embora, é hora vamos embora Acorda a cuíca e o tamborim Nego, vamos embora Mostra que o samba nasceu em Mangueira,sim Velho, vamos embora, nego, vamos embora Vira Levanta Mangueira, a poeira do chão Vamos, vamos embora, ora, vamos embora Samba de coração mundo É hora, vamos embora,é hora vamos embora DESPEDIDA DA MANGUEIRA Gilberto Gil/José Carlos Capinam Elis especial – 1968 (Aldo Cabral/Benedito Lacerda) Sou viramundo virado Em Mangueira na hora da minha despedida Nas rondas da maravilha Todo mundo chorou, todo mundo chorou Cortando a faca e facão Foi pra mim a maior emoção da minha vida Os desatinos da vida Sou viramundo virado pois em Mangueira o meu coracao ficou Gritando para assustar Pelo mundo do sertão A coragem da inimiga Mas inda viro este mundo PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO Pulando pra não ser preso Em festa, trabalho e pão (Ary Barroso) Pelas cadeias da intriga Virado será o mundo Prefiro ter toda a vida E viramundo verão Ficou pra machucar meu coracao! A vida como inimiga O virador deste mundo A ter na morte da vida Astuto, mau e ladrão Minha sorte decidida Ser virado pelo mundo Que virou com certidão Ainda viro este mundo Em festa, trabalho e pão
  • 36.
    Noite dos mascarados Noite dos Mascarados (La nuit des masques) Chico Buarque Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque) Chico Buarque/Vs. Pierre Barouh Elis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh) Ele: Quem é você? Ela: Adivinhe, se gosta de mim Os dois: Hoje os dois mascarados Qui êtes-vous? dois deviner tu Procuram os seus namorados Perguntando assim: Si tu m'aimes, tous les deux on se cache Ele: Quem é você, diga logo Ela: Que eu quero saber o seu jogo Aujourd'hui asques Ele: Que eu quero morrer no seu bloco Derrière nos mnder Ela: Que eu quero me arder no seu fogo Ele: Eu sou seresteiro Pour se dema Poeta e cantor Ela: O meu tempo inteiro ite Só zombo do amor Qu i êtes-vous? Dxites vm'invites Ele: Eu tenho um pandeiro Ela: Só quero um violão u tu Dis-moi à quel ejefondre à ta suite Ele: Eu nado em dinheiro Ela:Não tenho um tostão Je voudrais m qu'on prenne la fuite Fui porta-estandarte Je voudrais Não sei mais dançar Ele: Eu, modéstia à parte et hanteur gabonde, poète ènecau bonheur Nasci pra sambar Ela: Eu sou tão menina Moi, je va onde qui m Ele: Meu tempo passou r J'ai perdu la rs les routes Ela: Eu sou Colombina Ele: Eu sou Pierrot Moi, je cou moi Os dois: Mas é carnaval Não me diga mais quem é você Je reste chez déroute 34 Amanhã, tudo volta ao normal L'amour me pas... Deixe a festa acabar Deixe o barco correr Je n'y croyais Deixe o dia raiar Que hoje eu sou un dr peau anfare je porte du pipaeau Da maneira que você me quer O que você pedir Moi, dans la f rt, je joue bien Eu lhe dou Modestie à paragile Seja você quem for Seja o que Deus quiser Je suis si f trop Seja você quem for e Seja o que Deus quiser J'ai dix ans dmbine Je suis colo rot Je suis pier i tu es n val et qu'importe aujourd'hui qu Mais c'ést Carevaiendra normal ed Demain tout rut va finir, laissons le temps courir Demain to ur sa lumière Laisse au jo urd'hui je suis ce que tu attends de moi Aujo verra Si tu veu x laissons faire, ronrouvera P ain on se et eut-être que demdemain on se reconnaîtra Peut-être que La, la, la, la...
  • 37.
    Deixa Aquarela do Brasil / Baden Powell/Vinícius de Morais Elis Regina em Paris – 1968 Nega do cabelo duro Um novo rumo Deixa, Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Artur Verocal/Geraldo Flach Fale quem quiser falar, meu bem. I Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968) Saudade do Brasil – 1980 Deixa, Deixe o coração falar também, AQUARELA DO BRASIL Porque ele tem razão demais quando se queixa. Vou caminhando sem caminho (Ary Barroso) Então a gente deixa, deixa, deixa, Em cada passo vou levando meu cansaço Deixa, O que me espera? Ô, ôi essas fontes murmurantes Ninguém vive mais do que uma vez. Ôi onde eu mato a minha sede Uma terra, um desencontro Deixa, E onde a lua vem brincá A cidade, a claridade Diz que sim prá não dizer talvez. Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro E essa estrada não tem volta Deixa, É o meu Brasil brasileiro Lá se solta o fim do mundo A paixão também existe. Terra de samba e pandeiro Um fim incerto que me assusta Deixa, Brasil! Brasil! Não me deixe ficar triste. Longe ou perto, se prepara Prá mim... prá mim... Ninguém para para pensar Para olhar a dor que chora a morte NÊGA DO CABELO DURO De um valente lutador (Rubens Soares/David Nasser) A noite do meu bem Nêga do cabelo duro, Quem fui, já não sou Qual é o pente que te penteia ? (La nuit de mon amour) Qual é o pente que te penteia ? Qual é o pente que te penteia ? Vou chegando à encruzilhada descobrir Um caminho e uma nova direção Dolores Duran/Vs. Pierre Barouh Onde piso vou deixando o que não sou Elis Regina em Paris – 1968 Quando tu entras na roda, 35 Vou para luta O teu cabelo serpenteia, Ce soir Não paro não O teu cabelo está na moda, Je veux trouver la rose la plus belle Vou para luta, agora eu vou Qual é o pente que te penteia ? Et la première étoile qui m'appelle Não paro não Pour célébrer la nuit de mon amour Tem tanta gente que se vai Ce soir A imensidão do seu querer Je veux la paix des enfants qui s'endorment Querendo vida sem a morte Je veux l'écho d'une vie qui se forme Ser mais forte sem sofrer Pour célébrer la nuit de mon amour E ter certeza sem buscar Tristeza Ce soir Ganhar o amigo sem se dar Je veux la joie d'un voilier qui s'élance Sem semear, colher o amor Et l'abandon d'une main qui s'avance O amor ferido pela guerra Pour célébrer la nuit de mon amour Haroldo Lobo/Niltinho Quem na terra desconhece Elis Regina em Paris – 1968 Aparece sem valor Ce soir Ergo meu braço qual alguém Je voudrais toute la beauté du monde Tristeza, Que já caiu mas levantou Pour que ce soit la nuit la plus profonde Por favor vai embora, Puisqu'elle sera la nuit de mon amour Minha alma que chora, Quem fui, já não sou Está vendo o meu fim, Pourtant Ces joies soudain me semblent incertaines Fez do meu coração a sua moradia, Vou chegando à encruzilhada descobrir Je ne peux croire qu'elle serait vaine Já é demais o meu penar, Um caminho e uma nova direção Cette espérance qui me vient de toi Quero voltar àquela vida de alegria, Onde piso vou deixando o que não sou Quero de novo cantar. Vou para luta Ah... Não paro não Mais cet amour tant me tarde à venir La, ra, ra, ra, Vou para luta, agora eu vou Que je ne sais plus comment retenir La, ra, ra, ra, ra, ra, Não paro não Cette tendresse La, ra, ra, ra, ra, ra, Que je veux offrir... Quero de novo cantar.
  • 38.
    O barquinho Roberto menescal/Ronaldo Bôscoli Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Récit de Cassard Elis Regina in London – 1969 Michel Legrand/Jacques Deny Elis, como e porque – 1969 Dia de luz festa de sol E o barquinho a navegar Autrefois, j'ai aimé une femme Vera Cruz No macio azul do mar Elle ne m'aimait pas, on l'appellait Lola Tudo é verão o amor se faz Autrefois. Num barquinho pelo mar Que desliza sem parar Milton Nascimento/Márcio Borges Déçu, j'ai voulu l'oublier Elis, como e porque – 1969 Alors j'ai quitté la France, Sem intenção nossa canção je suis allé au bout du monde Hoje foi que a perdi Vai saindo deste mar e o sol Mas onde, já nem sei Beija o barco e luz, dias tão azuis je ne pense qu'à elle Me levo para o mar Em Vera me larguei Festa do mar, desmaia o sol j'ai voulu vous parler franchement E deito nesta dor E o barquinho a deslizar vous ne m'en voulez pas Meu corpo, sem lugar O sonho E a vontade de cantar il n'est pas question d'influencer Genevieve, Ah! quisera esquecer Céu tão azul, ilhas do sul Genevieve est libre A moça que se foi E o barquinho coração De nossa Vera Cruz Egberto Gismonti Deslizando na canção E o pranto que ficou Elis, como e porque – 1969 Do norte que sonhei Aquarela do Brasil – 1969 Tudo isso é paz, tudo isso traz Das coisas do lugar Uma calma de verão e então Sinto que é hora Giro O barquinho vai, a tardinha cai Nos rios me larguei Salto O barquinho vai Correndo sem parar Meu foguete some queimando espaço Buscava Vera Cruz Tudo vejo e abraço Nos campos e no mar A vaidade 36 Mas ela se soltou Estou morando em pleno céu Pra longe se perdeu Namorando o azul Andança Quero em outra mansidão Ando no espaço louco Um dia ancorar Meu foguete segue deixando traços E ao vento me esquecer Entre estrelas vejo a liberdade Antonio Adolfo/Tibério Gaspar Que ao vento me amarrei E fotografo todo o céu Danilo Caymmi/Edmundo Souto Elis, como e porque – 1969 Elis Regina in London – 1969 E nele vou partir E revelo paz Elis, como e porque – 1969 Atrás de Vera Cruz Hoje a cidade inteira se enfeitou Busco cores e imagens Vim.Tanta areia andei Coberta de alegria, a noite serenou Ah! quisera encontrar Faltam pássaros e flores Da lua cheia eu sei A casa branca, praça e chafariz A moça que se foi Uma saudade imensa Da rua principal à porta da matriz Do lar de Vera Cruz Coração na mão Vagando em verso eu vim E o pranto que ficou Corpo solto Vestida de cetim Tem lua acesa clareando o chão Do norte que perdi Estou entre estrelas Na mão direita rosas vou levar Tem moça pra dançar de saia de algodão Das coisas do lugar Vou deitar neste luar Tem violeiro violando o amor Me dá amor Cantando em verso a paz, desponta um cantador Indo de encontro ao riso Amor Do quarto minguante Me leva amor De ponta a ponta E o sol queimando Por onde for quero ser seu par Bandas e cordões A pele branca E a lua tonta Despertando Rodei de roda andei Gira os corações Vejo a cama e meu amor Dança da moda eu sei Acordado estou Cansei de se sozinha No giro, dança Choro… Verso encantado usei Quem quer se alegrar Choro… Meu namorado é rei Velho ou criança Choro… Nas lendas do caminho onde andei Vem que tem lugar Me dá amor Sobe o foguete acarinhando o céu Amor E a rua floresceu bandeiras de papel Me leva amor A vida em festa num giro girou Por onde for quero ser seu par Tristeza adormeceu e a noite serenou
  • 39.
    Memórias de MartaSaré Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri Elis, como e porque – 1969 A casa lá da fazenda A lua clareando a porta Samba da Pergunta A volta Deixando o brilho claro Nas pedras dos degraus Cristal de lua Pingarrilho/Marcos Vasconcelos Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli Elis, como e porque – 1969 Aquarela do Brasil – 1969 Elis Regina in London – 1969 Pra dentro Marta Saré Ela agora mora só no pensamento Pra dentro Marta Saré Ou então no firmamento Quero ouvir a sua voz Em tudo que no ceu viaja E quero que a canção seja você Pra dentro Marta Saré Pode ser um astronauta E quero, em cada vez que espero Pra dentro Um passarinho Desesperar, se não te vir Pé de vento O rosário obrigatório É triste a solidão Pipa de papel de seda É longe o não te achar Quem sabe um balãozinho Que lindo é o seu perdão A janta lá na cozinha Ou estar num asteróide Que festa é o seu voltar Todo dia à mesma hora Na estrela Dalva que daqui se olha As estórias de Dorinha Mas quero que você me fale Pode estar morando em Marte Que você me cale Nunca mais se soube dela Caso eu perguntar Desapareceu Se o que a faz tão linda Pra dentro Marta Saré Foi sua pressa de voltar Pra dentro Marta Saré Levanta e vem correndo 37 Pra dentro Marta Saré Pra dentro, pra dentro Me abraça e sem sofrer Me beija longamente A lanterna azul partida O quanto a solidão precisa para morrer A dor, a palmatória, a raiva Wave A cantiga mais sentida Um galope de cavalo A time for love Tom Jobim Mestre severino Aquarela do Brasil – 1969 Saudade do Brasil – 1980 Pra dentro Marta Saré Webster/John Mandel Vou te contar, Pra dentro Marta Saré Elis Regina in London – 1969 Os olhos já não podem ver Pra dentro Marta Saré Coisas que só o coração pode entender Pra dentro, pra dentro A time for summer skies Fundamental é mesmo o amor For humming-birds and butterflies É impossível ser feliz sozinho Bate forte o coração For tender words that harmonize with love O resto é mar, A time for climbing hills Dor no peito magoado É tudo que eu nem sei contar O sorriso mais sem jeito For leaning out of window sills São coisas lindas que eu tenho pra te dar Do primeiro namorado Admiring the daffodils above. Vem de mansinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho A time for holding hands together A time for rainbow colored weather Pra dentro Marta Saré Da primeira vez era a cidade Pra dentro Marta Saré A time of make believe that we've been draming of Da segunda o cais e a eternidade Pra dentro Marta Saré As time goes drifting by Agora eu já sei The willow bends and so do I Pra dentro, pra dentro Da onda que se ergueu no mar But oh, my friends, what ever sky above E das estrelas que esquecemos de contar Moço Severino I've known a time for spring, a time for fall O amor se deixa surpreender Por do sol But best of all Enquanto a noite vem nos envolver Pra dentro Marta Saré A time for love
  • 40.
    Se você pensa Minha Roberto Carlos/Erasmo Carlos Elis Regina in London – 1969 Francis Hime/Ruy Guerra Elis no Teatro de Praia – 1970 Elis no Teatro de Praia – 1970 Watch Minha Se você pensa que vai fazer de mim what Vai ser minha O que faz com todo mundo que te ama Desde a hora Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar happens Que nasceste Norman Gimbel/Michel Legrand Elis Regina in London – 1969 Minha Você tem a vida inteira pra viver Não te encontro E saber o que é bom e o que é ruim Só sei que estas perto E tão longe Let someone start believing in you, Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim Let him hold out his hand No silêncio Let him touch you and watch what happens Noutro amor Ou numa estrada Daqui pra frente, tudo vai ser diferente Você tem que aprender a ser gente Que não deixa O teu orgulho não vale nada One someone who can look in your eyes, Seres minha And see into your heart Como sejas Onde estejas Vou te achar Você não sabe Let him find you and watch what happens Nem nunca procurou saber Vou me entregar Que quando a gente ama pra valer Cold, no I won't believe your heart is cold Vou te amar O bom é ser feliz e mais nada E é tanto, tanto amor Maybe just afraid to be broken again Que até pode assustar Let someone with a deep love to give Não temas essa imensa sede Que ao teu corpo vou levar How insensitive Give that deep love to you, (Insensatez) Minha és e sou só teu And what magic you'll see Sai de onde estás pra eu te ver Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman Gimbel Pois tudo tem que acontecer Tem de ser Let someone give his heart, someone who cares like me Elis Regina in London – 1969 38 Let someone give his heart who cares like me Tem de ser How insensitive Vem para sempre I must have seemed Para sempre When he told me that he loved me Perdão não tem How unmoved and cold Irene Vexamão I must have seemed When he told me so sincerely Why he must have asked Edson Arantes do Nascimento Did I just turn and stare in icy silence What was I to say? Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé) Edson Arantes do Nascimento Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé) Não What can you say Não vá embora não When a love affair is over? Outro dia Porque a saudade Caetano Veloso Me pegaram de surpresa Vai ficar em seu lugar Why he must have asked Elis no Teatro de Praia – 1970 Did I just turn and stare in icy silence Me deram um violão E fizeram eu cantar What was I to do? Não me faça sofrer A sua ausência Eu quero ir, minha gente Eu todo desajeitado What can one do Tenha paciiencia Cantando tudo errado When a love affair is over? Não vá embora Eu não sou daqui Sem saber como parar So now he's gone away Não me deixes não Eu não tenho nada Foi um tremendo de um vexame Quando você chegou And I'm alone Mas o engraçado Foi recebida de braços abertos With a memory of her last look Quero ver irene rir É que eu cantava errado Jurava me dar amor Vague and drawn and sad E os “puxa” achava bom Ser boazinha I see it still Quero ver irene dar sua risada E não falar em ir embora Estava o rádio All the heartbreak in his last look Jornal e a televisão How he must have asked, Agora depois de tanto tempo E eu todo sem graça Could I just turn and stare in icy silence Quer partir sem dizer qual a razão Só fazia láralá What was I to do? Não vá, meu bem Porque depois, perdão não tem What can one do When a love affair is over?
  • 41.
    Aquele abraço Can’t take my eyes off you B. Crewe/B. Gaudio Elis no Teatro de Praia – 1970 You're just too good to be true. Gilberto Gil Can't take my eyes off you. Elis no Teatro de Praia – 1970 You'd be like Heaven to touch. Este samba vai para Dorival Caymmi, I wanna hold you so much. João Gilberto e Caetano Veloso. At long last love has arrived And I thank God I'm alive. O Rio de Janeiro continua lindo, O Rio de Janeiro continua sendo You're just too good to be true. O Rio de Janeiro, fevereiro e março, Can't take my eyes off you. Alô, alô Realengo, Aquele abraço, Pardon the way that I stare. Alô torcida do flamengo, There's nothing else to compare. Aquele abraço! Alô, Alô Realengo, The sight of you leaves me weak. Aquele abraço, There are no words left to speak, Alô torcida do flamengo, But if you feel like I feel, Aquele abraço! Please let me know that it's real. Zazueira Chacrinha continua balançando a pança, You're just too good to be true. E buzinando a moça e comandando a massa, Can't take my eyes off you. E continua dando as ordens no terreiro, Alô, alô seu Chacrinha Velho Guerreiro, I love you, baby, Alô, alô Terezinha, Rio de Janeiro, And if it's quite alright, Alô, alô seu Chacrinha velho palha ço, Jorge Ben 39 Elis Regina in London – 1969 Alô, alô Terezinha, Aquele abraço, I need you, baby, Elis no Teatro de Praia – 1970 Alô moçada da favela, aquele abraço, To warm a lonely night. Todo mundo da Portela, aquele abraço, Ela vem chegando (ela vem chegando) I love you, baby. Todo mês de fevereiro, aquele passo, E feliz vou esperando (e feliz vou esperando) Trust in me when I say: Alô Banda de Ipanema, aquele abraço, A espera é difícil (a espera é difícil) Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço, Oh, pretty baby, Mas eu espero sambando (eu espero sambando) A Bahia já me deu régua e compasso, Don't bring me down, I pray. Quem sabe de mim sou eu, aquele abraço, Menina bonita do céu azul Oh, pretty baby, now that I found you, stay Pra você que me esqueceu, aquele abraço, Ela é uma beleza And let me love you, baby. Alô Rio de Janeiro, aquele abraço! Menina bonita, você é demais Let me love you. Alegria na minha tristeza Zazueira You're just too good to be true. Zazueira Can't take my eyes off you. Zazueira You'd be like Heaven to touch. I wanna hold you so much. Ela vem chegando (ela vem chegando) At long last love has arrived E feliz vou esperando (e feliz vou esperando) A espera é difícil (a espera é difícil) And I thank God I'm alive. Mas eu espero sonhando (eu espero sonhando) You're just too good to be true. Can't take my eyes off you. Uma flor é uma rosa Uma rosa é uma flor É um amor esta menina I love you, baby, Esta menina é meu amor And if it's quite alright, I need you, baby, Zazueira To warm a lonely night. Zazueira I love you, baby. Zazueira Trust in me when I say: Oh, pretty baby, Don't bring me down, I pray. Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
  • 42.
    As curvas daEstrada de Santos Roberto Carlos/Erasmo Carlos Em pleno verão – 1970 Se você pretende saber que m eu sou eu posso lhe dizer. Entre no meu carro e na est rada de Santos você vai me conhecer. Você vai pensar que eu nã o gosto nem mesmo de mim. E que na minha idade só a velocidade anda junto a mim. Só ando sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor. Preciso de ajuda. Por favor me acuda. Eu vivo muito só. 40 Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo, eu piso mais fundo, corrij o num segundo, não posso parar. Eu prefiro as curvas da est rada de Santos onde eu ten to esquecer um amor que eu tive e vi pelo espelho na distância se perder Mas se o amor que perdi eu novamente encontrar, as curvas se acabam e na estrada de Santos eu não vou mais passar. Não, não vou mais passar.
  • 43.
    Bicho do mato erolar Vou deitar Jorge Ben Em pleno verão – 1970 Frevo Bicho do mato Tom Jobim/Vinícius de Morais Em pleno verão – 1970 Baden Powell/Paulo César Pinheiro Nego teve aí Em pleno verão – 1970 Bicho do mato Vem, vamos dançar ao sol Vem, que a banda vai passar Devagar pra não cair Vem, ouvir o toque dos clarins Não venha querer me consolar Que agora não dá mais pé Anunciando o carnaval Nem nunca mais vai dar Bicho do mato Também quem mandou se levantar Bicho bonito danado E vão brilhando os seus metais Quem levantou pra sair Bicho do mato Perde o lugar Nego teve aí Por entre cores mil Verde mar, céu de anil E agora, cadê teu novo amor E disse assim: Nunca se viu tanta beleza Cadê que ele nunca funcionou Ai, meu Deus Bicho do mato Cadê que nada resolveu Que lindo o meu Brasil! Quaquaraquaquá, quem riu Quero você para mim Quaquaraquaquá, fui eu Eu só vou embora Quaquaraquaquá, quem riu Se você disser que sim Quaquaraquaquá, fui eu Fechado pra Mas eu só ponho o meu boné Ainda sou mais eu Onde eu posso apanhar Devagar se vai ao longe balanço Você já entrou na de voltar Devagar eu chego lá Agora fica na tua Que é melhor ficar Porque vai ser fogo me aturar Bicho do mato Quem cai na chuva Nego teve aí Gilberto Gil Bicho do mato 41 Em pleno verão – 1970 Só tem que se molhar Devagar pra não cair Fechado pra balanço E agora cadê, cadê você Deve ser bom, deve ser bom Cadê que eu não vejo mais, cadê Tô fechado pra balanço Pois é quem te viu e quem te vê Meu saldo deve ser bom Até aí morreu Neves Deve ser bom Quaquaraquaquá, quem riu Quaquaraquaquá, fui eu Vou sambar de roda um pouco Quaquaraquaquá, quem riu Um xaxado bem guardado Quaquaraquaquá, fui eu Jorge Ben Em pleno verão – 1970 E mais algum trocado Se tiver gingado eu tô, eu tô, eu tô Todo mundo se admira Se segura malandro Eu tô de corpo fechado, eu tô, eu tô Da mancada que a Terezinha deu Pois malandro que é malandro não se estoura Deve ser bom, deve ser bom Que deu no pira Se segura malandro Tô fechado pra balanço E ficou sem nada ter de seu Meu saldo deve ser bom Ela não quis fazer fé Pois um dia há de chegar a tua hora Na virada da maré Vai cantar, vai brincar sem fantasia Um pouco da minha grana Você vai chorar de alegria Vais ter saudade, baiana Breque! Pois ela vai voltar pra alegrar o seu coração Ponho sempre por semana Cinco cartas no correio Mas que malandro sou eu Pois malandro que é malandro não se estoura não Gasto sola de sapato Pra ficar dando colher de chá Mas aqui custa barato Se eu não tiver colher? Porque até aí morreu Neves Cada sola de sapato Vou deitar e rolar! Até aí morreu Neves Custa um samba, um samba e meio Até aí morreu das Neves O vento que venta aqui Até aí morreu das Neves O resto... É o mesmo que venta lá O resto não dá despesa E volta pro mandingueiro Devegar malandro Viver não me custa nada A mandinga de quem mandigá Devagar, cuidado! Viver só me custa a vida Afobado come cru E a minha vida foi dada Devagar se vai ao longe
  • 44.
    Comunicação These are the songs Tim Maia Em pleno verão – 1970 (Com Tim Mais) Edson Alencar/Hélio Matheus Em pleno verão – 1970 These are the songs (Roda, roda e avisa!) Não tenha medo I want to sing These are the songs Sigo o anúncio e vejo Em forma de desejo o sabonete Em forma de sorvete acordo e durmo na televisão. I want to play Caetano Veloso I will sing it every time Em pleno verão – 1970 Creme dental, saúde E vivo num sorriso, paraíso And I sing it every day Tenha medo, não, tenha medo, não These are the songs Quase que jogado, impulsionado, no comercial. Não tenha medo não, tenha medo, não Só tomava chá I want to sing and play Nada é pior do que tudo Quase que forcado vou tomar café Nada é pior do que tudo Ligo o aparelho, vejo o Rei Pelé Vamos entao repetir o gol! Esta é a canção que eu vou ouvir Nem um não, nenhum senão Esta é a canção que eu vou cantar Nem um ladrão, nem uma escuridão E na lua sou Mais um astronauta-patrocinador Fala de você, meu bem Nada é pior do que tudo Que você já tem no seu coração mudo Do nosso amor também Chego atrasado perco o meu amor Mais um anúncio sensacional! Osanah Sei que você vai gostar Nem um cão, nem um dragão Nem um avião, nem uma assombração Ponho um aditivo dentro da panela, gasolina Nada é pior do que tudo Passo na janela da cozinha tem mais um fogão Que você já tem no seu coração mudo Tony Osanah Tocam a campainha Nem um chão, nem um porão Compacto duplo – 1970 Mais uma pesquisa e eu respondo nem uma prisão, nem uma solidão Que enlouquecendo, já sou fã do comercial! Nada é pior do que tudo Sei prá onde vou Que você já tem no seu coração mudo Agora eu sei quem sou (Na Brastel, tudo a preço de banana! Sei do meu caminho 42 Quem não se comunica, se trumbica! Eu sei com quem eu vou Tereeziiinha...! Copacabana Estamos pensando em bloco... Descubro riso Conheça o Brasil pela Varig! Invento a luz Ducal... meu nome é Gal!... Ducal!....) Tudo é claro para quem quer ver velha de guerra Osanah, Osanah, Osanah Osanah, Osanah, Osanah Nada será como antes Joyce/Sérgio Flackman Pela vida afora eu vou jogando fora Milton Nascimento/Ronaldo Bastos Em pleno verão – 1970 As coisas que eu guardei por guardar Compacto duplo – 1970 Elis – 1972 Nós estamos por aí, sem medo Um passo à frente Nós, sem medo, estamos por aí Ou volto atrás Mas não fico no meusmo lugar Eu já estou com o pé nessa estrada Qualquer dia gente se vê Qualquer sorte me espera Sei que nada será como antes, amanhã E a tarde talvez vá me mostrar Osanah, Osanah, Osanah Treze ventos nas janelas Osanah, Osanah, Osanah Que notícias me dão dos amigos E as praças do mundo a me chamar Que notícias me dão de você Não me importa o tempo Eu fico aqui e agora Sei que nada será como está Sou mais um na multidão Amanhã ou depois de amanhã Na vitrine dos magazines E quero tudo que houver prá querer O que é passado nào volta mais Resistindo na boca da noite um gosto de sol Procurando uma camisa da cor do mar E o futuro ainda não chegou Num domingo qualquer, qualquer hora Mão no bolso, riso lento Ventania em qualquer direção E a tarde passando devagar Osanah, Osanah, Osanah Osanah, Osanah, Osanah Sei que nada será como antes, amanhã Não me encontro na vitrine Não ligo, é difícil me encontrar Que notícias me dão dos amigos Que notícias me dão de você Sou só eu na multidão Sei que nada será como está E eu queria me ver passar Amanhã ou depois de amanhã Desfilando com a camisa da cor do mar Resistindo na boca da noite um gosto de sol Olha eu lá!
  • 45.
    Ih! Meu Deusdo céu! A fia de Chico Brito Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Ela – 1971 Ih! Meu Deus do céu! Estou rindo à toa Chico Anysio Ih! Meu Deus do céu! Compacto duplo – 1970 Ela me afeiçoa Sou filha de Chico Brito Espontaneidade Pai de oito filho maior Eu sou, eu sou Nascida em Baturité Na mesticidade Criada a carne de sol Eu vou, eu vou Sete homem e eu mulher A sorte e a morte Oito filho prá criá Ocorrem subitamente Sete homem prá peixeira E a mulher prá… Estou diante dela A felicidade Dos oito filho do velho Exijo a parcela Casa no campo Tem sete que se casou Da cumplicidade Os homem fez casamento Lá vem o crime E cinco já procriou Se anime Só eu é que tô sobrando Zé Rodrix/Tavito É hora de matar a saudade Na certa Deus se enganou Compacto duplo – 1970 Acabo me abilolando Elis 1972 Porque meu caso é casar E caso de quarquer jeito Eu quero uma casa no campo 43 Caso inté no… Onde eu possa compor muitos rocks rurais E tenha somente a certeza Sou filha de Chico Brito Dos amigos do peito e nada mais Pai de oito filho maior Nascida em Baturité Eu quero uma casa no campo Criada a carne de sol Onde eu possa ficar no tamanho da paz E tenha somente a certeza Sete homem e eu mulher Dos limites do corpo e nada mais Golden slumbers Oito filho prá criá Sete homem prá peixeira Eu quero carneiros e cabras John Lennon/Paul McCartney Ela – 1971 E a mulher prá… Pastando solenes no meu jardim Eu quero o silêncio das línguas cansadas De tanto piscar o os olhos Eu quero a esperança de óculos Once there was a way to get back homeward Já tô ficando zarolha E um filho de cuca legal De tanto chamar com a mão Eu quero plantar e colher com a mão Once there was a way to get back home Na mão já tenho inté bolha A pimenta e o sal Sleep pretty darling do not cry Já fiz duzenta novena Já me cansei de rezar Eu quero uma casa no campo And I will sing a lullaby Meus cotovelo tá inchado Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé De no portão debruçar Onde eu possa plantar meus amigos Mas caso de quarquer jeito Meus discos e livros Golden slumbers fill your eyes Caso inté no… E nada mais Smiles awake you when you arise Sleep pretty darling do not cry And I will sing a lullaby Boy, you gonna carry that weigth Carry that weight a long time
  • 46.
    Madalena Cinema Olympia Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Ela – 1971 Caetano Veloso Ela – 1971 Oh, Madalena Não quero mais O meu peito percebeu Essas tardes mornais, normais Que o mar é uma gota Não quero mais Comparado ao pranto meu Video-tapes, mormaço, março, abril Fique certa Eu quero pulgas mil na geral Quando o nosso amor desperta Eu quero a geral Logo o sol se desespera Eu quero ouvir gargalhada geral Quero um lugar para mim, pra você E se esconde lá na serra Na matiné do cinema Olympia Eh Madalena Tom Mix, Buck Jones O que é meu não se divide Tela e palco Nem tão pouco se admite Sorvetes e vedetes Quem do nosso amor duvide. Socos e coladas Pernas e gatilhos Até a lua se arrisca num palpite Atilhos e gargalhada geral Que o nosso amor existe Do meio-dia até o amanhecer Na matiné do cinema Olympia Forte ou fraco, alegre ou triste Oh, Madalena, Madalena, Madalena, Madalena Oh Ma, oh Mada, oh Madale 44 Oh Madale, le, le, le oh Ma, oh Mada Falei e disse Aviso aos navegantes Black is beautiful Baden Powell/Paulo César Pinheiro Baden Powell/Paulo César Pinheiro Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle Ela – 1971 Ela – 1971 Ela – 1971 Mulher, se Deus não criasse você Esse ano vai sobrar um Hoje cedo na rua do Ouvidor Ele próprio custava a crer Quem falou já morreu Quantos brancos horríveis eu vi Mas só que tem que não dá pé você Quem sabe dele sou eu Eu quero esse homem de cor Ser a mulher de quem Vinícius falou A vida quem dá é Deus Um Deus Negro do Congo ou daqui Formosa, não faz assim Quem é malandro não dá Carinho não é ruim Vidinha boa à ninguém Hoje cedo amante negro eu vou Malandro traz no cantar Enfeitar o meu corpo no seu Eu avisei bem, não faça ingratidão A pinta que o canto tem Eu quero esse homem de cor Porque eu também sei dançar Briga com quem sabe mais conforme a canção Não dá camisa a ninguém Um Deus Negro do Congo ou daqui E quem vai embora agora sou eu Olha, aqui você faz Que se integre no meu sangue europeu Adeus pra quem já me esqueceu Aqui mesmo vai entrar bem Black is beautiful black is beautiful Tá acabada essa parada Black beauty so beautiful E agora cada qual no seu lugar I wanna a black I wanna a beautiful Não tem nada se a jogada dela I wanna a black I wanna a beautiful É ver a lua em vez de um lar Que se integre no meu sangue europeu Teresa é nome de mulher Black is beautiful black is beautiful Ah, que pena que me dá Black beauty so beautiful Ela não ser mais Teresa mulher I wanna a black I wanna a beautiful I wanna a black I wanna a beautiful
  • 47.
    Mundo deserto Ela César CostaFilho/Aldir Blanc Ela – 1971 Ela sente a solidão do oitavo andar Roberto Carlos/Erasmo Carlos Todo dia à hora triste do jantar Ela – 1971 Num mundo deserto de almas negras Só um copo, só um prato E ao lado um só talher Me visto de branco Me curo da vida sofrida, sentida Tudo é um em seu pequeno mundo Que deram pra mim Num mundo deserto de almas negras De mulher Sorriso não nego Mas vejo um sol cego Surge a esperança na vida Querendo queimar o que resta de mim Vivo num mundo deserto de almas negras Ela que dança e convida alguém Ao elevador do oitavo andar Na vontade da verdade eu quero ficar E não acredito no dito maldito Pro primeiro amor do oitavo andar Que o amor já morreu Ela e ele qualquer Tenho fé que o meu país Ainda vai dar amor pro mundo Um amor tão profundo, tão grande Ela duela o pranto do amor Com ele qualquer Que vai reviver quem morreu Desce e se esquece no elevador Vivo num mundo deserto de almas negras Com ele qualquer 45 Os argonautas Ela lembra a vida do interior Ela na varanda espera seus irmãos Caetano Veloso Estrada do sol Mesa posta, luz de velas, canções Ela – 1971 Ela brinca de princesa O barco, meu coração não aguenta Tanta tormenta, alegria Meu coração não contenta E vem o carnaval Tom Jobim/Dolores Duran Passa a Páscoa em paz consigo, no quintal Ela – 1971 O dia, o marco, meu coração O porto, não Quero que você me dê a mão Os dias frios de junho Vamos sair Navegar é preciso, viver não é preciso As rendas brancas nos punhos, balões É de manhã, vem o sol, O barco, noite no céu tão bonito Mas os pingos da chuva que ontem caiu Sorriso solto perdido Ainda estão a brilhar, Horizonte, madrugada E um dia no teatro do local Ela é a virgem no presépio de Natal Ainda estão a dançar O riso, o arco, da madrugada Ao vento alegre O porto, nada Que me traz esta canção. Navegar é preciso, viver não é preciso Quero que você me dê a mão, Ela e um dia qualquer É na varanda, Páscoa, Natal Vamos sair por aí O barco, o automóvel brilhante Sem pensar no que foi O trilho solto, o barulho Com um ele qualquer que sonhei, Do meu dente em tua veia Que chorei, que sofri, O sangue, o charco, barulho lento Pois a nossa manhã O porto silêncio Ela duela o pranto do amor Já me fez esquecer, Me dê a mão, vamos sair prá ver o sol. Navegar é preciso, viver não é preciso Sozinha outra vez No oitavo andar onde tudo é um
  • 48.
    Alô, alô. Bala bala Taí Carmem Miranda Heitor/Maneco/Wilson Diabo com Os maiores sambas enredos de todos os tempos – 1971 Uma pequena notável Cantou muito samba Tiradentes João Bosco/Aldir Blanc É motivo de carnaval Elis – 1972 Pandeiro, camisa listrada A sala cala Tornou a baiana internacional E o jornal prepara Décio Antonio Carlos/Penteado/Estanislau Silva Os maiores sambas enredos de todos os tempos Volume 2 – 1972 Quem está na sala Seu nome corria chão Com pipoca e bala Na boca de toda gente Joaquim José da Silva Xavier E o urubu sai voando Que grilo é esse? Morreu a 21 de abril Manso Pela independência do Brasil Vou embarcar nessa onda Foi traído e não traiu jamais É o Império Serrano que canta A inconfidência de Minas Gerais O tempo corre Dando uma de Carmem Miranda E o suor escorre, Joaquim José da Silva Xavier Era o nome de Tiradentes Vem alguém de porre Cai, cai, cai, cai E há um corre-corre Foi sacrificado pela nossa liberdade Quem mandou escorregar Esse grande herói pra sempre deve ser lembrado E o mocinho chegando Cai, cai, cai, cai Dando É melhor se levantar, oi 20 anos blue Eu esqueço sempre nesta hora, Linda, loura Minha velha fuga em todo impasse 46 Eu esqueço sempre nesta hora, Linda, loura Mucuripe Sueli Costa/Vitor Martins Quanto me custa dar a outra face Elis – 1972 O tapa estala Hoje de manhã quando acordei Fagner/Belchior No balacobaco Olhei pra vida e me espantei Elis – 1972 E é bala com bala Eu tenho mais de vinte anos As velas do Mucuripe E é fala com fala Eu tenho mais de mil perguntas sem respostas Vão sair para pescar E o galã se espalhando Estou ligada num futuro blue Vou levar as minhas mágoas Dando Pras águas fundas do mar Hoje à noite namorar Os meus pais nas minhas costas Sem ter medo de saudade No rala-rala As raízes na marquise Sem vontade de casar Quando acaba a bala Eu tenho mais de vinte muros É faca com faca Calça nova de riscado O sangue jorra pelos furos Paletó de linho branco É rapa com rapa Eu me realizando Pelas veias de um jornal Que até o mês passado Lá no campo 'inda era flor Bambo Eu não te quero, eu te quero mal Sob o meu chapéu quebrado O sorriso ingênuo e franco Quando a luz acende é uma tristeza Essa calma que inventei, bem sei De um rapaz novo encantado Trapo, presa Com vinte anos de amor Custou as contas que contei Minha coragem muda em cansaço Eu tenho mais de vinte anos Aquela estrela é dela Toda fita em série que se preza Eu quero as cores e os colírios Vida, vento, vela leva-me daqui. Dizem, reza Meus delírios Acaba sempre no melhor pedaço Estou ligada num futuro blue
  • 49.
    Olhos abertos Zé Rodrix/GuttenbergGuarabyra Elis – 1972 Atravessando uma ponte, de noite No meio da chuva Cercada pelo silêncio Daquela cidade do interior Atrás da porta Depois da ponte, uma estrada de terra Molhada de chuva Cercada pelo silêncio E sem nenhum pedaço de amor Francis Hime/Chico Buarque Elis – 1972 Vendo os olhares desertos De tantas pessoas antigas Quando olhaste bem nos olhos meus Tantas pessoas amigas E o teu olhar era de adeus Querendo um cigarro e um carinho Juro que não acreditei, eu te estranhei Me debrucei sobre teu corpo e duvidei Gente que puxa uma briga na estrada E me arrastei e te arranhei Com os olhos brilhando E me agarrei nos teus cabelos Precisa só de um abraço No teu peito, teu pijama Bem forte e bem dado Nos teus pés ao pé da cama Sem carinho, sem coberta E eu quero encontrar as pessoas No tapete atrás da porta De mãos e de olhos abertos Reclamei baixinho Sem me preocupar Com dinheiro e posição Dei pra maldizer o nosso lar Pra sujar teu nome, te humilhar 47 Eu preciso encontrar as pessoas E me vingar a qualquer preço Ficar de mãos dadas com elas Te adorando pelo avesso Conversar com a boca Pra mostrar que ainda sou tua Cais Vida de bailarina E os olhos do coração Só pra provar que inda sou tua Milton Nascimento/Ronaldo Monteiro Américo Seixas/Dorival Silva Elis – 1972 Elis – 1972 Para quem quer se soltar Quem descerrar a cortina Invento o cais Da vida da bailarina Invento mais que a solidão me dá Há de ver cheio de horror Invento a lua nova a clarear Que no fundo do seu peito Invento o amor Abriga um sonho desfeito E sei a dor de me lançar Ou a desgraça de um amor Eu queria ser feliz invento o mar Os que compram o desejo Invento em mim o sonhador Pagando amor a varejo Vão falando sem saber Para quem quer me seguir Que ela é forçada a enganar Eu quero mais Não vivendo pra dançar Tenho o caminho que sempre quis Mas dançando pra viver E um saveiro pronto prá partir Invento o cais E sei a vez de me lançar
  • 50.
    Águas de março Tom Jobim Elis – 1972 Elis & Tom – 1974 (Com Tom Jobim) Montreaux jazz Festival – 1982 É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol É peroba no campo, é o nó da madeira Caingá candeia, é o matita-pereira É madeira de vento, tombo da ribanceira É o mistério profundo, é o queira ou não queira É o vento ventando, é o fim da ladeira É a viga, é o vão, festa da cumeeira É a chuva chovendo, é conversa ribeira Das águas de março, é o fim da canseira É o pé, é o chão, é a marcha estradeira Passarinho na mao, pedra de atiradeira É uma ave no céu, é uma ave no chão É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão É o fundo do poço, é o fim do caminho No rosto um desgosto, é um pouco sozinho É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto 48 É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando É a luz da manha, é o tijolo chegando É a lenha, é o dia, é o fim da picada É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada É o projeto da casa, é o corpo na cama É o carro enguiçado, é a lama, é a lama É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã É um resto de mato na luz da manhã São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É uma cobra, é um pau, é João, é José É um espinho na mão, é um corte no pé São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã É um belo horizonte, é uma febre terçã São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho
  • 51.
    Doente morena Gilberto Gil/Duda Elis – 1973 Luz das Estrelas – 1984 De manhã cedo ela sai Leva a chave Me deixa trancado O dia inteiro Não ligo Deito sobre os trilhos E vejo o trem passar Entre brinquedos, cigarros O Tesouro da Juventude Em não sei quantos volumes E quando canto Deixo a imaginação voar Mas ontem à noite A mão sobre meus cabelos Ela me disse: "Meu bem, não tenha medo No verão que vem Nós vamos à praia" 49 Me deixa em paz Boa noite, amor Oriente Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de Souza Maria José de Abreu/Francisco Matoso Gilberto Gil Elis – 1972 Elis – 1972 Elis – 1973 Paz! Boa noite amor Meu grande amor Se oriente, rapaz Pela constelação do Cruzeiro do Sul Que eu já não aguento mais Contigo sonharei Se oriente, rapaz Me deixa em paz Pela constatação de que a aranha Sai de mim E a minha dor esquecerei Vive do que tece Me deixa em paz Se eu souber que o sonho teu Vê se não se esquece Foi o mesmo sonho meu Pela simples razão de que tudo merece Vai! Boa noite, amor Consideração Hoje o fogo se apagou E sonhe enfim Considere, rapaz Nosso jogo terminou Pensando sempre em mim A possibilidade de ir pro Japão Vai prá onde Deus quizer Num cargueiro do Lloyd lavando o porão Já é hora de Na carícia de um beijo Pela curiosidade de ver De voce partir Que ficou no desejo Onde o sol se esconde Não adianta mais ficar Boa noite, meu grande amor. Vê se compreende Pela simples razão de que tudo depende De determinação Determine, rapaz Onde vai ser seu curso de pós-graduação Se oriente, rapaz Pela rotação da Terra em torno do Sol Sorridente, rapaz Pela continuidade do sonho de Adão
  • 52.
    O caçador de esmeralda Agnus sei João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei Elis – 1973 Verde que te quiero oro Bandeiras removendo a terra campo Esmeralda que aguarda agora No riacho além de Tordesilhas Meio de João Bosco/Aldir Blanc E Fernão se apaixonou como um selvagem Elis – 1973 Pela sereia do sertão Na água, imagem virgem Faces sob o sol, os olhos na cruz Miragem esverdeada Os heróis do bem prosseguem na brisa na manhã Gilberto Gil Vão levar ao reino dos minaretes No mel das abelhas e nos frutos Elis – 1973 A paz na ponta dos arietes O gosto dela, febre da paixão A conversão para os infiéis Prezado amigo Afonsinho Fernão se esmerava na conquista De esmeralda, inferno de Fernão Eu continuo aqui mesmo Para trás ficou a marca da cruz Aperfeiçoando o imperfeito Na fumaça negra vinda na brisa da manhã Dando tempo, dando um jeito E um dia no Fusca duas portas, dois amantes Ah, como é difícil tornar-se herói Desprezando a perfeição Fernão louco, Esmeralda desvairada Só quem tentou sabe como dói Que a perfeição é uma meta O enleio dos delirantes Vencer Satã só com orações Defendida pelo goleiro No Recreio dos Bandeirantes Que joga na seleção Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê E eu não sou Pelé, nem nada Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Se muito for eu sou um Tostão Cabaré Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não! 50 Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão Dominus dominium juros além Entrou de bola, e tudo! Todos esses anos agnus sei que sou também Mas ovelha negra me desgarrei João Bosco/Aldir Blanc O meu pastor não sabe que eu sei Elis – 1973 Da arma oculta na sua mão Na porta lentas luzes de neon Meu profano amor eu prefiro assim Na mesa flores murchas de crepon À nudez sem véus diante da Santa Inquisição E a luz grená filtrada entre conversas Ah, o tribunal não recordará Inventa um novo amor, loucas promessas Dos fugitivos de Shangri-Lá O tempo vence toda a ilusão De tomara-que-caia surge a crooner do norte Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vê Ah, quem sabe de si nesses bares escuros Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não! Quem sabe dos outros, das grades, dos muros No drama sufocado em cada rosto A lama de não ser o que se quis A chama quase morta de um sol posto A dama de um passado mais feliz Um cuba-libre treme na mão fria Ao triste strip-tease da agonia De cada um que deixa o cabaré Lá fora a luz do dia fere os olhos Ah, quem sabe de si nesses bares escuros Quem sabe dos outros
  • 53.
    Ladeira da Preguiça Gilberto Gil Elis – 1973 Comadre Essa ladeira Que ladeira é essa? Essa é a Ladeira da Preguiça João Bosco/Aldir Blanc Preguiça que eu tive sempre Folhas secas Elis – 1973 De escrever para a família Em tudo o que me acontecer E de mandar contar pra casa O dedo da comadre tá Que esse mundo é uma maravilha Na corda quando escurecer E pra saber se a menina já conta as estrelas Nélson Cavaquinho/Guilherme de Brito Anágua da comadre lá Elis – 1973 E sabe a segunda cartilha E pra saber se o menino já canta cantigas Branco de doer Quando eu piso em folhas secas E já não bota mais a mão na barguilha Me convidando a imaginar Caídas de uma mangueira E pra falar do mundo, falar uma besteira Se o vento bater Penso na minha escola Formenteira é uma ilha A ginga que a comadre dá E nos poetas da minha Estação Primeira Onde se chega de barco, mãe E a ginga da comadre tá Não sei quantas vezes Que nem lá Em tudo que me acontecer Subi o morro cantando Na Ilha do Medo No copo que eu me embriagar Sempre o sol me queimando Que nem lá E assim vou me acabando Na Ilha do Frade Se relampejar Que nem lá Se eu adoecer Quando o tempo avisar Na Ilha de Maré Se a febre aumentar Que eu não posso mais sambar Que nem lá A comadre vem Sei que vou sentir saudade Salina das Margaridas Ao lado do meu violão Na palha que eu adormecer Da minha mocidade Essa ladeira Nas águas em que eu me lavar Que ladeira é essa? E na pitanga que eu morder Quando eu piso em folhas secas Essa é a Ladeira da Preguiça Na arapuca que eu armar Caídas de uma mangueira 51 Penso na minha escola Ela não é de hoje Onde eu me esconder E nos poetas da minha Estação Primeira Ela é desde quando Em tudo quanto eu pude olhar Se amarrava cachorro com linguiça No que ouvi dizer Não sei quantas vezes A ginga da comadre tá Subi o morro cantando Sempre o sol me queimando É com esse que eu vou No samba que eu me exceder E assim vou me acabando No doce que eu me lambuzar E assim vou me acabando Na hora que eu endoidecer E assim vou me acabando Pedro Caetano Se o sangue espirrar Elis – 1973 Se a ferida arder Se a boca chupar É com esse que eu vou A comadre vem Sambar até cair no chão É com esse que eu vou Desabafar na multidão Se ninguém se animar Eu vou quebrar meu tamborim Mas se a turma gostar Vai ser pra mim Eu quero ver O ronca ronca da cuíca Gente pobre, gente rica Deputado, senador Quebra, quebra Quero ver uma cabrocha boa No piano da patroa Batucando É com esse que eu vou
  • 54.
    Conversando no bar Milton Nascimento/Fernando Brant Na batucada da vida Elis – 1974 Saudade do Brasil – 1980 Ary Barroso Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira Ponta de areia Elis – 1974 E o motorneiro parava a orquestra um minuto No dia em que eu apareci no mundo Para me contar casos da campanha da Itália Juntou uma porção de vagabundo Da orgia E de um tiro que ele não levou Milton Nascimento/Fernando Brant De noite, teve samba e batucada Levei um susto imenso nas asas da Pan Air Elis – 1974 Que acabou de madrugada Montreaux Jazz Festival – 1982 Em grossa pancadaria Descobri que as coisas mudam E que o mundo é pequeno nas asas da Pan Air Ponta de areia, ponto final Depois do meu batismo de fumaça Da Bahia à Minas, estrada natural Mamei um litro e meio de cachaça Que ligava Minas ao porto, ao mar Bem puxado E lá vai menino xingando padre e pedra Caminho do ferro mandaram arrancar E fui adormecer como um despacho Velho maquinista com seu boné Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados Lembra o povo alegre que vinha cortejar E lá vai menino lambendo podre delícia E lá vai menino senhor de todo fruto Maria Fumaça, não canta mais Cresci olhando a vida sem malícia Para moças, flores, janelas e quintais Na praça vazia, um grito um ai Sem nenhum pecado, sem pavor Quando um cabo de polícia Despertou meu coração O medo em minha vida nasceu muito depois Casas esquecidas, viúvas nos portais E como eu fui pra ele muito boa Descobri que a minha arma Me soltou na rua à toa Desprezada como um cão É o que a memória guarda dos tempos da Pan Air O mestre-sala E hoje que eu sou mesmo da virada E que eu não tenho nada, nada Nada existe que não se esqueça dos mares E por Deus fui esquecida 52 Alguém insiste e fala ao coração Irei cada vez mais me esmulambando Seguirei sempre cantando Tudo de triste existe que não se esquece Na batucada da vida Alguém insiste e fere o coração João Bosco/Aldir Blanc Travessia Nada de novo existe neste planeta Elis – 1974 Que não se fale aqui na mesa de bar Luz das estrelas – 1984 Há muito tempo nas águas da Guanabara Milton Nascimento/Fernando Brant E aquela briga e aquela fome de bola O dragão do mar apareceu Elis – 1974 Na figura de um bravo feiticeiro A quem a história não esqueceu E aquele tango e aquela dama da noite Quando você foi embora E aquela mancha e a fala oculta Conhecido como navegante negro Fez-se noite em meu viver Tinha a dignidade de um mestre-sala Forte eu sou, mas não tem jeito E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas Que no fundo do quintal morreu Hoje eu tenho que chorar Morri a cada dia dos dias que vivi Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas Minha casa não é minha Jovens polacas e por batalhões de mulatas E nem é meu este lugar Cerveja que tomo hoje Estou só e não tem resisto É apenas em memória dos tempos da Pan Air Rubras cascatas Muito tenho pra falar Jorravam das costas dos santos Entre cantos e chibatas A primeira Coca-Cola foi, Solto a voz nas estradas, já não quero parar Me lembro bem agora, nas asas da Pan Air Inundando o coração Meu caminho é de pedra, como posso sonhar? Do pessoal do porão Sonho feito de brisa vento vem terminar Que a exemplo do feiticeiro gritava, então: A maior das maravilhas foi Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar Voando sobre o mundo nas asas da Pan Air Glória aos piratas, às mulatas, às sereias, Vou seguindo pela vida Glória à farofa, à cachaça, às baleias, Me esquecendo de você Em volta dessa mesa velhos e moços lembrando o que já foi Glória a todas as lutas inglórias Eu não quero mais a morte Que através da nossa história Tenho muito que viver Não esquecemos jamais. Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual Vou querer amar de novo Em volta dessas mesas existe a rua vivendo o seu normal E se não der não vou sofrer Salve o navegante negro Já não sonho, hoje faço Que tem por monumento Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais Com meu braço o meu viver Em volta da cidade... As pedras pisadas do cais
  • 55.
    Dois Caça à raposa prá lá, dois João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1974 prá ca O olhar dos cães A mão nas rédeas E o verde da floresta João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1974 Dentes brancos, cães A trompa ao longe, o riso Sentindo frio em minh'alma Os cães, a mão na testa Te c onv i d e i p r a d a n ç a r A t u a vo z m e a c a l m av a Maria Rosa O olhar procura, antecipa São dois pra lá, dois pra cá A dor no coração vermelho Senhorita e seus anéis, corcéis Meu coração traiçoeiro E a dor no coração vermelho Batia mais que o bongô Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves Tremia mais que as maracas Elis – 1974 O rebenque estala, um leque aponta: foi por lá Descompassado de amor Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos Um olhar de cão M i n h a c a b e ç a ro d a n d o Vestindo farrapos calçando tamancos As mãos são pernas Rodava mais que os casais Pedindo nas portas pedaços de pão ? E o verde da floresta O teu perfume gardênia A conheci quando moça era um anjo de formosa E não me pergunte mais Seu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão Oh, manhã entre manhãs A trompa em cima, os cães A tua mão no pescoço Os trapos de suas vestes não é só necessidade Nenhuma fresta As tuas costas macias Cada um, para ela, representa uma saudade Por quanto tempo rondaram Ou de um vestido de baile, ou de um presente , talvez O olhar se fecha, uma lembrança A s min h a s n o i te s v a z i a s Que algum dos seus apaixonados lhe fez Afaga o coração vermelho Uma cabeleira sobre o feno No dedo um falso brilhante Quis certo dia Maria por a fantasia de tempos passados Afoga o coração vermelho B rin c os i g u a i s a o c o l a r Por em sua galeria uns novos apaixonados 53 E a ponta de um torturante Esta mulher que outrora a tanta gente encantou Montarias freiam, dentes brancos: terminou B an d- a i d n o c a l c a n h a r Nenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou Línguas rubras dos amantes Eu hoje me embriagando E então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileção Sonhos sempre incandescentes De whisky com guaraná Mandou fazer essa capa de recordação Recomeçam desde instantes Ouvi tua voz sussurrando Vocês Marias de agora, amem somente uma vez Que os julgamos mais ausentes São dois pra lá, dois pra cá. Prá que mais tarde esta capa não sirva em vocês. Ah! recomecar, recomecar Como canções e epidemias Ah! recomeçar como as colheitas Como a lua e a covardia Ah! recomeçar como a paixão e o fogo E o fogo, e o fogo... O compositor me disse Gilberto Gil Elis – 1974 Compositor me disse que eu cantasse distraidamente essa canção. Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca vindo do pulmão. E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento, jogando as palavras pelo ar. O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento, sem ligar pras coisas que ele quis dizer. Que eu não pensasse em mim nem em você. Que eu cantasse distraidamente como bate o coração. E que eu parasse aqui. Assim..
  • 56.
    Pois é Tom Jobim/Chico Buarque Elis & Tom – 1974 Modinha Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974 Pois é... Fica o dito e o redito por não dito. E é difícil dizer que foi bonito. É inútil cantar o que perdi. Taí.. Nosso mais-que-perfeito está desfeito. E o que me parecia tão direito. Caiu desse jeito sem perdão. Não Não pode mais meu coração Então... Disfarçar minha dor eu não consigo. Dizer: – somos sempre bons amigos, é muita mentira para mim Viver assim dilacerado Escravizado a uma ilusão Que é só Desilusão Enfim... Hoje na solidão ainda custo a entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação. Ah, não seja a vida sempre assim Pois é... e então ... Como um luar desesperado A derramar melancolia em mim Poesia em mim Vai, triste canção, sai do meu peito E semeia a emoção Que chora dentro do meu coração Coração Só tinha de ser com você Tom Jobim/Chico Buarque Elis & Tom – 1974 É... só eu sei quanto amor eu guardei Triste 54 Corcovado Sem saber que era só pra você É. Só tinha de ser com você Tom Jobim Elis & Tom – 1974 Tom Jobim havia de ser prá você Elis & Tom – 1974 Luz das estrelas – 1984 Montreaux Jazz Festival – 1982 Senão era mais uma dor Triste é viver na solidão Um cantinho, um violão Na dor cruel de uma paixão Este amor, uma canção Triste é saber que ninguém pode Senão não seria o amor Pra fazer feliz a quem se ama Viver de ilusão Que nunca vai ser Aquele que o mundo não vê O amor que chegou para dar Muita calma pra pensar Nunca vai dar E ter tempo pra sonhar O sonhador tem que acordar O que ninguém deu pra você Da janela vê se o Corcovado O Redentor, que lindo Tua beleza é um avião Demais pra um pobre coração Quero a vida sempre assim Que para pra te ver passar Só pra me maltratar É. Você que é feita de azul Com você perto de mim Me deixa morar nesse azul Até o apagar da velha chama Triste é viver na solidão Me deixa encontrar minha paz E eu que era triste Triste é viver na solidão Descrente desse mundo Na dor cruel de uma paixão Você que é bonita demais Ao encontrar você eu conheci Triste é saber que ninguém pode O que é felicidade, meu amor Viver de ilusão Que nunca vai ser Se ao menos pudesse saber Que eu sempre fui só de você Nunca vai dar O sonhador tem que acordar. Você sempre foi só de mim
  • 57.
    Retrato em brancoe preto Inútil Tom Jobim/Chico Buarque Elis & Tom – 1974 paisagem Já conheço os passos dessa estrada, Sei que não vai dar em nada, Seus segredos sei de cor. Já conheço as pedras do caminho E sei também que ali sozinho Tom Jobim/Aloysio de Oliveira Eu vou ficar tanto pior, Elis & Tom – 1974 O que é que eu posso contra o encanto Mas pra que? Desse amor que eu nego tanto, evito tanto Pra que tanto céu? Pra que tanto mar, pra que? E que no entanto volta sempre a enfeitiçar De que serve esta onda que quebra e o vento da tarde? Com seus mesmos tristes velhos fatos De que serve a tarde? Inútil paisagem Que num álbum de retratos eu teimo em colecionar. Pode ser que nao venhas mais Lá vou eu de novo como um tolo, Que não voltes nunca mais De que servem as flores que nascem pelos caminhos Procurar o desconsolo Se o meu caminho sozinho é nada? Que cansei de conhecer. Novos dias tristes, noites claras, Versos, cartas, Minha cara, ainda volto a lhe escrever Pra lhe dizer que isso é pecado, Brigas nunca mais 55 Eu trago o peito tão marcado De lembranças do passado E você sabe a razão. Tom Jobim/Vinícius de Morais Vou colecionar mais um soneto, Elis & Tom – 1974 Outro retrato em branco e preto Chegou, sorriu, A maltratar meu coração. Venceu, depois chorou. Então fui eu Quem consolou sua tristeza, Na certeza de que o amor O que tinha de ser Por toda minha vida Tem dessas fazes más, Que é bom para fazer as pazes Mas depois fui eu Tom Jobim/Vinícius de Morais Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974 Quem dela precisou, Elis & Tom – 1974 E ela então me socorreu. Porque foste na vida E o nosso amor Meu bem-amado A última esperança Mostrou que veio pra ficar Quero fazer-te um juramento uma canção Encontrar-te me fez criança Mais uma vez, por toda a vida. Eu prometo, por toda a minha vida Porque já eras meu Bom é mesmo amar em paz, Ser somente tua e amar-te como nunca Sem eu saber sequer Brigas, nunca mais Ninguém jamais amou, ninguém Porque és o meu homem E eu tua mulher Meu bem-amado Estrela pura aparecida Porque tu me chegaste Eu te amo e te proclamo Sem me dizer que vinhas O meu amor E tuas mãos foram minhas com calma O meu amor Porque foste em minh'alma Maior que tudo quanto existe Como um amanhecer Oh, meu amor Porque foste o que tinha de ser
  • 58.
    Soneto de Chovendo na roseira Tom Jobim/Vinícius de Morais Elis & Tom – 1974 De repente do riso fez-se o pranto Tom Jobim Silencioso e branco como a bruma Elis & Tom – 1974 E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto Olha, está chovendo na roseira Que só dá rosa mas não cheira De repente da calma fez-se o vento A frescura das gotas úmidas Que dos olhos desfez a última chama Que é de Luísa E da paixão fez-se o pressentimento Que é de Paulinho E do momento imóvel fez-se o drama Que é de João Que é de ninguém De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante Pétalas de rosa carregadas pelo vento E de sozinho o que se fez contente Um amor tão puro carregou meu pensamento Fotografia Fez-se do amigo próximo, distante separação Olha, um tico-tico mora ao lado Fez-se da vida uma aventura errante E, passeando no molhado, De repente, não mais que de repente Adivinhou a primavera Tom Jobim Olha, que chuva boa, prazenteira Elis & Tom – 1974 Que vem molhar minha roseira Chuva boa, criadeira Eu, você, nós dois Que molha a terra Aqui neste terraço à beira-mar Que enche o rio O sol já vai caindo Cadeira vazia Que limpa o céu E o seu olhar Que traz o azul Parece acompanhar a cor do mar Pétalas de rosa carregadas pelo vento Você tem que ir embora 56 Um amor tão puro carregou meu pensamento A tarde cai Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves Em cores se desfaz, Lupiscinio Rodrigues na Interpretacao de: – 1974 Olha, um tico-tico mora ao lado Escureceu E passeando no molhado O sol caiu no mar Entra meu amor fica a vontade Adivinhou a primavera E aquela luz E diz com sinceridade Lá em baixo se acendeu O que desejas de mim Olha, o jasmineiro está florido Entra podes entrar a casa é tua E o riachinho de água esperta Você e eu Já q u e c an saste d e v i ve r n a r u a Se lança embaixo do rio de águas calmas E teus sonhos chegaram ao fim Eu, você, nós dois Ah… você é de ninguém Sozinhos neste bar à meia-luz Eu sofri demais quando partiste E uma grande lua saiu do mar Passei tantas horas triste Parece que este bar já vai fechar Que nem devo lembrar esse dia Mas de uma coisa podes ter certeza E há sempre uma canção Que teu lugar aqui na minha mesa Para contar Tu a c a d e i r a a i n d a e s t á v a z i a Aquela velha história De um desejo Tu é s a f i l h a p r ó d i g a q u e v o l t a Que todas as canções Procurando em minha porta Têm pra contar O que o mundo não te deu E faz de conta que sou o teu paizinho E veio aquele beijo Que tanto tempo aqui fiquei sozinho Aquele beijo A esperar por um carinho teu Aquele beijo Voltaste, estás bem, estou contente Só que me encontraste muito diferente Vo u t e f a l a r d e t o d o o c o r a ç ã o N ão t e dare i c a r i n h o n e m a fe to Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto Prá te alimentar podes comer meu pão
  • 59.
    Alto da Bronze Boi barroso Homens de preto Paulo Coelho/Foquinha Folclore Paulo Ruschel Música popular do sul – 1975 Música popular do sul – 1975 Música popular do sul – 1975 Alto da Bronze, Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré Os homens de preto trazendo a boiada Cabeça quebrada, Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Praça querida Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Sempre lembrada Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga A praça 11 da molecada O teu lugar, ai, é lá na canga Os homens de preto trazendo a boiada Praça sem branco Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Do rato branco e do futebol Eu mandei fazer um laço do couro da jacutinga E o bicho coitado não pensa em nada Da garotada endiabrada Pra laçar o boi barroso, lá no alto da restinga Só vai pela estrada direto a charqueada Das manhãs de sol Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Guardo a eterna lembrança Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga Do tempo feliz em que eu era criança O teu lugar, ai, é lá na canga Os homens de preto trazendo a boiada Do tempo em que a vida era Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Da minha infância a grande quimera Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Hoje eu, pobre profano, Me lembro de ti e dos meus desenganos Os homens de preto trazendo a boiada Ó, meu Alto da Bronze dos meus oito anos Vêm rindo, cantando, dando gargalhada E o bicho coitado não pensa em nada Só vem pela estrada, vem, berrando, berrando, vem berrando 57 O gado coitado, nasceu, foi marcado Aí vai condenado na estrada berrando A querência deixando Os homens marvado empurrando e gritando Toca boi, toca boi O gado coitado, nasceu foi marcado Aí vai condenado direto a charqueada Mas manda a poeira no rumo de Deus Berrando pra ele dizendo pra Deus Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez Os homens de preto, empurrando a boiada Vêm rindo, cantando, dando gargalhada Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
  • 60.
    Como nossos pais Belchior Falso brilhante – 1976 Não quero lhe falar, meu grande amor Das coisas que aprendi nos discos Quero lhe contar como eu vivi E tudo o que aconteceu comigo Viver é melhor que sonhar E eu sei que o amor é uma coisa boa Mas também sei que qualquer canto É menor do que a vida de qualquer pessoa Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina Eles venceram e o sinal está fechado pra nós Que somos jovens Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz Você me pergunta pela minha paixão Digo que estou encantado com uma nova invenção Velha roupa colorida Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão Belchior Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação Falso brilhante – 1976 Eu sei de tudo da ferida viva no meu coração Já faz tempo eu vi você na rua Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo Voce não sente, não vê Cabelo ao vento e gente jovem reunida Que uma nova mudança em breve vai acontecer Na parede da memória 58 Essa lembrança é o quadro que dói mais O que há algum tempo era novo e jovem Minha dor é perceber E precisamos todos rejuvenescer Hoje é antigo Que apesar de termos feito tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos Nunca mais seu pai falou "She's leaving home" Como nossos pais E meteu o pé na estrada "Like a Rolling Stone..." Nossos ídolos ainda são os mesmos Para correr no seu carro Nunca mais você buscou sua menina E as aparências não se enganam, não Loucura, chiclete e som Você diz que depois deles Não apareceu mais ninguém Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido Você pode até dizer que tou por fora Cabelo ao vento O dedo em V Ou então que tou inventando Amor e flor Mas é você que ama o passado e que não vê Que é do cartaz É você que ama o passado e que não vê Que o novo sempre vem No presente a mente, o corpo é diferente Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia E o passado é uma roupa que não nos serve mais De uma nova consciência e juventude Como Poe, poeta louco americano, Está em casa guardado por Deus Eu pergunto ao passarinho blackbird, o que se faz? Contando o vil metal Minha dor é perceber Blackbird me responde: E raven, never, raven, never, raven Que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos "Tudo ja ficou pra trás" Nós ainda somos os mesmos e vivemos E raven, never, raven, never, raven Ainda somos os mesmos e vivemos Assum preto me responde: Como os nossos pais "O passado, nunca mais!"
  • 61.
    Um por todos (Versão 1) Um por todos (Versão 2) João Bosco/Aldir Blanc Falso brilhante – 1976 João Bosco/Aldir Blanc Los hermanos Do ventre chão da terra mãe Do ventre chão da terra mãe Atahualpa Yupanqui Nasce o herói improvisado Nasce o beato improvisado Falso brilhante – 1976 Querido filho pranteado da fortuna e do acaso Querido filho pranteado da fortuna e do acaso Yo tengo tantos hermanos Avante! Um por todos e todos por um! Avante! Um por todos e todos por um! Que no los puedo contar Ficam, das lutas ao longe, Ficam, das lutas de um homem, En el valle, la montaña Duas medalhas pregadas Bustos de bronze e histórias En la pampa y en el mar Em peito de bronze Que as horas consomem Cada cual con sus trabajos Con sus sueños cada cual E as bandeirinhas e as rifas E as bandeirinhas e as rifas Con la esperanza delante O foguetório e a fanfarra O foguetório e a fanfarra Con los recuerdos detrás Meio velório, meio farra Meio velório, meio farra Yo tengo tantos hermanos O sentimento dos teus pares O sentimento dos teus pares Que no los puedo contar Heróis dos escolares e das lavadeiras Senhor dos escolares e das lavadeiras Gente de mano caliente Oh! Deus das mocas solteiras Oh! Deus das moças solteiras Por eso de la amistad Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira Con un lloro pa' llorarlo Con un rezo pa' rezar Eu te conheço Eu te conheço Con un horizonte abierto Sei preço da fama e nao esqueço Sei preço da fama e nao esqueço Que siempre esta mas allá Que deitei em tua cama, em teu berço Que deitei em tua cama, em teu berço Y esa fuerza pa' buscarlo Eu sei teu preço Eu sei teu preço Con tesón y voluntad Eu te conheço Eu te conheço Cuando parece mas cerca Meu oportuno herói Meu milagroso irmão Es cuando se aleja mas Yo tengo tantos hermanos Eu lavo as mãos Eu lavo as mãos Que no los puedo contar 59 Pôncio cônscio pilhado em flagrante Pôncio cônscio pilhado em flagrante Lavo as mãos e prossigo adiante Lavo as mãos e prossigo adiante Y así seguimos andando Eu por mim mesma Eu por mim mesma Curtidos de soledad Todos por mim Todos por mim Nos perdemos por el mundo Meu oportuno herói Meu milagroso irmão Nos volvemos a encontrar Y así nos reconocemos Por el lejano mirar Por las coplas que mordemos Semillas de inmensidad. Fascinação Yo tengo tantos hermanos Que no los puedo contar Y así seguimos andando Curtidos de soledad F. D. Marchetti/M. de Feraudy/Vs. Armando Louzada Falso brilhante – 1976 Y en nosotros nuestros muertos Transversal do tempo – 1978 Pa' que nadie quede atrás O teu corpo é luz, sedução Yo tengo tantos hermanos Os sonhos mais lindos sonhei Poema divino cheio de esplendor Que no los puedo contar De quimeras mil um castelos ergui Teu sorriso prende Y una hermana muy hermosa Quero E no teu olhar, tonto de emoção Me enebria, entontece Que se llama libertad Com sofreguidão mil venturas vivi És fascinação amor Thomas Roth Falso brilhante – 1976 Quero ver o sol atrás do muro Quero uma estrada que leve à verdade Quero voar de mãos dadas com você Quero rodar nas asas do girassol Quero um refúgio que seja seguro Quero a floresta em lugar da cidade Ganhar o espaco em bolhas de sabão Fazer cristais com gotas de orvalho Uma nuvem branca, sem pó nem fumaça Uma estrela pura de ar respirável Escorregar pelas cachoeiras Cobrir de flores campos de aço Quero um mundo feito sem porta, vidraça Quero um lago limpo de água potável Pintar o mundo de arco-íris Beijar de leve a face da lua
  • 62.
    Gracias a lavida Violeta Parra Falso brilhante – 1976 O cavaleiro e os moinhos Gracias a la vida, que me ha dado tanto Me dio dos luceros, que cuando los abro Perfecto distingo lo negro del blanco Y en el alto cielo su fondo estrellado Jardins da infância Y en las multitudes el hombre que yo amo João Bosco/Aldir Blanc Falso brilhante – 1976 Acreditar na existência dourada do sol Gracias a la vida, que me ha dado tanto João Bosco/Aldir Blanc Mesmo que em plena boca Falso brilhante – 1976 Nos bata o açoite contínuo da noite Me ha dado el oído que, en todo su ancho É como um conto de fadas Graba noche y día grillos y canarios Arrebentar a corrente que envolve o amanhã Tem sempre uma bruxa pra apavorar Despertar as espadas Martillos, turbinas, ladridos, chubascos O dragão comendo gente Varrer as esfinges das encruzilhadas A bela adormecida sem acordar Y la voz tan tierna de mi bien amado Tudo o que o mestre mandar Todo esse tempo foi igual a dormir num navio E a cabra cega roda sem enxergar Sem fazer movimento Gracias a la vida, que me ha dado tanto Mas tecendo o fio da água e do vento E você se escondeu Me ha dado el sonido y el abecedario E você esqueceu Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro Con él las palabras que pienso y declaro Malandramente pelos caminhos Pique-papos tem distância "Madre,", "amigo," "hermano," y los alumbrando Meu companheiro tá armado até os dentes 60 Pés pisando em ovos, veja você Já não há mais moinhos como os de antigamente La ruta del alma del que estoy amando Um tal de pular fogueira, Pistolas, morteiros, vejam vocês Pega malhação de judas Tatuagem Gracias a la vida, que me ha dado tanto E quebra-cabeças, vejam vocês Me ha dado la marcha de mis pies cansados E você se escondeu Con ellos anduve ciudades y charcos E você não quis ver Playas y desiertos, montañas y llanos Olha o bobo na berlinda Y la casa tuya, tu calle y tu patio Chico Buarque Olha o pau no gato Falso brilhante – 1976 Polícia e ladrão Tem carniça e palmatória bem no teu portão Quero ficar no teu corpo feito tatuagem Que é pra te dar coragem pra seguir viagem Gracias a la vida que me ha dado tanto Você vive o faz de conta Quando a noite vem Me dio el corazón, que agita su marco Diz que é de mentira E também pra me perpetuar em tua escrava Que você pega, esfrega, nega, mas não lava Cuando miro el fruto del cerebro humano Brinca até cair Cuando miro al bueno tan lejos del malo Chicotinho tá queimando, mamãe posso ir Quero brincar no teu corpo feito bailarina Que logo te alucina, salta e te ilumina Cuando miro el fondo de tus ojos claros Pique-papos tem distância Quando a noite vem Pés pisando em ovos, bruxa, dragão E nos músculos exaustos do teu braço Repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço Gracias a la vida que me ha dado tanto Um tal de pular fogueira E a cabra cega vai de roldão Me ha dado la risa, y me ha dado el llanto Pega malhação de judas Así yo distingo dicha de quebranto Quero pesar feito cruz nas tuas costas E um passarinho morto no chão Que te retalha em postas mas no fundo gostas Quando a noite vem Los dos materiales que forman mi canto E você conheceu Y el canto de ustedes que es el mismo canto Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva E você aprendeu Y el canto de todos que es mi propio canto Marcada a frio, a ferro e fogo em carne viva Corações de mães, arpões Sereias e serpentes Que te rabiscam o corpo todo Mas não sentes...
  • 63.
    Colagem Claudio Lucci Vecchio novo Claudio Lucci/José Maria Pereira Elis – 1977 Elis – 1977 Se você com muita calma usar sua raça Amor sem pé nem cabeça Vai surpreender Que vive dentro de nós A surpresa para muitos é uma arma Explode tão facilmente Pra se esconder E sem mais nos esquece só Se esconder não é tão bom Quantos e tantos presságios Que, por instantes, nos faz Pra viver, pra morrer Sentir ser forte, moleque E estranhamente encarar Se você lembrar que tudo é relativo Vai compreender Um belo poema novo Mas a compreensão por vezes tão sensata Vecchio de tanto amor Vai lhe conter Amar Vecchio em canto novo Se conter não é tão bom Sempre aqui onde está Pra viver, pra morrer Ah, se eu pudesse abarcar Se você tentar despir essa colagem A força da alma vadia Vai se perder Como um costume leal E a perda de si próprio é quase um passo Eu até que não brincaria Pra conceder Como um poema novo Vecchio de tanto amor 61 Conceder não é tão bom Amar Pra viver, pra morrer, pra nascer Vecchio em canto novo Cartomante Sempre aqui onde está Somos homens sem lugar Homens velhos com raça Amor sem pé nem cabeça Ivan Lins/Vítor Martins À espera de algum descuido Que vive dentro de nós E com cuidado gozamos paz Explode tão Sutilmente Elis – 1977 Transversal do tempo – 1978 Somos homens bons demais E, maroto, nos deixa só Sufocados pelo mal Nos dias de hoje é bom que se proteja Ofereça a face pra quem quer que seja Qualquer dia Nos dias de hoje esteja tranqüilo Só queremos acreditar Haja o que houver pense nos seus filhos Que isso tudo pode acabar Ivan Lins/Vítor Martins Não ande nos bares, esqueça os amigos Elis – 1977 Não pare nas praças, não corra perigo Não fale do medo que temos da vida Nessa calma sertaneja Não ponha o dedo na nossa ferida De quem sabe o que fareja Eu te encontro qualquer dia Nos dias de hoje não lhes dê motivo Eu te encontro qualquer dia Porque na verdade eu te quero vivo Tenha paciência, Deus está contigo Já conheço os teus rastros Deus está conosco até o pescoço Já comi no teu prato Já bebi tua cerveja Já está escrito, já está previsto Eu conheço o teu cheiro Por todas as videntes, pelas cartomantes Eu te encontro qualquer dia Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas Ah! Eu te encontro qualquer dia No jogo dos búzios e nas profecias Logo quem me julgava morto Cai o rei de Espadas Mas esquecendo a qualquer custo Cai o rei de Ouros Vai morrer de medo e susto Cai o rei de Paus Quando abrir a porta Cai, não fica nada
  • 64.
    Morro velho Milton Nascimento Elis – 1977 No sertão da minha terra Fazenda é o camarada que ao chão se deu Fez a obrigação com força Parece até que tudo aquilo ali é seu Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer Orgulhoso camarada de viola em vez de enxada Filho do branco e do preto Correndo pela estrada atrás de passarinho Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos Sempre pequeninos Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver Orgulhoso camarada conta histórias prá moçada Filho do senhor vai embora Tempo de estudos na cidade grande Parte, tem os olhos tristes Deixando o companheiro na estação distante Não esqueça, amigo, eu vou voltar Some longe o trenzinho ao deus-dará Quando volta já é outro Trouxe até sinhá mocinha prá apresentar Linda como a luz da lua Que em lugar nenhum rebrilha como lá Já tem nome de doutor 62 E agora na fazenda é quem vai mandar E seu velho camarada já não brinca mais, trabalha Caxangá Milton Nascimento/Fernando Brant Elis – 1977 (Com Milton) Trem azul – 1982 Sempre no coração, haja o que houver A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher Veja bem meu patrão como pode ser bom Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar Luto para viver, vivo para morrer Enquanto minha morte não vem eu vivo de brigar contra o rei Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo Conta o que tem pra contar Casos e desejos, coisas dessa vida e da outra Mas nada de assustar Quem não é sincero sai da brincadeira correndo Pois pode se queimar Queimar!!! Saio do trabalho e... volto para casa e... Não lembro de canseira maior Em tudo é o mesmo suor
  • 65.
    Tr a ns v e r s a l d o t e m p o João Bosco/Aldir Blanc Elis – 1977 As coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade. Pedem, insistem e eu me sinto pouco à vontade. Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo. Acho que o amor é a ausência de engarrafamento. As coisas que eu sei de mim tentam vencer a distância. E é como se aguardassem feridas numa ambulância. As pobres coisas que eu sei podem morrer, mas espero. Como se houvesse um sinal sem sair do amarelo. A dama do apocalipse Natan Marques/Crispin del Cistia Elis – 1977 Romaria Branco por cima e o negro de um sorriso herói Sentimental eu fico Trancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destrói Renato Teixeira Rasgam-me o sonho e o mal me põe na vida Elis – 1977 63 E a vida me faz sem medo É de sonho e de pó, o destino de um só Renato Teixeira Elis – 1977 Feito eu perdido em pensamentos Nos diademas, pragas, anjos de neon Sobre o meu cavalo Sentimental eu fico É de laço e de nó, de gibeira o jiló, Nos holocaustos trompas, flexas, megatons Quando pouso na mesa de um bar Dessa vida cumprida a sol Eu sou um lobo cansado carente Rasgam-me a terra e o fogo traz a vida De cerveja e velhos amigos Sou caipira, Pirapora E a vida não traz segredo Nossa Senhora de Aparecida Na costura da minha vida mais um ponto Ilumina a mina escura e funda No arremate do sorriso mais um nó O trem da minha vida Aqui pra nós cantar não tá pra peixe Fecha-se o ar e o sol se nega Tem coisa transformando a água em pó O meu pai foi peão, minha mãe solidão Nega-se o pão e a paz Meus irmãos perderam-se na vida E apesar de estar no bar caçando amores Em busca de aventuras E o amor me cega Eu nego tudo e invento explicações Descasei, joguei, investi, desisti Amigo velho amar não me compete Se há sorte eu não sei, nunca vi Eu quero é destilar as emoções Sete rajadas correm, somem Me disseram porém que eu viesse aqui E uma mulher Sentimental eu fico Pra pedir em romaria e prece Quando pouso na mesa de um bar Paz nos desaventos Se entrega e se impõe ardente Eu sou um lobo cansado carente Como eu não sei rezar, só queria mostrar De cerveja e velhos amigos Meu olhar, meu olhar, meu olhar Constante, serpente, vulgar E os projetos todos tolos combinados Perecerão nas margens da manhã Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescer Uma tontura solta na cabeça Abre-se a mente e o cego vê a luz nascer Um olho em Deus e outro com satã Trava-se a guerra e o fogo faz a vida E quando o sol raiar desentendido E a vida não tem segredo Eu vou ferir a vista na manhã E olharei pra quem vai pro trabalho Com os olhos feito os olhos de uma rã
  • 66.
    O rancho dagoiabada João Bosco/Aldir Blanc Transversal do tempo – 1978 Os boias-frias Quando tomam umas biritas Espantando a tristeza Sonham com bife à cavalo, batata-frita E a sobremesa É goiabada cascão Com muito queijo Depois café, cigarro E um beijo de uma mulata Chamada Leonor ou Dagmar Sinal Fechado Amar O rádio de pilha O fogão jacaré A marmita Deus lhe pague Paulinho da Viola O domingo Transversal do tempo – 1978 O bar Onde tantos iguais – Olá, como vai? Se reúnem contando mentiras – Eu vou indo, e você, tudo bem? Chico Buarque Pra poder suportar – Tudo bem, eu vou indo correndo Transversal do tempo – 1978 Pegar meu lugar no futuro. E você? Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir Ai, são pais-de-santo, paus-de-araras são passistas – Tudo bem, eu vou indo em busca A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir São flagelados, são pingentes, balconistas De um sono tranqüilo, quem sabe? Por me deixar respirar, por me deixar existir Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados – Quanto tempo… Deus lhe pague Dançando, dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria – Pois é, quanto tempo… Dos faraós embalsamados 64 – Me perdoe a pressa Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí" É a alma dos nossos negócios. Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir – Oh! não tem de quê Um crime pra comentar e um samba pra distrair Eu também só ando a cem – Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí – Pra semana, prometo, talvez nos vejamos – Quem sabe? Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Construção Chico Buarque Transversal do tempo – 1978 – Quanto tempo… – Pois é, quanto tempo… Amou daquela vez como se fosse a última Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Beijou sua mulher como se fosse a última Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir E cada filho seu como se fosse o único – Tanta coisa que eu tinha a dizer Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair E atravessou a rua com seu passo tímido Mas eu sumi na poeira das ruas Deus lhe pague – Eu também tenho algo a dizer Subiu a construção como se fosse máquina Mas me foge a lembrança Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Ergueu no patamar quatro paredes sólidas – Por favor, telefone, eu preciso beber Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir Tijolo com tijolo num desenho mágico Alguma coisa, rapidamente E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Seus olhos embotados de cimento e lágrima – Pra semana... Deus lhe pague – O sinal... Sentou pra descansar como se fosse sábado – Eu procuro você... Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe – Vai abrir... E pelas moscar-bicheiras a nos beijar e cobrir Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago – Prometo, não esqueço E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Dançou e gargalhou como se ouvisse música – Por favor, não esqueça Deus lhe pague – Adeus, E tropeçou no céu como se fosse um bêbado – Não esqueço, adeus. E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
  • 67.
    Querelas do Brasil Maurício Tapajós/Aldir Blanc Boto Transversal do tempo – 1978 O Brazil não conhece o Brasil O Brasil nunca foi ao Brazil Cão sem dono Tom Jobim/Jararaca Tapi, jabuti, iliana, alamandra, alialaúde Transversal do tempo – 1978 Piau, ururau, aquiataúde Piau, carioca, moreca, meganha A praia de dentro tem areia Jobim akarare e jobim açu A praia de fora tem o mar Sueli Costa/Paulo César Pinheiro Oh, oh, oh Transversal do tempo – 1978 Um boto casado com sereia Pererê, camará, gororó, olererê É nas noites que eu passo sem sono Piriri, ratatá, karatê, olará Navega num rio pelo mar Entre o copo, a vitrola e a fumaça Que ergo a torre do meu abandono O Brazil não merece o Brasil E que caio em desgraça O Brazil tá matando o Brasil O corpo dum bicho deu na praia É nas horas em que a noite faz frio Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranha E a lembrança ao castigo me arrasta E a alma perdida quer voltar Sertões, guimarães, bachianas, águas Caranguejo conversa com arraia Solidão é o carrasco sombrio E marionaíma, ariraribóia E a saudade a vergasta Na aura das mãos do jobim açu Marcando a viagem pelo ar Oh, oh, oh Se eu cantar a alegria sai falsa Se eu calar a tristeza começa Gererê, sarará, cururu, olerê Ainda ontem vim de lá do Pilar E eu prefiro dançar uma valsa Ratatá, bafafá, sururu, olará Ontem vim de lá do Pilar Que ouvir uma peça Do Brasil S.O.S. ao Brasil Com vontade de ir por aí E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeito Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo Tinhorão, urutú, sucuri 65 Eu me irrito, eu odeio, eu exito O Jobim, sabiá, bem-te-vi Na ilha deserta o sol desmaia Eu reflito e me calo Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê Do alto do morro vê-se o mar Madureira, Olaria e Bangu, olará Cascadura, Água Santa, Pari, olerê Papagaio discute com Jandaia Ipanema e Nova Iguaçu, olará Se o homem foi feito pra voar Do Brasil S.O.S. ao Brasil Do Brasil S.O.S. ao Brasil Inhambu cantou lá na floresta E o velho Jereba fêz-se ao ar Sapo querendo entrar na festa Viola pesada pra voar Saudosa maloca Adoniran Barbosa Ainda ontem vim de lá do Pilar Transversal do tempo – 1978 Ontem vim de lá do Pilar Se o sinhô não tá lembrado, dá licença de contar. Com vontade de ir por aí Ali onde agora está este adifício arto, era uma casa véia, um palacete assobradado. Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca, construimo nossa maloca. Mais um dia – nóis nem pode se alembrá – veio os home co’as ferramenta e o dono mandô derrubá. Peguemos todas nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição. Camiranga, urubu, mestre do vento Urubu caçador, mestre do ar Que tristeza que nóis sentia. Cada táuba que caía doía no coração. Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei: – Os home tá co'a razão. Nóis arranja outro lugar. Urutau cantando num lamento Pra lua redonda navegar Só se conformemo quando o Joca falou: – Deus dá o frio conforme o cobertor. E hoje nóis pega paia nas grama do jardim. E pra esquecer nóis cantemos assim: – Saudosa maloca... maloca querida! Dim dim donde nóis passemo os dias feliz da nossa vida.
  • 68.
    Meio-termo Lourenço Baeta/Cacaso Transversal do tempo – 1978 Ah! como eu tenho me enganado... Como tenho me matado por ter demais confiado nas evidências do amor. Como tenho andado certo... como tenho andado errado... Por seu carinho inseguro... por meu caminho deserto... Como tenho me encontrado... como tenho descoberto a sombra leve da morte passando sempre por perto. E o sentimento mais breve rola no ar e descreve a eterna cicatriz. Mais uma vez... mais de uma vez... Quase que fui feliz. 66 A barra do amor é que ele é meio êrmo. A barra da morte é que ela não tem meio-termo. Corpos Ivan Lins/Vítor Martins Transversal do tempo – 1978 Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você. Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você. Procure saber... procure em você... procure em mim. Procure em todos... na lama, no lodo, na febre, no fogo. Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você. Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
  • 69.
    Violeta de BelfordRoxo João Bosco/Aldir Blanc Elis especial – 1979 Vivia entre bordados Pensativa Violeta Ou bola ou búlica Noves fora A branca adolescente De raro encanto e mão frias João Bosco/Aldir Blanc Elis especial – 1979 Mão fria, coração quente É tanto nem se discute no meio, tou meia tantã, lélé. Fagner/Belchior Quem te botou quebranto Mas ninguém fica pra sempre na frente de "vejo amanhã" pois é. Elis especial – 1979 Vivia triste no canto Barba, cabelo, bigode, na marra você me arrancou, mas quem Passando as contas do terço tem cabelinho na venta, não senta, não vai nesse andor, morou? Meu Deus! São José tirando a barba O que é que eu faço? Me lembra alguém que eu conheço Chega, já foi tempo do "tá louca" Tua beleza tá me carregando pelo braço Chega, dá o fora que eu tou nas bocas Um dia um menino cego Chega, eu nunca mais dormi de touca Da laranja eu quero um gomo Tocou Violeta e viu Chega eu nunca mais, nunca mais Do limão quero um pedaço E depois o surdo ouviu E da menina mais bonita Chagas sumiram, curou-se o coxo Selo, carimbo, estampilha no centro da cuca eu levei, calei. Eu quero um beijo e um abraço Por obra e graça Mas sou marraio no jogo, no tronco ferido eu sou rei, falei. De santa Violeta de Belfort Roxo Tempo há pro tabibitati sotaque só falta engasgar, porque É tudo ou nada Noves fora nada é bola ou búlica, é fogo esse jogo, não dá pra enganar, nêga. E, milagre dos milagres É tudo ou nada Sem jamais haver provado Dá o fora sua louca. Noves fora nada O leito nupcial Eu nunca mais vou dormir de touca. Violeta deu à luz Ja rezei até pro meu santo Um bebê de vitral, em meio ao "É hoje só" Na terra Canindé Da terça de carnaval Que me dê amor bem grande Que pequeno não dá pé 67 O alentado rebento Vai se chamar Juvenal Credo É tudo ou nada Por sinal o mesmo nome Noves fora nada De um sargento do local Dinorah, Dinorah É tudo ou nada Noves fora nada Ivan Lins/Vítor Martins Elis especial – 1979 A tua falta somada A minha vida tão diminuida Quando a turma reunia alguém sempre pedia Com esta dor multiplicada Milton Nascimento/Fernando Brant Pelo fator despedida Ah, Dinorah, Dinorah Elis especial – 1979 E o malandro descrevia e logo já se via Deixou minha alma muito dividida Caminhando pela noite de nossa cidade É, Dinorah, Dinorah Em frações tão desiguais Acendendo a esperança e apagando a escuridão Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade E até que ela chegasse a um motel de classe E desde a hora Viver derramando a juventude pelos corações Ui, Dinorah, Dinorah Em que você foi embora Sou um zero e nada mais Dava um frio na barriga e pé pra muita briga Tenha fé no nosso povo que ele resiste Ui, Dinorah, Dinorah Um, dois, três Ene infinito Tenha fé no nosso povo que ele insiste E acorda novo, forte, alegre, cheio de paixão E nos espelhos ela se despe Do meu lado esquerdo É você que é demais Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova Dança nos olhos uma chacrete Viver semeando a liberdade em cada coração E o pessoal na pior: repete! Tenha fé no nosso povo que ele acorda Tenha fé em nosso povo que ele assusta Mas o verdadeiro fato está dentro do quarto Ui, Dinorah, Dinorah Caminhando e vivendo com a alma aberta Ele abre o seu armário e vê no calendário Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal É, Dinorah, Dinorah Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade E se abraça em frente a ela, o terno, o corpo dela Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real Ui, Dinorah, Dinorah Caminhemos pela noite com a esperança Desenhando na lapela a boca, o beijo dela Caminhemos pela noite com a juventude Ah, Dinorah, Dinorah
  • 70.
    Joana francesa Chico Buarque Elis especial – 1979 Bodas de prata João Bosco/Aldir Blanc Elis especial – 1979 Tu ris, tu mens trop Luz das estrelas – 1984 Tu pleures, tu meurs trop Você fica deitada de olhos arregalados Ou andando no escuro de peignoir Tu as le tropique Não adiantou nada Cortar os cabelos e jogar no mar Dans le sang et sur la peau Não adiantou nada o banho de ervas Não adiantou nada o nome da outra Geme de loucura e de torpor No pano vermelho pro anjo das trevas Ele vai voltar tarde cheirando à cerveja Já é madrugada Se atirar de sapatos na cama vazia E dormir na hora mormurando: "Dora" Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda Mas você é Maria Você fica deitada com medo do escuro Mata-me de rir Ouvindo bater no ouvido O coração descompassado Fala-me de amor É o tempo, Maria, te comendo feito traça Num vestido de noivado Songes et mensonges Sei de longe e sei de cor Entrudo Geme de prazer e de pavor Já é madrugada 68 Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda Carlos Lyra Elis especial – 1979 Bonita Vem, oh minha amada Desce a estrada de rainha Vem molhar meu colo Vou te consolar Num passo de rancho corre o manto Tom Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert No medo e espanto morre minha alegria Vem, mulato mole Elis especial – 1979 Vem, oh, fantasia Dance dans mes bras What can I say to you Bonita Arrasta a saia, rasga o dia What magic words would capture you Meu passo é o compasso na avenida Like a soft evasive mist you are Bonita Teu riso que dança, trança, triste e sofrido Vem, moleque me dizer Onde é que está You fly away when love is new What do you ask of me Bonita Se meu abandono Ton soleil, ta braise What part do you want me to play Em cinzas frias amanhece Shall I be the clown for you Bonita Mas o sangue não se cansa I will be anything you say Não se esquece de chamar Bonita Don't run away Bonita E eu abro alas, jogo lanças Quem me enfeitiçou O mar, marée, bateau Bonita Serpentinas de cores feridas Don't be afraid to fall in love with me E rompo estandartes na avenida em dor Tu as le parfum I love you Sem céu, sem luz, sem sol, sem cor I tell you I love you, De la cachaça e de suor Bonita Mas vem, ou tudo ou nada If you love me Meu entrudo, minha espera Life will be beautiful Meus campos de guerra, vem amada Geme de preguiça e de calor Bonita, Bonita De tanto que eu chamo, canto, peço e preciso Já é madrugada Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
  • 71.
    Cai dentro Baden Powell/Paulo César Pinheiro Essa mulher – 1979 Montreaux Jazz Festival – 1982 Até que eu vou gostar Se de repente combina da gente se cruzar Ora, veja só, pois é, pode apostar Se você gosta de samba, encosta e ve se dá Valsa rancho Francis Hime/Chico Buarque Vem Elis especial – 1979 Pode chegar Que vai ter Valsa, rancha Me valsa De balancear Me faz esquecer Me rancha De bambolear Esperar Me faz E aqui no mocó Em mil lágrimas Me deixa Tem que dizer no gogó Mil lágrimas Que criança Pois é, vem Mil lágrimas Que esperança Tem que dar nó, vem Que prazer Rebolar, remexer, requebrar, vem Valsa, rancha Que saudade Me faz responder Que maldade Bota a baiana pra rodar Transbordar Piedade De cima em baixo eu quero ver Em mil lágrimas Que fartura Não sossego o facho até acabar Mil lágrimas Que loucura Diz que isso é com você Mil lágrimas Que cruel tortura Nos carinhos teus Quaquaquá-quará-quaquá Mil abraços Minha santa criatura Mil fracassos Diz que jura Tem nêgo querendo lhe gozar Meu delírio Pela mãe de Deus E logo prá cima de “moi” Teus pedaços E é por isso que nao tem colher de chá... Não dou Teu calor Valsa, rancha Nem vem na cola, que se entrar de sola vai dançar Seja feito Me faz desfazer E é prá nunca mais você poder falar 69 Teu desejo Descansar Que dá na bola porque na bola você não dá.Viu? Seja um beijo De mil lágrimas Seja como for Mil lágrimas Deixa o mundo e o sol entrar Quantos braços Mil lágrimas Mil regaços Valsa rancha Mil e um noites Me faz duvidar Faz um outra vez Delirar Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle Como se ainda fosse Prometer Elis especial – 1979 Como é doce Desatar De repente, vejo bem Como você fez Responder Eu sou alguém com medo de viver Transbordar Sou prisioneiro das coisas que eu amei Devolver Mas não tem sentido estar na vida Me acabar Preso a quem não quero mais Devagar Desmaiar De outro lado está você Com você Nessas promessas vou, quase sem ver Que esse amor aflito, guardado só pra nós De tão grande já não dá no quarto Pede o mundo e a luz do sol Meu passado já morreu Quem veio dele, sei, vai me entender Que o amor existe enquanto há paixão Siga minha amiga pela vida E que eu viva um novo amor De outro lado estamos nós Sem compromissos, vem, sem lar, sem lei Siga minha amante enquanto houver amor Abre as portas todas deste quarto Deixa o mundo e o sol entrar
  • 72.
    O bêbado ea equilibrista João Bosco/Aldir Blanc Essa mulher – 1979 Caía a tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto Me lembrou Carlitos A lua, tal qual a dona de um bordel Pedia a cada estrela fria Essa mulher Um brilho de aluguel Joyce/Ana Terra Essa mulher – 1979 E nuvens, lá no mata-borrão do céu De manhã cedo essa senhora se conforma Chupavam manchas torturadas Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos Que sufoco! Ah, como essa santa não se esquece Louco! De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão O bêbado com chapéu-coco Depois sorri meio sem graça Fazia irreverências mil E abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz Pra noite do Brasil De tardezinha essa menina se namora Meu Brasil Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal Que sonha com a volta do irmão do Henfil Ah, como essa coisa é tão bonita Com tanta gente que partiu Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom Num rabo de foguete E chora tanto de prazer e de agonia Chora a nossa pátria, mãe gentil De algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz Beguine dodói Choram Marias e Clarices No solo do Brasil De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Mas sei que uma dor assim pungente Ah, como essa louca se esquece João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei Não há de ser inutilmente Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão Essa mulher – 1979 A esperança Depois parece que acha graça Dança na corda bamba de sombrinha E agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz Olha, meu bem E em cada passo dessa linha O que restou daquele grande herói Pode se machucar 70 Essa menina, essa mulher, essa senhora Sem ter amor, enlouqueci e ando dodói Azar! Em quem esbarro a toda hora no espelho casual A esperança equilibrista É feita de sombra e tanta luz Como Tarzan depois da gripe, Sabe que o show de todo artista De tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural De emplastro sabiá Tem que continuar Tomando cana nos botequins Eu vou me acabar Espremo cravos defronte ao espelho Lembrando você Basta de clamares inocência Faço novena, tomo gemada Cartola Ah, não dá mais! Essa mulher – 1979 Julio Lousada que me socorra Basta de clamares inocência Nessa aflição mortal Eu sei todo o mal que a mim você fez Maracujina já não resolve Você desconhece consciência Ao recordar Só deseja o mal a quem o bem te fez Meias fumê, ligas vermelhas e um olhar fatal Minha Dalila, volta depressa Basta! Não ajoelhes, vá embora Que o teu Sansão tá mal Se estás arrempedido Vê se chora Quando você partiu Me disse chora Não chorei Caprichosamente fui esquecendo Que te amei Hoje me encontras tão alegre e diferente Jesus não castiga um filho que está inocente Basta não ajoelhes, vá embora Se estás arrependida Vê se chora
  • 73.
    Altos e baixosEu, heim, Rosa! Sueli Costa/Aldir Blanc Essa mulher – 1979 João Nogueira/Paulo César Pinheiro Essa mulher – 1979 Bolero Foi, quem sabe, esse disco Esse risco de sombra em teus cílios Foi ou não meu poema no chão Eu, hein, rosa! Se manca, segura essa banca de escrupulosa Eu, hein, rosa! de Ou talvez nossos filhos As sandálias de saltos tão altos O relógio batendo, o sol posto, o relógio O meu jogo é na retranca, área muito perigosa Você parece que nem lembra mais de tempos atrás A tua figura era vergonhosa satã Guinga/Paulo César Pinheiro As sandálias, e eu bantendo em teu rosto Eu me reparti querendo reconstituir Essa mulher – 1979 A quem hoje me vira o rosto assim E a queda dos saltos tão altos Mas eu nem me abalo Você penetrou como o sol da manhã Sobre os nossos filhos Você vai cair do cavalo E em nós começou uma festa pagã Com um raio de sangue no chão Quando precisar de mim Você libertou em você a infernal cortezã Do risco em teus cílios Eu, hein, rosa! E em mim despertou esse amor Foram discos demais, desculpas demais Vem mansa porque a contradança é mais audaciosa Atormentado e mal de Satã Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas Eu, hein, rosa! Meu táxi, whisky, Dietil, Diempax Apela pra ignorancia é coisa indecorosa Você me deixou como o fim da manhã Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos E em mim começou esse angústia, esse afã O amor quando traz tanta vida Acho que estou é forçando demais as cordas vocais Você me plantou a paixão imortal e mal sã Você naõ merece um dedo de prosa Que se enraizou e será meu maldito final amanhã E pra resumir, faço questão de conferir Se se quebra ou não um vaso ruim E agora me aperta a aflição Saia no pinote Senão vai ser de camarote De chorar louca e só de manhã Que eu vou assistir seu fim É a seta do arco da noite Sangrando-me agora São lágrimas, sangue, veneno 71 Correndo no meu coração Formando-me dentro esse pântano de solidão As aparências enganam Tunai/Sérgio Natureza Essa mulher – 1979 Saudade do Brasil – 1980 As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague Se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas São o alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Poque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera No insistente perfume de alguma coisa chamada amor
  • 74.
    Pé sem cabeça Danilo Caymmi/Ana Terra Essa mulher – 1979 Você me fez sofrer Ninguém me faz sofrer assim O que era tanta beleza Num pé sem cabeça, você transformou Mas você onde está Não me viu, não será? Que teu sono vai ter paz No céu da vibração Se meu rosto se acender, brilhar Se teu olho te trair, não vai durar Seu porto seguro, seu lugar comum Você navegando pra lugar nenhum Gilberto Gil Quem sabe de tudo 1980 Não sabe o seu fim Mas eu não me quero fugindo daqui Também não te deixo zombando de mim Os homens são mortais Quem sabe de tudo não sabe seu fim Todos os animais Os vegetais também o são Como será Não ser assim? Não precisar O começo, o meio, o fim A encarnação, Deus? Rebento Como será Não estar aqui nem lá E tão somente andar ao léu No céu da vibração? Gilberto Gil Elis – 1980 72 Para os olhos, fez-se a cor Vento de maio – 1981 Para os ouvidos, o som Montreaux Jazz Festival – 1982 Para os corações, o fogo do amor E para os puros, o que é bom Rebento, substantivo abstrato O ato, a criação e o seu momento Só me resta agradecer Como uma estrela nova e o seu barato E aguardar a ocasião Que só Deus sabe lá no firmamento De tão somente andar ao léu No céu da vibração Rebento, tudo que nasce é rebento Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra Rebento raro, como flor na pedra Rebento farto, como trigo ao vento Outras vezes rebento simplesmente No presente do indicativo Como a corrente de uma cão furioso Com as mãos de um lavrador ativo Ás vezes mesmo perigosamente Como acidente em forno radioativo Ás vezes só porque fico nervosa Eu Rebento Ou necessariamente só por que estou vivo Rebento, a reação imediata A cada sensação de abatimento Eu Rebento, o coração dizendo bata A cada bofetão do sofrimento Eu Rebento, como um trovão dentro da mata E a imensidão do som desse momento
  • 75.
    O medo deamar é o medo de ser livre Beto Guedes/Fernando Brant Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Sai dessa Trem azul – 1982 Nova estação O medo de amar é o medo de ser Livre para o que der e vier Natan Marques/Ana Terra Livre para sempre estar onde o justo estiver Elis – 1980 Vento de maio – 1981 Luiz Guedes/Thomas Roth O medo de amar é o medo de ter Elis – 1980 Trem azul – 1982 De a todo momento escolher Vento de maio – 1981 Com acerto e precisão a melhor direção Sonhei que existia uma avenida Nova esperança Sem entrada e sem saída pra gente comemorar Bate coração O sol levantou mais cedo e quis Toda hora, todo dia, toda vida Renascer cada dia com a luz da manhã Em nossa casa fechada entrar Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão Despertar sem medo Prá ficar Enganar a dor Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica Disfarçar essa mágoa que anda solta no ar O medo de amar é não arriscar No banheiro não tem fila nem existe contramão Esperando que façam por nós Que o trabalho é ali na nossa esquina Ter que acreditar no regresso da estação O que é nosso dever: recusar o poder E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão Como o sol volta a brilhar, como as chuvas de verão O sol levantou mais cedo e cegou Ter que acreditar só pra ter razão Sonhei, como faço todo dia De sonhar mais uma vez O medo nos olhos de quem foi ver Como você não sabia, meu senhor não levo a mal Tanta luz A beleza, o amor, a fantasia Nova esperança O que tece e o que desfia não se aprende no jornal Bate coração Renascer cada dia com a luz da manhã Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas Semear a terra E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista Certo de colher da semente o fruto Sem essa, moço, por favor não crie clima Depois descansar Seu buraco é mais embaixo, nosso astral é mais em cima 73 Aprendendo a jogar Guilherme Arantes Elis – 1980 Só Deus é quem sabe O trem azul Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982 Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Guilherme Arantes Nem sempre ganhando Lô Borges/Ronaldo Bastos Elis – 1980 Elis – 1980 Nem sempre perdendo Vento de maio – 1981 Vento de maio – 1981 Mas, aprendendo a jogar Trem azul – 1982 Não, não sei guardar ressentimeto Água mole em pedra dura Coisas que a gente se esquece de dizer Eu hoje lembro com ternura cada momento Mas vale que dois voando Frases que o vento tem as vezes me lembrar Promessas de nós dois naqueles dias Se eu nascesse assim pra lua Coisas que ficaram muito tempo por dizer O tempo transformou-as em palavras vazias Não estaria trabalhando Na canção do vento não se cansam de voar Ás vezes a paixão nos traiu Mas em casa de ferreiro Você pega o trem azul Ás vezes foi a voz que mentiu Quem com ferro se fere é bobo O sol na cabeça Mas nada disso importa Cria a fama, deita na cama Você pega o trem azul O que vale é o que sorte escreveu Quero ver o berreiro na hora do lobo Você na cabeça Só Deus é quem sabe do amor Eu não sei nada O sol na cabeça Quem tem amigo cachorro Só sei que a vida nos prepara cada cilada Quer sarna para se coçar E é inútil se tentar fugir da longa estrada Boca fechada não entra besouro Macaco que muito pular quer dançar
  • 76.
    Vento de maio Telo Borges/Márcio Borges Elis – 1980 (Com Lô Borges) Vento de maio – 1981 (Com Lô Borges) Trem azul – 1982 Vento de raio Rainha de maio Estrela cadente Chegou de repente o fim da viagem Agora já não dá mais pra voltar atrás Rainha de maio, valeu o teu pique Apenas para chover no meu piquenique Assim meu sapato coberto de barro Apenas pra não parar nem voltar atrás Rainha de maio valeu a viagem Agora já não dá mais Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção (Vento solar e estrela do mar…) Sol, girassol, e meus olhos ardendo de tanto cigarro E quase que eu me esqueci Que o tempo não pára, nem vai esperar Vento de maio Rainha dos raios de sol Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez Nem lembro teu nome nem sei 74 Estrela qualquer lá no fundo do mar Vento de maio Rainha dos raios de sol Rainha de maio, valeu o teu pique Apenas para chover no meu piquenique Assim meu sapato coberto de barro Apenas pra não parar nem voltar atrás
  • 77.
    Pra que queeu fui lembrar dos óio dele Jabuticaba madura Coração cabeça-dura Teima, bate até que fura Desconjura e negaceia Feito lobo em lua cheia Na cadeia desse olhar Que arrepia, esfria e me dá Taquicardia, falta de ar É o coração que desde pro calcanhar de aquiles Doce suplício do amor Faquires tiram partido da dor Que bate, come e repinica Maria, Maria Feito fome de lumbriga É um dom, uma certa magia Na barriga da miséria Uma força que nos alerta Coração cabeça velha Uma mulher que merece viver e amar Me virando do avesso Inventei qualquer pretexto Calcanhar Como outra qualquer do planeta Fui pedir para voltar de Aquiles Maria, Maria É o som, é a cor, é o suor Cheguei no prédio, errei de andar Jean Garfunkel/Paulo Garfunkel É a dose mais forte e lenta Elis – 1980 No elevador um gordo me dá Vento de maio – 1981 De uma gente que ri quando deve chorar Um pisão no calo que me enxotou de lá E não vive, apenas agüenta Mancando Sei que esse amor vai ficar sangrando Mas é preciso ter força No peito e no calcanhar de aquiles É preciso ter raça Doce suplício do amor É preciso ter gana sempre Faquires tiram partido da dor Quem traz no corpo a marca Que dá lembrar dos olhos dele Maria, Maria Mistura a dor e a alegria Maria Mas é preciso ter manha Maria É preciso ter graça 75 Milton Nascimento É preciso ter sonho sempre Saudade do Brasil – 1980 Quem traz na pele essa marca Alô, alô marciano Trem azul – 1982 Possui a estranha mania Aqui quem fala é da Terra Montreaux Jazz Festival – 1982 De ter fé na vida Pra variar, estamos em guerra Você não imagina a loucura O ser humano tá na maior fissura porque Tá cada vez mais down no high society! Alô alô Alô, alô marciano A crise tá virando zona marciano Cada um por si, todo mundo na lona Rita Lee/Roberto de Carvalho Amigo é coisa pra se guardar Debaixo de 7 chaves E lá se foi a mordomia Dentro do coração Tem muito rei aí pedindo alforria porque Tá cada vez mais down no high society! Saudade do Brasil – 1980 Trem azul – 1982 Canção da Assim falava a canção Que na América ouvi Alô, alô marciano América Milton Nascimento/Fernando Brant Mas quem cantava chorou Ao ver seu amigo partir A coisa tá ficando ruça Saudade do Brasil – 1980 Muita patrulha, muita bagunça Trem azul – 1982 Mas quem ficou, no pensamento voou O muro começou a pichar Com seu canto que o outro lembrou Tem sempre um aiatolá prá atolá, Aláh! E quem voou, no pensamento ficou Tá cada vez mais down no high society! Com a lembrança que o outro cantou Amigo é coisa pra se guardar No lado esquerdo do peito Mesmo que o tempo e a distância digam não Mesmo esquecendo a canção O que importa é ouvir A voz que vem do coração Pois seja o que vier, venha o que vier Qualquer dia, amigo eu volto a te encontrar Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
  • 78.
    O primeiro jornal Sueli Costa/Abel Silva Saudade do Brasil – 1980 Quero cantar pra você Segunda-feira de manhã Agora tá Pelo seu rádio de pilha tão docemente E te ajudar a encarar esse dia mais facilmente Quero juntar minha voz matinal Aos restos dos sons noturnos E aos cheiros domingueiros que ainda boiam Tunai/Sérgio Natureza Saudade do Brasil – 1980 Montreaux Jazz Festival – 1982 Na casa e em você Já que tá aí Para que junto com o café e o pão se dê Pela metade, mas tá Melhor cuidar pra peteca não cair O milagre de ouvir latir o coração Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança Uma saudade à toa Venha nascendo com o dia numa boa E estar com você na primeira brasa do cigarro No primeiro jorro da torneira Pra não deixar escapulir Como água no ralo Aquilo que já fez calo Doeu feito joanete Castigou nosso cavalo Onze fitas Fátima Guedes Saudade do Brasil – 1980 Montreaux Jazz Festival – 1982 Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã Cortou como canivete Feriu, mexeu, mixou Para que saias com alguma alegria bem normal Por engano, vingança ou cortesia Que dure pelo menos até você comprar e ler Nunca comeu melado Tava lá morto e posto, um desgarrado O primeiro jornal Vai lambuzar Onze tiros fizeram a avaria Se vacilar pode cantar pra subir E o morto já tava conformado Porque não dá pra começar Todo rolo de novo Onze tiros e não sei porque tantos Esses tempos não tão pra ninharia 76 Se o bolo fica sem ovo Não fosse a vez daquele um outro ia Se a massa não tem fermento Deus o livre morrer assassinado Presidnova bossa ente Se não cozinhar por dentro Vai tudo por água abaixo Eu acho, acho, acho que agora tá Quase no ponto tá No ponto de provar Eu acho que agora tá No ponto de solar Pro seu santo não era um qualquer um Três dias num terreno abandonado Ostentando onze fitas de Ogum Quantas vezes se leu só nesta semana Essa história contada assim por cima Juca Chaves A verdade não rima Saudade do Brasil – 1980 Acho que agora tá A verdade não rima pra lá de pronto tá A verdade não rima Bossa Nova mesmo é ser Presidente acho que agora tá Desta terra descoberta por Cabral, acho que agora tá Para tanto basta ser tão simplesmente já que tá aí Simpático, risonho, original. Depois desfrutar da maravilha De ser o Presidente do Brasil, Voar da velha capta Brasília Ser alvorada e voar de volta ao rei. Voar, voar, voar, Voar, voar pra bem distante A que versales onde duas mineirinhas valsinhas Dançam como duas debutantes, interessante... Mandar parente a jato pro dentista, Almoçar com o tenista campeão, Também poder ser um grande artista exclusivista Tomando com Dilermando umas aulinhas de violão. Isto é viver como se aprova, É ser um Presidente Bossa Nova, Bossa Nova, muito nova, nova mesmo, ultranova.
  • 79.
    Moda de sangue Jerônimo Jardim/Ivaldo Roque Saudade do Brasil – 1980 Quando te prendo na cadeia dos abraços E te torturo, e te sufoco em meus braços E te fuzilo com os olhos do desejo Te mordendo no gosto do meu beijo Marambaia Quando te arranho, te lanho de ternura Vertendo sangue do teu corpo de malícia Menino Quando te xingo com palavras obcenas Como jurasse as juras mais serenas Henricão/Rubens Campos Saudade do Brasil – 1980 Quando me vingo dos males que me fazes Eu tenho uma casinha lá na Marambaia Com frazes de maldade e veneno Milton Nascimento/Fernando Brant Saudade do Brasil – 1980 Fica na beira da praia só vendo que beleza Sinto, meu amor, que o amor é isso Tem uma trepadeira que na primavera Essas coisas muito fora de juízo Quem cala sobre teu corpo Fica toda florescida de brincos de princesa Consente na tua morte Talhada a ferro e fogo Quando chega o verão eu sento na varanda Nas profundezas do corte Pego o meu violão e começo a cantar Que a bala riscou no peito E o meu moreno fica sempre bem disposto Senta ao meu lado e começa a cantar Quem cala morre contigo Mais morto que estás agora Quando chega a tarde um bando de andorinhas Relógio no chão da praça Voa em revoada fazendo verão Batendo, avisando a hora E lá na mata o sabiá gorjeia 77 Que a raiva traçou no tempo Linda melodia pra alegrar meu coração Às seis horas o sino da capela No incêndio repetido Toca as badaladas da Ave-Maria O brilho do teu cabelo A lua nasce por detrás da serra Quem grita vive contigo Anunciando que acabou o dia Luiz Gonzaga Jr. Saudade do Brasil – 1980 Vou buscar um mundo novo, vida nova E ver se dessa vez faço um final feliz Deixar de lado aquela velha história O verso usado, o canto antigo Mundo novo Vida nova Vou dizer adeus Fazer de tudo e todos mera lembrança Deixar de ser só esperança E por minhas mãos lutando Me superar Vou rasgar no tempo O meu próprio caminho E, assim, abrir meu peito ao vento Me libertar De ser somente aquilo que se espera Em forma, jeito, luz e cor E vou... Vou pegar um mundo novo, vida nova Vou buscar um mundo novo, vida nova
  • 80.
    O pequeno exilado Raul Ellwanger Raul Ellwanger – 1980 Navegas, navegas, navegas Lá do outro lado do oceano Na palma da mão já carrega Vinte m il léguas de sonhos Aos nossos filhos Sabiá Seguingo teu pai que te leva A bordo dos teus nove anos Pequeno exilado sem pátria Ivan Lins/Vítor Martins Tom Jobim/Chico Buarque Saudade do Brasil – 1980 Saudade do Brasil – 1980 Perdoem a cara amarrada Vou voltar Navegas teu barco de enganos Perdoem a falta de abraço Sei que ainda vou voltar Perdoem a falta de espaço Para o meu lugar Navegas teus olhos molhados Os dias eram assim Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar Na capital dos franceses Perdoem por tantos perigos Uma sabiá Perdoem a falta de abrigo Cantar uma sabiá Perdoem a falta de amigos Carregas teus olhos chorados Os dias eram assim Vou voltar, 78 Contando dias e meses Sei que ainda vou voltar Perdoem a falta de folhas Vou deitar à sombra de uma palmeira Perdoem a falta de ar Que já não há Menino crescido sem terra Perdoem a falta de escolha Colher a flor que já não dá Os dias eram assim E algum amor, talvez possa espantar Teu único plano primeiro As noites que eu não queria E quando passarem a limpo E anunciar o dia E quando cortarem os laços É ver terminar tanta espera É ser cidadão brasileiro E quando soltarem os cintos Vou voltar Façam a festa por mim Sei que ainda vou voltar Não vai ser em vão Quando lavarem a mágoa Que fiz tantos planos de me enganar Guerreiro do bairro da Glória Quando lavarem a alma Como fiz enganos de me encontrar Quando lavarem a água Como fiz estradas de me perder Lavem os olhos por mim Fiz de tudo e nada de te esquecer Doende do bairro Floresta Vem cá conhecer nossa história Quando brotarem as flores Malandros, calçadas e festas Quando crescerem as matas Quando colherem os frutos Digam o gosto pra mim Só quero te ver na cidade Cantando em bom Português Canções de gritar liberdade Daquela que usa o Francês Vou me embora vou me embora…
  • 81.
    Redescobrir Luiz Gonzaga Jr. Saudade do Brasil – 1980 Como se fora brincadeira de roda memória Jogo do trabalho na dança das mãos macias O suor dos corpos na canção da vida história O suor da vida no calor de irmãos magia Como um animal que sabe da floresta memória Redescobrir o sal que está na própria pele, macia Redescobrir o doce no lamber das línguas macias Redescobrir o gosto e o sabor da festa magia 79 Vai o bicho homem fruto da semente memória Renascer da própria força, própria luz e fé memória Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós história Somos a semente, ato, mente e voz magia Não tenha medo, meu menino bobo, memória Tudo principia na própria pessoa beleza Vai como a criança que não teme o tempo mistério Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor magia Como se fora brincadeira de roda memória Jogo do trabalho na dança das mãos macias O suor dos corpos na canção da vida história O suor da vida no calor de irmãos magia
  • 82.
    O que foifeito devera (de Vera) Milton Nascimento/Fernando Brant Clube da Esquina 2 – 1978 (Com Milton Nascimento) Saudade do Brasil – 1980 Vento de maio – 1981 (Com Milton Nascimento) Trem azul – 1982 O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou? O que foi feito da vida, o que foi feito do amor? Na baixa do sapateiro Quisera encontrar Ary Barroso Aaquele verso menino que escrevi Montreaux Jazz Festival – 1982 Há tantos anos atrás Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia O moreno mais folgado da Bahia Pedi-lhe um beijo, não deu Falo assim com saudade, falo assim por saber Um abraço, sorriu Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu Se muito vale o já feito, mas vale o que será Mas vale o que será Bahia, terra da felicidade Moreno, eu ando louca de saudade E o que foi feito é preciso conhecer Meu Senhor do Bonfim Para melhor prosseguir Arranje outro moreno igualzinho pra mim Outro cais Oh! amor, ai Falo assim sem tristeza, falo por acreditar Amor bobagem que a gente não explica, ai ai Prova um bocadinho, ô Que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer Marilton Borges/Duca Leal Fica envenenado, ô Os Borges – 1980 E pro resto da vida é um tal de sofrer 80 Ôlará, ôlerê Nós iremos crescer Vento de maio – 1981 Outros outubros virão, outras manhãs Me atraiu o teu canto Ô Bahia Plenas de sol e de luz Respirei o teu ar Bahia que não me sai do pensamento Te arranquei do teu cais Faço o meu lamento, ô Me lancei no teu mar Na desesperança, ô Alertem todos alarmas que o homem que eu era voltou De encontrar nesse mundo Te cobri com meu manto Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar A tribo toda reunida, ração dividida ao sol Descansei nessas ondas De nossa Vera Cruz Misturamos nosso sangue Ô Bahia Juntos fomos dançar Bahia que não me sai do pensamento Quando o descanso era luta pelo pão E aventura sem parar Tiro ao álvaro Quando o cansaço era rio e rio qualquer dava pé E a cabeça rodava num gira-girar de amor E até mesmo a fé Adoniran Barbosa/Oswaldo Moles Adoniran e convidados – 1980 Não era cega nem nada Vento de maio – 1981 Era só núvem no céu e raiz De tanto levar frechada do teu olhar Meu peito até parece, sabe o que? Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar Hoje essa vida só cabe na palma da minha paixão Devera nunca se acabe, abelha fazendo o seu mel Teu olhar mata mais do que bala de carabina Que veneno estriquinina No pranto que criei Que peixeira de baiano Nem vá dormir como pedra Teu olhar mata mais Que atropelamento de automóver E esquecer o que foi feito de nós Mata mais que bala de revórver
  • 83.
    Se eu quiserfalar com Deus Gilberto Gil Vento de maio – 1981 Trem azul – 1982 Se eu quiser falar com Deus Tenho que ficar a sós Tenho que apagar a luz Tenho que calar a voz Tenho que encontrar a paz Tenho que folgar os nós dos sapatos Da gravata Dos desejos Dos receios A corujinha Tenho que esquecer a data Cobra criada Toquinho/Vinícius de Morais Tenho que perder a conta João Bosco/Paulo Emílio Montreaux Jazz Festival – 1982 A arca de noé – 1980 Tenho que ter mãos vazias Corujinha, corujinha Ter a alma e o corpo nus Suco de sururucu Diga lá jacu Que peninha de você Fica toda encolhidinha Se eu quiser falar com Deus Cutia comadre Sempre olhando não sei que Tenho que aceitar a dor Posta de pirarucu Tenho que comer o pão 81 Diga lá caju O teu canto de repente Que o diabo amassou Barata cascuda Faz a gente estremecer Tenho que virar um cão Gruta de veiúva negra Tenho que lamber o chão dos palácios Caranguejeira Corujinha, pobrezinha Dos castelos suntuosos dos meus sonhos Saúva coruja Todo mundo que te vê Tenho que me ver tristonho Rastro de jararucu Diz assim, ah! coitadinha Tenho que me achar medonho Jararacoral Que feinha que é você E apesar de um mal tamanho Piranha calunga Alegrar meu coração Diaba de banda retrai Quando a noite vem chegando De carataí Chega o teu amanhecer Se eu quiser falar com Deus Traíra de dente de dá E se o sol vem despontando Tenho que me aventurar E cada dentada que dá Vais voando te esconder Tenho que subir aos céus Cascudo cará Hoje em dia andas vaidosa Sem cordas pra segurar Purús juruá Orgulhosa com quê Tenho que dizer adeus Mordida no maracujá Dar as costas De cobra criada no mar Toda noite tua carinha Caminhar decidido Chocalha no cadê você Aparece na TV Sussurra no bote que dá Corujinha, corujinha Pela estrada que ao findar vai dar em nada Curare de cobra suga e sai Nada, nada, nada, nada Que feinha que é você! Picada de cobra amor não dói Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Do que eu pensava encontrar
  • 84.
    Garota de Ipanema Asa branca Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Ing. Norman Gimbel Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira Montreaux Jazz Festival – 1982 Montreaux Jazz Festival – 1982 Olha, que coisa mais linda Quando olhei a terra ardendo Mais cheia de graça Qual fogueira de São João É ela, menina, que vem e que passa Eu perguntei a meu Deus do Céu Num doce balanço, a caminho do mar Porque tamanha judiação Moça do corpo dourado Do sol de Ipanema Quando olhei a terra ardendo O seu balançado Qual fogueira de São João É mais que um poema Entonce eu disse: “Adeus Rosinha, É a coisa mais linda Guarda contigo meu coração” Que eu já vi passar Ah, por que estou tão sozinho? Ah, por que tudo é tão triste? Ah, a beleza que existe A beleza que não é só minha Que também passa sozinha Fé cega, faca amolada Ah, se ela soubesse que quando ela passa O mundo inteirinho se enche de graça E fica mais lindo por causa do amor 82 Girl from Ipanema Milton Nascimento/Ronaldo Bastos Montreaux Jazz Festival – 1982 Tall and tan and young and lovely Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada The girl from ipanema goes walking Agora eu não espero mais aquela madrugada And when she passes, each one she passes goes – ah Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada O brilho cego de paixão e fé, faca amolada When she walks, she’s like a samba That swings so cool and sways so gentle Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo That when she passes, each one she passes goes – ooh Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada (ooh) but I watch her so sadly Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada How can I tell her I love her Yes I would give my heart gladly Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia Beber o vinho e renascer na luz de cada dia But each day, when she walks to the sea A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada She looks straight ahead, not at me O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada Tall, (and) tan, (and) young, (and) lovely Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia The girl from ipanema goes walking Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia And when she passes, I smile – but she doesn’t see (doesn’t see) Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranqÄilo (she just doesn’t see, she never sees me,...) Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
  • 85.
    Mancada Samba dobrado Gilberto Gil Djavan Montreaux Jazz Festival – 1982 Montreaux Jazz Festival – 1982 O dinheiro que eu lhe dei Vai ser pior ainda quando amanhecer Pro tamborim Tudo que se tem pra cantar Não vá gastar Não pra embalar nem pra devolver Depois jogar a culpa em mim O direito de escolher A música melhor para se dançar O dinheiro que eu lhe dei Não é meu, não Quem faz parte dessa cena pode rodar É da escola Pra cumprir a mesma pena Por favor, não mete a mão Não é preciso ensaiar Tá combinado Você lembra muito bem Basta aprender a sambar dobrado No outro carnaval Você chorou porque não pôde desfilar A fantasia que eu mandei você comprar Não ficou pronta Porque o dinheiro que eu lhe dei pra costurar Você (hum, hum)... Eu nem vou dizer pra não lhe envergonhar Me deixas louca Lança perfume Valsa de Eurídice 83 Armando Manzanero/Vs. Paulo Coelho Rita Lee/Roberto de Carvalho Vinícius de Morais Trem azul – 1982 Trem azul – 1982 Trem azul – 1982 Quando caminho pela rua lado a lado com você Lança, lança perfume Tantas vezes já partiste Me deixas louca Lança, lança perfume Que chego a desesperar E quando escuto o som alegre do teu riso Chorei tanto, estou tão triste Que me dá tanta alegria, me deixas louca Lança menina Que já nem sei mais chorar Lança todo este perfume Oh, meu amado, não parta Me deixas louca quando vejo mais um dia Desbaratina Não parta de mim Pouco a pouco entardecer Não dá pra ficar imune Oh, uma partida que não tem fim E chega a hora de ir pro quarto escutar Ao seu amor Não há nada que conforte As coisas lindas que começas a dizer Que tem cheiro de coisa maluca A falta dos olhos teus Me deixas louca Pensa que a saudade Vem cá meu bem Pode matar-me Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague Me descola uma carinho Adeus Me deixas louca Eu sou néném Quando transmites o calor de tuas mãos Só sossego com beijinho Pro meu corpo que te espera E ve se me dá Me deixas louca O prazer de ter prazer comigo E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas Me aqueça Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço Me vira de ponta cabeça Você me abraça, a noite passa Me faz de gato e sapato e E me deixas louca Me deixa de quatro no ato Me enche de amor , de amor Sinto os teus braços se cruzando em minhas costas Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço Lança, lança pefume Você me abraça, a noite passa oh oh oh oh lança, lança perfume E me deixas louca Lança perfume
  • 86.
    Imagino-te já idosa, Frondosa toda a folhagem, Multiplicada a ramagem De agora. Tendo tudo transcorrido, Flores e frutos da imagem Com que faço essa viagem Pelo reino do teu nome, Oh, Flora! Imagino-te jaqueira Prostrada à beira da estrada Velha, forte, farta, bela Senhora. Pelo chão, muitos caroços, Flora 84 Como que restos dos nossos Gilberto Gil Trem azul – 1982 Próprios sonhos devorados Pelo pássaro da aurora, Oh, Flora! Imagino-te futura, Ainda mais linda, madura, Pura no sabor de amor e De amora. Toda aquela luz acesa Na doçura e na beleza, Terei sono, com certeza, Debaixo da tua sombra, Oh, Flora!
  • 87.
    Amante à modaantiga Aqui é o país do futebol (trecho) Roberto Carlos/Erasmo Carlos Trem azul – 1982 Eu sou aquele amante à moda antiga Milton Nascimento/Fernando Brant Trem azul – 1982 Dio tipo que ainda manda flores Apesar do velho tienis e da calça desbotada Brasil está vazio na tarde de domingo, né? Ainda chamo de querida a namorada olha o sambão aqui é o país do futebol A minha namorada… No fundo desse país Ao longo das avenidas Nos campos de terra e grama Brasil só é futebol Começar de novo (trecho) Nestes noventa minutos De emoção e alegria Esqueço a casa e o trabalho A vida fica lá fora Ivan Lins/Vítor Martins A fome fica lá fora Trem azul – 1982 Dinheiro fica lá fora A cama fica lá fora Começar de novo Família fica lá fora E contar comigo A vida fica lá fora Vai valer a pena 85 E tudo fica lá fora... Ter amanhecido Ter me rebelado Ter me consumido Ter me machucado Ter sobrevivido (Texto de Fernando Faro) Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. “ Menino do Rio (trecho) Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim... Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas. Um quadro de impulsos, um processamento de sinais. Caetano Veloso E assim – dizem – recontam a vida. Trem azul – 1982 Menino do Rio Agora retiram de mim a cobertura da carne. Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos. Calor que provoca arrepio E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Dragão tatuado no espaço Calção, corpo aberto no estpaço Coração Um rascunho... Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. De eterno flerte Como uma estrela... Adoro ver-te Menino vadio Agora eu sou uma estrela!” Tesão flutuante do Rio Eu peço pra Deus proteger-te
  • 88.
    Para Lennon No dia em que eu Velho arvoredo & McCartney vim-me embora Caetano Veloso/Gilberto Gil Hélio Delmiro/Paulo César Pinheiro Luz das estrelas – 1984 Luz das estrelas – 1984 Lô Borges/Márcio Borges/Fernando Brant Luz das estrelas – 1984 Eu te esqueci muito cedo No dia em que eu vim-me embora Pelo tempo que passou Por que vocês não sabem do lixo ocidental? Minha mãe chorava em ai Tal como um velho arvoredo Não precisam mais temer Minha irmã chorava em ui Que o vento não derrubou Não precisam da solidão E eu nem olhava pra trás Todo dia é dia de viver Tronco mudado em rochedo No dia que eu vim-me embora Pedra transformada em flor Por que você não verá meu lado ocidental? Não teve nada de mais E eu fui ficando sozinho no pó do caminho Não precisa medo não Me desenganando, sofrendo e chorando Não precisa da timidez Mala de couro forrada Todo dia é dia de viver Com pano forte, brim cáqui E mantendo em segredo Minha vó já quase morta 86 Essa minha ilusão Eu sou da América do Sul Minha mãe até a porta Que me escapou de entre os dedos Eu sei, vocês não vão saber Minha irmã até a rua Pra não sei que outras mãos Mas agora sou cowboy E até o porto meu pai Sou do ouro, eu sou vocês E eu me tornei o arremedo Sou do mundo, sou Minas Gerais O qual não disse palavra De tudo aquilo que eu não sou Durante todo o caminho Mas eu jamais retrocedo Por que vocês não sabem do lixo ocidental? E quando eu me vi sozinho O que passou passou Não precisam mais temer Vi que não entendia nada Não precisam da solidão Nem de pro que eu ia indo Já superei, mas só eu sei Todo dia é dia de viver Nem dos sonhos que eu sonhava O mesmo jamais eu serei Feito a madeira o machado inclinando Eu sou da América do Sul Senti apenas que a mala Eu por fora estou cicatrizando Eu sei, vocês não vão saber De couro que eu carregava Mas agora sou cowboy Embora estando forrada E por dentro sangrando, afastado do medo Sou do ouro, eu sou vocês Fedia, cheirava mal Mas sozinho, tal como o velho arvoredo Sou do mundo, sou Minas Gerais Que não serve ao tempo nem ao lenhador Afora isto ia indo, atravessando, seguindo E o vento abandonou Nem chorando nem sorrindo Sozinho pra Capital Nem chorando nem sorrindo Sozinho pra Capital Sozinho pra Capital Sozinho pra Capital Sozinho pra Capital
  • 89.
    banca do Gol anulado Corsário distinto A João Bosco/Aldir Blanc João Bosco/Aldir Blanc Luz das estrelas – 1984 Luz das estrelas – 1984 Billy Blanco Luz das estrelas – 1984 Quando você gritou: Mengo! Meu coração tropical está coberto de neve Não fala com pobre, No segundo gol do Zico Mas ferve em seu cofre gelado, a voz vibra e a mão escreve: Mar Não dá mão a preto, Tirei sem pensar o cinto Bendita a lâmina grave que fere a parede Não carrega embrulho. E bati até cansar E traz as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais Para quê tanta posse doutor? Para que esse orgulho? Três anos vivendo juntos Roseirais A bruxa que é cega esbarra na gente, E eu sempre disse contente: Nova Granada de Espanha A vida estanca. Minha preta é uma rainha Por você, eu, teu corsário preso O enfarte te pega Doutor ! Porque não teme o batente Vou partir a geleira azul da solidão Acaba essa banca ! Se garante na cozinha E buscar a mão do mar E ainda é Vasco doente Me arrastar até o mar 87 A vaidade é assim, Procurar o mar Põe o tonto no alto, retira a escada. Daquele gol até hoje o meu radio está desligado Fica por perto, esperando sentada, Como se radiasse o silencio de um amor terminado Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão. Eu aprendi que a alegria de quem está apaixonado Meu coração tropical partirá esse gelo e irá É como a falsa euforia de um gol anulado Com as garrafas de náufragos e as rosas partindo o ar Mais alto o coqueiro maior é o tombo do coco Nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar Afinal todo o mundo é igual Quando o tombo termina, Com terra por cima e na horizontal.
  • 90.
    Lembre-se Sergio Natureza/Tunai Longe Sombras desenhadas no horizonte Cavalos cobertos de ouro e bronze Vassalos de um rei de não sei onde Cavaleiros estrangeiros A bandeira do invasor Noite E um tropel atravessa a fumaça Porto dos casais Tropas Jaime Lewgoy Lubianca É sempre bom lembrar coisas passadas Tropeçando num céu de fogo e prata Rever os lampiões, os ancestrais Singrando o Guaíba, apareceram Os velhos fundadores coloniais O mundo acabou de repente Quando a manhã começava Chegaram tão alegres, alegres por demais A dor começou com o chicote Fundaram este Porto dos Casais Com as esporas com as espadas É porto, Porto Alegre, antigo Dos Casais Saudades dos tempos que não vêm mais Terror 88 Das legiões das ambições e praças Chagas General No seio de uma terra abençoada O céu desabou de repente da banda José Alcides/Satiro de Melo/Tancredo Silva Quando a gente levantava Chegou general da banda ê ê O pó levantou sufocando Chegou general da banda ê a Quem vivia respirava Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a Mourão, mourão Passou Vara madura que não cai Mourão, mourão, mourão O tempo mas não apagou a marca Catuca por baixo que ele vai Mourão, mourão Marcou Vara madura que não cai Mourão, mourão, mourão Catuca por baixo que ele vai Nos corações nas mentes e nas praças Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a Hoje Chegou general da banda ê ê Chegou general da banda ê a Na memória viva de uma raça Um pavor latente e uma ameaça E um canto maior que todo medo Espalhando amor por onde passa
  • 91.
    Ye s te r d a y Dindi John Lennon/Paul McCartney My Funny Yesterday All my troubles seemed so far away Va l e n t i n e Rodgers/Hart Now it looks as though they're here to stay Oh, I believe In yesterday Tom Jobim/Aloysio de Oliveira/Ray Gilbert Céu, tão grande é o céu My funny valentine Suddenly E bandos de nuvens que passam ligeiras Sweet comic valentine I'm not half the man I used to be Prá onde elas vão You make me smile with my heart There's a shadow hanging over me Ah! eu não sei, não sei Your looks are laughable Oh, yesterday E o vento que fala nas folhas Unphotographable Came suddenly Contando as histórias Yet you’re my favourite work of art Que são de ninguém Why she Mas que são minhas Is your figure less than greek Had to go I don't know E de você também Is your mouth a little weak She wouldn't say Ah! Dindi When you open it to speak I said Se soubesses do bem que eu te quero Something wrong now I long 89 Are you smart? O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi For yesterday Lindo Dindi But don’t change a hair for me Ah! Dindi Not if you care for me Yesterday Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi Stay little valentine stay Love was such an easy game to play Fica, Dindi, olha Dindi Each day is valentine’s day Now I need a place to hide away E as águas deste rio aonde vão eu não sei Oh, I believe A minha vida inteira esperei, esperei Is your figure less than greek In yesterday Por você, Dindi Is your mouth a little weak Que é a coisa mais linda que existe When you open it to speak Why she Você não existe, Dindi Are you smart? Had to go I don't know Olha, Dindi She wouldn't say Adivinha, Dindi But don’t you change one hair for me I said Deixa, Dindi Not if you care for me Something wrong now I long Que eu te adore, Dindi... Dindi Stay little valentine stay For yesterday Each day is valentine’s day Yesterday Love was such an easy game to play Now I need a place to hide away Oh, I believe In yesterday
  • 92.
    Mulheres de Atenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas Quando andas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem, imploram Chico Buarque Mais duras penas Cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas Quando eles embarcam, soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos Querem arrancar violentos Carícias plenas Obscenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas 90 Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras felenas Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade Nem defeito nem qualidade Têm medo apenas Não têm sonhos, só têm presságios Lindas sirenas Morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas E as gestantes abandonadas Não fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem Às suas novenas Serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
  • 93.
    Jesus Cristo Roberto Carlos/Erasmo Carlos Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... (bis) Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando Olho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhando Como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai Toda essa multidão tem no peito amor e procura a paz E apesar de tudo a esperança não se desfaz Olhando a flor que nasce no chão daquele que tem amor Olho pro céu e sinto crescer a fé no meu Salvador Em cada esquina eu vejo o olhar perdido de um irmão Em busca do mesmo bem nessa direção caminhando vem É meu desejo ver aumentando sempre essa procissão Para que todos cantem com a mesma voz essa oração Sá Marina San Vicente 91 Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar Milton Nascimento/Fernando Brant Descendo a rua da ladeira Coração americano Só quem viu que pode contar Acordei de um sonho estranho Cheirando a flor de laranjeira Um gosto vidro e corte Sá Marina vem pra cantar Um sabor de chocolate De saia branca costumeira No corpo e na cidade Gira o sol que parou pra olhar Um sabor de vida e morte Com seu jeitinho tão faceira Coração americano Fez o povo inteiro cantar Um sabor de vidro e corte Roda pela vida afora A espera da fila imensa E põe pra fora, essa alegria E o corpo negro se esqueceu Dança que amanhece o dia pra se cantar Estava em San Vicente Dança que essa gente aflita A cidade, suas luzes Se agita e segue, no seu passo Estava em San Vicente Mostra toda essa poesia no olhar As mulheres e os homens Coração americano Deixando os versos na partida Um sabor de vidro e corte E só cantigas pra se cantar Naquela tarde de domingo As horas não se contavam Fez o povo inteiro cantar E o que era negro anoiteceu Enquanto se esperava E fez o povo inteiro cantar Eu estava em San Vicente E fez o povo inteiro cantar Enquanto acontecia E fez o povo inteiro cantar Eu estava em San Vicente Coração americano Um sabor de vidro e corte
  • 94.
  • 95.
    1, 2, 3,balançou 20 anos blue A banca do distinto A corujinha A dama do apocalipse 8 46 87 81 63 Índice geral A fia de Chico Brito 43 Cartomante 61 À noite 8 Caso no campo 43 A noite do meu bem (La nuit de mon amour) 35 Caxangá 62 A time for love 37 Chegança 20 A Virgem de Macareña (La Virgen de la Macareña) 7 Chovendo na roseira 56 A volta 37 Cinema Olympia 44 Aviso aos navegantes 44 Adeus amor 8 Cobra criada 81 Baby Face 3 Agnus sei 50 Colagem 61 Bala com bala 46 Agora ninguém chora mais 16 Comadre 51 Basta de clamares inocência 70 Agora tá 76 Começar de novo 85 Beguine dodói 70 Águas de março 48 Como nossos pais 58 Bicho do mato 41 Aleluia 21 Comunicação 42 Black is beautiful 44 Alô alô marciano 75 Confissão 6 Boa noite, amor 49 Alô saudade 9 Consolação/Berimbau/Tem dó 21 Boa palavra 27 Alô, alô, taí Carmen Miranda 46 Construção 64 Bocochê 16 Alto da Bronze 57 Conversando no bar 52 Bodas de prata 68 Altos e baixos 71 Copacabana velha de guerra 42 Boi barroso 57 Amante à moda antiga 85 Corcovado 54 Bolero de satã 71 Amor até o fim 25 Corpos 66 Bom tempo 32 Amor demais 20 Corrida de jangada 33 Bonita 68 Amor em paz 16 Corsário 87 93 Boto 65 Amor, amor (Love, love) 3 Credo 67 Brigas nunca mais 55 Andança 36 Cruz de cinza, cruz de sal 30 Cabaré 50 Aos nossos filhos 78 Da cor do pecado 32 Caça à raposa 53 Aprendendo a jogar 73 Dá sorte 2 Cadeira vazia 56 Aquarela do Brasil 35 Dá-me um beijo (Kiss me, kiss me) 5 Cai dentro 69 Aquele abraço 39 De onde vens 32 Cais 47 Aqui é o país do futebol 85 Deixa 35 Calcanhar de Aquiles 75 Arrastão 13 Deixa o mundo e o sol entrar 69 Can't take my eyes off you 39 As aparências enganam 71 Dengosa 7 Canção da América 75 As coisas que eu gosto (My favorite things) 3 Deus lhe pague 64 Canção de enganar despedida 6 As curvas da estrada de Santos 40 Devagar com a louça 15 Canção de não cantar 29 Asa branca 82 Dindi 89 Canção do amanhecer 19 Até aí morreu Neves 41 Dinorah, Dinorah 67 Canção do sal 28 Atrás da porta 47 Discussão 15 Cantador 29 Canto de Ossanha 23 Canto triste 22 Cão sem dono 65 Carinhoso 28 Carta ao mar 33
  • 96.
    Imagem 29 Influência do jazz 15 Inútil paisagem 55 Irene 38 Jardins da infância 60 Jesus Cristo 91 Joana francesa 68 Doente morena 49 João valentão 20 Meu pequeno mundo de ilusão (My little corner of the world) 5 Dois prá lá, dois prá cá 53 Jogo de roda 22 Domingo em Copacabana 10 Ladeira da preguiça 51 Meus olhos 10 Dor de Covelo 3 Lança perfume 83 Minha 38 É com esse que eu vou 51 Lapinha 31 Moda de sangue 77 Ela 45 Las secretárias 6 Modinha 54 Ensaio geral 22 Lembre-se 88 Morro velho 62 Entrudo 68 Los hermanos 59 Mucuripe 46 Essa mulher 70 Louvação 24 Mulata assanhada 16 Esse mundo é meu 19 Lunik 9 26 Mulheres de Atenas 90 Estatuinha 27 Madalena 44 Mundo de paz 11 Estrada do sol 45 Mancada 83 Mundo deserto 45 Eternidade 21 Manhã de amor 9 Mundo novo vida nova 77 Eu só queria saber 17 Mania de gostar 9 Murmúrio 2 Eu, heim, Rosa! 71 Manifesto 30 My funny valentine 89 Na baixa do sapateiro 80 94 Fala-me de amor (Take me in your arms) 2 Marambaia 77 Falei e disse 44 Marcha de quarta-feira de cinzas 30 Na batucada da vida 52 Falsa Bahiana 17 Maria do Maranhão 20 Nada será como antes 42 Fascinação 59 Maria Maria 75 Não tenha medo 42 Fé cega, faca amolada 82 Maria Rosa 53 Nêga do cabelo duro 35 Fechado pra balanço 41 Mas que nada 16 No céu da vibração 72 Flertei 8 Me deixa em paz 49 No dia em que eu vim-me embora 86 Flora 84 Me deixas louca 83 Noite dos Mascarados 34 Folhas secas 51 Meio de campo 50 Noite dos Mascarados (La nuit des masques) 34 Formiguinha triste 7 Meio-termo 66 Nos teus lábios 5 Formosa 15 Memórias de Marta Saré 37 Nova estação 73 Fotografia 56 Menino 77 Noves fora 67 Frevo 41 Menino das laranjas 14 O barquinho 36 Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82 Menino do Rio 85 O bêbado e a equilibrista 70 Garoto último tipo (Puppy Love) 3 Mesmo de mentira 3 O bem do amor 11 General da banda 88 O caçador de esmeralda 50 Giro 36 O cavaleiro e os moinhos 60 Glden slumbers 43 O compositor me disse 53 Gol anulado 87 O medo de amar é o medo de ser livre 73 Gracias a la vida 60 O mestre-sala dos mares 52 Há uma história triste 10 O pequeno exilado 78 Homens de preto 57 O primeiro jornal 76 How insensitive (Insensatez) 38 O que foi feito devera (de Vera) 80 Ih! Meu Deus do céu! 43 O que tinha de ser 55 O rancho da goiabada 64
  • 97.
    Telefone 17 Tem mais samba 28 Tereza sabe sambar 28 Terra de ninguém 13 O sonho 36 These are the songs 42 O trem azul 73 Tiradentes 46 Olhos abertos 47 Tiro ao álvaro 80 Onze fitas 76 Transversal do tempo 63 Oriente 49 Travessia 52 Os argonautas 45 Tributo à Mangueira 33 Osanah 42 Tributo a Tom Jobim 32 Ou bola ou búlica 67 Retorno 10 Tristeza 35 Outra vez (Again) 7 Retrato em branco e preto 55 Tristeza 54 Outro cais 80 Reza 14 Tristeza de carnaval 7 Para Lennon & McCartney 86 Roda 26 Tristeza que se foi 25 Pé sem cabeça 72 Romaria 63 Tu serás 2 Perdão não tem 38 Rosa morena 22 Último canto 21 Pizzicati pizzicato 6 Sá Marina 91 Um novo rumo 35 Podes voltar 6 Sabiá 78 Um por todos 59 Poema 4 Sai dessa 73 Upa, neguinho 25 Pois é 54 Samba da benção (Samba saravah) 31 Valsa de Eurídice 83 Ponta de areia 52 Samba da pergunta 37 Valsa rancho 69 Por toda minha vida 55 Samba do avião 15 Vecchio novo 61 Por um amor maior 20 Samba do perdão 31 Veleiro 27 Pororó-Popó 5 Samba dobrado 83 Velha roupa colorida 58 Porto dos casais 88 Samba em paz 25 Velho arvoredo 86 Samba feito para mim 2 95 Pout Pourri (2 na bossa) 12 Vem balançar 15 Pout Pourri de introcução (2 na Bossa 2) 24 San Vicente 91 Vento de maio 74 Pout Pourri de Mangueira 29 Saudade e carinho 9 Vera Cruz 36 Pout Pourri Romântico 30 Saudade é recordar 5 Vexamão 38 Prá dizer adeus 25 Saudosa maloca 65 Vida de bailarina 47 Preciso aprender a ser só 13 Saveiros 21 Violeta de Belford Roxo 67 Presidente bossa nova 76 Se acaso você chegasse 17 Viramundo 33 Qualquer dia 61 Se eu quiser falar com Deus 81 Vou comprar um coração 5 Querelas do Brasil 65 Se você pensa 38 Vou deitar e rolar 41 Quero 59 Se você quiser 9 Watch what happens 38 Rebento 72 Sem Deus com a família 14 Wave 37 Récit de Cassard 36 Sem teu amor 9 Yê-melê 31 Redescobrir 79 Sentimental eu fico 63 Yesterday 89 Resolução 19 Silêncio 8 Zambi 18 Ressurreição 8 Sinal fechado 64 Zazueira 39 Só Deus é quem sabe 73 Só tinha de ser com você 54 Somewhere 17 Soneto de separação 56 Sonhando (Dream) 2 Sonho de Maria 27 Sou sem paz 20 Tango italiano 7 Tatuagem 60 Té o sol raiar 19
  • 98.
    Principais compositores Caetano Veloso Adoniran Barbosa Boa palavra 27 Cinema Olympia 44 Saudosa maloca 65 Ary Barroso Irene 38 Tiro ao álvaro 80 Menino do Rio 85 Aquarela do Brasil 35 Não tenha medo 42 Na baixa do sapateiro 80 No dia em que eu vim-me embora 86 Na batucada da vida 52 Os argonautas 45 Samba em paz 25 Aldir Blanc Agnus sei 50 Altos e baixos 71 Baden Powell Bala com bala 46 Carlos Lyra Beguine dodói 70 Aviso aos navegantes 44 96 Bodas de prata 68 Bocochê 16 Entrudo 68 Cabaré 50 Cai dentro 69 Influência do jazz 15 Caça à raposa 53 Canto de Ossanha 23 Marcha de quarta-feira de cinzas 30 Comadre 51 Consolação/Berimbau/Tem dó 21 Maria do Maranhão 20 Corsário 87 Deixa 35 Dois prá lá, dois prá cá 53 Falei e disse 44 Ela 45 Formosa 15 Gol anulado 87 Lapinha 31 Jardins da infância 60 Samba da benção (Samba saravah) 31 O bêbado e a equilibrista 70 Samba do perdão 31 O caçador de esmeralda 50 Se você quiser 9 O cavaleiro e os moinhos 60 Té o sol raiar 19 O mestre-sala dos mares 52 Vou deitar e rolar Ou bola ou búlica 67 41 Querelas do Brasil 65 Chico Buarque Transversal do tempo 63 Um por todos 59 Atrás da porta 47 Violeta de Belford Roxo 67 Bom tempo 32 Construção 64 Deus lhe pague 64 Joana francesa 68 Ana Terra Mulheres de Atenas 90 Noite dos Mascarados 34 Essa mulher 70 Belchior Noite dos Mascarados (La nuit des masques)34 Pé sem cabeça 72 Pois é 54 Sai dessa 73 Como nossos pais 58 Retrato em branco e preto 55 Mucuripe 46 Sabiá 78 Noves fora 67 Só tinha de ser com você 54 Velha roupa colorida 58 Tatuagem 60 Tem mais samba 28 Valsa rancho 69
  • 99.
    Claudio Lucci Colagem 61 Vecchio novo 61 Guilherme Arantes Aprendendo a jogar 73 Só Deus é quem sabe 73 Francis Hime Atrás da porta 47 Minha 38 Por um amor maior 20 Tereza sabe sambar 28 Último canto 21 Dory Caymmi & Nelson Motta Valsa rancho 69 Cantador 29 De onde vens 32 Fred Jorge Ivan Lins Saveiros 21 Aos nossos filhos 78 Baby Face 3 Cartomante 61 Garoto último tipo (Puppy Love) 3 Começar de novo 85 Pizzicati pizzicato 6 Corpos 66 Dinorah, Dinorah 67 Ih! Meu Deus do céu! 43 Madalena 44 Me deixa em paz 49 Qualquer dia 61 Dorival Caymmi 97 João valentão 20 Rosa morena 22 Gilberto Gil Amor até o fim 25 Aquele abraço 39 Doente morena 49 Ensaio geral 22 Fechado pra balanço 41 João Bosco Flora 84 Agnus sei 50 Ladeira da preguiça 51 Bala com bala 46 Louvação 24 Beguine dodói 70 Lunik 9 26 Edu Lobo Mancada 83 Bodas de prata 68 Cabaré 50 Meio de campo 50 Aleluia 21 Caça à raposa 53 No dia em que eu vim-me embora 86 Arrastão 13 Cobra criada 81 No céu da vibração 72 Canção do amanhecer 19 Comadre 51 O compositor me disse 53 Canto triste 22 Corsário 87 Oriente 49 Chegança 20 Dois prá lá, dois prá cá 53 Rebento 72 Corrida de jangada 33 Gol anulado 87 Roda 26 Estatuinha 27 Jardins da infância 60 Se eu quiser falar com Deus 81 Jogo de roda 22 O bêbado e a equilibrista 70 Viramundo 33 Memórias de Marta Saré 37 O caçador de esmeralda 50 Prá dizer adeus 25 O cavaleiro e os moinhos 60 Resolução 19 O mestre-sala dos mares 52 Reza 14 O rancho da goiabada 64 Upa, neguinho 25 Ou bola ou búlica 67 Veleiro 27 Transversal do tempo 63 Zambi 18 Um por todos 59 Violeta de Belford Roxo 67
  • 100.
    Milton Nascimento Rita Lee Aqui é o país do futebol 85 Alô alô marciano 75 Cais 47 Lança perfume 83 Canção da América 75 Canção do sal 28 Caxangá 62 Jorge Ben Conversando no bar 52 Credo 67 Agora ninguém chora mais 16 Fé cega, faca amolada 82 Bicho do mato 41 Maria Maria 75 Mas que nada 16 Menino 77 Zazueira 39 Morro velho 62 Nada será como antes 42 O que foi feito devera (de Vera) 80 Roberto & Erasmo Carlos Ponta de areia 52 San Vicente 91 Amante à moda antiga 85 Travessia 52 As curvas da estrada de Santos 40 Vera Cruz 36 Jesus Cristo 91 Mundo deserto 45 Se você pensa 38 Lupicínio Rodrigues 98 Cadeira vazia 56 Maria Rosa 53 Paulo César Pinheiro Aviso aos navegantes 44 Roberto Menescal Bolero de satã 71 & Ronaldo Bôscoli Cai dentro 69 Cão sem dono 65 A volta 37 Eu, heim, Rosa! 71 Carta ao mar 33 Falei e disse 44 O barquinho 36 Marcos & Paulo Sérgio Valle Lapinha 31 Telefone 17 Samba do perdão 31 Black is beautiful 44 Velho arvoredo 86 Deixa o mundo e o sol entrar 69 Vou deitar e rolar 41 Preciso aprender a ser só 13 Sonho de Maria 27 Terra de ninguém 13 Ruy Guerra Aleluia 21 Renato Teixeira Esse mundo é meu 19 Jogo de roda 22 Romaria 63 Minha 38 Sentimental eu fico 63 Por um amor maior 20 Reza 14 Último canto 21
  • 101.
    Torquato Neto Louvação 24 Prá dizer adeus 25 Veleiro 27 Sueli Costa 20 anos blue 46 Altos e baixos 71 Cão sem dono 65 O primeiro jornal 76 Tunai Agora tá 76 As aparências enganam 71 Tom Jobim 99 Águas de março 48 Amor em paz 16 Bonita 68 Boto 65 Walter Santos & Tereza Souza Brigas nunca mais 55 Vinícius de Moraes Cruz de cinza, cruz de sal 30 Chovendo na roseira 56 Corcovado 54 Vem balançar 15 A corujinha 81 Dindi 89 Amor em paz 16 Discussão 15 Arrastão 13 Estrada do sol 45 Bocochê 16 Fotografia 56 Brigas nunca mais 55 Frevo 41 Canção do amanhecer 19 Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82 Canto de Ossanha 23 How insensitive (Insensatez) 38 Canto triste 22 Inútil paisagem 55 Consolação/Berimbau/Tem dó 21 Modinha 54 Deixa 35 O que tinha de ser 55 Formosa 15 Pois é 54 Zé Rodrix Frevo 41 Por toda minha vida 55 Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82 Retrato em branco e preto 55 Caso no campo 43 How insensitive (Insensatez) 38 Sabiá 78 Olhos abertos 47 Marcha de quarta-feira de cinzas 30 Samba do avião 15 Modinha 54 Só tinha de ser com você 54 O que tinha de ser 55 Soneto de separação 56 Por toda minha vida 55 Tributo a Tom Jobim 32 Samba da benção (Samba saravah) 31 Tristeza 54 Soneto de separação 56 Wave 37 Té o sol raiar 19 Tereza sabe sambar 28 Valsa de Eurídice 83 Zambi 18
  • 102.
    “ gora obraço não é mais o braço erguido num grito de gol. A Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim... Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas. Um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida. Agora retiram de mim a cobertura da carne. Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos. E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho... Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela... Agora eu sou uma estrela!”