Janeiro 2005.qxp       12/1/2005      16:52    Page 3




                                                           EDITORIAL                                                    4
                                                               Caridade na Casa Espírita
     Revista de Espiritismo Cristão                        PRESENÇA DE CHICO XAVIER                                     16
       Ano 123 / Janeiro, 2005 / No 2.110                      Oração diante do Tempo – Irmão X
                                                           ENTREVISTA: LEO GAUDET                                       17
                                                               Como surgiu o Movimento Espírita em Quebec, Canadá
                                                           ESFLORANDO O EVANGELHO                                       21
                                                               Inverno – Emmanuel
                                                           PÁGINAS DA REVUE SPIRITE                                     29
                                                               O Espiritismo no Brasil – Extrato do Diário da Bahia –
                                                               Allan Kardec
                  Fundada em                               A FEB E O ESPERANTO                                          30
              21 de janeiro de 1883
         Fundador: Augusto Elias da Silva                      Departamento de Esperanto da FEB – Affonso Soares
                 ISSN 1413-1749                                Homenagem a um pioneiro                                  31
           Propriedade e orientação da
                                                           FEB – CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL                           33
           Federação Espírita Brasileira
                Direção e Redação
                                                               CFN realiza a Reunião Ordinária de 2004
     Av. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)
             70830-030 – Brasília (DF)
                                                           SEARA ESPÍRITA                                               42
     Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

    Home page: http://www.febnet.org.br                    Solidariedade – Juvanir Borges de Souza                       5
    E-mail: feb@febrasil.org.br
             webmaster@febnet.org.br                       Acidente na estrada – Carlos Abranches                        8
                                                           Prosseguimento na luta – Bezerra de Menezes                  10
Para o Brasil
Assinatura anual                              R$ 30,00     O Espírito do Bem – Paulo Nunes Batista                      11
Número avulso                                 R$ 4,00
Para o Exterior                                            Fatos que nos lançam no rumo da tese reencarnacionista –     12
Assinatura anual
Simples                                     US$ 35,00           Jorge Hessen
Aérea                                       US$ 45,00
                                                           Um ano maravilhoso – Richard Simonetti                       15
Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-
tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso Borges          Spartaco Ghilardi                                            18
Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,
Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira São
                                                           Mensagem – Sylvino Canuto Abreu                              19
Thiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;       Quem é Jesus? – Ruy Gibim                                    20
Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:
Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDP               Compromisso com a Paz Global – Organização das               22
do Departamento de Polícia Federal do Ministério da
Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.         Nações Unidas
                                                           Repensando Kardec – Da Lei de Reprodução –                   24
          Departamento Editorial e Gráfico
                Rua Souza Valente, 17                         Inaldo Lacerda Lima
      20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Brasil
     Tel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298
                                                           A chave do reino dos céus – Paulo Roberto Viola              26
    E-mail: redacao.reformador@febrasil.org.br             FEB/CFN – Comissões Regionais – Calendário                   28
   E-mail: assinaturas.reformador@febrasil.org.br
                                                               das Reuniões Ordinárias de 2005
Capa: Alessandro Figueredo
                                                           O livre exercício da mediunidade – Mauro Paiva Fonseca       32
Tema da Capa: Comemorando a chegada de um                  Presença de Raul e Divaldo em Brasília                       37
Novo Ano, o tema SOLIDARIEDADE é mensagem
de Esperança e Paz aos nossos leitores.                    William Crookes – Marco Túlio Laucas                         38
Janeiro 2005.qxp   12/1/2005   16:52   Page 4




             Editorial
         Caridade na Casa Espírita
               bem conhecida a orientação que os Espíritos Superiores oferecem, através da Doutrina Espíri-

         É     ta, com relação ao que nos cabe fazer diante da permanente necessidade de solucionar nossos
               problemas, aprimorando-nos e aprimorando o mundo em que vivemos: “Fora da caridade não
         há salvação.” Para não deixar dúvidas quanto ao que nos queriam dizer, explicaram qual o verdadei-
         ro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus: “Benevolência para com todos, indulgência
         para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (Questão 886 de O Livro dos Espíritos.)
             A despeito da abrangência com que nos é colocada, a prática da caridade tem sido interpretada,
         normalmente, como atividade a ser desenvolvida junto a pessoas fora dos nossos círculos de ativida-
         de, necessitadas de recursos, principalmente materiais.
             Nos próprios núcleos espíritas, todavia, à medida que as tarefas aumentam e os desafios se des-
         dobram, sente-se, cada vez mais, o imperativo da prática da caridade interior, aquela que é exercida
         entre os companheiros de trabalho doutrinário.
             Com ela, exercitando a benevolência, aumentamos a nossa capacidade de ajudar nosso irmão
         mais próximo, procurando conhecer e compreender as suas necessidades, atenuando-as e prevenin-
         do-as tanto quanto possível. Com ela, ainda, exercitando a indulgência, reconhecemos o colabora-
         dor da seara espírita, com as imperfeições que também nos caracterizam, esperando a nossa com-
         preensão pacificadora. Com ela, finalmente, exercitando o perdão, aprendemos a importância do
         aguilhão, sempre presente em nossa vida, a convocar-nos para a prática do amor incondicional, úni-
         co que nos permite ascender a níveis mais altos de vivência moral.
             Será sempre através da prática da caridade no seio das nossas Casas Espíritas que teremos condi-
         ções de estabelecer e fortalecer a união entre os seus colaboradores, indispensável à execução do tra-
         balho que nos dignifica.
             Se pretendemos, realmente, a realização correta da nobre tarefa que assumimos diante da
         Providência Divina, de promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita – visando à
         construção de um mundo novo, com a formação de melhores homens –, cabe-nos vivenciar a cari-
         dade entre nós, lembrando-nos de que fora da união não há solução.

               2                                                                             Reformador/Janeiro 2005
         4
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 5




       Solidariedade
                                                                                                         Juvanir Borges de Souza


                                                  mesmo reconhecendo que ainda                  Por isso, os mais atrasados na
                                                  não temos condições de conhecê-lO        marcha evolutiva são auxiliados pe-
                                                  na sua plenitude e na sua natureza       los mais adiantados. Qualquer que
             ela concepção de Deus, a cau-        íntima, já podemos sentir a grande-      seja a posição ocupada pelo ser, há

       P     sa primária de tudo o que
             existe, inteligência suprema,
       tal como a Doutrina dos Espíritos
                                                  za e a beleza de suas leis, sempre
                                                  justas, a reger tudo o que Ele criou
                                                  e cria, em todo o infinito do Uni-
                                                                                           sempre um dever de solidariedade
                                                                                           de sua parte para com seus seme-
                                                                                           lhantes mais necessitados.
       apresenta o Criador dos Universos,         verso.                                        Essa regra divina explica o fato
       podemos perceber que os Espíritos                Com essas noções essenciais re-    de todos os povos, todas as raças
       Reveladores procuraram evitar uma          veladas pelos Espíritos a serviço do     humanas, em todas as épocas, te-
       definição limitativa do que é infini-      Cristo de Deus, retificam-se muitas      rem recebido emissários enviados
       to, em todos os seus atributos.            idéias geradas por crenças, religiões,   pelo Governo do Orbe Terrestre,
            “A inferioridade das faculdades       filosofias e superstições decorrentes    para proporcionar-lhes melhor en-
       do homem não lhe permite com-              da multiplicidade dos deuses antro-      tendimento da Vida, seja no terre-
       preender a natureza íntima de              pomorfos de todo o passado da            no religioso, no campo científico
       Deus”, observa o Codificador da            Humanidade.                              ou na organização social.
       Doutrina, em nota à questão 11 de                A idéia correta de Deus, oriun-         Explica também a vinda do
       O Livro dos Espíritos, mas “pode-          da dos ensinos de Jesus, o Cristo,       Cristo a esta Esfera que habitamos,
       mos [os homens] formar idéia de            ampliada e explicada pelo Consola-       embora soubesse Ele que não seria
       algumas de suas perfeições” (ques-         dor por Ele prometido e enviado,         entendido imediatamente pela gran-
       tão 12).                                   demonstra que toda a raça humana         de maioria daqueles a quem se diri-
            Esclareceram, ainda, os Instru-       é filha do mesmo Pai e que existe        gia.
       tores Espirituais, que há questões         naturalmente um laço de solidarie-            Apesar de saber como seria tra-
       que estão muito acima da capacida-         dade entre todos os seres, oriundos      tado, em razão da incompreensão,
       de de entendimento do homem,               da mesma fonte criadora.                 do atraso e da ignorância dos ho-
       por mais inteligente que seja.                   Essa solidariedade decorre das     mens, nem por isso deixou de ofe-
            Na fase evolutiva em que se en-       leis divinas e funciona independen-      recer-lhes novos conhecimentos,
       contram os habitantes deste plane-         temente da liberdade individual, do      exemplos marcantes de amor, na
       ta, bastante superior às de períodos       atraso decorrente dos desvios de ca-     sua expressão mais sublime de per-
       milenares anteriores, foi possível à       da um e da incompreensão que             dão, de sacrifício e de renúncia.
       Espiritualidade Superior revelar leis      atinge grandes contingentes de Es-            A solidariedade é uma forma
       divinas que regem toda a Criação,          píritos, movidos por crenças e filo-     de expressão do amor, lei universal
       embora tenha advertido claramen-           sofias em desacordo com a realida-       do Criador que abrange toda a Cria-
       te que o Criador, na sua infinita sa-      de e com a Verdade.                      ção.
       bedoria, não permite que ao ho-                  Em outras palavras, a solidarie-        Revelações sucessivas, inspira-
       mem, por suas naturais limitações,         dade é uma conseqüência das pró-         ções superiores no campo das ciên-
       seja tudo revelado neste mundo.            prias leis divinas, ou naturais, esta-   cias e das artes, intuições comuns
            Relembrando essas noções bá-          belecidas para todos os Espíritos,       recebidas pelas criaturas, sem mes-
       sicas da Doutrina Espírita a respei-       em qualquer grau evolutivo em que        mo saberem da sua procedência,
       to do Deus de nossos corações,             se encontrem.                            são formas de auxílio superior em

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                      3       5
Janeiro 2005.qxp    12/1/2005   16:52   Page 6




       favor dos que habitam a Terra. Não        corrigir os desvios, despertar os             Todos os Espíritos foram cria-
       deixam de ser formas de socorro, de       adormecidos e enganados em seus         dos simples e ignorantes. A evolu-
       amor, de solidariedade, de frater-        objetivos, relembrando a todos a        ção de cada um depende dos esfor-
       nidade.                                   sua natureza espiritual de seres        ços, da dedicação, do trabalho, da
             O Consolador prometido por          imortais, que precisam continuar        aplicação de seus dons de inteligên-
       Jesus e por Ele enviado é uma for-        suas jornadas para além da morte        cia e de sentimentos em relação aos
       ma de Amor de Deus a suas criatu-         do corpo perecível.                     outros seres com os quais convive
       ras, justamente na época e na hora             A par desses objetivos, ela cum-   ou mantém relacionamento.
       tão difícil atravessada pela Huma-        pre a promessa do Cristo de deixar            A Lei de Justiça, Amor e Cari-
       nidade, no “século das luzes” e do        com os homens, para sempre, o           dade, que sintetiza todas as leis mo-
       materialismo. Foi e continua a ser        outro Consolador, em complemen-         rais, pressupõe um relacionamento
       pelo tempo futuro uma forma de            tação ao anterior – o Cristo e sua      permanente do ser com seu Criador
       solidariedade do Superior ao infe-        Mensagem.                               e com as outras criaturas. Ninguém
       rior, num momento de influências                                                  pode viver inteiramente isolado dos
       negativas, materialistas, niilistas,                                              outros seres.
       que precisavam ser contestadas. Co-         A Revelação Espírita                        Nessa circunstância da vida de
       mo os homens não demonstraram                                                     relação, podemos perceber a fatali-
       ter capacidade para oposição ao             é um despertamento                    dade e a necessidade da solidarieda-
       materialismo triunfante, o Mundo                                                  de entre os seres.
       Espiritual Superior apresentou os           permanente para as                          Na ordem material, intelectual
       esclarecimentos indispensáveis para                                               e moral, tudo o que o ser faz, diz ou
       a elucidação, tão necessária, sob a          almas adormecidas                    pensa tem repercussão nos outros
       forma de uma Nova Revelação.                                                      seres.
             Cada revelação vinda de Cima                                                      Daí a regra áurea ensinada por
       é continuação de outras anteriores.            Esse Consolador estará relem-      Jesus e que se encontra como nor-
             O Espiritismo, a Doutrina dos       brando ao homem, em caráter per-        ma moral de diversas filosofias e re-
       Espíritos, é não só a continuação da      manente, o seu destino de criatura      ligiões antigas:
       Doutrina do Cristo, mas também o          imortal, desenvolvendo-lhe seus re-           “Fazes ao teu próximo o que
       outro Consolador prometido por            cursos e aptidões latentes para tor-    quererias que ele te fizesse.”
       Ele, que sabia das necessidades fu-       nar-se melhor, mais feliz e mais so-          Não há regra mais justa e de
       turas de uma Humanidade carente           lidário com seus semelhantes.           mais fácil entendimento, mesmo
       de reajustamentos em seus conheci-             A Revelação Espírita é um des-     para criaturas iniciantes no conhe-
       mentos e sentimentos.                     pertamento permanente para as           cimento e na moralidade, já que
             Grande parte dos Espíritos en-      almas adormecidas iniciarem ou rei-     parte do desejo natural do bem pa-
       carnados na Terra, esquecidos ou          niciarem sua marcha evolutiva, ex-      ra si próprio, aplicado aos outros.
       ignorantes de seu destino e de sua        plicando que têm um passado que
       condição de seres em evolução,            vai muito além do renascimento na                        ...
       deixaram-se influenciar por diver-        vida atual, ligada a um corpo, e que
       sas formas de materialismo, profun-       o futuro que as espera não é um céu          O sentimento da solidariedade
       damente prejudiciais ao seu pro-          ou um inferno criados pela ignorân-     é sempre mais evidente quanto
       gresso.                                   cia dos homens, mas um desdo-           mais evoluído é o ser.
             As religiões tradicionais e as      bramento, uma conseqüência dos               O exemplo maior de solidarie-
       ciências influenciadas pelo materia-      pensamentos e dos atos gerados e        dade é o Amor de Deus para com
       lismo não tinham condições de se          praticados no presente e no passado.    todas as suas criaturas, por meno-
       opor aos desvios humanos em sua                Mas o Espírito, encarnado ou       res que sejam, ou por estarem no
       marcha ascendente.                        livre, não pode isolar-se do meio       início da evolução a que são desti-
             A Nova Revelação veio, assim,       em que vive.                            nadas.

         6      4                                                                                         Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 7




            Por isso, na Revelação Espírita,      deiramente sacrificiais, com o obje-     prevalecem o erro e as paixões, a
       torna-se inadmissível, por injusta e       tivo de auxílio direto a seus entes      maldade e a insensibilidade, se não
       incompatível com a Justiça e a Bon-        amados.                                  houvesse a solidariedade e o amor
       dade de Deus, a idéia de um infer-              A reencarnação de missionários      dos que estão à frente, com o dese-
       no eterno de sofrimentos para as           com tarefas definidas, objetivando       jo de auxiliá-los e mostrar-lhes o ca-
       criaturas que infringem as leis di-        o esclarecimento, ou o avanço de         minho do bem?
       vinas.                                     um povo, seja no campo dos co-                Espíritos que já compreende-
            Concepções antiqüíssimas de           nhecimentos científicos, seja no do      ram o alto sentido da solidariedade,
       homens muito atrasados e interpre-         aperfeiçoamento dos sentimentos,         que já sentem a importância do
       tações equivocadas das escrituras re-      ou da ordem social, não são magní-       amor e a prática da caridade, envol-
       ligiosas, mesmo nas denominadas            ficos exemplos de solidariedade?         vem em seus sentimentos seus com-
       Igrejas cristãs, são responsáveis por                                               panheiros mais atrasados na jorna-
       esse erro terrível, que a Doutrina                                                  da evolutiva.
       dos Espíritos procura retificar, den-            A solidariedade                         Mesmo em nossa Esfera carnal,
       tro da lógica, da razão e da sabedo-                                                mundo de expiações e provas, a
       ria dos ensinos da Espiritualidade                 é o oposto do                    sensibilidade, por eles desenvolvida,
       Superior.                                                                           estende-se à Natureza que os envol-
            Nenhum Espírito se perde em                      egoísmo,                      ve e por isso passam a admirar o fir-
       condenação eterna de seu Criador.                                                   mamento, com os astros visíveis à
       A Justiça de Deus tem muitas for-                      o grande                     noite, a beleza plácida dos mares,
       mas de retificar os erros de suas                                                   dos rios e lagos, o reino vegetal na
       criaturas, por mais rebeldes que se-               característico                   variedade das espécies e das flores
       jam, sem necessidade de recorrer a                                                  multicoloridas, os animais com seus
       contradições com seu Amor e Bon-                      dos seres                     instintos.
       dade.                                                                                    Descobrem, então, que a soli-
            Quanto mais elevado na escala                   imperfeitos                    dariedade é, na Criação Divina,
       evolutiva, mais solidário é o Espíri-                                               muito mais vasta do que parece,
       to para com aqueles que amou, os                                                    não se limitando aos seres racionais,
       que partilharam suas alegrias e tris-           Sem dúvida, são vibrações de        mas está presente em todos os rei-
       tezas e ficaram para trás em reencar-      amor solidário de criaturas que já       nos da Natureza.
       nações terrestres.                         alcançaram posições superiores, por           Dentro dessa comunhão soli-
            A evolução espiritual não apa-        seus próprios esforços, que se pro-      dária, compreendendo os seres ra-
       ga os laços de amor, amizade e soli-       pagam em mundos materiais como           cionais e os outros reinos da Natu-
       dariedade para com aqueles que se          o nosso, graças à ação sacrificial ca-   reza, o Espírito liberto das inferio-
       atrasaram na carreira evolutiva.           paz de renovar a fé, a esperança, a      ridades já ultrapassadas, e movido
            Sem desobediência aos precei-         vontade de melhorar, naqueles que        pela compreensão da grandeza e do
       tos das leis divinas, Espíritos radio-     estão na retaguarda.                     poder do Criador de todas as coisas,
       sos, bem mais adiantados que os                 Na verdade, na vida coletiva,       impele naturalmente seu pensa-
       encarnados na Terra, compadecem-           progridem, espiritualmente, aque-        mento, impregnado de sentimentos
       -se de seus irmãos retardatários,          les que trabalham e se esforçam pa-      de gratidão e de reconhecimento,
       inspirando-os no bem, sem ferir-           ra servir aos outros e não somente a     ao Deus de nossos corações.
       -lhes a liberdade de decisão.              si próprios, egoisticamente.                  É o sentido da prece em louvor
            Há, na literatura espírita, rela-          A solidariedade é o oposto do       ao Deus de Amor e Justiça, toda
       tos do interesse e da solidariedade        egoísmo, o grande característico dos     sentimento, que independe de pa-
       de seres bem adiantados, em relação        seres imperfeitos.                       lavras, de fórmulas decoradas e de
       aos que ficaram para trás, que se               Que seria dos Espíritos retarda-    recitativos, usuais nas religiões for-
       submeteram a reencarnações verda-          dos, inferiores, das Esferas em que      malistas.                           >

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                       5       7
Janeiro 2005.qxp    12/1/2005   16:52   Page 8




                                                 Acidente na estrada
            Pedido, louvor ou agradeci-
       mento, a prece verdadeira resulta
       do convencimento sincero do ser de
       que é um elo da corrente de dimen-
       sões infinitas da Criação. Não im-                                                                      Carlos Abranches
       porta que esse elo seja pequenino.
       Ligado à grande corrente, sente os
       efeitos da solidariedade dos seres                                                    Pela estimativa do órgão, ocor-
       oriundos da mesma Causa.                                                         rem por dia 723 acidentes nas ro-
            Esse pensamento, impregna-                                                  dovias pavimentadas, morrendo no
       do de sentimentos elevados de res-                                               local 36 pessoas; 418 pessoas ficam
       peito e de admiração à Inteligên-                                                feridas, sendo que destas 30 irão fa-
       cia e ao Poder Supremo, é a mais                pesar de o Ministério da Saú-    lecer nos hospitais.
       alta expressão da fé e da esperan-
       ça já encontradas pelo ser no ca-
       minho ascensional para a felici-
                                                 A     de divulgar 32 mil mortes por
                                                       ano decorrentes de acidentes
                                                 de trânsito no Brasil, o SOS Estra-
                                                                                                         ...
                                                                                             A abordagem do assunto nesta
       dade.                                     das, programa de redução de aci-       página espírita pretende levar a
            Alcançado esse estado de soli-       dentes, estima que pelo menos 42       questão para um ângulo diferencia-
       dariedade e de compreensão, o             mil pessoas morrem no trânsito         do do problema. Como fica o lado
       egoísmo e o orgulho, as grandes           brasileiro todos os anos.              espiritual das vítimas de um aciden-
       chagas que prevalecem nas Esfe-                O SOS é um programa elabo-        te de trânsito? Qual é o peso de
       ras inferiores, estarão dominados e       rado pelo site www.estradas.com.br,    uma desencarnação nessas condi-
       ultrapassados pelos seres que já          maior portal de rodovias do Brasil.    ções para o quadro cármico das ví-
       descobriram um novo sentido da            De acordo com a pesquisa “Morte        timas? Em que tipo de processo o
       Vida.                                     no Trânsito – Tragédia Rodoviária”,    causador do acidente se enquadra,
            Todos os Espíritos imperfeitos       divulgada em maio de 2004, o nú-       perante a lei natural?
       que habitamos este mundo áspe-            mero de vítimas é equivalente ao de         Refiro-me a esse fato depois de
       ro e que, às vezes, nos chocamos          mortos em acidentes de trânsito        acompanhar de perto um brutal
       com acontecimentos profundamen-           nos Estados Unidos, país com 293       acidente próximo de São José dos
       te tristes – guerras, conflitos, se-      milhões de habitantes e frota de au-   Campos (SP), ocorrido no dia 13
       qüestros, crimes, miséria, decadên-       tomóveis dez vezes maior que a         de julho de 2004. Ele aconteceu na
       cia moral e corrupção – precisamos        brasileira.                            rodovia dos Tamoios, que dá aces-
       meditar profundamente na necessi-              Dos acidentes com morte no        so ao litoral norte do Estado de São
       dade de reverter esses quadros ter-       local ou durante o transporte para     Paulo, envolvendo dois carros: uma
       ríveis.                                   o hospital, 69% dos óbitos ocorrem     caminhonete com 4 pessoas – o pai
            A orientação para tanto já se        decorrentes de acidentes nas estra-    e três filhos –, e um Monza com 6
       encontra no mundo, há muito, e se         das. Pelo menos 11 mil feridos de      viajantes dentro.
       expressa na Mensagem do Cristo,           acidentes rodoviários morrem nos            Os seis ocupantes do Monza
       resumida na necessidade de amar a         hospitais.                             morreram e os quatro da picape fi-
       Deus e aos nossos semelhantes, e               Segundo projeções feitas pelo     caram gravemente feridos.
       reafirmada pelo Consolador por Ele        SOS Estradas, 24 mil pessoas mor-           Segundo a Polícia Rodoviária
       enviado.                                  rem em decorrência de acidentes        Estadual, o motorista da D-20 te-
            A solidariedade, na Terra, re-       nas estradas, o que representa 57%     ria perdido o controle do veículo e
       sulta da compreensão dessa Mensa-         do total de 42 mil vítimas fa-         colidido frontalmente com o Mon-
       gem e da sua prática, pela sua vi-        tais em acidentes de trânsito em       za.
       vência pela maioria dos habitantes        áreas urbana e rodoviária em todo
       deste planeta.                            o País.                                                 ...

         8      6                                                                                        Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp      12/1/2005       16:52     Page 9




            Fechando os olhos objetivos do               tudo é mobilizado para garantir ao       cesso de velocidade, a irresponsa-
       fato em si, para abrir a percepção                acidentado as melhores condições         bilidade na condução de um carro
       da realidade espiritual que envolve               de recuperação imediata, em busca        provocam revolta, sobretudo se o
       ocorrências como essa, é possível                 da preservação do equilíbrio emo-        causador da tragédia sobrevive ao
       vislumbrar o cenário da tragédia,                 cional.                                  impacto.
       tomando como que de surpresa to-                       O que fica para analisar-se de-          O que se depreende disso tu-
       dos os envolvidos.                                pois são as causas cármicas de todo      do, considerando-se a excelência
            Ali estão os viajantes, que nem              o processo. O que via de regra leva      dos fundamentos evangélicos da vi-
       de longe se permitem ao menos                     um grupo de pessoas a morrer em          são espírita do fato, é que se o “es-
       imaginar a possibilidade de um                    um mesmo acidente são compro-            cândalo” for necessário, ele será o
       acidente no percurso. Na pista                    missos semelhantes em atos pregres-      elemento aferidor do resgate. Alívio
       contrária, igualmente vem um mo-                  sos, que desencadearam nos envol-        para quem sofre o processo, desafio
       torista, ou uma família, concentra-               vidos os mesmos processos de             para quem o desencadeia. O desa-
       da apenas em completar bem a                      resgate para o futuro.                   tento, o invigilante, aquele que pro-
       viagem.                                                                                    vocou o acidente acaba assumindo
            De repente, sob circunstâncias                                                        responsabilidades perante a mesma
       inesperadas, a derrapagem, o estou-                     Quando se quita                    Lei que legitimou o retorno dos ou-
       ro de um pneu, a quebra de uma                                                             tros a padrões de maior equilíbrio
       peça do veículo. O barulho da pan-                     a conta negativa,                   interior.
       cada e a dor dos gemidos...                                                                                 ...
            Enquanto pessoas que passam                       ganha-se crédito
       ajudam nos primeiros socorros às                                                                Resta ao espírita consciente
       vítimas, o lado espiritual também                       de alívio diante                   agir de forma serena e amorosa
       atua imediatamente, acionando                                                              nesse momento. Ao presenciar dra-
       equipes de plantão responsáveis pe-                             da Lei                     mas como o de um acidente, não
       lo trecho da pista em que o aciden-                                                        apenas propiciar apoio ao que se
       te ocorreu.                                                                                exigir de imediato, mas também
            O atendimento começa de ime-                       Naquele momento, na mesma          manter a atenção ao que se passa
       diato, no acompanhamento médi-                    situação, eis que a cena da dívida se    na realidade espiritual, colaboran-
       co-espiritual das vítimas mergulha-               revela, facultando o pagamento co-       do em prece para que o ambiente
       das no tenso ambiente da desencar-                mum do débito espiritual.                na cena da tragédia permaneça o
       nação dramática.                                        Quando se quita a conta nega-      mais ameno possível, a fim de que
            Segundo as referências biblio-               tiva, ganha-se crédito de alívio dian-   os que desencarnam voltem à vida
       gráficas confiáveis em que nos fir-               te da Lei. É de supor-se que, apesar     plena com uma carga mais leve de
       mamos para escrever esta página*,                 da brutalidade do acidente e do          dores.
       a condução dos acidentados é feita                estado lastimável em que ficam os             Sabemos da importância cru-
       dentro de parâmetros semelhantes                  corpos dos acidentados, o Espírito       cial do pensamento reto e elevado,
       aos da Terra. Ambulâncias, macas,                 pode, dependendo de suas condi-          focado na oração. É em vivências
       equipamentos de alta sofisticação,                ções ético-morais, em breve tempo        como essa que ela se faz suave brisa
                                                         recuperar o equilíbrio e adequar-se      em torno do sofredor, dando a ele
       *Manoel Philomeno de Miranda narra uma si-        às novas condições de vida após a        o amparo necessário, vindo de
       tuação parecida no livro Painéis da obsessão.     morte.                                   quem sabe o que significa voltar ao
       Divaldo Franco e Chico Xavier receberam me-             O que dói nas reflexões de         mundo espiritual, sobretudo em
       diunicamente diversas mensagens de pessoas        quem fica são as causas do acidente      circunstância tão dolorosa.
       mortas em acidentes. Essas mensagens, de alta
       consolação para os parentes, estão em diversos    que levou tantos amores para a vi-            Façamos a nossa parte, e cola-
       livros da produção mediúnica dos dois traba-      da do mais além. A possível impru-       boremos com o mundo melhor que
       lhadores espíritas.                               dência do causador da batida, o ex-      tanto queremos...

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                             7       9
Janeiro 2005.qxp      12/1/2005   16:52   Page 10




       Prosseguimento na luta
                 Mensagem do Dr. Bezerra de Menezes na Reunião do CFN de 2004
              Filhos da alma:                   ram através dos impositivos restri-     rosas para enxugar as lágrimas e os
              Que o Senhor nos abençoe!         tivos à liberdade individual e das      suores de todos aqueles que sofrem,
                                                massas.                                 mas sobretudo, para eliminar as
                                                     Não podemos negar que este é       causas do sofrimento, erradicando-
             criatura terrestre destes dias,    o grande momento de transição do        -as por definitivo... E essa tarefa ca-

       A     guindada pela ciência e pela
             tecnologia a patamares eleva-
       dos do conhecimento, ainda estor-
                                                Mundo de Provas e de Expiações
                                                para o Mundo de Regeneração.
                                                     Trava-se em todos os segmen-
                                                                                        be à educação. Criando nas mentes
                                                                                        novas o pensamento perfeitamente
                                                                                        consentâneo com o Evangelho de
       cega nas aflições do seu processo        tos da sociedade, nos mais diferen-     Nosso Senhor Jesus-Cristo, retiran-
       evolutivo.                               ciados níveis do comportamento fí-      do as anfractuosidades teológicas e
            As conquistas relevantes logra-     sico, mental e emocional, a grande      dogmáticas com que o revestiram,
       das até este momento não conse-          batalha.                                produzindo arestas lamentáveis ge-
       guiram equacionar o problema da               O Espiritismo veio para estes      radoras de atritos e de perturbações.
       criatura em si mesma.                    momentos, oferecendo os nobres               Não é possível mais postergar
            Avolumam-se os conflitos en-        instrumentos do amor, da concór-        o momento da iluminação de cons-
       tre as nações apesar do esforço de       dia, do perdão, da compaixão.           ciência. E o sofrimento que decor-
       abnegados missionários na área da             Iluminou o conhecimento ter-       re da abnegação e do sacrifício que
       política e da diplomacia interna-        restre com as diretrizes próprias pa-   nos deve constituir estímulos são
       cionais. Cresce o conflito entre os      ra o encaminhamento seguro na di-       os meios únicos e eficazes para que
       grupos sociais, nada obstante o em-      reção da verdade.                       seja demonstrada a excelência dos
       penho de dedicados seareiros do               Ensejou à filosofia uma visão      paradigmas e dos postulados da
       Bem, tornando-se pontes para o en-       mais equânime e otimista a respei-      Codificação Espírita.
       tendimento entre os grupos liti-         to da vida na Terra.                         As criaturas humanas estão de-
       gantes.                                       Facultou à religião o desalge-     cepcionadas com as propostas feitas
            O espectro da fome vigia as na-     mar das criaturas humanas, arre-        pelo utopismo que governa algu-
       ções tecnológica e economicamen-         bentando os elos rigorosos dos seus     mas mentes desavisadas. Mulheres
       te menos aquinhoadas, ameaçando          dogmas e da sua intolerância, a fim     e homens honestos encontram-se
       de extermínio larga fatia da popu-       de que viceje a fraternidade que de-    sem rumo, cansados de palavras ar-
       lação terrestre, não se considerando     ve viger entre todas criaturas.         dentes e de propostas entusiastas,
       os milhões de indivíduos que, so-             Cabe a todos nós, aos espíritas    mas vazias de conteúdo e de sig-
       brevivendo à calamidade, permane-        encarnados e aos Espíritos-espíritas,   nificação.
       cerão com seqüelas inamovíveis.          a tarefa de ampliar as balizas do            O Espiritismo, meus filhos, é a
            A violência urbana, por todos       Reino de Deus entre as criaturas da     resposta do Céu aos apelos mudos
       conhecida, atinge níveis quase in-       Terra.                                  ou não formulados mentalmente
       suportáveis. E apesar do sacrifício            Divulgar o Espiritismo por to-    sequer, de todas as criaturas ter-
       de legisladores abençoados pelo          dos os meios e modos dignos ao al-      restres.
       Mundo Espiritual Superior, cada          cance, é tarefa prioritária.                 Estais honrados com a bênção
       dia faz-se mais agressiva e hedion-           A dor é colossal neste momen-      do conhecimento libertador. Estais
       da, sem arrolarmos os prejuízos dos      to no mundo terrestre... E o Con-       investidos da tarefa de ressuscitar a
       fatores pretéritos que a desencadea-     solador distende-lhe as mãos gene-      palavra da Boa Nova, amortalhada

                                                                                                          Reformador/Janeiro 2005
         10       8
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 11




       pela indiferença ou sob o utilitaris-    fiando nessa ação, sem temerdes,         e depois da jornada cumprida, para
       mo apressado dos que exploram            sem deterdes o passo e sem retro-        que desempenheis a missão que vos
       as massas inconscientes, conduzin-       cederdes.                                diz respeito hoje e quando a tives-
       do-as para o seu sítio de exploração           Estais acompanhando Jesus          tes em épocas transatas e falhastes...
       e de ignorância.                         que, à frente, continua dizendo:              Já não há tempo para enganos.
            Vós recebestes o chamado do         “Vinde pois a mim, vós todos que         A decisão tomada precede a ação da
       Senhor para preparar a terra, a fim      estais cansados e aflitos, conduzin-     vitória, e com o amor no sentimen-
       de que a ensementação da verdade         do o vosso fardo e sob as vossas afli-   to, o conhecimento na mente, tereis
       faça-se de imediato.                     ções, comigo esse fardo é leve e es-     a sabedoria de permanecer fiéis ate
            Unidos, amando-vos uns aos          sas aflições são consoladas, porque      o fim
       outros, mesmo quando discrepan-          eu vos ofereço a vida plena de paz e          Que o Senhor de Bênçãos vos
       do em determinadas colocações de         de felicidade.”                          abençoe, amados filhos da alma.
       como fazer ou quando realizar, le-            Avancemos pois, filhos da al-            São os votos dos vossos amigos
       vai adiante o propósito de servir ao     ma!                                      espirituais que aqui estão convosco
       Mestre antes que o interesse de ca-           Corações em festa, embora as        e do servidor humílimo e paternal
       da qual servir-se a si mesmo             lágrimas nos olhos; passo firme,         de sempre,
            Já não há tempo para adiarmos       inobstante os joelhos desconjunta-                                         Bezerra
       a proposta de renovação do planeta.      dos, Espírito erecto, não obstante o
            Conhecemos as vossas dificulda-     peso das necessidades.                   (Mensagem psicofônica recebida pelo mé-
                                                                                         dium Divaldo Pereira Franco, no encerra-
       des pessoais, sabemos das vossas lutas        O Senhor, que nos ama, é nos-       mento da Reunião do Conselho Federati-
       íntimas e identificamos os desafios      sa força e garantia de êxito.            vo Nacional, em 21 de novembro de
       que se vos apresentam amiúde, tes-            Nunca vos faltarão os recursos      2004, na Federação Espírita Brasileira, em
       tando-vos as resistências morais.        próprios, que vindes recebendo e         Brasília, DF.)
            Não desfaleçais! Os homens e        que recebereis até o momento final       Nota: Texto revisado pelo Autor espiritual.
       as mulheres, a serviço do bem com
       Jesus, são as suas cartas vivas à Hu-
       manidade, a fim de que todas as             O Espírito do Bem
       criaturas leiam nas suas condutas o                                                     Paulo Nunes Batista
       conteúdo restaurado do Evangelho,
       as colocações seguras dos Imortais e                  O Espírito que é bom, por onde passa
       catalogadas pelo insigne mensagei-                    espalha o Bem, perfuma, dulcifica
       ro Allan Kardec.                                      e deita no ar um jeito assim da Graça
            Uma nova mentalidade, uma                        de Deus, que a alma que é boa faz mais rica.
       mentalidade nova vem surgindo
       nos arraiais do Movimento Espíri-                             O Espírito do Bem seu rumo traça
       ta. Cada lutador compreende a ne-                             e a toda alma que é boa santifica,
       cessidade de mais integrar-se na ati-                         porque é o Bem a pérola sem jaça
       vidade doutrinária, a fim de que,                             que ao ser humano em luzes plenifica.
       com mais rapidez se processe a Era
       de Renovação Social e Moral pre-                      O Espírito do Amor ama e perdoa
       conizada pelo preclaro mestre de                      e ao próprio Mal, benigno, abençoa,
       Lyon.                                                 e o transforma nas pétalas do Bem.
            Não vos faltam os instrumen-
       tos próprios para o êxito, a fim de                           O Espírito da Paz a paz semeia
       que areis as terras do coração hu-                            e – como é Luz – as dúvidas clareia
       mano, para que desbraveis as pro-                             aqui e noutros mundos que há no além...
       víncias das almas terrestres, por-

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                         9       11
Janeiro 2005.qxp       12/1/2005     16:52     Page 12




       Fatos que nos lançam no rumo
       da tese reencarnacionista
                                                                                                                              Jorge Hessen


            le poderia ser um pré-adoles-              Beatriz. Goethe sabia escrever em         de dois dos programas de maior au-

       E    cente comum se já não estives-
            se prestes a cursar um douto-
       rado em Matemática em Oxford. É
                                                       diversas línguas antes da idade de
                                                       10 anos. Victor Hugo, o gênio
                                                       maior da França, escreveu Irtamen-
                                                                                                 diência nos Estados Unidos.“Nun-
                                                                                                 ca vi um caso como esse em 40 anos
                                                                                                 de profissão”, disse, recentemente à
       um norte-americano de 13 anos de                te com 15 anos de idade. Pascal, aos      ABC News, Linda Silverman, dire-
       idade e sua precocidade surpreen-               2 anos, sem livros e sem mestres,         tora do Centro de Desenvolvimen-
       de. Aos 14 meses Gregory Robert                 demonstrou em Geometria até a             to de Superdotados, de Denver, no
       Smith resolvia problemas simples                32a proposição de Euclides; aos 16        Colorado.3 O próximo alvo acadê-
       da sua matéria preferida, aos 10                anos, escreveu um tratado de “se-         mico de Greg é o doutorado em
       anos começava a graduação pela                  ções cônicas” e logo adiante escre-       Matemática, Biomedicina, Enge-
       Randolph-Macon College, em Wa-                  veu obras de Física e de Matemáti-        nharia Espacial e Ciência Política.
       shington. É presidente de uma fun-              ca. Miguel Ângelo, com a idade de         Para o futuro, duas pretensões: pri-
       dação, a Youth Advocates, dedicada à            8 anos, foi dispensado pelo seu pro-      meiro, fazer carreira na diplomacia
       defesa de jovens carentes; já esteve            fessor de escultura porque este já        internacional e, depois, sentar na
       com Bill Clinton, Michail Gorba-                nada mais tinha a ensinar-lhe. Al-        cadeira que hoje é de George W.
       chev e a Rainha Noor, da Jordânia,              lan Kardec, examinando a questão,         Bush. “Na presidência, poderei tra-
       discutindo o futuro da Humanida-                perguntou aos Benfeitores como            balhar muito pelo meu país e pelos
       de; e foi indicado para o Nobel da              entender este fenômeno e estes res-       pobres de todo o mundo”, ele ante-
       Paz de 2002.1                                   ponderam: “Lembrança do passado;          cipa.4
            Gregory tem Q.I. muito acima               progresso anterior da alma (...).” 2           “Nos testes de inteligência, os
       de 200 e pertence a uma classe de                    Gregory começou a falar com          gênios precoces costumam estar anos
       superdotados que representam ape-               apenas 2 meses de idade. Quando           à frente dos colegas de classe”, diz
       nas 0,1% da população mundial.                  completou 1 ano, já resolvia proble-      Zélia Ramozzi Chiarottino, 46
       Da estirpe dele, lembramos Ama-                 mas de álgebra e memorizava o             anos, do Instituto de Psicologia da
       deus Mozart, que tocava piano aos               conteúdo de livros volumosos – ti-        Universidade de São Paulo. Ela
       2 anos, falava três idiomas (alemão,            nha na cabeça a coleção inteira de        aponta o adolescente Fábio Dias
       francês e latim) aos 3 anos, tocava             Júlio Verne. Aos 5, terminou o co-        Moreira como exemplo. Aos 14
       violino aos 4, compunha minuetos                legial e era capaz de dissecar tudo       anos, ele conquistou 11 medalhas
       aos 5 anos e escreveu sua primeira              sobre a Terra, de sua pré-história        de ouro em olimpíadas de Matemá-
       ópera aos 14. John Stuart Mill                  aos dias atuais. Virou estrela: capa      tica, quatro delas em disputas in-
       aprendeu o alfabeto grego aos 3                 do The Times Magazine, manchete           ternacionais. Aluno da segunda sé-
       anos de idade. Dante Alighieri de-              do New York Times e do Washington
       dicou aos 9 anos um soneto a                    Post. Foi sabatinado por David Let-       3
                                                                                                  Entrevista à Revista Magazine. Por João Ma-
                                                       terman e Oprah Winfrey, anfitriões        galhães. Disponível em< http://www.vegeta-
                                                                                                 rianismo.com.br/artigos-revistas/genio.html
       1                                               2                                         Acesso em 10/6/2004.
        Revista Veja, edição 1800, de 30 de abril de     KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,
                                                                                                 4
       2003, p. 63.                                    questão 219, Ed. FEB, RJ, 1987.            Idem.


                  10                                                                                                 Reformador/Janeiro 2005
           12
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005      16:52    Page 13




       rie do curso médio do Colégio PH,             atualmente. Muitas teorias têm am-      necessário porque as temos; se usa-
       da Tijuca, Zona Norte do Rio, o fi-           pliado o conceito de inteligência,      das, permitiriam que processásse-
       lho temporão prefere estudar a ir a           fugindo ao esquema ultrapassado         mos vários trilhões de informações
       festas com colegas e não gosta de             de medição dela pelo Quociente In-      durante nossas vidas. Usamos esti-
       esportes. Sob nenhuma hipótese                telectual, o Q.I., mediante aplicação   madamente menos de 5% dessa ca-
       troca os livros de Matemática por             do Teste de Binet.                      pacidade. A maneira como usamos
       uma pelada com os colegas, mas ga-                 Gênios como Gregory teriam         esse sistema complexo é crucial pa-
       nhou a simpatia da turma, de quem             Q.I. acima de 200, mas o que esse       ra o desenvolvimento da inteligên-
       tira todas as dúvidas de matemáti-            número responderia sobre a origem       cia e personalidade, e da própria
       ca.5                                          desta “anormalidade”? Se há con-        qualidade de vida que experimen-
            A revista ISTOÉ registra ainda           senso entre especialistas sobre a ma-   tamos enquanto crescemos.” 7
       que o excepcional desempenho es-              neira de tratar os superdotados, há          Para alguns pesquisadores, os
       colar, o vocabulário rico e as con-           divergências em relação aos testes      genes são os agentes fisiológicos e da
       versas de “adulto” levaram outro              de inteligência. Um polêmico estu-      conduta; o fenótipo é o resultado da
       superdotado, Pedro Henrique de                do publicado no final da década de      interação do meio com o genótipo.
       Souza Rendt, 8 anos, a uma classe             80 pelo cientista político James        Destarte, os genes determinam os li-
       reservada para gênios-mirins. Na se-          Flynn, da Nova Zelândia, revelou        mites das capacidades ou potenciais
       gunda série, ele quer ser veterinário         que o Quociente de Inteligência         do organismo, de qualquer aprendi-
       quando crescer e adora música clás-           (Q.I.) medido nos testes de avalia-     zagem, e deve ocorrer, necessaria-
       sica. “Prefiro as sinfonias de Bee-           ção aumentou 25 pontos em uma           mente, dentro dos limites dados pe-
       thoven a jogar com os amigos” 6,              geração. A dúvida é se os jovens de     los genótipos, que sofrerão influên-
       confessa o garoto.                            hoje seriam mais inteligentes que       cia do meio, o qual dará a expressão
            Casos de crianças precoces               seus pais ou se os métodos de ava-      final das características.
       sempre despertam a atenção. A Aca-            liação da inteligência precisam ser          Howard Gardner, professor da
       demia de Ciência não possui uma               repensados.                             Universidade de Harvard, nos Esta-
       explicação consistente sobre o tema,               Segundo a Dra. Barbara Clark,      dos Unidos, afiança que não existe
       atribui a uma “miraculosa” predis-            da Universidade da Califórnia,          inteligência absoluta. Gardner ma-
       posição biogenética potencializada            EUA, dois indivíduos com aproxi-        peou várias formas de inteligência e
       por estímulos de ordem externa.               madamente a mesma capacidade            para demonstrar a multivariedade
       Outra enorme dificuldade encon-               genética para desenvolver inteligên-    de expressão intelectual desenvol-
       trada na Academia é a não concor-             cia podem ser considerados poten-       veu a Teoria das Inteligências Múl-
       dância na definição do termo “su-             cialmente superdotados ou retar-        tiplas, que permite compreender
       perdotação”. Alguns pesquisadores             dados educáveis, dependendo do          a manifestação da inteligência hu-
       distinguem superdotado de talento-            ambiente em que interagem; para         mana pelas capacidades verbal-lin-
       so, sendo o primeiro considerado              compreender como alguns indiví-         güística, lógico-matemática, visual
       como aquele indivíduo de alta ca-             duos se tornam superdotados e ou-       espacial, rítmica musical, corporal
       pacidade intelectual, ou acadêmica,           tros não, precisamos familiarizar-      sinestésica, interpessoal, intrapessoal
       e o segundo como possuindo habi-              -nos com a estrutura básica e a fun-    e naturalista dos indivíduos. Outro
       lidades superiores nas áreas das ar-          ção do cérebro humano. Ao nascer,       professor da Universidade de Har-
       tes, música, teatro. O debate sobre           declara Clark, o cérebro humano         vard, Robert Coles, defende a teo-
       o que é realmente a inteligência              tem cerca de 100 a 200 bilhões de       ria da existência do que chamou de
       nunca foi tão promissor como                  células. Cada célula tem seu lugar e    Inteligência Moral, isto é, a capaci-
                                                     está pronta para ser desenvolvida e     dade de refletir sobre o certo e o er-
      5
       Revista ISTOÉ in: “Cérebro Mentes geniais”,   para ser usada e realizar os mais al-   rado.                                >
      seção: CIÊNCIA E TECNOLOGIA, publica-          tos níveis do potencial humano.
      da em 28/3/2002.                               “Apesar de não desenvolvermos mais      7
                                                                                              B. Clark. (1997), Growing Up Gilted. Colum-
      6
       Idem.                                         as células neurais, isso não se faz     bus, OH Merrill/Prentice Hall.


       Reformador/Janeiro 2005                                                                                             11       13
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 14




            O grande embaraço dessas te-        Doutrina Espírita, mas já é um               rios distúrbios congênitos como hi-
       ses é desconsiderar o fato de a inte-    avanço no entendimento integral              drocefalia, síndrome de Down, es-
       ligência ser atributo ou conquista       do indivíduo.                                quizofrenia, cardiopatias graves, au-
       do próprio indivíduo, resultante da           Os fatos nos lançam, inevi-             tismos? Na reencarnação vemos a
       soma de conhecimentos e vivências        tavelmente, no rumo da tese reen-            Justiça Divina corrigindo os tiranos,
       de existências anteriores. Nesse sen-    carnacionista.                               os suicidas, os homicidas, os viciados
       tido, admitindo-se a reencarnação,            Nos últimos anos, com o de-             e libertinos de vidas passadas.
       as idéias inatas são apenas lembran-     senvolvimento e o reconhecimento                  No século XIX, numerosos pen-
       ças espontâneas do patrimônio cul-       crítico do papel da Ciência como             sadores reuniram-se à reencarnação:
       tural do ser, em diferentes esferas de   expressão cultural de uma época,             Dupont de Nemours, Charles Bon-
       expressão, alguns em estado mais         particularmente como conjunto de             net, Lessing, Constant Savy, Pierre
       latente como nas crianças-prodígio.      teorias e sistemas conceituais coe-          Leroux, Fourier, Jean Reynaud. A
       Desse modo, ficaria bem mais fácil       rentes com uma determinada visão             doutrina das vidas sucessivas foi vul-
       compreender toda essa complexida-        de mundo8, o homem tem-se lança-             garizada para o grande público por
       de da mente humana.                      do ao estudo de si mesmo com                 autores como Balzac, Théophile
            Só a pluralidade das existências    maior maturidade e maior equilí-             Gautier, George Sand e Victor Hu-
       pode explicar a diversidade dos ca-      brio quanto ao papel dos modelos             go. Pesquisadores como Ian Steven-
       racteres, a variedade das aptidões, a    e mapas teóricos e científicos sobre         son9, Brian L. Weiss, H. N. Baner-
       desproporção das qualidades mo-          a realidade, sempre relativos. Em            jee, Raymond A. Moody Jr., Edite
       rais, enfim, todas as desigualdades      especial, a partir do movimento da           Fiore e outros trouxeram resultados
       que alcançam a nossa vista. Fora         contra-cultura dos anos sessenta, a          notáveis sobre a tese reencarna-
       dessa lei, indagar-se-ia inutilmente     visão de mundo acadêmica e tradi-            cionista. É possível que num futuro
       por que certos homens possuem ta-        cional, moldada nos rígidos parâ-            não muito longínquo os estudos
       lento, sentimentos nobres, aspira-       metros do Positivismo, teve de tor-          nesta direção chegarão aos mesmos
       ções elevadas, enquanto muitos ou-       nar-se mais flexível ante novos ques-        resultados já afirmados pelo Espiri-
       tros só tiveram em partilha tolices,     tionamentos e abrir-se, pelo menos           tismo, porém, de todo o vasto leque
       paixões e instintos grosseiros.          em parte, a idéias e pesquisas que, a        de tentativas de se estudar superdo-
            A influência do meio, a heredi-     rigor, não são, ou melhor, não eram          tados sem considerar a existência do
       tariedade, as diferenças de educação     bem aceitas pelo paradigma cartesia-         Espírito, a maior parte tem esbarra-
       não bastam, obviamente, para ex-         no de nossa ciência tecnicista, apoia-       do em resultados ou em dificulda-
       plicar esses fenômenos. Vemos os         da e financiada por uma sociedade            des em que se faz necessário consi-
       membros de uma mesma família,            industrialista e mecanicista e, por-         derar esta hipótese, sem a qual se
       semelhantes pela carne e pelo san-       tanto, ligada a uma visão de mundo           entra num beco sem saída...
       gue, pelo histórico genético e edu-      igualmente mecanicista.
       cados nos mesmos princípios, dife-            Se nascem gênios, por que
                                                                                             9
       rençarem-se em muitos pontos.            também nascem crianças com sé-                Stevenson, Ian. Vinte casos sugestivos de reen-
            Mais recentemente, o Doutor                                                      carnação. Difusora Cultural, São Paulo, 1978
       Richard Wolman, também de Har-                                                        e Vida antes da vida, Livraria Freitas Bastos,
                                                8
                                                   Kuhn, 1962; Prigogine & Stangers, 1993.   Rio de Janeiro, 1988.
       vard, incorporou às demais teorias
       em voga o conceito de Inteligência
       Espiritual, que seria a capacidade
       humana de fazer perguntas funda-
       mentais sobre o significado da vida
       e de experimentar simultaneamen-
       te a conexão perfeita entre cada um
       de nós e o mundo em que vivemos.
       Não é exatamente o que define a

         14     12                                                                                                 Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 15




       Um ano maravilhoso                                                                                  Richard Simonetti



             iz Jesus (Lucas 4:18-19):.....         Em favor dos homens, repre-       dos companheiros a nos cobrarem

       D     O Espírito do Senhor está so-
             bre mim, pelo que me ungiu
       para evangelizar aos pobres. En-
                                               sentados por familiares, amigos, vi-
                                               zinhos, colegas de trabalho, tran-
                                               seuntes, e todos aqueles que cruzam
                                                                                      a presença.
                                                                                           Podemos estar dispostos a aten-
                                                                                      der eventualmente o pobre que bate
       viou-me para apregoar liberdade         nosso caminho, somos convocados        à nossa porta, ajudar um colega de
       aos cativos, dar vista aos cegos, pôr   a fazer o melhor, tanto quanto         serviço, atender à necessidade de
       em liberdade os oprimidos e anun-       gostaríamos que eles o fizessem por    um vizinho, visitar um doente…
       ciar o ano aceitável do Senhor.         nós.                                        Mas será sempre algo por de-
                                                    Isso nos remete aos valores do    mais elementar para nos situar co-
            Coletivamente, envolvendo a        perdão, da caridade, da solidarie-     mo legítimos servidores.
       Humanidade, podemos dizer que o         dade, da tolerância, da paciência e         É preciso dar regularidade e
       ano aceitável do Senhor foi aquele      das demais virtudes evangélicas, que   constância a esse empenho.
       em que a mensagem de Jesus co-          o Mestre não se cansou de ensinar           Para tanto, a melhor alternativa
       meçou a ser transmitida, no ano         e exemplificar ao longo de seu apos-   é o Centro Espírita, a escola abençoa-
       trinta da Era Cristã, segundo a cro-    tolado.                                da das Almas, onde, num primeiro
       nologia estabelecida.                                                          momento, aprendemos a raciocinar
            Individualmente, será aquele                       ...                    como Espíritos imortais em jornada
       em que estivermos dispostos a acei-                                            de aprendizado pela Terra.
       tar Jesus em plenitude, buscando             No empenho de servir os ca-            E se houver empenho de nossa
       colocar em prática seus ensinamen-      rentes de todos os matizes, há que     parte nesse mister, logo percebere-
       tos.                                    considerar nossa integração em gru-    mos que ali está também a nossa
                                               pos de trabalho.                       abençoada oficina de trabalho,
                           ...                      Aqueles que servem com efi-       onde, unidos em torno do ideal co-
                                               ciência, que produzem em benefí-       mum de servir, integramo-nos nos
            A orientação para essa vivência    cio da coletividade, invariavelmente   abençoados serviços da solidarie-
       está contida nas excelências do         estão associados a outras pessoas,     dade, que emprestam significado e
       Evangelho, que tem a sua síntese no     unidos por ideais comuns.              objetivo à existência.
       Sermão da Montanha, o mais belo              Há estímulos recíprocos em             Uma boa proposta para o Ano
       poema da Humanidade.                    que nos beneficiamos e somos be-       Novo.
            Nele temos o roteiro perfeito      neficiados, em relação ao serviço.          Integrando-nos nas atividades
       para cumprir a vontade de Deus               Se nos propomos, por exem-        da Casa Espírita, participando de
       e edificar o Reino Divino na Terra.     plo, a visitar doentes num hospital,   suas campanhas, contribuindo para
            E o próprio Sermão da Mon-         cumprindo solitariamente a tarefa,     seus serviços, estaremos fazendo de
       tanha pode ser sintetizado, con-        sempre haverá certo constrangi-        2005 um ano aceitável do Senhor,
       forme a expressão de Jesus (Mateus,     mento na abordagem dos pacientes.      aquele ano maravilhoso em que,
       7:12):                                  Por outro lado, dificilmente sus-      despertando para as realidades re-
                                               tentaremos a assiduidade.              veladas pela Doutrina Espírita, es-
          Tudo o que quiserdes que os               Se integrados num movimento       tejamos dispostos a arregaçar as
       homens vos façam, fazei-o assim         de solidariedade, haverá sempre a      mangas, buscando a glória de
       também a eles.                          segurança do grupo e o estímulo        servir.

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                  13     15
Janeiro 2005.qxp        12/1/2005      16:52      Page 16




                                                 PRESENÇA DE CHICO XAVIER


       Oração diante do Tempo                                                                         Aceitaste a cruz do escárnio e
                                                                                                 da morte, com abnegação e humil-
                                                                                                 dade, a fim de que aprendêssemos
                                                                                                 a procurar contigo a divina ressur-
                                                               Obedecendo, atendíamos à vin-     reição...
                                                          gança.                                      Entretanto, ainda hoje, decor-
              enhor Jesus!.............................        Resistíamos a todos os teus       ridos quase vinte séculos sobre o teu

       S      Diante do calendário que se
              renova, deixa que nos ajoelhe-
       mos para implorar-te compaixão.
                                                          apelos, em tenebrosos labirintos de
                                                          opressão e delinqüência, quando
                                                          vieste ensinar-nos o caminho liber-
                                                                                                 sacrifício, não temos senão lágrimas
                                                                                                 de remorso e arrependimento para
                                                                                                 fecundar o Saara de nossos cora-
            Tu que eras antes que fôssemos,               tador.                                 ções...
       que nos tutelastes, em nome do                          Não te limitaste a crer na gló-        Em teu nome, discípulos in-
       Criador, na noite insondável das ori-              ria do Pai Celeste.                    fiéis que temos sido, espalhamos
       gens, não desvies de nós teu olhar,                     Estendeste-Lhe a incomparável     nuvens de discórdia e crueldade nos
       para que não venhamos a perder o                   bondade.                               horizontes de toda a Terra! É por is-
       adubo do sangue e das lágrimas,                         Não te circunscreveste à fé que   so que o Tempo nos encontra hoje
       oriundos das civilizações que mor-                 renova.                                tão pobres e desventurados como
       reram sob o guante da violência!...                     Abraçaste o amor que redime.      ontem, por desleais ao teu Evange-
            Determinaste que o Tempo, à                        Não te detiveste entre os elei-   lho de Redenção.
       feição de ministro silencioso de tua               tos da virtude.                             Não nos deixeis, contudo, ór-
       justiça, nos seguisse todos os pas-                     Comungaste o ambiente das         fãos de tua bênção...
       sos...                                             vítimas do mal, para reconduzi-las          No oceano encapelado das
            E, com os séculos, carregamos                 ao bem.                                provações que merecemos, a tem-
       o pedregulho da ilusão, dele ex-                        Não te ilhaste na oração pura e   pestade ruge em pavorosos açoites...
       traindo o ouro da experiência.                     simples.                               Nosso mundo, Senhor, é uma em-
            Do berço para o túmulo e do                        Ofertaste mãos amigas às ne-      barcação que estala aos golpes rijos
       túmulo para o berço, temos sido se-                cessidades alheias.                    do vento. Entre as convulsões da
       nhores e escravos, ricos e pobres, fi-                  Não te isolaste, junto à digni-   procela que nos arrasta e o abismo
       dalgos e plebeus.                                  dade venerável de Salomé, a ventu-     que nos espreita, clamamos por teu
            Entretanto, em todas as posi-                 rosa mãe dos filhos de Zebedeu.        socorro! E confiamos em que te le-
       ções, temos vivido em fuga cons-                        Acolheste a Madalena, possuí-     vantarás luminoso e imaculado so-
       tante da verdade, à caça de triunfo                da de sete gênios sombrios.            bre a onda móvel e traiçoeira, apla-
       e dominação para o nosso velho                          Não consideraste tão-somente      cando a fúria dos elementos e
       egoísmo.                                           a Bartimeu, o mendigo cego.            exclamando para nós, como outro-
            Na governança, nutríamos a                         Consagraste generosa atenção      ra disseste aos discípulos aterrados:
       vaidade e a miséria.                               a Zaqueu, o rico necessitado.          – “Homens de pouca fé, porque
            Na subalternidade, alentáva-                       Não apenas aconselhaste a fra-    duvidastes?”
       mos o desespero e a insubmissão.                   ternidade aos semelhantes.                                             Irmão X
            Na fortuna, éramos orgulhosos                      Praticaste-a com devotamento
       e inúteis.                                         e carinho, da intimidade do lar ao     (Página recebida pelo médium Francisco
            Na carência, vivíamos intem-                  sol meridiano da praça pública.        Cândido Xavier.)
       perantes e despeitados.                                 Não pregaste a doutrina do
            Administrando, alongávamos o                  perdão e da renúncia exclusivamen-     Fonte: Reformador de janeiro de 1957,
       crime.                                             te para os outros.                     p. 9 (5).


          16       14                                                                                              Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 17




                                           ENTREVISTA: LEO GAUDET


             Como surgiu o Movimento Espírita
                   em Quebec, Canadá
                  Leo Gaudet, canadense radicado em Montreal, encontra na Doutrina Espírita as razões
                         para a morte e se dedica a amplo trabalho de difusão do Espiritismo


            P. – Como conheceu o Espiri-                                                     Leo – Simultaneamente ao
       tismo?                                                                           Centro já citado, elaboramos o pro-
            Leo – A primeira informação                                                 jeto do Mouvement Spirite Québé-
       que ouvi sobre a Doutrina Espírita                                               cois ( MSQ ) com o propósito de
       foi com um brasileiro que estudava                                               criar-se oportunidade de aproxima-
       na Universidade de Montreal, sim-                                                ção e de estimular-se a formação de
       patizante do Espiritismo, e que con-                                             grupos espíritas. Assim, surgiu o
       siderava Allan Kardec o francês mais                                             Groupe Spirite Justice, Amour e
       conhecido no Brasil. Em seguida,                                                 Charité e obtivemos o apoio do
       encontrei O Céu e o Inferno em uma                                               Centre Spirite Messagers Lumières
       livraria de livros usados, em Mon-                                               e Paix. Com exceção deste último,
       treal. Fiquei emocionado ao lê-lo e                                              freqüentado por portugueses, e
       adquiri todas as obras de Kardec. Já                                             preexistente, pois já possui 14 anos
       era interessado em assuntos espiri-                                              de funcionamento, os demais são
       tualistas, procurava a razão para a                   Leo Gaudet                 predominantemente freqüentados
       morte e encontrei-a no livro. Passei      tivo de iniciarmos reuniões de estu-   por residentes na Província de Que-
       a procurar grupos espíritas e pela        do sobre a Doutrina Espírita. Nes-     bec, com tradição na cultura e no
       internet localizei o grupo de Tours       te Centro há várias reuniões sema-     idioma franceses. Atualmente está
       (França). Fui visitá-lo e dialoguei       nais de estudo sobre O Livro dos       sendo formado um grupo espírita
       com Roger Perez, que me fez refe-         Espíritos e O Evangelho segundo o      em Gatineau. O MSQ, que se en-
       rência à pujança do Espiritismo no        Espiritismo, grupo de estudo sobre     contra no quarto ano de funciona-
       Brasil. Depois de algumas dificul-        mecanismo da mediunidade, reu-         mento, conta com sede própria no
       dades iniciais, localizei vários livros   niões mediúnicas, aulas para crian-    bairro de Maisonneuve. Nesta sede
       espíritas no Brasil.                      ças e curso de português. Este últi-   designada Espace Espirita Interna-
            P. – E o início de suas ativida-     mo para facilitar-se a leitura dos     tional – e o detalhe é que o “Espí-
       des espíritas em Montreal?                livros espíritas em português. Sen-    rita” se encontra mesmo em portu-
            Leo – Contei com o estímulo          timos uma grande predisposição         guês –, ocorrem palestras proferidas
       de Roger Perez para que fundasse          dos quebequenses, de tradição fran-    por espíritas de Montreal e por vá-
       um grupo espírita em Montreal.            cesa, em aceitar os princípios es-     rios visitantes de outros países –.
       Com o apoio de brasileiros que se         píritas.                               Há uma biblioteca e a sede da re-
       haviam mudado para ali de Paris e              P. – Como se desenvolvem as       cém-fundada Editions Espírita. O
       de São Paulo fundamos o Centre            atividades do Mouvement Spirite        local é freqüentado pelos integran-
       d’Étude Allan Kardec, com o obje-         Québécois?                             tes dos grupos espíritas da cidade.

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                  15     17
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 18




                                                Spartaco Ghilardi
             P. – Como o MSQ se relaciona
       internacionalmente?
             Leo – O MSQ é membro da
       União Espírita Francesa e Francofô-
       nica, pela afinidade da cultura e do
       idioma franceses. Temos mantido
       muito intercâmbio com o Brasil,               Desencarnou em                                   Grupo Espírita Ba-
       realizando visitas a São Paulo, Rio de   São Paulo (SP), no                                    tuíra e a Instituição
       Janeiro e Uberaba. No início de          Hospital Alemão Os-                                   Beneficente Nosso
       2002 chegamos a conhecer o mé-           waldo Cruz, em 29 de                                  Lar, ambos da capital
       dium Francisco Cândido Xavier e          outubro de 2004, aos                                  paulista, e o Grupo
       enviamos representante para uma          90 anos de idade, o                                   Espírita Batuíra, de
       Reunião do Conselho Espírita Inter-      médium e seareiro do                                  Lisboa, Portugal.
       nacional, realizada em Brasília. Fre-    Cristo Spartaco Ghi-                                       Das suas diversas
       qüentamos o Congresso promovido          lardi, cuja vida esteve a                             faculdades mediúni-
       pela Associação Médico-Espírita In-      serviço da Doutrina                                   cas, a que mais se des-
       ternacional, em São Paulo, e estamos     Espírita e do Evange-                                 tacou foi a psicofo-
       iniciando preparativos para a funda-     lho, com total dedica-                                nia, surgindo, depois,
       ção de Associação similar em Mon-        ção aos seus irmãos ca-                               espontaneamente, a
       treal. Participamos dos Simpósios        rentes do corpo e da                                  vidência, a clariau-
       Franco-Belgas e de Congressos Espí-      alma. Seu corpo foi velado no Hos-     diência, a receitista, o desdobra-
       ritas Mundiais, promovidos pelo          pital Beneficência Portuguesa, com     mento e a premonição.
       Conselho Espírita Internacional, e       o comparecimento de cerca de 700            Ele foi discípulo fiel de Fran-
       recebemos a visita de representantes     pessoas, dentre as quais inúmeros      cisco Cândido Xavier desde a épo-
       do CEI. Na Reunião do Conselho           representantes de Instituições Espí-   ca em que este morava em Pedro
       Espírita Internacional, realizada em     ritas de nosso País.                   Leopoldo (MG). É incontável o nú-
       Paris, em outubro de 2004, o MSQ              Spartaco Ghilardi nasceu no       mero de pessoas encaminhadas por
       foi aceito como convidado-obser-         dia 12 de maio de 1914, na provín-     Chico Xavier ao Grupo Espírita
       vador. Enviamos representante à reu-     cia de Viareggio, região da Toscana,   Batuíra, para receberem orientação
       nião do Conselho Espírita dos Esta-      no Sul da Itália. Eram seus pais o     espiritual e conforto, através de
       dos Unidos, em Washington.               Sr. Gino Ghilardi e a Sra. Assunta     Spartaco.
             P. – Quais os projetos do MSQ?     Fioravante Ghilardi. Em 29 de no-           O sepultamento do seu corpo
             Leo – Estamos empenhados           vembro de 1945 contraiu núpcias        ocorreu no Cemitério da Vila Ma-
       no funcionamento de Editions Es-         com D. Zita Calichio Ghilardi –        riana, às 14 horas do dia 30 de ou-
       pírita. Pretendemos editar em fran-      dedicada companheira em toda a         tubro, com a presença de centenas
       cês as Obras Básicas do Espiritismo      sua atividade missionária –, tendo     de amigos e confrades do Movimen-
       e, mediante contatos com a FEB, a        o casal duas filhas, Rita e Anália,    to Espírita, entre os quais se incluía
       série de obras de André Luiz, além       dois netos, duas netas e duas bisne-   o Presidente da Federação Espírita
       de outras obras publicadas em por-       tas.                                   Brasileira, Nestor João Masotti.
       tuguês, como Máscaras da Obses-               Spartaco iniciou o desenvolvi-         Em seu retorno à Pátria Espi-
       são, de Marlene Rossi Severino No-       mento de sua mediunidade na Fe-        ritual, receba o irmão Spartaco
       bre. Nosso objetivo é de contribuir      deração Espírita do Estado de São      Ghilardi a recompensa a que faz jus
       para ampliar a divulgação da Dou-        Paulo (FEESP). Como médium, te-        o servidor do Bem, sob as bênçãos
       trina Espírita, principalmente em        ve papel decisivo na fundação da       de Jesus.
       francês. No momento, está sendo          Associação Médico-Espírita de São
       lançada nossa página eletrônica          Paulo e na fundação de várias insti-   Fonte: Texto “Retrato de um médium”,
       (www.espaceespirita.com).                tuições espíritas, entre as quais o    de Geraldo Ribeiro da Silva.


         18     16                                                                                      Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 19




                                                                  os inúmeros equívocos que costumamos cometer,

       Mensagem                                                   quando caminhantes da vilegiatura corporal, vale con-
                                                                  siderar a importância de fazer com que a gloriosa in-
                                                                  formação da Codificação penetre nossa intimidade, a
                                                                  fim de que respiremos esse portentoso pensamento es-
             llanKardec!                                          pírita, convertendo-o em nossa real filosofia de vida,

       A     Este nome é um marco de um tempo novo. É
             uma legenda de luz e de força moral que edifica
       um tempo especial de regeneração humana, e que, ao
                                                                  o que nos capacitará para a conquista da felicidade.
                                                                       Quantos que ainda supõem que é possível ser es-
                                                                  pírita sem ajustar a própria existência aos preceitos da
       longo de mais de seis décadas, esteve no mundo das         Codificação, e que se enganam com essa suposição?
       formas para materializar os ensinamentos do Mundo               Quantos que ainda crêem na ventura post
       Etéreo, junto às almas terrenas.                           mortem longe dos esforços para a superação de limi-
            Alma de escol, sem embargo, Allan Kardec veio ao      tações e obstáculos encontrados nas vias mundanas, e
       planeta para representar no campo físico a Equipe Lu-      que se frustram no além?
       minosa do Espírito da Verdade, que jorrava claridade                                  ...
       sobre o orbe sob a ação venturosa do Cristo Excelso.
            Nesse tempo em que o Espiritismo está no mun-              Acho-me sob intensa emoção. Lutamos, durante
       do, como esplendente Sol diluindo os miasmas da            um tempo longo, junto aos valorosos Benfeitores do
       longa noite moral humana, ainda que pouco a pouco,         nosso Movimento Espírita Internacional, para que es-
       são incontáveis aqueles que vêm recebendo o susten-        te momento fosse corporificado aqui, nos campos fluí-
       to para viver com entusiasmo, a motivação para pros-       dicos da alma francesa. E o Senhor da Vida no-lo con-
       seguir nas árduas lutas, sem pensar em fugir dos pros-     sentiu. Mais do que isso, destacou eminentes Numes
       cênios dificultosos dessas graves experiências das         de vários países para formar a coordenação deste even-
       sociedades terrenas.                                       to, a efeméride do 4o Congresso Espírita Mundial, sob
            Quantos se arredaram das idéias suicidas, pelo en-    a inspiração do próprio Codificador.
       tendimento de que ninguém morre essencialmente?                 Cabe-nos vibrar, então, ao se fecharem as cortinas
       Quantos desistiram do abortamento por terem admi-          deste Congresso, certos de que suas luzes não se apa-
       tido o acinte que tal coisa representa contra as divinas   garão. Os elementos energéticos que absorvemos aqui,
       leis de Deus? Quantos se decidiram por manter ilu-         resguardados por luminosos Prepostos de Jesus, acom-
       minada por Jesus a estrutura do lar, ao verificarem sua    panhar-nos-ão como inspiração para os trabalhos futu-
       importância para o progresso familiar? Quantos se de-      ros e como medicação valiosa para que, daqui para a
       dicaram a estudar as leis da vida e a estudar-se, ane-     frente, logremos o fortalecimento da alma para estudar,
       lando o entendimento e a melhoria de si mesmos?            para amar e servir, mais conscientes dos nossos deveres
       Quantos abriram mão dos preconceitos de raça, de cor       para conosco, para com Jesus e para com a vida, agora
       da epiderme, de gênero, de cultura e tantos outros,        aclarada em seus fundamentos pelos ensinamentos do
       libertando-se dessa forma de ignorância que se demo-       Espiritismo que, vitorioso no mundo, impulsiona-nos
       ra no seio das sociedades? Quantos que se esforçam         a ter maior clareza e penetração da razão, ao mesmo
       por servir, por amar, desejosos de se tornarem cada vez    tempo que, dedicados ao bem, possamos ser felizes.
       mais úteis no campo da existência? Quantos hão re-              Deixo o meu abraço emocionado a todos quan-
       nunciado às pressões do homem-velho, na corajosa           tos vibraram, vibram e vibrarão com essa realização
       busca dos valores do homem-novo, conforme as con-          bendita no solo francês, e a todos desejo paz e muita
       siderações do Apóstolo Paulo? Quantos sofrem e cho-        luz junto à Seara do Espiritismo.
       ram seus tormentos de agora, conscientes quanto às              Servidor de todos, agradecido e vibrante,
       razões desses complexos dramas, sem se permitir mur-                                           Sylvino Canuto Abreu
       char pelo desânimo, ante a visão lúcida que o Espiri-      (Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, por
       tismo enseja?                                              ocasião da sessão de encerramento do 4o Congresso Espírita
            Hoje, quando reconhecemos, na Pátria Espiritual,      Mundial, em 5/10/2004, Paris – França.)


       Reformador/Janeiro 2005                                                                                  17     19
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 20




       Quem é Jesus?                                                                                                Ruy Gibim


                                                cas dos filantropos generosos, na            É por isso que Allan Kardec,
                                                frase incisiva dos pregadores arden-    desejando indicar-nos o guia real da
                                                tes e nem nas mensagens dos ben-        ascensão humana, formulou a per-
                                                feitores desencarnados.                 gunta de número 625 em O Livro
             ara a maioria dos estudiosos,           Em todos eles encontraremos,       dos Espíritos, indagando qual o tipo

       P     Jesus permanece situado na
             História, modificando o cur-
       so dos acontecimentos políticos do
                                                em maior ou menor porção, virtu-
                                                des e defeitos, acertos e desacertos,
                                                luzes e sombras, belezas e fealdades,
                                                                                        mais perfeito que Deus concedeu
                                                                                        ao planeta Terra para servir de guia
                                                                                        e modelo aos homens. E o Espírito
       mundo. Para a maioria dos teólo-         discordâncias e contradições, entre-    respondeu: Jesus. Como a dizer-nos
       gos, Jesus é objeto de estudo, nas le-   tanto, todos eles são credores de       que só Jesus é a síntese da sabedoria
       tras do Velho e do NovoTestamen-         nossa gratidão e de nosso respeito      e do amor e que somente Ele deve
       to, imprimindo novo rumo às              pela cultura e pelo amor que plas-      ser seguido na Terra, como sendo o
       interpretações de fé. Para os filóso-    maram em nossas mentes e em nos-        nosso Mestre e Senhor.
       fos, Jesus é o centro de polêmicas e     sos corações, mas no campo da Hu-            Apenas a pesquisa metódica,
       cogitações infindáveis. Para a mul-      manidade só existe um orientador        orientada e perseverante nos levará
       tidão dos religiosos, Jesus é o ben-     completo, irrepreensível e inques-      a descobrir as diversas contribuições
       feitor providencial nas crises inquie-   tionável, que renunciou à compa-        que o Cristianismo deu no passado,
       tantes da vida comum.                    nhia dos anjos para viver e conviver    dá no presente e dará no futuro ao
            Para nós espíritas, que conhe-      com os homens. E sem recursos           desenvolvimento moral, assisten-
       cemos a missão de Jesus, sabemos         materiais, viveu para os outros, des-   cial, educacional, consolador e so-
       perfeitamente que ele não é apenas       cerrando os tesouros do coração.        bretudo libertador.
       o reformador da civilização, o legis-
       lador da crença, o condutor do ra-
       ciocínio ou o doador de facilidades
       terrestres, mas acima de tudo Ele
       foi, é e será sempre o Caminho, a
       Verdade e a Vida, ou seja: a síntese
       da Ciência, da Filosofia e da Re-
       ligião.                                                     CORRESPONDÊNCIA ELETRÔNICA
            Jamais encontraremos no pla-
       neta Terra uma diretriz integral pa-                          1 – ARTIGOS E NOTÍCIAS:
       ra a nossa felicidade, na tribuna dos               E-MAIL:   redacao.reformador@febrasil.org.br
       grandes filósofos, na retorta dos
       cientistas eméritos, no trabalho dos                 2 – ASSINATURAS E DEMAIS ASSUNTOS:
       pesquisadores ilustres, na cátedra
                                                         E-MAIL:   assinaturas.reformador@febrasil.org.br
       dos professores distintos, nos decre-
       tos dos legisladores mais nobres, no                  ESTES ENDEREÇOS PASSAM A VIGORAR
       verbo eloqüente dos advogados, na                                   o
                                                              A PARTIR DE 1 DE JANEIRO DE 2005
       palavra dos juízes corretos, na pena
       dos escritores enobrecidos, nas ar-

                                                                                                         Reformador/Janeiro 2005
         20     18
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005     16:52   Page 21




                                           ESFLORANDO O EVANGELHO
                                                                                                 Emmanuel




                 Inverno
                                                                           “Procura vir antes do inverno.”
                                                                              – Paulo. (II Timóteo, 4:21.)

                           Claro que a análise comum deste versículo revelará a prudente recomendação de
                       Paulo de Tarso para que Timóteo não se arriscasse a viajar na estação do frio forte.

                             Na época recuada da epístola, o inverno não oferecia facilidades à navegação.

                           É possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema circuns-
                       tancial de lugar e tempo.

                             Mobilizemos nossa interpretação espiritual.

                           Quantas almas apenas se recordam da necessidade do encontro com os emissários
                       do Divino Mestre por ocasião do inverno rigoroso do sofrimento? quantas se lembram
                       do Salvador somente em hora de neblina espessa, de tempestade ameaçadora, de gelo
                       pesado e compacto sobre o coração? Em momentos assim, o barco da esperança cos-
                       tuma navegar sem rumo, ao sabor das ondas revoltas.

                           Os nevoeiros ocultam a meta, e tudo, em torno do viajante da vida, tende à de-
                       sordem ou à desorientação.

                           É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se ligaram, definiti-
                       vamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que nos instalemos em re-
                       fúgios de paz e segurança.

                          A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas criaturas que a se-
                       guem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na dificuldade, converte-se
                       em martírio.

                             O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor de caprichos sa-
                       tisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão.

                           O inverno é imprescindível e útil, como período de prova benéfica e renovação
                       necessária. Procura, todavia, o encontro de tua experiência com Jesus, antes dele.
                       Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 66,
                       p. 145-146.


       Reformador/Janeiro 2005                                                                                       19   21
Janeiro 2005.qxp    12/1/2005   16:52   Page 22




       Compromisso com a Paz Global
       Assinado no Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais,
                          realizado na ONU em agosto de 2000
               A Humanidade encontra-se em um ponto crítico da história que clama por uma forte liderança mo-
          ral e espiritual para ajudar a estabelecer novos rumos para a sociedade. Nós, como líderes religiosos e
          espirituais, reconhecemos a nossa responsabilidade especial para com o bem-estar da família humana e
          a paz na Terra.


          C   onsiderando que as Nações Unidas e as religiões do mundo têm em comum um interesse na digni-
              dade humana, na justiça e na paz;
              Considerando que aceitamos que homens e mulheres são parceiros iguais em todos os aspectos da
          vida e que as crianças são a esperança do futuro;
              Considerando que as religiões têm contribuído para a paz no mundo, mas também têm sido usadas
          para criar divisão e alimentar hostilidades;
              Considerando que o nosso mundo está assolado pela violência, guerra e destruição, por vezes perpe-
          trados em nome da religião;
              Considerando que o conflito armado é uma terrível tragédia para as vidas humanas perdidas e arrui-
          nadas, para o mundo em geral, e para o futuro das nossas tradições religiosas e espirituais;
              Considerando que nenhum indivíduo, grupo ou nação pode viver no nosso mundo em um micro-
          cosmo isolado, independentemente, mas que, ao contrário, todos devem compreender que cada ação
          nossa tem impacto sobre os outros e na emergente comunidade global;
              Considerando que em um mundo interdependente a paz requer concordância sobre valores éticos
          fundamentais;
              Considerando que não haverá paz verdadeira até que todos os grupos e comunidades reconheçam a
          diversidade de culturas e religiões da família humana, dentro de um espírito de respeito mútuo e com-
          preensão;
               Considerando que construir a paz requer uma atitude de reverência pela vida, liberdade e justiça, er-
          radicação da pobreza, e proteção do meio ambiente para as presentes e futuras gerações;
              Considerando que uma real cultura de paz deve ser baseada no cultivo da paz interior, que é a he-
          rança das tradições religiosas e espirituais;
              Considerando que as tradições religiosas e espirituais são a fonte central na construção de uma vida
          melhor para a família humana e toda a vida na Terra.
             À luz dessas considerações e com vistas ao cumprimento do nosso dever para com a família hu-
          mana, nós declaramos ser nosso compromisso e determinação:
               1. Colaborar com as Nações Unidas e com todos os homens e mulheres de boa vontade, em âmbi-
          to local, regional e global, na busca da paz em todas as suas dimensões;

                                                                                                    Reformador/Janeiro 2005
         22    20
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 23




                2. Conduzir a Humanidade através de palavras e obras a um renovado compromisso com os valores
           éticos e espirituais, que incluem um profundo sentido de respeito por todas as formas de vida e pela dig-
           nidade inerente a cada pessoa e o seu direito de viver em um mundo livre da violência;
               3. Administrar e resolver sem violência os conflitos gerados pelas diferenças étnicas e religiosas e con-
           denar toda a violência cometida em nome da religião, buscando remover as raízes da violência;
                4. Apelar a todas as comunidades religiosas e aos grupos étnicos e nacionais a respeitarem o direito
           à liberdade religiosa, procurando a reconciliação, e a se engajarem no perdão e auxílio mútuos;
                5. Despertar em todos os indivíduos e comunidades o senso da responsabilidade, compartilhada en-
           tre todos, pelo bem-estar da família humana como um todo, e o reconhecimento de que todos os seres
           humanos – independentemente de religião, raça, sexo e origem étnica –, têm o direito à educação, à saú-
           de e à oportunidade de obter uma subsistência segura e sustentável;
               6. Promover uma distribuição de riqueza eqüitativa dentro das nações e entre as nações, erradican-
           do a pobreza e revertendo a atual tendência ao distanciamento crescente entre ricos e pobres;
               7. Educar nossas comunidades sobre a necessidade urgente de cuidar-se do sistema ecológico da
           Terra e de todas as formas de vida, e apoiar esforços para que a proteção e a restauração ambiental se-
           jam parte integrante de todos os planos e iniciativas voltados ao desenvolvimento;
               8. Desenvolver e promover uma campanha de reflorestamento global, como meio concreto e práti-
           co de restauração ambiental, conclamando outros a se unirem a nós nos programas regionais de plantio
           de árvores;
               9. Aliar-se às Nações Unidas no apelo para que todos os estados soberanos trabalhem pela abolição
           universal das armas nucleares e outras armas de destruição em massa, em prol da segurança e proteção
           da vida neste planeta;
              10. Combater qualquer prática comercial e aplicação de tecnologia que degrade a qualidade da vida
           humana;
                11. Praticar e promover em nossas comunidades os valores da paz interior, incluindo especialmente
           o estudo, a prece, a meditação, a noção do sagrado, a humildade, o amor, a compaixão, a tolerância e o
           espírito de serviço, que são fundamentais para a criação de uma sociedade pacífica.
                Nós, como líderes religiosos e espirituais nos comprometemos a trabalhar juntos para promover
           as condições internas e externas que propiciem a paz, bem como administrar a resolução não violen-
           ta dos conflitos. Conclamamos aos seguidores de todas as tradições religiosas e à Humanidade como
           um todo a cooperarem na construção de sociedades pacíficas, procurando a compreensão mútua, atra-
           vés do diálogo, onde existam diferenças, a abster-se da violência, a praticar a compaixão e a defender
           a dignidade de todas as formas de vida.
               (Compromisso assinado pelos participantes do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e
           Espirituais pela Paz Mundial e por Bawa Jain, Secretário-Geral do “The Millennium World Peace Sum-
           mit”)*


           *Pelo Espiritismo, assinaram o Compromisso: Juvanir Borges de Souza, Nestor João Masotti, Divaldo Pereira
           Franco, Altivo Ferreira, Charles Kempf, Fábio Villarraga e os demais integrantes da delegação brasileira.

           Fonte: Reformador de outubro/2000, p. 26-27.

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                  21     23
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 24




       Repensando Kardec
                         Da Lei de Reprodução
                                 (O Livro dos Espíritos, questões 686 a 701)

                                                                                                          Inaldo Lacerda Lima

                                                    Mas, esclarecem, em face da              Na questão 692, embora com-
                                               questão 689, que serão os mesmos         preendendo-a bem, Allan Kardec,
                                               Espíritos que voltarão a aperfei-        ao salientar algo sobre o aperfeiçoa-
             opulação do Globo. A pri-         çoar-se em novas indumentárias fí-       mento das raças animais através da

       P     meira indagação do Codifica-
             dor é a propósito da reprodu-
       ção dos seres vivos como lei da
                                               sicas, embora ainda imperfeitos.
                                               Desse modo, a atual raça humana
                                               que tende a invadir toda a Terra,
                                                                                        Ciência, enseja aos Espíritos escla-
                                                                                        recerem que tudo deve ser feito a
                                                                                        serviço da perfeição; que o próprio
       Natureza. E os Espíritos Revelado-      substituindo as que se extinguem,        homem, nesse sentido, é instrumen-
       res respondem que o mundo corpo-        terá também sua fase de decresci-        to de que Deus se serve; a perfeição
       ral pereceria sem a reprodução deles.   mento e desaparecerá com o surgi-        é meta a que tende a Natureza, de
            Entretanto, diante da preocu-      mento de outras mais aperfeiçoa-         modo que facilitá-la é corresponder
       pação com a possibilidade de a po-      das, tal como os homens mais ci-         à Sua visão divina. Ao objetar, ain-
       pulação do Globo tornar-se exces-       vilizados de hoje são descendentes       da, o Codificador sobre o fato de
       siva, respondem eles, sempre am-        dos seres brutos e selvagens dos         os esforços de que o homem se ser-
       parados na lógica, que a tudo Deus      tempos primitivos, e tudo isso co-       ve estarem relacionados sempre ao
       provê, mantendo em tudo o equilí-       mo lei natural. Já atendendo à           acréscimo de seus gozos, não lhe di-
       brio da vida, pois coisa alguma Ele     questão seguinte, em relação aos         minui isso o mérito, respondem os
       faz inútil. Nós, os homens, é que       corpos das raças atuais, se são de       Espíritos incumbidos da revelação
       temos o hábito de observar a Natu-      criação especial, respondem que “a       do Consolador com outra indaga-
       reza por partes, e quase nunca em       origem das raças se perde na noite       ção: “Que importa seja nulo o me-
       seu conjunto.                           dos tempos”, o que significa que os      recimento, desde que o progresso se
            Sucessão e aperfeiçoamento         corpos humanos também se aper-           realize? Cabe-lhe tornar meritório,
       das raças. Constitui este um outro      feiçoam com a evolução dos seres         pela intenção, o seu trabalho. De-
       aspecto da lei de reprodução. E ao      que os vestem.                           mais, mediante esse trabalho, ele ex-
       falar de raças humanas, que eviden-          Quanto ao caráter distintivo e      ercita e desenvolve a inteligência e
       temente decrescem, indaga Kardec        dominante das raças primitivas, em       sob este aspecto é que maior provei-
       em nome da Doutrina Espírita se         que se destacava o “desenvolvimen-       to tira.”
       ocorrerá um momento, na História,       to da força bruta, à custa da força           Obstáculos à reprodução. Já as
       em que estarão elas desaparecidas.      intelectual”, dá-se o contrário em       questões seguintes – 693 e 694 –
       E os Espíritos informam que assim       nossos dias, quando o homem rea-         relacionam-se com os obstáculos à
       acontecerá de fato, pois que outras     liza mais e melhor, pela inteligência,   reprodução, indagando se tais obs-
       raças, um dia, deverão tomar o lu-      ao aprender como aproveitar os re-       táculos não são contrários à lei da
       gar das que hoje existem.               cursos da Natureza.                      Natureza. E a resposta não se faz es-

                                                                                                         Reformador/Janeiro 2005
         24     22
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 25




       perar, com a mesma logicidade de        que não o devem sofrer, de modo          O Codificador nos faz sentir que,
       sempre: “Tudo o que embaraça a          descontrolado; do cultivo abusiva-       volvendo à infância da Humanida-
       Natureza em sua marcha é contrá-        mente excessivo de plantas como a        de, o homem se colocaria abaixo de
       rio à lei geral.”                       maconha, e de outros recursos para       certos animais que lhe dão exem-
            Allan Kardec, prevendo decer-      a fabricação perversa de drogas; e,      plos de uniões constantes nesse sen-
       to novas objeções do próprio ho-        ainda, a extinção de espécies ani-       tido; e que a dissolução do casa-
       mem, lembra que há espécies de se-      mais, tudo com vistas à manuten-         mento não deixaria de ser lei hu-
       res vivos – animais e plantas –, cuja   ção de interesses egocêntricos.          mana contrária à Natureza, por-
       reprodução indefinida poderia ser            Há práticas humanas que con-        quanto esta é imutável.
       nociva a outras espécies; desse mo-     sistem no propósito de evitar a re-           Quanto ao celibato voluntário,
       do praticaria o homem ação re-          produção, como satisfações sensuais,     nada tem de meritório aos olhos de
       preensível impedindo-a? Damos,          o que levou o mestre Kardec – a          Deus, salvo os que dele se utilizam,
       aqui, destaque a três advertências      respeito da seriedade do assunto –       não por egoísmo, mas por uma
       fundamentais dos Espíritos, nesse       a buscar o pensamento dos Espíri-        questão de renúncia ou sacrifício a
       sentido:                                tos Reveladores. E responderam eles      serviço do Bem e da Humanidade,
        1. Deus concedeu ao homem, so-         que tal prática “prova a predomi-        caso em que o homem, nisso, não
            bre todos os seres vivos, um       nância do corpo sobre a alma e           atenta contra a lei de Deus.
            poder de que ele deve usar sem     quanto o homem é material”.                   Poligamia. No que tange às
            abuso, podendo pois regular tal         Casamento e celibato. A seguir,     questões 700 e 701, referentes à po-
            reprodução de acordo com           nas questões 695 a 699, procura o        ligamia, Allan Kardec indaga se a
            suas necessidades.                 Codificador ouvir os Espíritos Supe-     igualdade numérica mais ou menos
        2. A ação inteligente do homem         riores a fim de, através deles, ofere-   existente entre os sexos não é indí-
            é sempre um contrapeso que         cer-nos preciosas orientações a res-     cio da proporcionalidade de união
            Deus dispôs para estabelecer       peito do casamento; e que efeito         entre eles. Os Espíritos o confir-
            equilíbrio entre as forças da      teria sobre a sociedade a sua aboli-     mam, mostrando, em resposta à
            Natureza, desde que haja co-       ção; se está na Natureza ou apenas       questão seguinte (701), que a abo-
            nhecimento de causa. E isso,       nas leis humanas a sua indissolubili-    lição da poligamia, lei ainda exis-
            inegavelmente, vem sendo mos-      dade absoluta e, ainda, se o celibato    tente entre alguns povos, marcará
            trado pelos cientistas atuais.     representa um estado de perfeição        um progresso social – que dizemos
        3. Mas, no caso dos animais, os        meritório aos olhos de Deus.             grandioso –, porquanto “o casamen-
            mesmos também concorrem                 Eles, pacientemente, nos levam      to, segundo as vistas de Deus, tem
            para a existência desse equilí-    a refletir, mostrando que o casa-        que se fundar na afeição dos seres
            brio, porquanto o instinto de      mento é um progresso na marcha           que se unem”. E concluem sabia-
            destruição que lhes foi dado faz   da Humanidade, e a sua abolição          mente: “Na poligamia não há afei-
            com que, provendo à própria        seria um regresso à vida irracional.     ção real: há apenas sensualidade.”
            conservação, obstem ao desen-
            volvimento excessivo, quiçá pe-
            rigoso, das espécies animais e
            vegetais de que se alimentam.
                                                                 Site de Reformador
            Cabe-nos, aqui, na oportuni-               A partir de janeiro de 2005 entrará no ar o site da revista
       dade, lembrar que o homem, mor-             Reformador. Os usuários poderão fazer assinaturas, alteração
       mente em nosso riquíssimo país, se          de endereço, pagamentos através de boleto bancário e cartões
       comporta, em muitos casos, como
       ser abusivo, contra a própria Na-           de crédito. Brevemente, estaremos disponibilizando o en-
       tureza, sofrendo as conseqüências           dereço do site.
       amargas desse abuso, qual seja o ca-            Tudo on-line, com mais conforto e segurança.
       so do desmatamento em regiões

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                  23     25
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 26




       A chave do reino dos céus
                                                                                                           Paulo Roberto Viola


       Precisamos da filosofia e da             Mahatma Gandhi – que passou a           telas teológicas, que “Deus nosso
       ciência para a evolução da sen-          vida estudando-a – concluíra no         Senhor permitiu que houvesse vá-
       sibilidade e da inteligência, mas        momento derradeiro, em desabafo         rias heresias logo no início da Igre-
       necessitamos unicamente da ca-           a um discípulo: “a vida é um mis-       ja, como foi o caso do arianismo,
       ridade para garantir a salvação          tério”. Que o seja enquanto não         no século III – doutrina que nega a
       do Espírito.                             desvendamos seus segredos, cujos        natureza divina de Jesus – e que
                                                limites, entretanto, sempre haverão     encontrou muitos bispos e impera-
                                                de estar balizados – queiramos ou       dores adeptos”.
                                                não – nesse ou em outro estágio de           O arianismo, teoria defendida
                                                evolução espiritual.                    por Ario, que foi objeto de intensos
              uando Allan Kardec propôs a              A literatura religiosa mundial   e polêmicos debates dentro da Igre-

       Q      teoria da fé racionada, como
              um novo e iluminado cami-
       nho de reflexão para o povo de
                                                ocupa-se de compêndios interminá-
                                                veis, despendendo séculos e séculos
                                                de trabalho para convencer o mun-
                                                                                        ja, tornou-se uma heresia (negação
                                                                                        de uma verdade), como tantos ou-
                                                                                        tros temas, de que são exemplos o
       Deus que habita este planeta, com        do de que o princípio exegético do      Protestantismo (séc. XVI – que ne-
       certeza não embutiu nessa teoria,        respectivo credo que defende é o        ga a infalibilidade da Igreja), o Nes-
       implícita e pretensiosamente, um         mais lógico e compatível diante da      torianismo (séc. V – Maria deu ori-
       suposto propósito de busca da lógi-      Revelação.                              gem à pessoa humana de Jesus) e o
       ca do Criador.                                Claro que esse debate – inevi-     Modernismo (séc. XX – teoria que
            Na prática, porém, ambos os         tável diante da pluralidade dos ní-     nega as verdades absolutas). Tais he-
       conceitos – raciocínio e lógica – são    veis de consciência que habitam o       resias foram assim declaradas – a
       ingenuamente confundidos por de-         Planeta, o que é responsável pelas      despeito da inquietude de espíritos
       savisados intérpretes, como se pos-      diferentes opções de fé – não pode-     sequiosos de verdade – por votação
       sível fora à criatura concorrer, atra-   ria merecer o repúdio dos homens        daqueles que discutiam esses ques-
       vés de sua concepção humana              de bem, porque seria o mesmo que        tionamentos, geralmente em am-
       supostamente lógica, com a estrutu-      negar o caminho da evolução, que        bientes de reunião bastante polê-
       ra efetivamente metafísica que de-       Jesus tão bem resumiu, em poucas        micos. Essa explosão indagatória,
       terminou a ação do Criador. Se tal       palavras, quando declarou que ti-       dentro do Cristianismo iria desem-
       ocorresse, seria o mesmo que se ad-      nha muitas coisas a dizer, mas que      bocar no famoso axioma do cérebro
       mitir colocar, num mesmo estágio         não seriam suportadas à época           da Reforma, Melanchthon: “unida-
       recíproco de conhecimento, tanto a       (João, 16:12), pois que ainda não       de na essência, liberdade na dúvi-
       criatura, como o Criador, o que se-      houvera chegado o tempo em que          da e a caridade em todas as coisas”.
       ria um absurdo ingênuo conceber-         a ignorância devesse dissipar-se.            De fato, fora desse princípio
       -se. Afinal, como acreditar que com           Na história do Cristianismo es-    elementar de liberdade mínima de
       nossa pobre e limitada lógica sere-      se processo hermenêutico acentua-       pensamento, ter-se-ia a negação pu-
       mos capazes de alcançar a lógica do      -se de forma aguda, sob as mais         ra e simples da evolução, a partir de
       Criador?...                              curiosas avaliações. Chega-se a re-     uma pouco recomendável fé cega e
            Não teria sido por outra razão      gistrar pensadores afirmando sim-       apaixonada, segundo a conclusão
       que, segundo dizem, o memorável          ploriamente, sem as devidas cau-        interpretativa a que outros seres hu-

                                                                                                         Reformador/Janeiro 2005
         26     24
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 27




       manos chegaram em épocas preté-         truída pelos vários credos que se es-    cas – escrito em 1445 antes de Cris-
       ritas.                                  palharam pelo mundo, através dos         to, de autoria de Moisés, como se
            Todas essas circunstâncias de-     séculos, ou dos milênios de existên-     reconhece, já concitava o povo de
       vem ser levadas em conta em con-        cia da vida humana.                      Deus, dizendo: “Não odiarás o teu
       junto com outras, como a interfe-             Esse mandamento maior não          irmão no teu coração (19:17) e
       rência manifestamente indevida do       pressupõe – como lembrou Chico           amarás o teu próximo como a ti
       poder temporal em discussões im-        Xavier – que tenhamos que escalar        mesmo” (19:18).
       portantíssimas de interpretação do      o Monte Everest, ou algo com se-               Tal postulado permite-nos,
       Cristianismo. A começar pelo Pri-       melhante dificuldade, para en-           pois, indagar: de que valerá todo o
       meiro Concílio de Nicéia, no ano        tendê-lo. Nem tampouco está no           acervo de conhecimento doutriná-
       de 324, onde se discutiu a trinda-      céu, ou do outro lado do mar, para       rio, científico, ou filosófico, se não
       de divina e de onde a Igreja prati-     que a ele possamos ter acesso, como      formos capazes de colocar em prá-
       camente começou a se afirmar em         advertia o Livro do Deuteronômio         tica essa regra de amor e de salutar
       questões fundamentais. Este Con-        em face dos preceitos mosaicos.          convivência social que Jesus deixou,
       cílio não foi convocado por nenhu-      A Lei por Ele deixada foi simples e      como seu mais importante legado
       ma autoridade eclesiástica, mas pe-     fácil de ser compreendida por todos      histórico?
       lo Imperador Constantino, senhor        os povos: “O meu mandamento é                  Se precisamos do pilar da ciên-
       único do Império Romano, que so-        esse: que vos ameis uns aos outros,      cia e da filosofia para a nossa evolu-
       bre as conclusões lá tiradas colocou    como Eu vos amei” (João, 15,12).         ção, precisamos, antes, daquilo que
       a força de seu poder político.          “Não há outro mandamento maior           a religião nos cobra para a salvação,
            Mais adiante, o Concílio de        que este” (Marcos, 12:31). Não se        que é a caridade, em sua ação mais
       Constantinopla, em 553 d.C. tam-        trata – é verdade – de um princípio      plena e abrangente possível. Com
       bém foi convocado por outro Im-         novo, mas que veio a ser consagra-       efeito, Jesus não escolheu os ho-
       perador, este um déspota temido,        do por Jesus, pois o Livro de Leví-      mens da ciência de seu tempo para
       Justiniano, que colocou em votação      tico – terceiro das escrituras hebrai-   deixar o seu legado moral e ético,
       a questão da reencarnação, declara-                                              mas foi buscar as criaturas mais
       da, a partir de então, formalmente                                               simples e iletradas em sua volta, hu-
       herética.                                   Jesus não escolheu                   mildes e pobres pescadores, para
            Na verdade, enquanto muita                                                  seus apóstolos, com a missão de
       coisa no Evangelho de Jesus con-               os homens da                      transmitir ao Mundo a Sua palavra,
       tém parábolas para entendimento                                                  posto que o Mestre não deixaria
       a seu tempo, obedecida a escala de             ciência de seu                    uma só frase por ele pessoalmente
       evolução do ser humano, traz, por                                                escrita, senão o testemunho de seus
       outro lado, questões absolutamen-                tempo para                      fiéis colaboradores. Afinal, Jesus te-
       te simples e de fácil entendimento                                               ria relegado o conhecimento pre-
       para qualquer iletrado. Aliás, tudo              deixar o seu                    sunçoso dos escribas para enaltecer
       o que disse o Mestre se resume em                                                a sabedoria humilde dos pequeni-
       uma coisa, que qualquer analfabe-               legado moral                     nos: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor do
       to, de qualquer parte do mundo,                                                  Céu e da Terra, porque escondeste
       pode entender, sem depender de                e ético, mas foi                   estas coisas aos sábios e aos inteli-
       mestrados teológicos, pós-gradua-                                                gentes e as revelas aos pequeninos”
       ção em ciências bíblicas, ou inspi-         buscar as criaturas                  (Lucas, 10:21).
       ração sobrenatural para ser com-                                                       Na história do Cristianismo va-
       preendido. O primeiro e único man-            mais simples e                     mos encontrar elevação e nobreza
       damento, fora do qual ninguém se                                                 em Espíritos que transitaram pela
       salvará, independe de qualquer                     iletradas                     vida humana com pouca, ou quase
       questão exegética doutrinária, cons-                                             nenhuma estrutura de conhecimen-

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                    25     27
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 28




       to acadêmico. Tal ocorrera com Te-
       resa de Calcutá, com Francisco de
                                                      FEB/CFN – Comissões Regionais
       Paula, Chico Xavier e tantos outros.            Calendário das Reuniões Ordinárias de 2005
       Se supriam seu pouco saber escolar             1. Comissão Regional Nordeste
       com sabedoria em abundância – o
       que pressupõe, claro, doutorado em                 1.1 – Cidade-sede: Teresina (PI).
       vidas pretéritas – estão hoje no pla-              1.2 – Período: 8 a 10 de abril.
       no de evolução espiritual em que se                1.3 – Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Preparar o Centro
       encontram porque foram capazes de                                   Espírita para interagir no processo federativo,
       interpretar literalmente e viver o                                  na sua condição de unidade fundamental do
       mandamento que Jesus deixou: “Que                                   Movimento Espírita”.
       vos ameis uns aos outros.”                     2. Comissão Regional Sul
             No anonimato da vida espi-
       ritual vamos encontrar incontá-                    2.1 – Cidade-sede: Florianópolis (SC).
       veis Espíritos nobres, que deixaram                2.2 – Período: 29 de abril a 1o de maio.
       nosso planeta, em sua última en-                   2.3 – Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Participação das Ins-
       carnação, com pouca ou nenhuma                                     tituições Espíritas nas atividades comunitárias
       escolaridade, hoje habitantes de or-                               (Órgãos, Comissões, Conselhos e outros)”.
       bes superiores, que não precisam               3. Comissão Regional Norte
       retornar ao mundo de provas e ex-
       piações, a não ser em missão, pos-                 3.1 – Cidade-sede: Porto Velho (RO).
       to que já se encontram em estágios                 3.2 – Período: 26 a 29 de maio.
       de evolução acima dessas zonas vi-                 3.3 – Reunião dos Dirigentes: Assuntos – 1. “Movimento Es-
       bratórias terra a terra, pelo muito                                pírita e Educação Espírita”, cujo desenvolvi-
       que souberam aproveitar na incan-                                  mento inclui seminários, cursos e outras abor-
       sável dedicação à caridade ao pró-                                 dagens”;
       ximo durante seus trânsitos por es-                                2. “Importância do censo espírita por áreas,
       te mundo...                                                        para melhor conhecimento da realidade”.
            Todavia, enquanto devemos                 4. Comissão Regional Centro
       tentar cumprir esse mandamento
       único, eterno e universal, é-nos                   4.1 – Cidade-sede: Palmas (TO).
       lícito – claro – seguir a fórmula                  4.2 – Período: 13 a 15 de maio.
       abençoada de Melanchthon, expe-                    4.3 – Reunião dos Dirigentes: Assuntos – “1. Exposição sobre:
       rimentando, diante da filosofia e da                               1.1 – Reavaliação da Campanha ‘Viver em
       religião, a liberdade na dúvida, já                                Família’; 1.2 – Avaliação sobre o andamento
       que na essência do amor ao próxi-                                  do curso ‘Capacitação Administrativa para
       mo nenhum crente pode levantar                                     Dirigentes de Casas Espíritas’”; “2. Avaliação
       questionamentos, nenhum credo                                      das atividades-meio na sustentação do traba-
       religioso pode hesitar, ponto de li-                               lho federativo” (assunto da reunião).
       gação que é de todas as doutrinas              5. Áreas Específicas
       de fé, enquanto devemos colocar                 Serão realizadas, concomitantemente com a Reunião dos Diri-
       a caridade em todas as coisas, aci-         gentes, e com temas próprios escolhidos em 2004, as reuniões das
       ma de tudo, como nos ensinou o              Áreas Específicas de Atendimento Espiritual no Centro Espírita, Ativi-
       Sábio da Galiléia, pois isso é o que        dade Mediúnica, Comunicação Social Espírita, Estudo Sistematizado
       definitivamente nos credenciará,            da Doutrina Espírita, Infância e Juventude, Serviço de Assistência e
       um dia, para a glória no reino dos          Promoção Social Espírita.
       céus.

         28     26                                                                                      Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 29




                                         PÁGINAS DA REVUE SPIRITE


       O Espiritismo no Brasil
                                          Extrato do Diário da Bahia
                                                Idade Média? Se a sábia química de       ções, que fez, de O Livro dos Espíri-
             ob o título de A Doutrina Es-      hoje não teve o seu berço na alqui-      tos, visando depreciar essa doutrina.

       S     pírita, o Diário da Bahia de
             26 e 27 de setembro de 1865
       contém dois artigos, que não pas-
                                                mia, e a astronomia o seu na astro-
                                                logia judiciária? Por que então os fe-
                                                nômenos espíritas que, em última
                                                                                               “Somos, senhor redator, vossos
                                                                                         amigos reconhecidos,
                                                                                               Luís Olímpio Teles de Menezes
       sam da tradução em português dos         análise, não passam de fenômenos               José Álvares do Amaral
       que foram publicados há seis anos        naturais, cujas leis não se conhe-             Joaquim Carneiro de Campos”
       pelo Dr. Déchambre, na Gazette           ciam, também não se encontrariam
       médicale de Paris. Acabava de apa-       nas crenças e práticas antigas?               Segue, como resposta e refuta-
       recer a segunda edição de O Livro             Como esse artigo foi reprodu-       ção, um extrato muito extenso da
       dos Espíritos e é dessa obra que o       zido pura e simplesmente, sem co-        introdução de O Livro dos Espíritos.
       Sr. Déchambre faz um relato semi-        mentários, nada prova, da parte do            Com efeito, as citações textuais
       burlesco. Mas, a propósito, ele pro-     jornal brasileiro, uma hostilidade       das obras espíritas são a melhor re-
       va historicamente, e por citações,       sistemática contra a doutrina. É         futação das deturpações que certos
       que o fenômeno das mesas girantes        mesmo provável que não a conhe-          críticos fazem sofrer a doutrina. A
       é mencionado em Teócrito, sob o          cendo, julgou nele achar uma apre-       doutrina se justifica por si mesma,
       nome de Kosskinomantéia, adivi-          ciação exata. O que o provaria foi a     razão por que não sofre com isso.
       nhação pelo crivo, porque então se       sua pressa em inserir, no número         Não se trata de convencer os seus
       serviam de crivo para esse gênero de     seguinte, de 28 de setembro, a refu-     adversários de que ela é boa, o que,
       operação, e daí conclui, com a lógi-     tação que os espíritas da Bahia lhe      na maioria das vezes, é tempo per-
       ca ordinária dos nossos adversários,     dirigiram, e que estava assim conce-     dido, porquanto, em boa justiça,
       que não sendo um fenômeno novo,          bida:                                    têm inteira liberdade de achá-la má,
       não tem qualquer fundo de reali-                                                  mas simplesmente de provar que ela
       dade. Para um homem de ciências              “Senhor redator,                     diz o contrário do que a fazem di-
       positivas – forçoso é convir – aí es-                                             zer. Cabe ao público imparcial jul-
       tá um argumento singular. Lamen-              “Como sois de boa-fé, no que        gar, pela comparação, se ela é boa
       tamos que a erudição do Sr. Dé-          concerne à doutrina do Espiritismo,      ou má. Ora, como ela recruta inces-
       chambre não lhe tivesse permitido        rogamos que também vos digneis           santemente novos partidários, a des-
       remontar ainda mais alto, porque o       publicar no Diário uma passagem          peito de tudo quanto puderam fa-
       teria encontrado no antigo Egito e       de O Livro dos Espíritos, do Sr.         zer, é prova de que não desagrada a
       nas Índias. Um dia voltaremos a es-      Allan Kardec, já na décima terceira      todo o mundo, e que os argumen-
       se artigo, que tínhamos perdido de       edição, a fim de que vossos leitores     tos que lhe opõem são impotentes
       vista e que faltava à nossa coleção.     possam apreciar, em seu justo valor,     para desacreditá-la. Pode-se ver por
       Enquanto esperamos, apenas per-          a reprodução que fizestes de um ar-      esse artigo que ela não tem nacio-
       guntamos ao Sr. Déchambre: deve-         tigo da Gazette médicale de Paris,       nalidade e dá a volta ao mundo.
       -se rejeitar a medicina e a física mo-   escrito há mais de seis anos, pelo                                   Allan Kardec
       dernas, porque seus rudimentos se        Dr. Déchambre, contra essa mesma         Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –
       encontram de permeio às práticas         doutrina, na qual se reconhece que       novembro de 1865, p. 442-444, tradução
       supersticiosas da Antiguidade e da       o dito médico não foi fiel nas cita-     de Evandro Noleto Bezerra – Ed. FEB.

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                       27      29
Janeiro 2005.qxp      12/1/2005      16:52    Page 30




                                                      A FEB E O ESPERANTO


       Departamento de Esperanto da FEB
                                                      Atividades em curso
                                                                                                                      Affonso Soares

                                                            A revisão vinha sendo feita ex-     sob a coordenação do Dr. Luiz Fer-
                                                       clusivamente por nós, mas agora          nando Vêncio, de Goiânia (GO), e
                                                       conta com a valiosa colaboração do       com o não menos valioso assessora-
                                                       Prof. Benedicto Silva, de São José       mento de Luis Hu Rivas, da Sede
                                                       do Rio Preto (SP).                       Central em Brasília (DF), os seguin-
             ez por outra, nossos co-idea-                  Já estamos trabalhando sobre        tes livros, em formato “pdf ”, com

       V     listas do Esperanto, espíritas e
             não espíritas, dirigem-nos amá-
       veis missivas com palavras de estí-
                                                       as letras H, I, J e K, o que significa
                                                       já havermos revisado mais da meta-
                                                       de do conteúdo.
                                                                                                permissão para download e impres-
                                                                                                são:
                                                                                                       La Libro de la Spiritoj (O
       mulo e agradecimento pelos servi-                    É um trabalho que exige mui-              Livro dos Espíritos);
       ços prestados pela FEB ao ideal es-             to tempo, muita dedicação e pa-                 La Libro de la Mediumoj (O
       perantista. Como, em tais ocasiões,             ciência, mas que, se mantida a re-             Livro dos Médiuns);
       invariavelmente manifestam o de-                gularidade, poderá estar concluído              La Evangelio la9 Spiritismo
       sejo de se inteirarem a respeito das            no fim de 2005.                               (O Evangelho segundo o Espi-
       atividades em curso nesse setor, re-                                                          ritismo);
       solvemos, por oportuno, agora es-                    Digitalização (Formatação                  Kio estas Spiritismo? (O que
       tender as informações a todos os                em arquivos eletrônicos) dos li-              é o Espiritismo)
       queridos samideanos* através de                 vros em e sobre Esperanto edita-              Já demos início à preparação
       Reformador.                                     dos pela FEB                             do arquivo “pdf” de La 0ielo kaj la
                                                            Esse árduo trabalho está a car-     Infero (O Céu e o Inferno), com
            Novo Dicionário Português-                 go de voluntários que pertencem ao       vistas à sua inserção, igualmente pa-
       -Esperanto                                      grupo de estudos de Espiritismo em       ra breve, nas páginas eletrônicas da
            Está em composição uma nova                Esperanto que funciona na Sede           FEB e do CEI.
       edição, revista e aumentada.                    Seccional.
            Todo o fichário, já anterior-                   Os arquivos eletrônicos servi-           Tradução para o Esperanto do
       mente acrescido em mais de 1/3                  rão de base para eventuais reedições     livro “Obras Póstumas”
       com novos verbetes, foi composto                e para a inserção dos livros nos sites        Esse trabalho, a nosso cargo ex-
       eletronicamente pelo mesmo com-                 da FEB e do CEI.                         clusivo, teve que ser provisoriamen-
       positor do Dicionário Esperanto-                     Já foi concluída a digitalização    te interrompido quando já havía-
       -Português e de La Genezo, o nosso              de 20 livros doutrinários.               mos atingido o primeiro terço, em
       muito estimado Gersi Alfredo Bays,                                                       virtude do volume de outros ser-
       de Chapecó (SC).                                    Projeto para inclusão dos livros     viços. Esperamos retomá-lo opor-
                                                       de Kardec, em Esperanto, nos sites       tunamente.
       *O termo já figura no “Aurélio”: samideano.     da FEB e do CEI
       [Do Esperanto.] S. m. Adepto da mesma idéia.        Já figuram nas páginas eletrô-            Programação Espírita nos Con-
       [Vocábulo com que os esperantistas se desig-    nicas da FEB e do CEI, graças ao         gressos Universais de Esperanto
       nam entre si.]                                  trabalho de inúmeros voluntários,             Essa atividade, que já se tor-

         30      28                                                                                              Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 31




       nou tradicional desde o Congresso
       em Varsóvia (Centenário do Espe-
       ranto), em 1987, vem sendo feita
                                               Homenagem a um pioneiro
       em associação com a Sociedade
       Lorenz.                                    smael Gomes Braga (1891-1969) guiou os primeiros de muitos espe-
            A FEB tem, como seu repre-
       sentante em tais eventos, nosso
       companheiro Ismael de Miranda e
                                               I  rantistas que hoje se destacam no cultivo do generoso ideal de uma lín-
                                                  gua internacional neutra para a Humanidade. Um deles é o brilhante
                                               poeta Geraldo Mattos, atual Presidente da Academia de Esperanto, o qual
       Silva, que é assessor do Conselho       lhe dedicou belíssimos sonetos como o que abaixo transcrevemos, apre-
       Espírita Internacional para o Espe-     sentando-lhe a tradução em prosa:
       ranto, sendo a Sociedade Lorenz
       representada por Robson Mattos.
       Ambos dividem os trabalhos de ex-                                     7
                                                                         Al I7mael
       posição doutrinária e transportam
       os livros que a FEB tem doado pa-                    La Eternulo vin benu kaj protektu
       ra distribuição entre os congressis-                 En /iu horo de via plena tago,
       tas presentes às reuniões. Eventual-                 0ar vi nur volas en via tera vago,
       mente outros espíritas brasileiros,                  Ke al aliaj sin via pen’ direktu!
       presentes nos Congressos, cola-
       boram para o bom êxito do pro-                                 Aliaj viroj konkeru kaj kolektu
       grama.                                                         La vanan famon por singlorema blago:
            O programa para o evento do                               Vi multe helpas per altruisma ago,
       ano passado, em Pequim, teve co-                               Ke la homaro feli/u kaj perfektu!
       mo foco o conteúdo de La Genezo
       (A Gênese, em Esperanto), de que                     Kaj kiam venos – 1i venu tre malfrue! –
       foram ofertados 50 exemplares aos                    La horo supre labori, substitue
       congressistas presentes na reunião.                  Al knedaj penoj de via karnodra7o,

            DVD – “DE KARDEC AOS                                      Vi 1ojos, kara! La tuta vivo ofere
       DIAS DE HOJE” – Legendas em Es-                                Al idealo ri/igos vin supere,
       peranto                                                        0ar vi rikoltos el via semita5 o!
            Este excelente material de in-
       formação sobre a vida do Codifica-
       dor, originalmente produzido em                                Para Ismael
       videocassete, agora foi transforma-
       do em DVD, tendo recebido maté-             Que o Eterno te abençoe e proteja, em todas as horas de tua jorna-
       rias extras e legendas em 8 idiomas,    da, pois um só é o teu desejo na viagem terrena: aplicar teus esforços
       incluindo o Esperanto.                  em favor dos outros.

            Outras atividades                       Que outros homens conquistem e colham a fama inútil, em busca da
            Continuam em funcionamen-          vazia vanglória: muito ajudas pela ação altruísta a fim de que a Humani-
       to os cursos gratuitos do idioma, o     dade seja feliz e perfeita!
       grupo de estudos doutrinários em
       Esperanto, o programa radiofônico           E quando vier – que venha bem tarde! – a hora de trabalhar mais aci-
       aos domingos na Rádio Rio de Ja-        ma, abandonando os esforços das lutas na carne, então virá a alegria! A vi-
       neiro e a divulgação através de Re-     da que ao ideal toda dedicaste te fará rico nas altas esferas, pois colherás o
       formador.                               que semeaste!

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                   29     31
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 32




       O livre exercício da
       mediunidade                                                                                     Mauro Paiva Fonseca

                                                utilizá-lo de modo a fomentar sua      conseqüências, no entanto, serão
                                                evolução, promovendo com ele o         sempre inevitáveis, pois como ensi-
              variação do potencial mediú-      socorro espiritual aos irmãos da re-   na o Evangelho, “a semeadura é

       A      nico é infinitamente diversa.
              Desde a fraca sensibilidade
       que caracteriza esse dom nas cria-
                                                taguarda, ainda presos à inferiori-
                                                dade e ao mal.
                                                      Assim como os benefícios que
                                                                                       livre, mas a colheita é obrigatória”.
                                                                                            Para dominar com segurança a
                                                                                       manifestação, fazendo prevalecer
       turas em geral, até o exercício ple-     proporcionará ao seu portador,         a sua vontade sobre a do comuni-
       no, apanágio dos que trazem man-         quando aplicada à causa da frater-     cante, o medianeiro deverá trazer
       datos e missões a desempenhar, to-       nidade, poderá, também, transfor-      seus atributos de moralidade em
       da uma série de cambiantes exis-         mar-se em motivo de sofrimento,        equilíbrio, e dar demonstrações ine-
       tem, que poderão ser ampliadas,          quando empregada para finalidades      quívocas de intenção fraterna e cari-
       desenvolvidas, sublimadas, ou se-        malévolas, escusas, ou de honesti-     dosa no desempenho dessa facul-
       pultadas em definitivo, sem pro-         dade duvidosa.                         dade, até porque, ao exercitar os
       duzirem quaisquer efeitos úteis ao             Se o médium procurar esclare-    dons que possui, estará apurando
       progresso de seus portadores.            cer-se através do estudo sistemático   sua sensibilidade, para oferecer às
             A mediunidade é, assim, recur-     do Evangelho do Cristo, pondo em       falanges de trabalhadores desencar-
       so do mais alto valor, oferecido aos     prática seus ensinamentos, os Es-      nados, que assistem e dirigem as
       Espíritos para aceleração do seu         píritos Superiores dele se aproxi-     sessões de atendimento, ferramenta
       progresso, já que os médiuns, prin-      marão, para oferecer-lhe ajuda, ca-    útil e adequada ao importante tra-
       cipalmente aqueles que trazem os         da vez mais ampla, tornando-o um       balho de iluminação das consciên-
       sintomas ostensivos dessa facul-         medianeiro feliz, por estar em paz     cias em desalinho, trazidas ao so-
       dade, à exceção dos missionários,        com a própria consciência. Quan-       corro espiritual.
       são almas endividadas com um pas-        do, ao contrário, negligencia seus          Os médiuns relapsos com re-
       sado reencarnatório de erros, fra-       compromissos de médium, assu-          lação às suas faculdades fazem-se
       quezas e até crimes.                     midos antes de reencarnar, sem         acompanhar de Espíritos embus-
             A mediunidade, em seu aspec-       pautar sua vida pelos princípios de    teiros, zombeteiros, desassisados e
       to físico, caracteriza a capacidade de   moral pregados por Jesus, dedican-     irresponsáveis, que trarão insta-
       promover o intercâmbio entre os          do-se às tarefas malévolas, mercan-    bilidade, dúvida e insegurança ao
       planos físico e extrafísico da vida no   tilizando os dons que possui a sol-    seu desempenho, transformando-
       Planeta, funcionando como “ca-           do da perseguição e da vingança,       -os em sensitivos não confiáveis
       nal”, por onde fluem as mensagens,       torna-se joguete da vontade de Es-     para tarefas de vulto e de elevado
       informações e expressões de toda         píritos inferiores, perversos e zom-   teor moral.
       natureza, entre os habitantes dos        beteiros, que lhe imporão suas in-          Vivemos o que criamos para
       dois lados.                              tenções doentias, tornando-o mé-       nós; e colhemos o que plantamos à
             Geralmente, no programa reen-      dium atormentado.                      nossa volta! Mais do que os outros,
       carnatório, este dom é preestabele-            O emprego do dom mediúni-        o médium é um plantador e um se-
       cido de comum acordo com o en-           co para o bem ou para o mal será       meador: se planta urtigas, jamais
       carnante, que neste caso se propõe       sempre uma opção de cada um; as        colherá rosas!

                                                                                                        Reformador/Janeiro 2005
         32     30
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005     16:52    Page 33




                                 FEB – ONSELHO FEDERATIVO NACIONAL
                                      C

        CFN realiza a Reunião Ordinária de 2004




                                 O Presidente Nestor Masotti (falando ao CFN) ladeado por três Vice-Presidentes
           A Reunião Ordinária de 2004, do Conselho Federativo Na-                             de reflexão e vivência da fraternida-
       cional da Federação Espírita Brasileira, ocorreu em Brasília,                           de, assim como o intercâmbio de
                                                                                               experiências no trabalho federativo
       no período de 18 a 21 de novembro, com o comparecimento de                              do Movimento Espírita brasileiro.
       26 Entidades Federativas, estando presentes, também, as qua-                            Tomando como ponto de referên-
       tro Entidades Especializadas de Âmbito Nacional – Associação                            cia o conceito de caridade segundo
                                                                                               a questão 886 de O Livro dos Espí-
       Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, Associação Brasilei-                         ritos, ressaltou que, apesar de sua
       ra dos Magistrados Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas                           abrangência, na prática ela é consi-
       e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.                                              derada como ação a ser desenvolvi-
                                                                                               da junto a pessoas fora de nossos
                                                                                               círculos de atividade, tornando-se
       Abertura e Expediente                        FEB e do CFN, Nestor João Masot-           imperativo, nas Casas Espíritas, o
                                                    ti, saudou os presentes e referiu-se à     exercício da caridade interior, isto é,
           Na manhã do dia 18, feita a              importância da reunião, que permi-         entre os companheiros de trabalho
       prece de abertura, o Presidente da           tia aos seus participantes momentos        doutrinário. Após tecer outras con-
                                                                                               siderações sobre o assunto, concluiu
                                                                                               que nos cabe vivenciar a caridade
                                                                                               entre nós, lembrando-nos de que
                                                                                               fora da união não há solução. O
                                                                                               Editorial desta edição, sob o título
                                                                                               Caridade na Casa Espírita, baseia-se
                                                                                               nas palavras do Presidente ao CFN.
                                                                                                    No Expediente, foi aprovada
                                                                                               por unanimidade a Ata da Reunião
                                                                                               de 2003, cuja Súmula consta da
                                                                                               Edição Especial de Reformador, de
                                   Aspecto do Plenário (I)                                     maio/2004.                           >

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                           31      33
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 34




       Ordem do Dia
            Dos assuntos
       constantes da Or-
       dem do Dia, des-
       tacamos, a seguir,
       os que nos parece-
       ram importantes,
       ficando o registro
       completo dos de-                                              Aspecto do Plenário (II)
       mais para a Edição Especial a ser         visão, e através de outdoors, carta-           apresentaram relatório escrito de
       publicada num dos próximos me-            zes e outros meios de comunica-                suas atividades em 2004 e progra-
       ses.                                      ção, conforme relatos feitos pelos             mação para 2005, sendo que algu-
                                                 Representantes das Federativas e               mas mencionaram, no Plenário, as
       Bicentenário de Allan Kardec              Entidades Especializadas no Plená-             suas ações mais significativas.
                                                 rio do CFN. Reformador e o bole-                     Comissões Regionais: O Co-
            A logomarca e o material gráfi-      tim Brasil Espírita registraram em             ordenador das Comissões Regionais
       co preparados pela Comissão do Bi-        suas páginas parte desses eventos.             fez ligeiro comentário sobre os tra-
       centenário de Allan Kardec, apro-              Destacamos dois pontos, que               balhos desenvolvidos nas reuniões
       vados na Reunião do CFN de                marcaram o relevo dado ao Bicen-               de 2004 das Comissões Regionais
       2003, foram adotados amplamente           tenário de Kardec: o lançamento,               do Norte, Nordeste, Sul e Centro,
       no Brasil e no Exterior, como veí-        pela Empresa Brasileira de Correios            que mais uma vez demonstraram o
       culos de divulgação dos eventos que       e Telégrafos (ETC) do Selo come-               crescimento qualitativo e quantita-
       marcaram os 200 anos do nasci-            morativo da efeméride, e o 4o Con-             tivo das atividades realizadas por
       mento de Kardec.                          gresso Espírita Mundial, realizado             todas as Federativas, com ênfase no
            Iniciadas na FEB, em Brasília,       em Paris, de 2 a 5 de outubro, em              apoio ao Centro Espírita; informou
       no dia 4 de janeiro de 2004, com          que tudo girou em torno do Codi-               que a revista Reformador registrou
       palestra pública de Divaldo Perei-        ficador e das obras básicas da Dou-            as principais ocorrências dessas reu-
       ra Franco, quando também se re-           trina Espírita. (Veja-se Reformador            niões nos meses de junho a setem-
       gistrou a passagem dos 120 anos           de novembro/04, p. 26-27 e 30-                 bro de 2004.
       da Casa de Ismael, as comemora-           -33.)                                                Os Secretários de cada Região
       ções do Bicentenário estenderam-                                                         ou seus substitutos fizeram uma
       -se a todos os Estados na promoção        Atividade Federativa                           síntese dos trabalhos desenvolvidos
       de congressos, encontros, confe-                                                         nas Reuniões dos Dirigentes.
       rências públicas, intensa divulga-            Relato das Entidades que inte-                   Foram, também, relatadas, por
       ção na imprensa, no rádio na tele-        gram o CFN: Todas as Entidades                 seus coordenadores, as ações pra-
                                                                                                          ticadas, em cada Região,
                                                                                                          pelas Áreas de Atividade
                                                                                                          Mediúnica; Atendimento
                                                                                                          Espiritual no Centro Es-
                                                                                                          pírita; Comunicação So-
                                                                                                          cial Espírita; Estudo Sis-
                                                                                                          tematizado da Doutrina
                                                                                                          Espírita; Infância e Juven-
                                                                                                          tude; e Serviço de Assis-
                                                                                                          tência e Promoção Social
                                         Aspecto do Plenário (III)                                        Espírita.

         34     32                                                                                               Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 35




       Apoio Administrati-
       vo e Jurídico

             As Assessorias
       de Apoio Adminis-
       trativo e Jurídico à
       Casa Espírita expu-
       seram suas ativida-
       des com vistas a ofe-
       recer às Federativas                                           Aspecto do Plenário (IV)
       e, principalmente, ao Centro Espí-      ramento da qualidade do livro,                dial: Deu-se notícia do significado
       rita as orientações que atendam às      quanto à apresentação, e para uma             desse Congresso, de sua importância
       suas necessidades, destacando-se o      eficaz política de vendas e marke-            neste momento histórico da Hu-
       curso de Capacitação Administrati-      ting. O Presidente referiu-se ao tra-         manidade, fato ressaltado nas men-
       va para Dirigentes de Casas Espíri-     balho que se vem desenvolvendo no             sagens mediúnicas dos Espíritos Léon
       tas, transmitido a todas as Federati-   sentido de atender à publicação de            Denis, Gabriel Delanne, Bezerra de
       vas, o qual, conforme avaliação nas     livros espíritas em outras línguas,           Menezes e Sylvino Canuto Abreu.
       Comissões Regionais, alcançou, em       mormente os da Codificação e os               Os principais aspectos do CEM fo-
       vários Estados, os Centros Espíritas    mais importantes de Chico Xavier.             ram exibidos em datashow. (Ver as
       das capitais e do interior.                  Reformador: O Editor de Re-              matérias publicadas em Reformador
             A Assessoria Jurídica informou    formador reportou-se à linha edito-           de novembro/04.)
       que oferece orientação sobre os as-     rial do periódico, que é a divulga-                Parte da Exposição Histórica
       suntos dessa área, fornece modelos      ção da Doutrina Espírita na pureza            montada na sede do Congresso foi
       de estatuto e outros subsídios às       de seus princípios, e o esforço para          exibida aos membros do CFN,
       Instituições Espíritas, transmitindo    que a revista esteja à disposição dos         destacando-se a reconstituição do
       informações através da Internet, no     leitores no primeiro dia do mês a             ambiente familiar de Kardec e
       site da FEB.                            que se refere. Enfatizou que esse ór-         Amélie Boudet, em trajes típicos de
                                               gão centenário da FEB está a servi-           sua época, e sete cartas inéditas do
       Atividade Editorial                     ço do Espiritismo e do Movimento              Codificador.
                                               Espírita.                                          Conselho Espírita Internacio-
            Difusão do Livro: O Vice-Pre-                                                    nal: O Representante da FEB na
       sidente Ilcio Bianchi, que supervi-     Movimento Espírita Internacional              10a Reunião Ordinária do CEI, rea-
       siona as atividades editorias da FEB,                                                 lizada em Paris, de 2 a 5 de outubro
       falou sobre o esforço para aprimo-           4o Congresso Espírita Mun-               de 2004, com a representação de 18
                                                                                                            dos 24 países que o
                                                                                                            integram, relatou os
                                                                                                            principais assuntos
                                                                                                            tratados nessa reu-
                                                                                                            nião, incluindo a re-
                                                                                                            eleição da Comissão
                                                                                                            Executiva, a admis-
                                                                                                            são como observa-
                                                                                                            dores, em suas reu-
                                                                                                            niões, de Instituições
                                                                                                            Espíritas do Canadá,
                                                                                                             Equador, Cuba e
                                            Aspecto do Plenário (V)                                          Honduras, e a apro-

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                        33     35
Janeiro 2005.qxp    12/1/2005   16:52   Page 36




                                                                                       Assuntos Gerais
                                                                                            Orientação ao Centro Espíri-
                                                                                       ta: Diante das observações quanto
                                                                                       à necessidade de atualização do tex-
                                                                                       to do opúsculo Orientação ao Cen-
                                                                                       tro Espírita, ficou estabelecido que
                                                                                       os coordenadores das Áreas Especí-
                                                                                       ficas das Comissões Regionais e os
                                                                                       Dirigentes das Federativas encami-
                                  Aspecto do Plenário (VI)                             nhem à Secretaria do CFN as suges-
       vação do Dia Mundial da Imprensa        presenta um percentual de 9,8%          tões para as alterações no referido
       Espírita, a ser comemorado em 1o        do total da referida população es-      documento.
       de janeiro de cada ano, tendo em        pírita.                                      Próxima Reunião: Será realiza-
       vista que Allan Kardec lançou a Re-          Foi deliberada a extensão do       da nos dias 11, 12 e 13 de novem-
       vue Spirite em 1o de janeiro de         Censo, em 2005, aos Estados, de-        bro de 2005.
       1858. (Ver Reformador de dezem-         vendo ser realizado pelas Federati-
       bro/04, p. 39-41.)                      vas no mês de agosto.                   Participação especial

       Censo Espírita                             Campanhas “Em Defesa da                    No período da Reunião do
                                                  Vida” e “Viver em Família”           CFN, contamos com a presença e
           O CFN aprovou a realização                                                  participação, em vários momentos,
       do Censo Espírita brasileiro, em              O CFN decidiu reativar as         de José Raul Teixeira e Divaldo
       sua Reunião de 2003. Todavia, em        campanhas “Em Defesa da Vida” e         Pereira Franco.
       face das dificuldades no cumpri-        “Viver em Família”. Ambas terão               Raul Teixeira: Na noite de sex-
       mento do calendário estabelecido,       novos slogans e material publicitá-     ta-feira (dia 19), proferiu eloqüente
       o Censo foi aplicado, em caráter        rio, além de um cronograma de           palestra no Salão de Conferências
       experimental, no Estado do Rio de       ações. Todos os Estados foram con-      da FEB (Cenáculo). Na tarde de sá-
       Janeiro, abrangendo 593 Institui-       vidados a contribuir com suges-         bado, no Plenário do CFN, psico-
       ções Espíritas que responderam os       tões, propostas, textos e produção      grafou mensagem do Espírito Gui-
       formulários (sendo 448 adesas à         de material em áudio e vídeo. A         lherme March.
       USEERJ ou à FEERJ, e 145 não            coordenação das duas campanhas,               Divaldo Franco: Falou aos
       adesas), num total de 700 enti-         na Sede Central da FEB, terá a          membros do CFN, ao final dos
       dades.                                  função de receber as contribuições,     trabalhos de sábado, tecendo con-
           Os dados apurados, exibidos         organizá-las e apresentá-las às Fe-     siderações sobre a importância
       em datashow, através de tabelas e       derativas e Instituições Especializa-   da união nas atividades federa-
       gráficos, indicaram uma popula-         das de Âmbito Nacional em uma           tivas junto ao Movimento Espí-
       ção espírita – constituída por fre-     home page interativa, a fim de que      rita e acerca da responsabilida-
       qüentadores de Casas Espíritas –        todas as idéias sejam avaliadas pe-     de das Instituições e dos traba-
       de 268.341 pessoas, divididas em        lo Movimento Espírita. O atual          lhadores espíritas na divulgação
       237.583 adultos e 30.756 crianças       slogan da Campanha “Viver em            da Doutrina a todos os segmentos
       e adolescentes. O corpo de traba-       Família” é Família, aperte mais es-     da sociedade. Na tarde de domin-
       lhadores que exercem funções per-       se laço. A Campanha “Em Defesa          go (dia 21) proferiu vibrante con-
       manentes nas entidades recensea-        da Vida” aborda temas como suicí-       ferência evangélico-doutrinária
       das conta com 26.382 membros,           dio, aborto, eutanásia e pena de        no Teatro Pedro Calmon do Quar-
       sendo 9.674 homens (36,7%) e            morte, sob o ponto de vista espí-       tel General do Exército, em Bra-
       16.708 mulheres (63,3%), e re-          rita.                                   sília.

         36    34                                                                                       Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 37




       Presença de Raul e Divaldo em Brasília
                                                   Raul Teixeira na FEB




       José Raul Teixeira fala
       no Cenáculo, na noite
       de 19, para cerca de
            1.000 pessoas

                        Palestra de Divaldo Franco no Teatro Pedro Calmon




          Aspecto da palestra de Divaldo Pereira Franco na tarde de domingo, dia 21 de
                              novembro, para mais de 2.500 pessoas
       Reformador/Janeiro 2005                                                  35   37
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 38




       William Crookes                                                                                      Marco Túlio Laucas

                                                científica. Para estes, a resposta de    da matéria” quando, na verdade, o
                                                Crookes foi simplesmente conti-          plasma, reconhecemos hoje, é o
                                                nuar suas pesquisas, impressionan-       quarto estado da matéria. Mais de
                                                do a todos não somente pela quan-        uma vez, temos escutado palestras
                                                tidade de trabalhos apresentados,        nas quais o orador, talvez tentando
              osso objetivo, neste artigo, é    mas, sobretudo, pela sua qualidade;      embelezar o termo “matéria radian-

       N      prestar uma justa homena-
              gem a William Crookes, nas-
       cido em 17 de junho de 1832 e
                                                valendo um destaque especial para
                                                o conhecido tubo de raios catódi-
                                                cos.
                                                                                         te”, troca matéria por energia e
                                                                                         enuncia ser Crookes o descobridor
                                                                                         da “energia radiante”. Não conhe-
       falecido em 4 de abril de 1919, ho-           Queremos aproveitar a oportu-       cemos nenhum livro de Física que
       norável cientista inglês com enor-       nidade para alertar alguns amigos        faça menção a qualquer destes dois
       mes contribuições em diversos cam-       bem-intencionados que, procuran-         termos. Então, não tem sentido fa-
       pos da Química e da Física, sendo        do elogiar o douto pesquisador, ba-      zer-se, na atualidade, uma afirmação
       particularmente conhecido dos es-        seiam-se em referências equivoca-        destas. O termo “matéria radiante”
       píritas, em geral, devido aos seus fa-   das, e acabam provocando um des-         foi sugerido por Crookes para de-
       mosos estudos, desenvolvidos na          serviço à causa que abraçam. Uma         signar um fenômeno novo, mas
       década de 1870, acerca dos fenô-         destas falsas afirmativas é dizer que    não foi aceito pela comunidade
       menos espiritualistas, em especial,      ele teria sido laureado com o Prê-       científica. Desta forma, repetimos,
       através de sessões de materialização     mio Nobel.                               são aceitáveis as afirmativas de De-
       com os médiuns Daniel Dunglas                 Sérgio Aleixo2 disserta longa-      nis e Gibier, porque eles são con-
       Home, Kate Fox e, posteriormente,        mente acerca do conhecido tríplice       temporâneos de Crookes e fizeram
       Florence Cook, que trouxeram im-         aspecto do Espiritismo: científico,      estas declarações quando esta teoria
       portantíssimas contribuições para a      filosófico e religioso. Ora, esta jun-   ainda estava sob avaliação. Mas,
       Doutrina dos Espíritos e, sobretu-       ção torna poderosa a Doutrina em         atualmente, é um descalabro falar
       do, para toda a Humanidade. Vale         seus fundamentos analíticos, possi-      sobre isso e, pior ainda, usar o ter-
       comentar que, quando Crookes ini-        bilitando-nos inspecionar, de forma      mo “energia radiante”, pois o calor,
       ciou estes estudos, não era adepto       coerente e verdadeira, a realidade       o som e a luz, por exemplo, são
       do espiritualismo, mas, após confir-     que nos cerca. Não é à toa que,          energias que se irradiam. Assim,
       mar a sua veracidade, teve a cora-       dentre todos os agrupamentos reli-       trata-se de um erro afirmar que
       gem de se declarar publicamente          giosos, o espírita é reconhecidamen-     Crookes tenha descoberto a “ener-
       um espiritualista. É claro que esta      te o que mais lê e busca informar-       gia radiante”.
       atitude lhe trouxe enormes dissa-        -se sobre o desenvolvimento da                É muito comum, nos meios
       bores. Algumas críticas se dirigiram     Ciência. Por isso, cabe-nos a res-       científicos, o surgimento de alguma
       aos procedimentos metodológicos1         ponsabilidade maior de evitar a          teoria que é aceita em princípio, pa-
       adotados durante suas investiga-         propagação de idéias equivocadas,        ra depois ser descartada, após veri-
       ções, enquanto outras, ao próprio        ou malfundamentadas.                     ficar-se que ela está errada ou por
       caráter e integridade do cientista.           Léon Denis3 e Paul Gibier4          não se ajustar perfeitamente ao fe-
       Houve até mesmo aqueles que, mal-        afirmam ser Crookes o descobridor        nômeno que a teoria tenta des-
       -intencionados, procurando ferir e       da “matéria radiante”. Gibier vai        crever. Um bom exemplo disso é o
       malsinar, alegaram que o pesquisa-       mais além, comentando ser esta           conceito de éter, que explicaremos
       dor estaria encerrando sua carreira      “matéria radiante” o “quarto estado      a seguir.

                                                                                                          Reformador/Janeiro 2005
         38     36
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 39




            Da mesma maneira que o som          1865, e novamente em 1868, por               William Crookes está longe de
       necessita de um meio material (co-       quatro vezes. Poder-se-ia pensar que    ser um cientista comum. Permita-
       mo o ar, a água etc.) para propagar-     haveria algum engano na Codifica-       -me o leitor amigo enaltecer este ex-
       -se, pensava-se, antigamente, que a      ção? Obviamente que não, por pe-        poente da Ciência de forma conve-
       luz necessitaria de um meio mate-        lo menos dois motivos. Primeiro         niente. Ele ocupou vários cargos
       rial para locomover-se. Assim, na        que, naquela época, era nestes ter-     importantes como as presidências
       falta de algo, inventou-se o nome        mos que a Ciência se expressava.        da British Association for the Ad-
       “éter” para designar o suposto meio      Além disso, Kardec mesmo afirmou        vancement of Science e da Royal
       material através do qual a luz se                                                Society of London. Editor do dou-
       propagaria. Mesmo que ninguém                                                    to Quaterly Journal of Science, foi
       tivesse conseguido observar o tal                                                ele o descobridor do elemento quí-
       éter, seu conceito persistiu por vá-                                             mico Tálio. Crookes, na verdade,
       rios séculos. No ano de 1887,                                                    era uma figura eminente da socie-
       Albert Michelson e Edward Morley,                                                dade científica britânica, possuindo
       dois físicos desconhecidos, realiza-                                             uma parede repleta de honrarias
       ram um experimento cujo objetivo                                                 profissionais. Foi feito Cavaleiro em
       era medir a variação da velocidade                                               1897 e recebeu a Ordem do Méri-
       da luz no sentido de translação da                                               to em 1910. Tendo sido destacado
       Terra e perpendicular a este movi-                                               membro da Society for Psychical
       mento. Este experimento era apa-                                                 Research (Sociedade para a Pesqui-
       rentemente sem importância, pois,                                                sa Psíquica), mais tarde tornou-se
       todos pensavam, naquela época,                                                   presidente desta instituição que, va-
       que a velocidade da luz seria dife-                                              le dizer, não era bem vista pela co-
       rente quando esta trafegasse em                    William Crookes               munidade científica, por motivos
       sentidos diferentes. Para espanto                                                óbvios. Mas, sob sua influência,
       deles, bem como de todo o establi-       que se novas descobertas demons-        veio a participar dela um número
       shment, a velocidade da luz não va-      trassem estar o Espiritismo errado      verdadeiramente espantoso de proe-
       riou. Hoje, sabemos que a velocida-      em algum ponto, ele se modificaria      minentes cientistas de renome in-
       de da luz é uma constante uni-           para adequar-se à Ciência. Em se-       ternacional. Peço vênia por nos es-
       versal, ou seja, por mais incrível que   gundo lugar, é preciso saber separar    tendermos um pouco neste item,
       possa parecer, não há como aumen-        o ponto de vista dos Espíritos do de    mas vale lembrar que Johann Zöll-
       tar ou diminuir a velocidade da luz      Kardec. Este fato pode ser bem ex-      ner, destacado físico alemão, profes-
       em um meio material específico           planado analisando-se André Luiz7,      sor de Física e Astronomia na Uni-
       qualquer. A mesma coisa não se dá,       Espírito. Em 1959, já consciente de     versidade de Leipzig, também mem-
       por exemplo, com o som. Se uma           ter Einstein sugerido o conceito de     bro desta instituição, foi convertido
       locomotiva apitando se aproxima, o       campo para substituir o conceito de     ao espiritualismo por Crookes, em
       som é mais agudo do que quando           éter, escrevendo da esfera extrafísi-   1875, quando o visitou em seu la-
       ela está se afastando. No primeiro       ca, André Luiz, ao invés de “campo      boratório. Ainda vale a pena citar os
       caso, a velocidade do som é maior        einsteniano”, prefere usar Fluido       seguintes membros desta institui-
       (som mais agudo). No segundo ca-         Cósmico ou Hálito Divino como o         ção: Wilhelm Weber (cujo nome
       so, a velocidade do som é menor          meio no qual o Universo se equili-      “weber”, hoje, denomina a unida-
       (som mais grave). Este experimen-        bra. O mais curioso de tudo isso é      de internacional de magnetismo),
       to de 1887 acabou imortalizando          que ainda encontramos, mormente         Lord Rayleigh, ganhador do Prê-
       os autores e liquidando completa-        no meio espírita, o uso corrente do     mio Nobel de Física de 1904, e J. J.
       mente com a hipótese da existência       errôneo conceito de éter. Isso é te-    Thompson, ganhador do Prêmio
       do éter. Kardec refere-se ao éter        ma para outro artigo, pois este não     Nobel de Física de 1906. Somente
       em duas ocasiões 5,6: duas vezes em      comporta tal discussão.                 isto já seria o suficiente para nos

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                   37     39
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 40




       vergarmos em reverência à estatura
       intelectual deste homem ímpar en-
       tre os grandes. Porém, a história
       não pára por aí. O que realmente o
       imortalizou foi a invenção do tubo
       de raios catódicos. Por uma questão
       de curiosidade, vamos explicar, ra-
       pidamente, o significado do tubo                              Esboço rudimentar de um tubo de raios catódicos.
       de raios catódicos.
            Imagine um filamento (tal
       qual o filamento de uma lâmpada)
       percorrido por uma corrente elétri-
       ca. Chamemos este filamento de
       cátodo. Imagine agora uma placa
       metálica um pouco afastada do fi-
       lamento. Chamemos esta placa de                                                                          Foto antiga
       ânodo. Quando um filamento é
       percorrido por uma corrente elétri-
       ca, uma nuvem de elétrons circun-
       da este filamento. Se uma diferença
       de potencial (ddp) for criada entre
       este filamento (ou cátodo) e uma
       placa carregada positivamente (ou
       ânodo), então esta nuvem eletrôni-
       ca será arrancada celeremente das
       proximidades do cátodo em direção
       ao ânodo. Quanto maior for a ddp,                                                                   Esboço da foto
       mais velozes serão os elétrons. O
       que nosso Crookes construiu foi is-
       to, que é conhecido como tubo de
       raios catódicos. Colocou um fila-
       mento e uma grade dentro de uma
       ampola de vidro e estabeleceu uma
       enorme ddp entre os dois compo-
       nentes, fazendo com que os elétrons
       fossem brutalmente arrancados das
       proximidades do filamento. A ace-
       leração e a velocidade final dos tais
       elétrons era tanta que, quando eles
       se aproximavam da grade (que efe-
       tivamente era quem os atraía), a
       maior parte dos elétrons ultrapassa-
       va os buracos da grade, indo cho-
       car-se violentamente contra a pare-         Esquema simplificado de um tubo de raios catódicos, onde F é o filamento de
       de de vidro da ampola. (Ver figura.)        tungstênio, C é o cátodo de um material alcalino, W é a grelha de Wehnelt, G,
                                                   A1 e A2 são ânodos, X1, X2, Y1 e Y2 são os pratos defletoras do feixe de elétrons,
            Num tubo de raios catódicos,           e A3 é um revestimento condutor. Os pratos defletores direcionam o feixe de
       enquanto a corrente elétrica circu-         elétrons.


         40     38                                                                                              Reformador/Janeiro 2005
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 41




       lar pelo filamento, elétrons serão      1925, Albert Einstein fez uma pro-      se submetido a [um exame de]raios
       emitidos pelo cátodo, atraídos pelo     posição teórica que, se correta, re-    X tem uma dívida para com a fa-
       ânodo e virão a chocar-se contra o      dundaria em um novo estado da           mosa invenção de Crookes.
       vidro. O interessante de tudo isso é    matéria e, há pouco menos de dez
       que, no local onde os elétrons se       anos, esta hipótese einsteniana foi     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
       chocam, cria-se um ponto lumino-        testada e confirmada em laborató-       1
                                                                                        FERREIRA, J. M. H.; MARTINS, R. A.
       so, cuja intensidade luminosa varia     rio, sendo hoje designada como o        As investigações de William Crookes sobre
       com o valor nominal da corrente         “quinto estado da matéria”.             fenômenos espiritualistas com médiuns e suas
       no filamento. Se aumentarmos a                Possivelmente o maior prêmio      pesquisas sobre o efeito radiométrico na década
       corrente, mais elétrons serão libera-   que um cientista pode receber é o       de 1870. p. 169-199. In: ALFONSO-GOLD-
                                                                                       FARB, Ana Maria; BELTRAM, Maria Helena
       dos, por segundo, elevando a lumi-      famoso Prêmio Nobel. Alguns de          Roxo (orgs). O laboratório, a oficina e o ateliê:
       nosidade na parede de vidro. Já a       nós queremos engrandecer a Dou-         a arte de fazer o artificial. SP: EDUC 2002
       cor deste ponto luminoso é depen-       trina Espírita afirmando ter sido ela   (ISBN 85-283-0231-8). Arquivo copiado da
       dente da força de impacto dos elé-      corroborada por algum cientista         biblioteca eletrônica do Grupo de História e
       trons e, conseqüentemente, do va-       laureado com tal prêmio, mas, no        Teoria da Ciência www.ifi.unicamp.br/~ghtc/
       lor da ddp. Assim, ao variarmos a       fundo, o Espiritismo não necessita      da Universidade Estadual de Campinas
                                                                                       (UNICAMP).
       ddp, notamos a mudança de cor no        de nada disso. A verdade é que Wil-
                                                                                       2
       ponto luminoso.                         liam Crookes nunca foi laureado          ALEIXO, S. A. O mais profundo religar: fun-
             Há cerca de vinte anos, tive-     com qualquer Prêmio Nobel. Não          damentos históricos e conceituais do espiritis-
       mos a oportunidade de estudar es-       possuímos bastante conhecimento         mo. 1. ed. SP: Lachâtre, 2003.
       te experimento e, apesar de alegrar-    nesta área, mas parece-nos que o        3
                                                                                        DENIS, L. O Além e a Sobrevivência do Ser.
       mo-nos ante o ponto luminoso e          nome de Crookes jamais tenha sido       5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.
       fazê-lo movimentar-se sob a ação de     cogitado para o Nobel em qualquer       4
                                                                                        GIBIER, P. O Espiritismo. 5. ed. Rio de
       um ímã, reconhecemos que, por           época, isto, aliás, é uma enorme fal-   Janeiro: FEB, 2002.
       demais atentos à frieza dos cálculos,   ta de consideração para com um
                                                                                       5
       não demos ao fenômeno a devida          cientista desta envergadura. A re-       KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 33. ed.
       importância. Somente agora, lem-        tumbância do tubo de raios catódi-      Rio de Janaeiro: FEB, 1985.
       brando de Crookes, emocionamo-          cos é tanta que o eminente físico       6
                                                                                        ______. A Gênese. 36. ed. Rio de Janeiro:
       -nos ante este estrondoso espetácu-     Michio Kaku, professor de Física        FEB, 1995.
       lo da mãe natureza. Neste momen-        Teórica do City College of New          7
       to, conseguimos aquilatar uma nes-      York University, apresentador de         XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Wal-
       ga da enorme alegria que deve ter se    diversos programas no famoso ca-        do. Mecanismos da Mediunidade, ditado pelo
       apossado dele. É bastante provável      nal de televisão Discovery Channel,     Espírito André Luiz. 10. ed. Rio de Janeiro:
       que, sorrindo de alegria, Crookes ti-   afirmou:5 “O tubo de raios catódi-      FEB, 1987, cap. III.
       vesse dito: “Encontrei a matéria ra-    cos de Crookes revolucionou a ciên-     8
                                                                                        KAKU, M. Hiperespaço. Uma odisséia cientí-
       diante.” Este fenômeno é real, com      cia”; quem quer que assista à tele-     fica através de universos paralelos, empena-
       muitas e fundamentais aplicações        visão, use um monitor de computa-       mentos do tempo e a décima dimensão. 1. ed.
       práticas, mas, não se trata de qual-    dor, jogue um vídeo game, ou já tenha   RJ: Rocco, 2000.
       quer matéria radiante.
             Quanto ao termo “quarto esta-
       do da matéria”, proposto por Croo-
       kes para designar a “matéria radian-            Cadastro de
       te”, tornou-se de uso corrente, mas,
       usado no plasma. Não foi Crookes                   Assinantes e Instituições EspíritaS
       quem encontrou o quarto estado da              Atualizem seu cadastro a fim de receber Reformador com
       matéria, mas foi ele que inventou o             regularidade (assinaturas.reformador@febrasil.org.br).
       nome. Observe-se ainda que, em

       Reformador/Janeiro 2005                                                                                          39        41
Janeiro 2005.qxp     12/1/2005   16:52   Page 42




                                                   SEARA ESPÍRITA

       Amazonas: Eventos espíritas                              Mato Grosso: FEEMT – Calendário de Atividades
       A Federação Espírita Amazonense, prosseguindo nas        A Federação Espírita do Estado de Mato Grosso ela-
       comemorações do Bicentenário de Kardec e do seu          borou seu Calendário de Eventos Estaduais e Regio-
       Centenário, promoveu os seguintes eventos: 1. Encon-     nais para 2005, dos quais destacamos os de âmbito
       tro com Jovens Espíritas, em 13 de novembro/04; dia      estadual: de 5 a 8 de fevereiro – VI CONJEMAT
       14/11, pela manhã, Encontro com Evangelizadores de       (Confraternização de Juventudes Espíritas de Mato
       Infância e Juventude e, à tarde, Encontro de Trabalha-   Grosso); de 21 a 24 de abril – 3o Congresso Espírita
       dores e Dirigentes. Coordenaram esses Encontros as       do Estado de Mato Grosso (em Cuiabá); de 16 a 17
       expositoras Sandra Borba (RN) e Tereza Cristina Lei-     de julho – Encontro Estadual de Trabalhadores e
       te (DIJ/FEB). 2. Palestras públicas de Divaldo Pereira   Coordenadores do SAPSE; de 10 a 11 de setembro –
       Franco, em 26 e 27 de dezembro/04, no auditório da       Encontro Estadual de Evangelizadores da Infância e
       Universidade Nilton Luz, ocasião em que foi lançado      Juventude.
       o selo do Bicentenário de Nascimento de Kardec e o
       exemplar único da revista O Bicentenário. Houve,         Porto Alegre (RS): Divaldo na Feira do Livro
       também, um encontro de Divaldo com trabalhadores         Promovida pela Câmara Riograndense do Livro, rea-
       do Movimento Espírita amazonense.                        lizou-se na Capital gaúcha, de 29 de outubro a 15 de
                                                                novembro de 2004, a Feira do Livro de Porto Alegre
       Pernambuco: FEP comemora Centenário                      – considerada a maior feira de livros ao ar livre da
       Em comemoração ao seu centenário de fundação, a          América do Sul –, da qual a Federação Espírita do Rio
       Federação Espírita Pernambucana realizou, em de-         Grande do Sul participou com uma das mais movi-
       zembro de 2004, as seguintes atividades: 1. Mostra       mentadas bancas. Divaldo Pereira Franco, especial-
       Espírita, nos dias 3, 4 e 5, com o tema Mediunida-       mente convidado pela patrocinadora, participou de
       de da Antiguidade à Época Atual, no Centro de            sessão de autógrafos e fez conferência no dia 7 de no-
       Convenções de Pernambuco; 2. Solenidade come-            vembro no Cine Imperial. Proferiram palestras, tam-
       morativa do Centenário, no dia 8/12, com palestra        bém, na programação da Feira, Marcel Souto Maior
       de Nestor João Masotti, Presidente da FEB; 3. Con-       (RJ) e Moacir Costa de Araújo Lima (RS).
       ferência de Divaldo Pereira Franco, dia 15, às 20 ho-
       ras, no Centro de Esportes Geraldo Magalhães. No         Bahia: Atividades Federativas
       período de 8 a 15/12, ocorreram, diariamente, pa-        A Federação Espírita do Estado da Bahia promoveu,
       lestras comemorativas nas diversas Áreas Federa-         no período de 5 a 7 de novembro de 2004, o Encon-
       tivas.                                                   tro Estadual de Espiritismo, no Centro de Conven-
                                                                ções de Salvador, com o tema A Contribuição Espíri-
       Exposições sobre Kardec                                  ta no Século XXI. O evento comemorou o Bicen-
       Além da exposição histórica dos 200 anos de Allan        tenário de Allan Kardec e os 140 anos de O Evange-
       Kardec, no 4o Congresso Espírita Mundial, de Paris,      lho segundo o Espiritismo, contando com 1.052 par-
       duas outras estão ocorrendo na Europa: em Lyon,          ticipantes, 70 cidades representadas e 4 Estados pre-
       França, a exposição Lyon, coração do Espiritismo.        sentes. Durante o Encontro foi instalado, na manhã
       Allan Kardec e os espíritas lioneses, de 15 de outubro   do dia 7, o Conselho Federativo Estadual, com a fina-
       de 2004 a 15 de janeiro de 2005, no saguão do            lidade de apontar novos rumos para o Movimento Es-
       4o andar da Biblioteca Municipal de Lyon                 pírita baiano. Participaram 45 Casas Espíritas.
       (www.bm.lyon.fr); em Yverdon, Suíça, 200 anos do               Como atividade regional, registramos a realiza-
       educador Johann Heinrich Pestalozzi, no Castelo de       ção da XXXII Semana Espírita de Alagoinhas, de 29
       Yverdon, de 17 de setembro de 2004 a 15 de janeiro       de novembro a 5 de dezembro/04, com o tema Edu-
       de 2005 (www.centrepestalozzi.ch).                       cação para a plenitude do ser.

         42     40                                                                                 Reformador/Janeiro 2005

reformador-2005-01

  • 2.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 3 EDITORIAL 4 Caridade na Casa Espírita Revista de Espiritismo Cristão PRESENÇA DE CHICO XAVIER 16 Ano 123 / Janeiro, 2005 / No 2.110 Oração diante do Tempo – Irmão X ENTREVISTA: LEO GAUDET 17 Como surgiu o Movimento Espírita em Quebec, Canadá ESFLORANDO O EVANGELHO 21 Inverno – Emmanuel PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 29 O Espiritismo no Brasil – Extrato do Diário da Bahia – Allan Kardec Fundada em A FEB E O ESPERANTO 30 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva Departamento de Esperanto da FEB – Affonso Soares ISSN 1413-1749 Homenagem a um pioneiro 31 Propriedade e orientação da FEB – CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL 33 Federação Espírita Brasileira Direção e Redação CFN realiza a Reunião Ordinária de 2004 Av. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN) 70830-030 – Brasília (DF) SEARA ESPÍRITA 42 Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523 Home page: http://www.febnet.org.br Solidariedade – Juvanir Borges de Souza 5 E-mail: [email protected] [email protected] Acidente na estrada – Carlos Abranches 8 Prosseguimento na luta – Bezerra de Menezes 10 Para o Brasil Assinatura anual R$ 30,00 O Espírito do Bem – Paulo Nunes Batista 11 Número avulso R$ 4,00 Para o Exterior Fatos que nos lançam no rumo da tese reencarnacionista – 12 Assinatura anual Simples US$ 35,00 Jorge Hessen Aérea US$ 45,00 Um ano maravilhoso – Richard Simonetti 15 Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi- tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso Borges Spartaco Ghilardi 18 Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira São Mensagem – Sylvino Canuto Abreu 19 Thiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto; Quem é Jesus? – Ruy Gibim 20 Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR: Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDP Compromisso com a Paz Global – Organização das 22 do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503. Nações Unidas Repensando Kardec – Da Lei de Reprodução – 24 Departamento Editorial e Gráfico Rua Souza Valente, 17 Inaldo Lacerda Lima 20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Brasil Tel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298 A chave do reino dos céus – Paulo Roberto Viola 26 E-mail: [email protected] FEB/CFN – Comissões Regionais – Calendário 28 E-mail: [email protected] das Reuniões Ordinárias de 2005 Capa: Alessandro Figueredo O livre exercício da mediunidade – Mauro Paiva Fonseca 32 Tema da Capa: Comemorando a chegada de um Presença de Raul e Divaldo em Brasília 37 Novo Ano, o tema SOLIDARIEDADE é mensagem de Esperança e Paz aos nossos leitores. William Crookes – Marco Túlio Laucas 38
  • 3.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 4 Editorial Caridade na Casa Espírita bem conhecida a orientação que os Espíritos Superiores oferecem, através da Doutrina Espíri- É ta, com relação ao que nos cabe fazer diante da permanente necessidade de solucionar nossos problemas, aprimorando-nos e aprimorando o mundo em que vivemos: “Fora da caridade não há salvação.” Para não deixar dúvidas quanto ao que nos queriam dizer, explicaram qual o verdadei- ro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (Questão 886 de O Livro dos Espíritos.) A despeito da abrangência com que nos é colocada, a prática da caridade tem sido interpretada, normalmente, como atividade a ser desenvolvida junto a pessoas fora dos nossos círculos de ativida- de, necessitadas de recursos, principalmente materiais. Nos próprios núcleos espíritas, todavia, à medida que as tarefas aumentam e os desafios se des- dobram, sente-se, cada vez mais, o imperativo da prática da caridade interior, aquela que é exercida entre os companheiros de trabalho doutrinário. Com ela, exercitando a benevolência, aumentamos a nossa capacidade de ajudar nosso irmão mais próximo, procurando conhecer e compreender as suas necessidades, atenuando-as e prevenin- do-as tanto quanto possível. Com ela, ainda, exercitando a indulgência, reconhecemos o colabora- dor da seara espírita, com as imperfeições que também nos caracterizam, esperando a nossa com- preensão pacificadora. Com ela, finalmente, exercitando o perdão, aprendemos a importância do aguilhão, sempre presente em nossa vida, a convocar-nos para a prática do amor incondicional, úni- co que nos permite ascender a níveis mais altos de vivência moral. Será sempre através da prática da caridade no seio das nossas Casas Espíritas que teremos condi- ções de estabelecer e fortalecer a união entre os seus colaboradores, indispensável à execução do tra- balho que nos dignifica. Se pretendemos, realmente, a realização correta da nobre tarefa que assumimos diante da Providência Divina, de promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita – visando à construção de um mundo novo, com a formação de melhores homens –, cabe-nos vivenciar a cari- dade entre nós, lembrando-nos de que fora da união não há solução. 2 Reformador/Janeiro 2005 4
  • 4.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 5 Solidariedade Juvanir Borges de Souza mesmo reconhecendo que ainda Por isso, os mais atrasados na não temos condições de conhecê-lO marcha evolutiva são auxiliados pe- na sua plenitude e na sua natureza los mais adiantados. Qualquer que ela concepção de Deus, a cau- íntima, já podemos sentir a grande- seja a posição ocupada pelo ser, há P sa primária de tudo o que existe, inteligência suprema, tal como a Doutrina dos Espíritos za e a beleza de suas leis, sempre justas, a reger tudo o que Ele criou e cria, em todo o infinito do Uni- sempre um dever de solidariedade de sua parte para com seus seme- lhantes mais necessitados. apresenta o Criador dos Universos, verso. Essa regra divina explica o fato podemos perceber que os Espíritos Com essas noções essenciais re- de todos os povos, todas as raças Reveladores procuraram evitar uma veladas pelos Espíritos a serviço do humanas, em todas as épocas, te- definição limitativa do que é infini- Cristo de Deus, retificam-se muitas rem recebido emissários enviados to, em todos os seus atributos. idéias geradas por crenças, religiões, pelo Governo do Orbe Terrestre, “A inferioridade das faculdades filosofias e superstições decorrentes para proporcionar-lhes melhor en- do homem não lhe permite com- da multiplicidade dos deuses antro- tendimento da Vida, seja no terre- preender a natureza íntima de pomorfos de todo o passado da no religioso, no campo científico Deus”, observa o Codificador da Humanidade. ou na organização social. Doutrina, em nota à questão 11 de A idéia correta de Deus, oriun- Explica também a vinda do O Livro dos Espíritos, mas “pode- da dos ensinos de Jesus, o Cristo, Cristo a esta Esfera que habitamos, mos [os homens] formar idéia de ampliada e explicada pelo Consola- embora soubesse Ele que não seria algumas de suas perfeições” (ques- dor por Ele prometido e enviado, entendido imediatamente pela gran- tão 12). demonstra que toda a raça humana de maioria daqueles a quem se diri- Esclareceram, ainda, os Instru- é filha do mesmo Pai e que existe gia. tores Espirituais, que há questões naturalmente um laço de solidarie- Apesar de saber como seria tra- que estão muito acima da capacida- dade entre todos os seres, oriundos tado, em razão da incompreensão, de de entendimento do homem, da mesma fonte criadora. do atraso e da ignorância dos ho- por mais inteligente que seja. Essa solidariedade decorre das mens, nem por isso deixou de ofe- Na fase evolutiva em que se en- leis divinas e funciona independen- recer-lhes novos conhecimentos, contram os habitantes deste plane- temente da liberdade individual, do exemplos marcantes de amor, na ta, bastante superior às de períodos atraso decorrente dos desvios de ca- sua expressão mais sublime de per- milenares anteriores, foi possível à da um e da incompreensão que dão, de sacrifício e de renúncia. Espiritualidade Superior revelar leis atinge grandes contingentes de Es- A solidariedade é uma forma divinas que regem toda a Criação, píritos, movidos por crenças e filo- de expressão do amor, lei universal embora tenha advertido claramen- sofias em desacordo com a realida- do Criador que abrange toda a Cria- te que o Criador, na sua infinita sa- de e com a Verdade. ção. bedoria, não permite que ao ho- Em outras palavras, a solidarie- Revelações sucessivas, inspira- mem, por suas naturais limitações, dade é uma conseqüência das pró- ções superiores no campo das ciên- seja tudo revelado neste mundo. prias leis divinas, ou naturais, esta- cias e das artes, intuições comuns Relembrando essas noções bá- belecidas para todos os Espíritos, recebidas pelas criaturas, sem mes- sicas da Doutrina Espírita a respei- em qualquer grau evolutivo em que mo saberem da sua procedência, to do Deus de nossos corações, se encontrem. são formas de auxílio superior em Reformador/Janeiro 2005 3 5
  • 5.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 6 favor dos que habitam a Terra. Não corrigir os desvios, despertar os Todos os Espíritos foram cria- deixam de ser formas de socorro, de adormecidos e enganados em seus dos simples e ignorantes. A evolu- amor, de solidariedade, de frater- objetivos, relembrando a todos a ção de cada um depende dos esfor- nidade. sua natureza espiritual de seres ços, da dedicação, do trabalho, da O Consolador prometido por imortais, que precisam continuar aplicação de seus dons de inteligên- Jesus e por Ele enviado é uma for- suas jornadas para além da morte cia e de sentimentos em relação aos ma de Amor de Deus a suas criatu- do corpo perecível. outros seres com os quais convive ras, justamente na época e na hora A par desses objetivos, ela cum- ou mantém relacionamento. tão difícil atravessada pela Huma- pre a promessa do Cristo de deixar A Lei de Justiça, Amor e Cari- nidade, no “século das luzes” e do com os homens, para sempre, o dade, que sintetiza todas as leis mo- materialismo. Foi e continua a ser outro Consolador, em complemen- rais, pressupõe um relacionamento pelo tempo futuro uma forma de tação ao anterior – o Cristo e sua permanente do ser com seu Criador solidariedade do Superior ao infe- Mensagem. e com as outras criaturas. Ninguém rior, num momento de influências pode viver inteiramente isolado dos negativas, materialistas, niilistas, outros seres. que precisavam ser contestadas. Co- A Revelação Espírita Nessa circunstância da vida de mo os homens não demonstraram relação, podemos perceber a fatali- ter capacidade para oposição ao é um despertamento dade e a necessidade da solidarieda- materialismo triunfante, o Mundo de entre os seres. Espiritual Superior apresentou os permanente para as Na ordem material, intelectual esclarecimentos indispensáveis para e moral, tudo o que o ser faz, diz ou a elucidação, tão necessária, sob a almas adormecidas pensa tem repercussão nos outros forma de uma Nova Revelação. seres. Cada revelação vinda de Cima Daí a regra áurea ensinada por é continuação de outras anteriores. Esse Consolador estará relem- Jesus e que se encontra como nor- O Espiritismo, a Doutrina dos brando ao homem, em caráter per- ma moral de diversas filosofias e re- Espíritos, é não só a continuação da manente, o seu destino de criatura ligiões antigas: Doutrina do Cristo, mas também o imortal, desenvolvendo-lhe seus re- “Fazes ao teu próximo o que outro Consolador prometido por cursos e aptidões latentes para tor- quererias que ele te fizesse.” Ele, que sabia das necessidades fu- nar-se melhor, mais feliz e mais so- Não há regra mais justa e de turas de uma Humanidade carente lidário com seus semelhantes. mais fácil entendimento, mesmo de reajustamentos em seus conheci- A Revelação Espírita é um des- para criaturas iniciantes no conhe- mentos e sentimentos. pertamento permanente para as cimento e na moralidade, já que Grande parte dos Espíritos en- almas adormecidas iniciarem ou rei- parte do desejo natural do bem pa- carnados na Terra, esquecidos ou niciarem sua marcha evolutiva, ex- ra si próprio, aplicado aos outros. ignorantes de seu destino e de sua plicando que têm um passado que condição de seres em evolução, vai muito além do renascimento na ... deixaram-se influenciar por diver- vida atual, ligada a um corpo, e que sas formas de materialismo, profun- o futuro que as espera não é um céu O sentimento da solidariedade damente prejudiciais ao seu pro- ou um inferno criados pela ignorân- é sempre mais evidente quanto gresso. cia dos homens, mas um desdo- mais evoluído é o ser. As religiões tradicionais e as bramento, uma conseqüência dos O exemplo maior de solidarie- ciências influenciadas pelo materia- pensamentos e dos atos gerados e dade é o Amor de Deus para com lismo não tinham condições de se praticados no presente e no passado. todas as suas criaturas, por meno- opor aos desvios humanos em sua Mas o Espírito, encarnado ou res que sejam, ou por estarem no marcha ascendente. livre, não pode isolar-se do meio início da evolução a que são desti- A Nova Revelação veio, assim, em que vive. nadas. 6 4 Reformador/Janeiro 2005
  • 6.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 7 Por isso, na Revelação Espírita, deiramente sacrificiais, com o obje- prevalecem o erro e as paixões, a torna-se inadmissível, por injusta e tivo de auxílio direto a seus entes maldade e a insensibilidade, se não incompatível com a Justiça e a Bon- amados. houvesse a solidariedade e o amor dade de Deus, a idéia de um infer- A reencarnação de missionários dos que estão à frente, com o dese- no eterno de sofrimentos para as com tarefas definidas, objetivando jo de auxiliá-los e mostrar-lhes o ca- criaturas que infringem as leis di- o esclarecimento, ou o avanço de minho do bem? vinas. um povo, seja no campo dos co- Espíritos que já compreende- Concepções antiqüíssimas de nhecimentos científicos, seja no do ram o alto sentido da solidariedade, homens muito atrasados e interpre- aperfeiçoamento dos sentimentos, que já sentem a importância do tações equivocadas das escrituras re- ou da ordem social, não são magní- amor e a prática da caridade, envol- ligiosas, mesmo nas denominadas ficos exemplos de solidariedade? vem em seus sentimentos seus com- Igrejas cristãs, são responsáveis por panheiros mais atrasados na jorna- esse erro terrível, que a Doutrina da evolutiva. dos Espíritos procura retificar, den- A solidariedade Mesmo em nossa Esfera carnal, tro da lógica, da razão e da sabedo- mundo de expiações e provas, a ria dos ensinos da Espiritualidade é o oposto do sensibilidade, por eles desenvolvida, Superior. estende-se à Natureza que os envol- Nenhum Espírito se perde em egoísmo, ve e por isso passam a admirar o fir- condenação eterna de seu Criador. mamento, com os astros visíveis à A Justiça de Deus tem muitas for- o grande noite, a beleza plácida dos mares, mas de retificar os erros de suas dos rios e lagos, o reino vegetal na criaturas, por mais rebeldes que se- característico variedade das espécies e das flores jam, sem necessidade de recorrer a multicoloridas, os animais com seus contradições com seu Amor e Bon- dos seres instintos. dade. Descobrem, então, que a soli- Quanto mais elevado na escala imperfeitos dariedade é, na Criação Divina, evolutiva, mais solidário é o Espíri- muito mais vasta do que parece, to para com aqueles que amou, os não se limitando aos seres racionais, que partilharam suas alegrias e tris- Sem dúvida, são vibrações de mas está presente em todos os rei- tezas e ficaram para trás em reencar- amor solidário de criaturas que já nos da Natureza. nações terrestres. alcançaram posições superiores, por Dentro dessa comunhão soli- A evolução espiritual não apa- seus próprios esforços, que se pro- dária, compreendendo os seres ra- ga os laços de amor, amizade e soli- pagam em mundos materiais como cionais e os outros reinos da Natu- dariedade para com aqueles que se o nosso, graças à ação sacrificial ca- reza, o Espírito liberto das inferio- atrasaram na carreira evolutiva. paz de renovar a fé, a esperança, a ridades já ultrapassadas, e movido Sem desobediência aos precei- vontade de melhorar, naqueles que pela compreensão da grandeza e do tos das leis divinas, Espíritos radio- estão na retaguarda. poder do Criador de todas as coisas, sos, bem mais adiantados que os Na verdade, na vida coletiva, impele naturalmente seu pensa- encarnados na Terra, compadecem- progridem, espiritualmente, aque- mento, impregnado de sentimentos -se de seus irmãos retardatários, les que trabalham e se esforçam pa- de gratidão e de reconhecimento, inspirando-os no bem, sem ferir- ra servir aos outros e não somente a ao Deus de nossos corações. -lhes a liberdade de decisão. si próprios, egoisticamente. É o sentido da prece em louvor Há, na literatura espírita, rela- A solidariedade é o oposto do ao Deus de Amor e Justiça, toda tos do interesse e da solidariedade egoísmo, o grande característico dos sentimento, que independe de pa- de seres bem adiantados, em relação seres imperfeitos. lavras, de fórmulas decoradas e de aos que ficaram para trás, que se Que seria dos Espíritos retarda- recitativos, usuais nas religiões for- submeteram a reencarnações verda- dos, inferiores, das Esferas em que malistas. > Reformador/Janeiro 2005 5 7
  • 7.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 8 Acidente na estrada Pedido, louvor ou agradeci- mento, a prece verdadeira resulta do convencimento sincero do ser de que é um elo da corrente de dimen- sões infinitas da Criação. Não im- Carlos Abranches porta que esse elo seja pequenino. Ligado à grande corrente, sente os efeitos da solidariedade dos seres Pela estimativa do órgão, ocor- oriundos da mesma Causa. rem por dia 723 acidentes nas ro- Esse pensamento, impregna- dovias pavimentadas, morrendo no do de sentimentos elevados de res- local 36 pessoas; 418 pessoas ficam peito e de admiração à Inteligên- feridas, sendo que destas 30 irão fa- cia e ao Poder Supremo, é a mais pesar de o Ministério da Saú- lecer nos hospitais. alta expressão da fé e da esperan- ça já encontradas pelo ser no ca- minho ascensional para a felici- A de divulgar 32 mil mortes por ano decorrentes de acidentes de trânsito no Brasil, o SOS Estra- ... A abordagem do assunto nesta dade. das, programa de redução de aci- página espírita pretende levar a Alcançado esse estado de soli- dentes, estima que pelo menos 42 questão para um ângulo diferencia- dariedade e de compreensão, o mil pessoas morrem no trânsito do do problema. Como fica o lado egoísmo e o orgulho, as grandes brasileiro todos os anos. espiritual das vítimas de um aciden- chagas que prevalecem nas Esfe- O SOS é um programa elabo- te de trânsito? Qual é o peso de ras inferiores, estarão dominados e rado pelo site www.estradas.com.br, uma desencarnação nessas condi- ultrapassados pelos seres que já maior portal de rodovias do Brasil. ções para o quadro cármico das ví- descobriram um novo sentido da De acordo com a pesquisa “Morte timas? Em que tipo de processo o Vida. no Trânsito – Tragédia Rodoviária”, causador do acidente se enquadra, Todos os Espíritos imperfeitos divulgada em maio de 2004, o nú- perante a lei natural? que habitamos este mundo áspe- mero de vítimas é equivalente ao de Refiro-me a esse fato depois de ro e que, às vezes, nos chocamos mortos em acidentes de trânsito acompanhar de perto um brutal com acontecimentos profundamen- nos Estados Unidos, país com 293 acidente próximo de São José dos te tristes – guerras, conflitos, se- milhões de habitantes e frota de au- Campos (SP), ocorrido no dia 13 qüestros, crimes, miséria, decadên- tomóveis dez vezes maior que a de julho de 2004. Ele aconteceu na cia moral e corrupção – precisamos brasileira. rodovia dos Tamoios, que dá aces- meditar profundamente na necessi- Dos acidentes com morte no so ao litoral norte do Estado de São dade de reverter esses quadros ter- local ou durante o transporte para Paulo, envolvendo dois carros: uma ríveis. o hospital, 69% dos óbitos ocorrem caminhonete com 4 pessoas – o pai A orientação para tanto já se decorrentes de acidentes nas estra- e três filhos –, e um Monza com 6 encontra no mundo, há muito, e se das. Pelo menos 11 mil feridos de viajantes dentro. expressa na Mensagem do Cristo, acidentes rodoviários morrem nos Os seis ocupantes do Monza resumida na necessidade de amar a hospitais. morreram e os quatro da picape fi- Deus e aos nossos semelhantes, e Segundo projeções feitas pelo caram gravemente feridos. reafirmada pelo Consolador por Ele SOS Estradas, 24 mil pessoas mor- Segundo a Polícia Rodoviária enviado. rem em decorrência de acidentes Estadual, o motorista da D-20 te- A solidariedade, na Terra, re- nas estradas, o que representa 57% ria perdido o controle do veículo e sulta da compreensão dessa Mensa- do total de 42 mil vítimas fa- colidido frontalmente com o Mon- gem e da sua prática, pela sua vi- tais em acidentes de trânsito em za. vência pela maioria dos habitantes áreas urbana e rodoviária em todo deste planeta. o País. ... 8 6 Reformador/Janeiro 2005
  • 8.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 9 Fechando os olhos objetivos do tudo é mobilizado para garantir ao cesso de velocidade, a irresponsa- fato em si, para abrir a percepção acidentado as melhores condições bilidade na condução de um carro da realidade espiritual que envolve de recuperação imediata, em busca provocam revolta, sobretudo se o ocorrências como essa, é possível da preservação do equilíbrio emo- causador da tragédia sobrevive ao vislumbrar o cenário da tragédia, cional. impacto. tomando como que de surpresa to- O que fica para analisar-se de- O que se depreende disso tu- dos os envolvidos. pois são as causas cármicas de todo do, considerando-se a excelência Ali estão os viajantes, que nem o processo. O que via de regra leva dos fundamentos evangélicos da vi- de longe se permitem ao menos um grupo de pessoas a morrer em são espírita do fato, é que se o “es- imaginar a possibilidade de um um mesmo acidente são compro- cândalo” for necessário, ele será o acidente no percurso. Na pista missos semelhantes em atos pregres- elemento aferidor do resgate. Alívio contrária, igualmente vem um mo- sos, que desencadearam nos envol- para quem sofre o processo, desafio torista, ou uma família, concentra- vidos os mesmos processos de para quem o desencadeia. O desa- da apenas em completar bem a resgate para o futuro. tento, o invigilante, aquele que pro- viagem. vocou o acidente acaba assumindo De repente, sob circunstâncias responsabilidades perante a mesma inesperadas, a derrapagem, o estou- Quando se quita Lei que legitimou o retorno dos ou- ro de um pneu, a quebra de uma tros a padrões de maior equilíbrio peça do veículo. O barulho da pan- a conta negativa, interior. cada e a dor dos gemidos... ... Enquanto pessoas que passam ganha-se crédito ajudam nos primeiros socorros às Resta ao espírita consciente vítimas, o lado espiritual também de alívio diante agir de forma serena e amorosa atua imediatamente, acionando nesse momento. Ao presenciar dra- equipes de plantão responsáveis pe- da Lei mas como o de um acidente, não lo trecho da pista em que o aciden- apenas propiciar apoio ao que se te ocorreu. exigir de imediato, mas também O atendimento começa de ime- Naquele momento, na mesma manter a atenção ao que se passa diato, no acompanhamento médi- situação, eis que a cena da dívida se na realidade espiritual, colaboran- co-espiritual das vítimas mergulha- revela, facultando o pagamento co- do em prece para que o ambiente das no tenso ambiente da desencar- mum do débito espiritual. na cena da tragédia permaneça o nação dramática. Quando se quita a conta nega- mais ameno possível, a fim de que Segundo as referências biblio- tiva, ganha-se crédito de alívio dian- os que desencarnam voltem à vida gráficas confiáveis em que nos fir- te da Lei. É de supor-se que, apesar plena com uma carga mais leve de mamos para escrever esta página*, da brutalidade do acidente e do dores. a condução dos acidentados é feita estado lastimável em que ficam os Sabemos da importância cru- dentro de parâmetros semelhantes corpos dos acidentados, o Espírito cial do pensamento reto e elevado, aos da Terra. Ambulâncias, macas, pode, dependendo de suas condi- focado na oração. É em vivências equipamentos de alta sofisticação, ções ético-morais, em breve tempo como essa que ela se faz suave brisa recuperar o equilíbrio e adequar-se em torno do sofredor, dando a ele *Manoel Philomeno de Miranda narra uma si- às novas condições de vida após a o amparo necessário, vindo de tuação parecida no livro Painéis da obsessão. morte. quem sabe o que significa voltar ao Divaldo Franco e Chico Xavier receberam me- O que dói nas reflexões de mundo espiritual, sobretudo em diunicamente diversas mensagens de pessoas quem fica são as causas do acidente circunstância tão dolorosa. mortas em acidentes. Essas mensagens, de alta consolação para os parentes, estão em diversos que levou tantos amores para a vi- Façamos a nossa parte, e cola- livros da produção mediúnica dos dois traba- da do mais além. A possível impru- boremos com o mundo melhor que lhadores espíritas. dência do causador da batida, o ex- tanto queremos... Reformador/Janeiro 2005 7 9
  • 9.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 10 Prosseguimento na luta Mensagem do Dr. Bezerra de Menezes na Reunião do CFN de 2004 Filhos da alma: ram através dos impositivos restri- rosas para enxugar as lágrimas e os Que o Senhor nos abençoe! tivos à liberdade individual e das suores de todos aqueles que sofrem, massas. mas sobretudo, para eliminar as Não podemos negar que este é causas do sofrimento, erradicando- criatura terrestre destes dias, o grande momento de transição do -as por definitivo... E essa tarefa ca- A guindada pela ciência e pela tecnologia a patamares eleva- dos do conhecimento, ainda estor- Mundo de Provas e de Expiações para o Mundo de Regeneração. Trava-se em todos os segmen- be à educação. Criando nas mentes novas o pensamento perfeitamente consentâneo com o Evangelho de cega nas aflições do seu processo tos da sociedade, nos mais diferen- Nosso Senhor Jesus-Cristo, retiran- evolutivo. ciados níveis do comportamento fí- do as anfractuosidades teológicas e As conquistas relevantes logra- sico, mental e emocional, a grande dogmáticas com que o revestiram, das até este momento não conse- batalha. produzindo arestas lamentáveis ge- guiram equacionar o problema da O Espiritismo veio para estes radoras de atritos e de perturbações. criatura em si mesma. momentos, oferecendo os nobres Não é possível mais postergar Avolumam-se os conflitos en- instrumentos do amor, da concór- o momento da iluminação de cons- tre as nações apesar do esforço de dia, do perdão, da compaixão. ciência. E o sofrimento que decor- abnegados missionários na área da Iluminou o conhecimento ter- re da abnegação e do sacrifício que política e da diplomacia interna- restre com as diretrizes próprias pa- nos deve constituir estímulos são cionais. Cresce o conflito entre os ra o encaminhamento seguro na di- os meios únicos e eficazes para que grupos sociais, nada obstante o em- reção da verdade. seja demonstrada a excelência dos penho de dedicados seareiros do Ensejou à filosofia uma visão paradigmas e dos postulados da Bem, tornando-se pontes para o en- mais equânime e otimista a respei- Codificação Espírita. tendimento entre os grupos liti- to da vida na Terra. As criaturas humanas estão de- gantes. Facultou à religião o desalge- cepcionadas com as propostas feitas O espectro da fome vigia as na- mar das criaturas humanas, arre- pelo utopismo que governa algu- ções tecnológica e economicamen- bentando os elos rigorosos dos seus mas mentes desavisadas. Mulheres te menos aquinhoadas, ameaçando dogmas e da sua intolerância, a fim e homens honestos encontram-se de extermínio larga fatia da popu- de que viceje a fraternidade que de- sem rumo, cansados de palavras ar- lação terrestre, não se considerando ve viger entre todas criaturas. dentes e de propostas entusiastas, os milhões de indivíduos que, so- Cabe a todos nós, aos espíritas mas vazias de conteúdo e de sig- brevivendo à calamidade, permane- encarnados e aos Espíritos-espíritas, nificação. cerão com seqüelas inamovíveis. a tarefa de ampliar as balizas do O Espiritismo, meus filhos, é a A violência urbana, por todos Reino de Deus entre as criaturas da resposta do Céu aos apelos mudos conhecida, atinge níveis quase in- Terra. ou não formulados mentalmente suportáveis. E apesar do sacrifício Divulgar o Espiritismo por to- sequer, de todas as criaturas ter- de legisladores abençoados pelo dos os meios e modos dignos ao al- restres. Mundo Espiritual Superior, cada cance, é tarefa prioritária. Estais honrados com a bênção dia faz-se mais agressiva e hedion- A dor é colossal neste momen- do conhecimento libertador. Estais da, sem arrolarmos os prejuízos dos to no mundo terrestre... E o Con- investidos da tarefa de ressuscitar a fatores pretéritos que a desencadea- solador distende-lhe as mãos gene- palavra da Boa Nova, amortalhada Reformador/Janeiro 2005 10 8
  • 10.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 11 pela indiferença ou sob o utilitaris- fiando nessa ação, sem temerdes, e depois da jornada cumprida, para mo apressado dos que exploram sem deterdes o passo e sem retro- que desempenheis a missão que vos as massas inconscientes, conduzin- cederdes. diz respeito hoje e quando a tives- do-as para o seu sítio de exploração Estais acompanhando Jesus tes em épocas transatas e falhastes... e de ignorância. que, à frente, continua dizendo: Já não há tempo para enganos. Vós recebestes o chamado do “Vinde pois a mim, vós todos que A decisão tomada precede a ação da Senhor para preparar a terra, a fim estais cansados e aflitos, conduzin- vitória, e com o amor no sentimen- de que a ensementação da verdade do o vosso fardo e sob as vossas afli- to, o conhecimento na mente, tereis faça-se de imediato. ções, comigo esse fardo é leve e es- a sabedoria de permanecer fiéis ate Unidos, amando-vos uns aos sas aflições são consoladas, porque o fim outros, mesmo quando discrepan- eu vos ofereço a vida plena de paz e Que o Senhor de Bênçãos vos do em determinadas colocações de de felicidade.” abençoe, amados filhos da alma. como fazer ou quando realizar, le- Avancemos pois, filhos da al- São os votos dos vossos amigos vai adiante o propósito de servir ao ma! espirituais que aqui estão convosco Mestre antes que o interesse de ca- Corações em festa, embora as e do servidor humílimo e paternal da qual servir-se a si mesmo lágrimas nos olhos; passo firme, de sempre, Já não há tempo para adiarmos inobstante os joelhos desconjunta- Bezerra a proposta de renovação do planeta. dos, Espírito erecto, não obstante o Conhecemos as vossas dificulda- peso das necessidades. (Mensagem psicofônica recebida pelo mé- dium Divaldo Pereira Franco, no encerra- des pessoais, sabemos das vossas lutas O Senhor, que nos ama, é nos- mento da Reunião do Conselho Federati- íntimas e identificamos os desafios sa força e garantia de êxito. vo Nacional, em 21 de novembro de que se vos apresentam amiúde, tes- Nunca vos faltarão os recursos 2004, na Federação Espírita Brasileira, em tando-vos as resistências morais. próprios, que vindes recebendo e Brasília, DF.) Não desfaleçais! Os homens e que recebereis até o momento final Nota: Texto revisado pelo Autor espiritual. as mulheres, a serviço do bem com Jesus, são as suas cartas vivas à Hu- manidade, a fim de que todas as O Espírito do Bem criaturas leiam nas suas condutas o Paulo Nunes Batista conteúdo restaurado do Evangelho, as colocações seguras dos Imortais e O Espírito que é bom, por onde passa catalogadas pelo insigne mensagei- espalha o Bem, perfuma, dulcifica ro Allan Kardec. e deita no ar um jeito assim da Graça Uma nova mentalidade, uma de Deus, que a alma que é boa faz mais rica. mentalidade nova vem surgindo nos arraiais do Movimento Espíri- O Espírito do Bem seu rumo traça ta. Cada lutador compreende a ne- e a toda alma que é boa santifica, cessidade de mais integrar-se na ati- porque é o Bem a pérola sem jaça vidade doutrinária, a fim de que, que ao ser humano em luzes plenifica. com mais rapidez se processe a Era de Renovação Social e Moral pre- O Espírito do Amor ama e perdoa conizada pelo preclaro mestre de e ao próprio Mal, benigno, abençoa, Lyon. e o transforma nas pétalas do Bem. Não vos faltam os instrumen- tos próprios para o êxito, a fim de O Espírito da Paz a paz semeia que areis as terras do coração hu- e – como é Luz – as dúvidas clareia mano, para que desbraveis as pro- aqui e noutros mundos que há no além... víncias das almas terrestres, por- Reformador/Janeiro 2005 9 11
  • 11.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 12 Fatos que nos lançam no rumo da tese reencarnacionista Jorge Hessen le poderia ser um pré-adoles- Beatriz. Goethe sabia escrever em de dois dos programas de maior au- E cente comum se já não estives- se prestes a cursar um douto- rado em Matemática em Oxford. É diversas línguas antes da idade de 10 anos. Victor Hugo, o gênio maior da França, escreveu Irtamen- diência nos Estados Unidos.“Nun- ca vi um caso como esse em 40 anos de profissão”, disse, recentemente à um norte-americano de 13 anos de te com 15 anos de idade. Pascal, aos ABC News, Linda Silverman, dire- idade e sua precocidade surpreen- 2 anos, sem livros e sem mestres, tora do Centro de Desenvolvimen- de. Aos 14 meses Gregory Robert demonstrou em Geometria até a to de Superdotados, de Denver, no Smith resolvia problemas simples 32a proposição de Euclides; aos 16 Colorado.3 O próximo alvo acadê- da sua matéria preferida, aos 10 anos, escreveu um tratado de “se- mico de Greg é o doutorado em anos começava a graduação pela ções cônicas” e logo adiante escre- Matemática, Biomedicina, Enge- Randolph-Macon College, em Wa- veu obras de Física e de Matemáti- nharia Espacial e Ciência Política. shington. É presidente de uma fun- ca. Miguel Ângelo, com a idade de Para o futuro, duas pretensões: pri- dação, a Youth Advocates, dedicada à 8 anos, foi dispensado pelo seu pro- meiro, fazer carreira na diplomacia defesa de jovens carentes; já esteve fessor de escultura porque este já internacional e, depois, sentar na com Bill Clinton, Michail Gorba- nada mais tinha a ensinar-lhe. Al- cadeira que hoje é de George W. chev e a Rainha Noor, da Jordânia, lan Kardec, examinando a questão, Bush. “Na presidência, poderei tra- discutindo o futuro da Humanida- perguntou aos Benfeitores como balhar muito pelo meu país e pelos de; e foi indicado para o Nobel da entender este fenômeno e estes res- pobres de todo o mundo”, ele ante- Paz de 2002.1 ponderam: “Lembrança do passado; cipa.4 Gregory tem Q.I. muito acima progresso anterior da alma (...).” 2 “Nos testes de inteligência, os de 200 e pertence a uma classe de Gregory começou a falar com gênios precoces costumam estar anos superdotados que representam ape- apenas 2 meses de idade. Quando à frente dos colegas de classe”, diz nas 0,1% da população mundial. completou 1 ano, já resolvia proble- Zélia Ramozzi Chiarottino, 46 Da estirpe dele, lembramos Ama- mas de álgebra e memorizava o anos, do Instituto de Psicologia da deus Mozart, que tocava piano aos conteúdo de livros volumosos – ti- Universidade de São Paulo. Ela 2 anos, falava três idiomas (alemão, nha na cabeça a coleção inteira de aponta o adolescente Fábio Dias francês e latim) aos 3 anos, tocava Júlio Verne. Aos 5, terminou o co- Moreira como exemplo. Aos 14 violino aos 4, compunha minuetos legial e era capaz de dissecar tudo anos, ele conquistou 11 medalhas aos 5 anos e escreveu sua primeira sobre a Terra, de sua pré-história de ouro em olimpíadas de Matemá- ópera aos 14. John Stuart Mill aos dias atuais. Virou estrela: capa tica, quatro delas em disputas in- aprendeu o alfabeto grego aos 3 do The Times Magazine, manchete ternacionais. Aluno da segunda sé- anos de idade. Dante Alighieri de- do New York Times e do Washington dicou aos 9 anos um soneto a Post. Foi sabatinado por David Let- 3 Entrevista à Revista Magazine. Por João Ma- terman e Oprah Winfrey, anfitriões galhães. Disponível em< http://www.vegeta- rianismo.com.br/artigos-revistas/genio.html 1 2 Acesso em 10/6/2004. Revista Veja, edição 1800, de 30 de abril de KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 4 2003, p. 63. questão 219, Ed. FEB, RJ, 1987. Idem. 10 Reformador/Janeiro 2005 12
  • 12.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 13 rie do curso médio do Colégio PH, atualmente. Muitas teorias têm am- necessário porque as temos; se usa- da Tijuca, Zona Norte do Rio, o fi- pliado o conceito de inteligência, das, permitiriam que processásse- lho temporão prefere estudar a ir a fugindo ao esquema ultrapassado mos vários trilhões de informações festas com colegas e não gosta de de medição dela pelo Quociente In- durante nossas vidas. Usamos esti- esportes. Sob nenhuma hipótese telectual, o Q.I., mediante aplicação madamente menos de 5% dessa ca- troca os livros de Matemática por do Teste de Binet. pacidade. A maneira como usamos uma pelada com os colegas, mas ga- Gênios como Gregory teriam esse sistema complexo é crucial pa- nhou a simpatia da turma, de quem Q.I. acima de 200, mas o que esse ra o desenvolvimento da inteligên- tira todas as dúvidas de matemáti- número responderia sobre a origem cia e personalidade, e da própria ca.5 desta “anormalidade”? Se há con- qualidade de vida que experimen- A revista ISTOÉ registra ainda senso entre especialistas sobre a ma- tamos enquanto crescemos.” 7 que o excepcional desempenho es- neira de tratar os superdotados, há Para alguns pesquisadores, os colar, o vocabulário rico e as con- divergências em relação aos testes genes são os agentes fisiológicos e da versas de “adulto” levaram outro de inteligência. Um polêmico estu- conduta; o fenótipo é o resultado da superdotado, Pedro Henrique de do publicado no final da década de interação do meio com o genótipo. Souza Rendt, 8 anos, a uma classe 80 pelo cientista político James Destarte, os genes determinam os li- reservada para gênios-mirins. Na se- Flynn, da Nova Zelândia, revelou mites das capacidades ou potenciais gunda série, ele quer ser veterinário que o Quociente de Inteligência do organismo, de qualquer aprendi- quando crescer e adora música clás- (Q.I.) medido nos testes de avalia- zagem, e deve ocorrer, necessaria- sica. “Prefiro as sinfonias de Bee- ção aumentou 25 pontos em uma mente, dentro dos limites dados pe- thoven a jogar com os amigos” 6, geração. A dúvida é se os jovens de los genótipos, que sofrerão influên- confessa o garoto. hoje seriam mais inteligentes que cia do meio, o qual dará a expressão Casos de crianças precoces seus pais ou se os métodos de ava- final das características. sempre despertam a atenção. A Aca- liação da inteligência precisam ser Howard Gardner, professor da demia de Ciência não possui uma repensados. Universidade de Harvard, nos Esta- explicação consistente sobre o tema, Segundo a Dra. Barbara Clark, dos Unidos, afiança que não existe atribui a uma “miraculosa” predis- da Universidade da Califórnia, inteligência absoluta. Gardner ma- posição biogenética potencializada EUA, dois indivíduos com aproxi- peou várias formas de inteligência e por estímulos de ordem externa. madamente a mesma capacidade para demonstrar a multivariedade Outra enorme dificuldade encon- genética para desenvolver inteligên- de expressão intelectual desenvol- trada na Academia é a não concor- cia podem ser considerados poten- veu a Teoria das Inteligências Múl- dância na definição do termo “su- cialmente superdotados ou retar- tiplas, que permite compreender perdotação”. Alguns pesquisadores dados educáveis, dependendo do a manifestação da inteligência hu- distinguem superdotado de talento- ambiente em que interagem; para mana pelas capacidades verbal-lin- so, sendo o primeiro considerado compreender como alguns indiví- güística, lógico-matemática, visual como aquele indivíduo de alta ca- duos se tornam superdotados e ou- espacial, rítmica musical, corporal pacidade intelectual, ou acadêmica, tros não, precisamos familiarizar- sinestésica, interpessoal, intrapessoal e o segundo como possuindo habi- -nos com a estrutura básica e a fun- e naturalista dos indivíduos. Outro lidades superiores nas áreas das ar- ção do cérebro humano. Ao nascer, professor da Universidade de Har- tes, música, teatro. O debate sobre declara Clark, o cérebro humano vard, Robert Coles, defende a teo- o que é realmente a inteligência tem cerca de 100 a 200 bilhões de ria da existência do que chamou de nunca foi tão promissor como células. Cada célula tem seu lugar e Inteligência Moral, isto é, a capaci- está pronta para ser desenvolvida e dade de refletir sobre o certo e o er- 5 Revista ISTOÉ in: “Cérebro Mentes geniais”, para ser usada e realizar os mais al- rado. > seção: CIÊNCIA E TECNOLOGIA, publica- tos níveis do potencial humano. da em 28/3/2002. “Apesar de não desenvolvermos mais 7 B. Clark. (1997), Growing Up Gilted. Colum- 6 Idem. as células neurais, isso não se faz bus, OH Merrill/Prentice Hall. Reformador/Janeiro 2005 11 13
  • 13.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 14 O grande embaraço dessas te- Doutrina Espírita, mas já é um rios distúrbios congênitos como hi- ses é desconsiderar o fato de a inte- avanço no entendimento integral drocefalia, síndrome de Down, es- ligência ser atributo ou conquista do indivíduo. quizofrenia, cardiopatias graves, au- do próprio indivíduo, resultante da Os fatos nos lançam, inevi- tismos? Na reencarnação vemos a soma de conhecimentos e vivências tavelmente, no rumo da tese reen- Justiça Divina corrigindo os tiranos, de existências anteriores. Nesse sen- carnacionista. os suicidas, os homicidas, os viciados tido, admitindo-se a reencarnação, Nos últimos anos, com o de- e libertinos de vidas passadas. as idéias inatas são apenas lembran- senvolvimento e o reconhecimento No século XIX, numerosos pen- ças espontâneas do patrimônio cul- crítico do papel da Ciência como sadores reuniram-se à reencarnação: tural do ser, em diferentes esferas de expressão cultural de uma época, Dupont de Nemours, Charles Bon- expressão, alguns em estado mais particularmente como conjunto de net, Lessing, Constant Savy, Pierre latente como nas crianças-prodígio. teorias e sistemas conceituais coe- Leroux, Fourier, Jean Reynaud. A Desse modo, ficaria bem mais fácil rentes com uma determinada visão doutrina das vidas sucessivas foi vul- compreender toda essa complexida- de mundo8, o homem tem-se lança- garizada para o grande público por de da mente humana. do ao estudo de si mesmo com autores como Balzac, Théophile Só a pluralidade das existências maior maturidade e maior equilí- Gautier, George Sand e Victor Hu- pode explicar a diversidade dos ca- brio quanto ao papel dos modelos go. Pesquisadores como Ian Steven- racteres, a variedade das aptidões, a e mapas teóricos e científicos sobre son9, Brian L. Weiss, H. N. Baner- desproporção das qualidades mo- a realidade, sempre relativos. Em jee, Raymond A. Moody Jr., Edite rais, enfim, todas as desigualdades especial, a partir do movimento da Fiore e outros trouxeram resultados que alcançam a nossa vista. Fora contra-cultura dos anos sessenta, a notáveis sobre a tese reencarna- dessa lei, indagar-se-ia inutilmente visão de mundo acadêmica e tradi- cionista. É possível que num futuro por que certos homens possuem ta- cional, moldada nos rígidos parâ- não muito longínquo os estudos lento, sentimentos nobres, aspira- metros do Positivismo, teve de tor- nesta direção chegarão aos mesmos ções elevadas, enquanto muitos ou- nar-se mais flexível ante novos ques- resultados já afirmados pelo Espiri- tros só tiveram em partilha tolices, tionamentos e abrir-se, pelo menos tismo, porém, de todo o vasto leque paixões e instintos grosseiros. em parte, a idéias e pesquisas que, a de tentativas de se estudar superdo- A influência do meio, a heredi- rigor, não são, ou melhor, não eram tados sem considerar a existência do tariedade, as diferenças de educação bem aceitas pelo paradigma cartesia- Espírito, a maior parte tem esbarra- não bastam, obviamente, para ex- no de nossa ciência tecnicista, apoia- do em resultados ou em dificulda- plicar esses fenômenos. Vemos os da e financiada por uma sociedade des em que se faz necessário consi- membros de uma mesma família, industrialista e mecanicista e, por- derar esta hipótese, sem a qual se semelhantes pela carne e pelo san- tanto, ligada a uma visão de mundo entra num beco sem saída... gue, pelo histórico genético e edu- igualmente mecanicista. cados nos mesmos princípios, dife- Se nascem gênios, por que 9 rençarem-se em muitos pontos. também nascem crianças com sé- Stevenson, Ian. Vinte casos sugestivos de reen- Mais recentemente, o Doutor carnação. Difusora Cultural, São Paulo, 1978 Richard Wolman, também de Har- e Vida antes da vida, Livraria Freitas Bastos, 8 Kuhn, 1962; Prigogine & Stangers, 1993. Rio de Janeiro, 1988. vard, incorporou às demais teorias em voga o conceito de Inteligência Espiritual, que seria a capacidade humana de fazer perguntas funda- mentais sobre o significado da vida e de experimentar simultaneamen- te a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos. Não é exatamente o que define a 14 12 Reformador/Janeiro 2005
  • 14.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 15 Um ano maravilhoso Richard Simonetti iz Jesus (Lucas 4:18-19):..... Em favor dos homens, repre- dos companheiros a nos cobrarem D O Espírito do Senhor está so- bre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. En- sentados por familiares, amigos, vi- zinhos, colegas de trabalho, tran- seuntes, e todos aqueles que cruzam a presença. Podemos estar dispostos a aten- der eventualmente o pobre que bate viou-me para apregoar liberdade nosso caminho, somos convocados à nossa porta, ajudar um colega de aos cativos, dar vista aos cegos, pôr a fazer o melhor, tanto quanto serviço, atender à necessidade de em liberdade os oprimidos e anun- gostaríamos que eles o fizessem por um vizinho, visitar um doente… ciar o ano aceitável do Senhor. nós. Mas será sempre algo por de- Isso nos remete aos valores do mais elementar para nos situar co- Coletivamente, envolvendo a perdão, da caridade, da solidarie- mo legítimos servidores. Humanidade, podemos dizer que o dade, da tolerância, da paciência e É preciso dar regularidade e ano aceitável do Senhor foi aquele das demais virtudes evangélicas, que constância a esse empenho. em que a mensagem de Jesus co- o Mestre não se cansou de ensinar Para tanto, a melhor alternativa meçou a ser transmitida, no ano e exemplificar ao longo de seu apos- é o Centro Espírita, a escola abençoa- trinta da Era Cristã, segundo a cro- tolado. da das Almas, onde, num primeiro nologia estabelecida. momento, aprendemos a raciocinar Individualmente, será aquele ... como Espíritos imortais em jornada em que estivermos dispostos a acei- de aprendizado pela Terra. tar Jesus em plenitude, buscando No empenho de servir os ca- E se houver empenho de nossa colocar em prática seus ensinamen- rentes de todos os matizes, há que parte nesse mister, logo percebere- tos. considerar nossa integração em gru- mos que ali está também a nossa pos de trabalho. abençoada oficina de trabalho, ... Aqueles que servem com efi- onde, unidos em torno do ideal co- ciência, que produzem em benefí- mum de servir, integramo-nos nos A orientação para essa vivência cio da coletividade, invariavelmente abençoados serviços da solidarie- está contida nas excelências do estão associados a outras pessoas, dade, que emprestam significado e Evangelho, que tem a sua síntese no unidos por ideais comuns. objetivo à existência. Sermão da Montanha, o mais belo Há estímulos recíprocos em Uma boa proposta para o Ano poema da Humanidade. que nos beneficiamos e somos be- Novo. Nele temos o roteiro perfeito neficiados, em relação ao serviço. Integrando-nos nas atividades para cumprir a vontade de Deus Se nos propomos, por exem- da Casa Espírita, participando de e edificar o Reino Divino na Terra. plo, a visitar doentes num hospital, suas campanhas, contribuindo para E o próprio Sermão da Mon- cumprindo solitariamente a tarefa, seus serviços, estaremos fazendo de tanha pode ser sintetizado, con- sempre haverá certo constrangi- 2005 um ano aceitável do Senhor, forme a expressão de Jesus (Mateus, mento na abordagem dos pacientes. aquele ano maravilhoso em que, 7:12): Por outro lado, dificilmente sus- despertando para as realidades re- tentaremos a assiduidade. veladas pela Doutrina Espírita, es- Tudo o que quiserdes que os Se integrados num movimento tejamos dispostos a arregaçar as homens vos façam, fazei-o assim de solidariedade, haverá sempre a mangas, buscando a glória de também a eles. segurança do grupo e o estímulo servir. Reformador/Janeiro 2005 13 15
  • 15.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 16 PRESENÇA DE CHICO XAVIER Oração diante do Tempo Aceitaste a cruz do escárnio e da morte, com abnegação e humil- dade, a fim de que aprendêssemos a procurar contigo a divina ressur- Obedecendo, atendíamos à vin- reição... gança. Entretanto, ainda hoje, decor- enhor Jesus!............................. Resistíamos a todos os teus ridos quase vinte séculos sobre o teu S Diante do calendário que se renova, deixa que nos ajoelhe- mos para implorar-te compaixão. apelos, em tenebrosos labirintos de opressão e delinqüência, quando vieste ensinar-nos o caminho liber- sacrifício, não temos senão lágrimas de remorso e arrependimento para fecundar o Saara de nossos cora- Tu que eras antes que fôssemos, tador. ções... que nos tutelastes, em nome do Não te limitaste a crer na gló- Em teu nome, discípulos in- Criador, na noite insondável das ori- ria do Pai Celeste. fiéis que temos sido, espalhamos gens, não desvies de nós teu olhar, Estendeste-Lhe a incomparável nuvens de discórdia e crueldade nos para que não venhamos a perder o bondade. horizontes de toda a Terra! É por is- adubo do sangue e das lágrimas, Não te circunscreveste à fé que so que o Tempo nos encontra hoje oriundos das civilizações que mor- renova. tão pobres e desventurados como reram sob o guante da violência!... Abraçaste o amor que redime. ontem, por desleais ao teu Evange- Determinaste que o Tempo, à Não te detiveste entre os elei- lho de Redenção. feição de ministro silencioso de tua tos da virtude. Não nos deixeis, contudo, ór- justiça, nos seguisse todos os pas- Comungaste o ambiente das fãos de tua bênção... sos... vítimas do mal, para reconduzi-las No oceano encapelado das E, com os séculos, carregamos ao bem. provações que merecemos, a tem- o pedregulho da ilusão, dele ex- Não te ilhaste na oração pura e pestade ruge em pavorosos açoites... traindo o ouro da experiência. simples. Nosso mundo, Senhor, é uma em- Do berço para o túmulo e do Ofertaste mãos amigas às ne- barcação que estala aos golpes rijos túmulo para o berço, temos sido se- cessidades alheias. do vento. Entre as convulsões da nhores e escravos, ricos e pobres, fi- Não te isolaste, junto à digni- procela que nos arrasta e o abismo dalgos e plebeus. dade venerável de Salomé, a ventu- que nos espreita, clamamos por teu Entretanto, em todas as posi- rosa mãe dos filhos de Zebedeu. socorro! E confiamos em que te le- ções, temos vivido em fuga cons- Acolheste a Madalena, possuí- vantarás luminoso e imaculado so- tante da verdade, à caça de triunfo da de sete gênios sombrios. bre a onda móvel e traiçoeira, apla- e dominação para o nosso velho Não consideraste tão-somente cando a fúria dos elementos e egoísmo. a Bartimeu, o mendigo cego. exclamando para nós, como outro- Na governança, nutríamos a Consagraste generosa atenção ra disseste aos discípulos aterrados: vaidade e a miséria. a Zaqueu, o rico necessitado. – “Homens de pouca fé, porque Na subalternidade, alentáva- Não apenas aconselhaste a fra- duvidastes?” mos o desespero e a insubmissão. ternidade aos semelhantes. Irmão X Na fortuna, éramos orgulhosos Praticaste-a com devotamento e inúteis. e carinho, da intimidade do lar ao (Página recebida pelo médium Francisco Na carência, vivíamos intem- sol meridiano da praça pública. Cândido Xavier.) perantes e despeitados. Não pregaste a doutrina do Administrando, alongávamos o perdão e da renúncia exclusivamen- Fonte: Reformador de janeiro de 1957, crime. te para os outros. p. 9 (5). 16 14 Reformador/Janeiro 2005
  • 16.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 17 ENTREVISTA: LEO GAUDET Como surgiu o Movimento Espírita em Quebec, Canadá Leo Gaudet, canadense radicado em Montreal, encontra na Doutrina Espírita as razões para a morte e se dedica a amplo trabalho de difusão do Espiritismo P. – Como conheceu o Espiri- Leo – Simultaneamente ao tismo? Centro já citado, elaboramos o pro- Leo – A primeira informação jeto do Mouvement Spirite Québé- que ouvi sobre a Doutrina Espírita cois ( MSQ ) com o propósito de foi com um brasileiro que estudava criar-se oportunidade de aproxima- na Universidade de Montreal, sim- ção e de estimular-se a formação de patizante do Espiritismo, e que con- grupos espíritas. Assim, surgiu o siderava Allan Kardec o francês mais Groupe Spirite Justice, Amour e conhecido no Brasil. Em seguida, Charité e obtivemos o apoio do encontrei O Céu e o Inferno em uma Centre Spirite Messagers Lumières livraria de livros usados, em Mon- e Paix. Com exceção deste último, treal. Fiquei emocionado ao lê-lo e freqüentado por portugueses, e adquiri todas as obras de Kardec. Já preexistente, pois já possui 14 anos era interessado em assuntos espiri- de funcionamento, os demais são tualistas, procurava a razão para a Leo Gaudet predominantemente freqüentados morte e encontrei-a no livro. Passei tivo de iniciarmos reuniões de estu- por residentes na Província de Que- a procurar grupos espíritas e pela do sobre a Doutrina Espírita. Nes- bec, com tradição na cultura e no internet localizei o grupo de Tours te Centro há várias reuniões sema- idioma franceses. Atualmente está (França). Fui visitá-lo e dialoguei nais de estudo sobre O Livro dos sendo formado um grupo espírita com Roger Perez, que me fez refe- Espíritos e O Evangelho segundo o em Gatineau. O MSQ, que se en- rência à pujança do Espiritismo no Espiritismo, grupo de estudo sobre contra no quarto ano de funciona- Brasil. Depois de algumas dificul- mecanismo da mediunidade, reu- mento, conta com sede própria no dades iniciais, localizei vários livros niões mediúnicas, aulas para crian- bairro de Maisonneuve. Nesta sede espíritas no Brasil. ças e curso de português. Este últi- designada Espace Espirita Interna- P. – E o início de suas ativida- mo para facilitar-se a leitura dos tional – e o detalhe é que o “Espí- des espíritas em Montreal? livros espíritas em português. Sen- rita” se encontra mesmo em portu- Leo – Contei com o estímulo timos uma grande predisposição guês –, ocorrem palestras proferidas de Roger Perez para que fundasse dos quebequenses, de tradição fran- por espíritas de Montreal e por vá- um grupo espírita em Montreal. cesa, em aceitar os princípios es- rios visitantes de outros países –. Com o apoio de brasileiros que se píritas. Há uma biblioteca e a sede da re- haviam mudado para ali de Paris e P. – Como se desenvolvem as cém-fundada Editions Espírita. O de São Paulo fundamos o Centre atividades do Mouvement Spirite local é freqüentado pelos integran- d’Étude Allan Kardec, com o obje- Québécois? tes dos grupos espíritas da cidade. Reformador/Janeiro 2005 15 17
  • 17.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 18 Spartaco Ghilardi P. – Como o MSQ se relaciona internacionalmente? Leo – O MSQ é membro da União Espírita Francesa e Francofô- nica, pela afinidade da cultura e do idioma franceses. Temos mantido muito intercâmbio com o Brasil, Desencarnou em Grupo Espírita Ba- realizando visitas a São Paulo, Rio de São Paulo (SP), no tuíra e a Instituição Janeiro e Uberaba. No início de Hospital Alemão Os- Beneficente Nosso 2002 chegamos a conhecer o mé- waldo Cruz, em 29 de Lar, ambos da capital dium Francisco Cândido Xavier e outubro de 2004, aos paulista, e o Grupo enviamos representante para uma 90 anos de idade, o Espírita Batuíra, de Reunião do Conselho Espírita Inter- médium e seareiro do Lisboa, Portugal. nacional, realizada em Brasília. Fre- Cristo Spartaco Ghi- Das suas diversas qüentamos o Congresso promovido lardi, cuja vida esteve a faculdades mediúni- pela Associação Médico-Espírita In- serviço da Doutrina cas, a que mais se des- ternacional, em São Paulo, e estamos Espírita e do Evange- tacou foi a psicofo- iniciando preparativos para a funda- lho, com total dedica- nia, surgindo, depois, ção de Associação similar em Mon- ção aos seus irmãos ca- espontaneamente, a treal. Participamos dos Simpósios rentes do corpo e da vidência, a clariau- Franco-Belgas e de Congressos Espí- alma. Seu corpo foi velado no Hos- diência, a receitista, o desdobra- ritas Mundiais, promovidos pelo pital Beneficência Portuguesa, com mento e a premonição. Conselho Espírita Internacional, e o comparecimento de cerca de 700 Ele foi discípulo fiel de Fran- recebemos a visita de representantes pessoas, dentre as quais inúmeros cisco Cândido Xavier desde a épo- do CEI. Na Reunião do Conselho representantes de Instituições Espí- ca em que este morava em Pedro Espírita Internacional, realizada em ritas de nosso País. Leopoldo (MG). É incontável o nú- Paris, em outubro de 2004, o MSQ Spartaco Ghilardi nasceu no mero de pessoas encaminhadas por foi aceito como convidado-obser- dia 12 de maio de 1914, na provín- Chico Xavier ao Grupo Espírita vador. Enviamos representante à reu- cia de Viareggio, região da Toscana, Batuíra, para receberem orientação nião do Conselho Espírita dos Esta- no Sul da Itália. Eram seus pais o espiritual e conforto, através de dos Unidos, em Washington. Sr. Gino Ghilardi e a Sra. Assunta Spartaco. P. – Quais os projetos do MSQ? Fioravante Ghilardi. Em 29 de no- O sepultamento do seu corpo Leo – Estamos empenhados vembro de 1945 contraiu núpcias ocorreu no Cemitério da Vila Ma- no funcionamento de Editions Es- com D. Zita Calichio Ghilardi – riana, às 14 horas do dia 30 de ou- pírita. Pretendemos editar em fran- dedicada companheira em toda a tubro, com a presença de centenas cês as Obras Básicas do Espiritismo sua atividade missionária –, tendo de amigos e confrades do Movimen- e, mediante contatos com a FEB, a o casal duas filhas, Rita e Anália, to Espírita, entre os quais se incluía série de obras de André Luiz, além dois netos, duas netas e duas bisne- o Presidente da Federação Espírita de outras obras publicadas em por- tas. Brasileira, Nestor João Masotti. tuguês, como Máscaras da Obses- Spartaco iniciou o desenvolvi- Em seu retorno à Pátria Espi- são, de Marlene Rossi Severino No- mento de sua mediunidade na Fe- ritual, receba o irmão Spartaco bre. Nosso objetivo é de contribuir deração Espírita do Estado de São Ghilardi a recompensa a que faz jus para ampliar a divulgação da Dou- Paulo (FEESP). Como médium, te- o servidor do Bem, sob as bênçãos trina Espírita, principalmente em ve papel decisivo na fundação da de Jesus. francês. No momento, está sendo Associação Médico-Espírita de São lançada nossa página eletrônica Paulo e na fundação de várias insti- Fonte: Texto “Retrato de um médium”, (www.espaceespirita.com). tuições espíritas, entre as quais o de Geraldo Ribeiro da Silva. 18 16 Reformador/Janeiro 2005
  • 18.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 19 os inúmeros equívocos que costumamos cometer, Mensagem quando caminhantes da vilegiatura corporal, vale con- siderar a importância de fazer com que a gloriosa in- formação da Codificação penetre nossa intimidade, a fim de que respiremos esse portentoso pensamento es- llanKardec! pírita, convertendo-o em nossa real filosofia de vida, A Este nome é um marco de um tempo novo. É uma legenda de luz e de força moral que edifica um tempo especial de regeneração humana, e que, ao o que nos capacitará para a conquista da felicidade. Quantos que ainda supõem que é possível ser es- pírita sem ajustar a própria existência aos preceitos da longo de mais de seis décadas, esteve no mundo das Codificação, e que se enganam com essa suposição? formas para materializar os ensinamentos do Mundo Quantos que ainda crêem na ventura post Etéreo, junto às almas terrenas. mortem longe dos esforços para a superação de limi- Alma de escol, sem embargo, Allan Kardec veio ao tações e obstáculos encontrados nas vias mundanas, e planeta para representar no campo físico a Equipe Lu- que se frustram no além? minosa do Espírito da Verdade, que jorrava claridade ... sobre o orbe sob a ação venturosa do Cristo Excelso. Nesse tempo em que o Espiritismo está no mun- Acho-me sob intensa emoção. Lutamos, durante do, como esplendente Sol diluindo os miasmas da um tempo longo, junto aos valorosos Benfeitores do longa noite moral humana, ainda que pouco a pouco, nosso Movimento Espírita Internacional, para que es- são incontáveis aqueles que vêm recebendo o susten- te momento fosse corporificado aqui, nos campos fluí- to para viver com entusiasmo, a motivação para pros- dicos da alma francesa. E o Senhor da Vida no-lo con- seguir nas árduas lutas, sem pensar em fugir dos pros- sentiu. Mais do que isso, destacou eminentes Numes cênios dificultosos dessas graves experiências das de vários países para formar a coordenação deste even- sociedades terrenas. to, a efeméride do 4o Congresso Espírita Mundial, sob Quantos se arredaram das idéias suicidas, pelo en- a inspiração do próprio Codificador. tendimento de que ninguém morre essencialmente? Cabe-nos vibrar, então, ao se fecharem as cortinas Quantos desistiram do abortamento por terem admi- deste Congresso, certos de que suas luzes não se apa- tido o acinte que tal coisa representa contra as divinas garão. Os elementos energéticos que absorvemos aqui, leis de Deus? Quantos se decidiram por manter ilu- resguardados por luminosos Prepostos de Jesus, acom- minada por Jesus a estrutura do lar, ao verificarem sua panhar-nos-ão como inspiração para os trabalhos futu- importância para o progresso familiar? Quantos se de- ros e como medicação valiosa para que, daqui para a dicaram a estudar as leis da vida e a estudar-se, ane- frente, logremos o fortalecimento da alma para estudar, lando o entendimento e a melhoria de si mesmos? para amar e servir, mais conscientes dos nossos deveres Quantos abriram mão dos preconceitos de raça, de cor para conosco, para com Jesus e para com a vida, agora da epiderme, de gênero, de cultura e tantos outros, aclarada em seus fundamentos pelos ensinamentos do libertando-se dessa forma de ignorância que se demo- Espiritismo que, vitorioso no mundo, impulsiona-nos ra no seio das sociedades? Quantos que se esforçam a ter maior clareza e penetração da razão, ao mesmo por servir, por amar, desejosos de se tornarem cada vez tempo que, dedicados ao bem, possamos ser felizes. mais úteis no campo da existência? Quantos hão re- Deixo o meu abraço emocionado a todos quan- nunciado às pressões do homem-velho, na corajosa tos vibraram, vibram e vibrarão com essa realização busca dos valores do homem-novo, conforme as con- bendita no solo francês, e a todos desejo paz e muita siderações do Apóstolo Paulo? Quantos sofrem e cho- luz junto à Seara do Espiritismo. ram seus tormentos de agora, conscientes quanto às Servidor de todos, agradecido e vibrante, razões desses complexos dramas, sem se permitir mur- Sylvino Canuto Abreu char pelo desânimo, ante a visão lúcida que o Espiri- (Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, por tismo enseja? ocasião da sessão de encerramento do 4o Congresso Espírita Hoje, quando reconhecemos, na Pátria Espiritual, Mundial, em 5/10/2004, Paris – França.) Reformador/Janeiro 2005 17 19
  • 19.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 20 Quem é Jesus? Ruy Gibim cas dos filantropos generosos, na É por isso que Allan Kardec, frase incisiva dos pregadores arden- desejando indicar-nos o guia real da tes e nem nas mensagens dos ben- ascensão humana, formulou a per- feitores desencarnados. gunta de número 625 em O Livro ara a maioria dos estudiosos, Em todos eles encontraremos, dos Espíritos, indagando qual o tipo P Jesus permanece situado na História, modificando o cur- so dos acontecimentos políticos do em maior ou menor porção, virtu- des e defeitos, acertos e desacertos, luzes e sombras, belezas e fealdades, mais perfeito que Deus concedeu ao planeta Terra para servir de guia e modelo aos homens. E o Espírito mundo. Para a maioria dos teólo- discordâncias e contradições, entre- respondeu: Jesus. Como a dizer-nos gos, Jesus é objeto de estudo, nas le- tanto, todos eles são credores de que só Jesus é a síntese da sabedoria tras do Velho e do NovoTestamen- nossa gratidão e de nosso respeito e do amor e que somente Ele deve to, imprimindo novo rumo às pela cultura e pelo amor que plas- ser seguido na Terra, como sendo o interpretações de fé. Para os filóso- maram em nossas mentes e em nos- nosso Mestre e Senhor. fos, Jesus é o centro de polêmicas e sos corações, mas no campo da Hu- Apenas a pesquisa metódica, cogitações infindáveis. Para a mul- manidade só existe um orientador orientada e perseverante nos levará tidão dos religiosos, Jesus é o ben- completo, irrepreensível e inques- a descobrir as diversas contribuições feitor providencial nas crises inquie- tionável, que renunciou à compa- que o Cristianismo deu no passado, tantes da vida comum. nhia dos anjos para viver e conviver dá no presente e dará no futuro ao Para nós espíritas, que conhe- com os homens. E sem recursos desenvolvimento moral, assisten- cemos a missão de Jesus, sabemos materiais, viveu para os outros, des- cial, educacional, consolador e so- perfeitamente que ele não é apenas cerrando os tesouros do coração. bretudo libertador. o reformador da civilização, o legis- lador da crença, o condutor do ra- ciocínio ou o doador de facilidades terrestres, mas acima de tudo Ele foi, é e será sempre o Caminho, a Verdade e a Vida, ou seja: a síntese da Ciência, da Filosofia e da Re- ligião. CORRESPONDÊNCIA ELETRÔNICA Jamais encontraremos no pla- neta Terra uma diretriz integral pa- 1 – ARTIGOS E NOTÍCIAS: ra a nossa felicidade, na tribuna dos E-MAIL: [email protected] grandes filósofos, na retorta dos cientistas eméritos, no trabalho dos 2 – ASSINATURAS E DEMAIS ASSUNTOS: pesquisadores ilustres, na cátedra E-MAIL: [email protected] dos professores distintos, nos decre- tos dos legisladores mais nobres, no ESTES ENDEREÇOS PASSAM A VIGORAR verbo eloqüente dos advogados, na o A PARTIR DE 1 DE JANEIRO DE 2005 palavra dos juízes corretos, na pena dos escritores enobrecidos, nas ar- Reformador/Janeiro 2005 20 18
  • 20.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 21 ESFLORANDO O EVANGELHO Emmanuel Inverno “Procura vir antes do inverno.” – Paulo. (II Timóteo, 4:21.) Claro que a análise comum deste versículo revelará a prudente recomendação de Paulo de Tarso para que Timóteo não se arriscasse a viajar na estação do frio forte. Na época recuada da epístola, o inverno não oferecia facilidades à navegação. É possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema circuns- tancial de lugar e tempo. Mobilizemos nossa interpretação espiritual. Quantas almas apenas se recordam da necessidade do encontro com os emissários do Divino Mestre por ocasião do inverno rigoroso do sofrimento? quantas se lembram do Salvador somente em hora de neblina espessa, de tempestade ameaçadora, de gelo pesado e compacto sobre o coração? Em momentos assim, o barco da esperança cos- tuma navegar sem rumo, ao sabor das ondas revoltas. Os nevoeiros ocultam a meta, e tudo, em torno do viajante da vida, tende à de- sordem ou à desorientação. É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se ligaram, definiti- vamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que nos instalemos em re- fúgios de paz e segurança. A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas criaturas que a se- guem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na dificuldade, converte-se em martírio. O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor de caprichos sa- tisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão. O inverno é imprescindível e útil, como período de prova benéfica e renovação necessária. Procura, todavia, o encontro de tua experiência com Jesus, antes dele. Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 66, p. 145-146. Reformador/Janeiro 2005 19 21
  • 21.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 22 Compromisso com a Paz Global Assinado no Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais, realizado na ONU em agosto de 2000 A Humanidade encontra-se em um ponto crítico da história que clama por uma forte liderança mo- ral e espiritual para ajudar a estabelecer novos rumos para a sociedade. Nós, como líderes religiosos e espirituais, reconhecemos a nossa responsabilidade especial para com o bem-estar da família humana e a paz na Terra. C onsiderando que as Nações Unidas e as religiões do mundo têm em comum um interesse na digni- dade humana, na justiça e na paz; Considerando que aceitamos que homens e mulheres são parceiros iguais em todos os aspectos da vida e que as crianças são a esperança do futuro; Considerando que as religiões têm contribuído para a paz no mundo, mas também têm sido usadas para criar divisão e alimentar hostilidades; Considerando que o nosso mundo está assolado pela violência, guerra e destruição, por vezes perpe- trados em nome da religião; Considerando que o conflito armado é uma terrível tragédia para as vidas humanas perdidas e arrui- nadas, para o mundo em geral, e para o futuro das nossas tradições religiosas e espirituais; Considerando que nenhum indivíduo, grupo ou nação pode viver no nosso mundo em um micro- cosmo isolado, independentemente, mas que, ao contrário, todos devem compreender que cada ação nossa tem impacto sobre os outros e na emergente comunidade global; Considerando que em um mundo interdependente a paz requer concordância sobre valores éticos fundamentais; Considerando que não haverá paz verdadeira até que todos os grupos e comunidades reconheçam a diversidade de culturas e religiões da família humana, dentro de um espírito de respeito mútuo e com- preensão; Considerando que construir a paz requer uma atitude de reverência pela vida, liberdade e justiça, er- radicação da pobreza, e proteção do meio ambiente para as presentes e futuras gerações; Considerando que uma real cultura de paz deve ser baseada no cultivo da paz interior, que é a he- rança das tradições religiosas e espirituais; Considerando que as tradições religiosas e espirituais são a fonte central na construção de uma vida melhor para a família humana e toda a vida na Terra. À luz dessas considerações e com vistas ao cumprimento do nosso dever para com a família hu- mana, nós declaramos ser nosso compromisso e determinação: 1. Colaborar com as Nações Unidas e com todos os homens e mulheres de boa vontade, em âmbi- to local, regional e global, na busca da paz em todas as suas dimensões; Reformador/Janeiro 2005 22 20
  • 22.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 23 2. Conduzir a Humanidade através de palavras e obras a um renovado compromisso com os valores éticos e espirituais, que incluem um profundo sentido de respeito por todas as formas de vida e pela dig- nidade inerente a cada pessoa e o seu direito de viver em um mundo livre da violência; 3. Administrar e resolver sem violência os conflitos gerados pelas diferenças étnicas e religiosas e con- denar toda a violência cometida em nome da religião, buscando remover as raízes da violência; 4. Apelar a todas as comunidades religiosas e aos grupos étnicos e nacionais a respeitarem o direito à liberdade religiosa, procurando a reconciliação, e a se engajarem no perdão e auxílio mútuos; 5. Despertar em todos os indivíduos e comunidades o senso da responsabilidade, compartilhada en- tre todos, pelo bem-estar da família humana como um todo, e o reconhecimento de que todos os seres humanos – independentemente de religião, raça, sexo e origem étnica –, têm o direito à educação, à saú- de e à oportunidade de obter uma subsistência segura e sustentável; 6. Promover uma distribuição de riqueza eqüitativa dentro das nações e entre as nações, erradican- do a pobreza e revertendo a atual tendência ao distanciamento crescente entre ricos e pobres; 7. Educar nossas comunidades sobre a necessidade urgente de cuidar-se do sistema ecológico da Terra e de todas as formas de vida, e apoiar esforços para que a proteção e a restauração ambiental se- jam parte integrante de todos os planos e iniciativas voltados ao desenvolvimento; 8. Desenvolver e promover uma campanha de reflorestamento global, como meio concreto e práti- co de restauração ambiental, conclamando outros a se unirem a nós nos programas regionais de plantio de árvores; 9. Aliar-se às Nações Unidas no apelo para que todos os estados soberanos trabalhem pela abolição universal das armas nucleares e outras armas de destruição em massa, em prol da segurança e proteção da vida neste planeta; 10. Combater qualquer prática comercial e aplicação de tecnologia que degrade a qualidade da vida humana; 11. Praticar e promover em nossas comunidades os valores da paz interior, incluindo especialmente o estudo, a prece, a meditação, a noção do sagrado, a humildade, o amor, a compaixão, a tolerância e o espírito de serviço, que são fundamentais para a criação de uma sociedade pacífica. Nós, como líderes religiosos e espirituais nos comprometemos a trabalhar juntos para promover as condições internas e externas que propiciem a paz, bem como administrar a resolução não violen- ta dos conflitos. Conclamamos aos seguidores de todas as tradições religiosas e à Humanidade como um todo a cooperarem na construção de sociedades pacíficas, procurando a compreensão mútua, atra- vés do diálogo, onde existam diferenças, a abster-se da violência, a praticar a compaixão e a defender a dignidade de todas as formas de vida. (Compromisso assinado pelos participantes do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial e por Bawa Jain, Secretário-Geral do “The Millennium World Peace Sum- mit”)* *Pelo Espiritismo, assinaram o Compromisso: Juvanir Borges de Souza, Nestor João Masotti, Divaldo Pereira Franco, Altivo Ferreira, Charles Kempf, Fábio Villarraga e os demais integrantes da delegação brasileira. Fonte: Reformador de outubro/2000, p. 26-27. Reformador/Janeiro 2005 21 23
  • 23.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 24 Repensando Kardec Da Lei de Reprodução (O Livro dos Espíritos, questões 686 a 701) Inaldo Lacerda Lima Mas, esclarecem, em face da Na questão 692, embora com- questão 689, que serão os mesmos preendendo-a bem, Allan Kardec, Espíritos que voltarão a aperfei- ao salientar algo sobre o aperfeiçoa- opulação do Globo. A pri- çoar-se em novas indumentárias fí- mento das raças animais através da P meira indagação do Codifica- dor é a propósito da reprodu- ção dos seres vivos como lei da sicas, embora ainda imperfeitos. Desse modo, a atual raça humana que tende a invadir toda a Terra, Ciência, enseja aos Espíritos escla- recerem que tudo deve ser feito a serviço da perfeição; que o próprio Natureza. E os Espíritos Revelado- substituindo as que se extinguem, homem, nesse sentido, é instrumen- res respondem que o mundo corpo- terá também sua fase de decresci- to de que Deus se serve; a perfeição ral pereceria sem a reprodução deles. mento e desaparecerá com o surgi- é meta a que tende a Natureza, de Entretanto, diante da preocu- mento de outras mais aperfeiçoa- modo que facilitá-la é corresponder pação com a possibilidade de a po- das, tal como os homens mais ci- à Sua visão divina. Ao objetar, ain- pulação do Globo tornar-se exces- vilizados de hoje são descendentes da, o Codificador sobre o fato de siva, respondem eles, sempre am- dos seres brutos e selvagens dos os esforços de que o homem se ser- parados na lógica, que a tudo Deus tempos primitivos, e tudo isso co- ve estarem relacionados sempre ao provê, mantendo em tudo o equilí- mo lei natural. Já atendendo à acréscimo de seus gozos, não lhe di- brio da vida, pois coisa alguma Ele questão seguinte, em relação aos minui isso o mérito, respondem os faz inútil. Nós, os homens, é que corpos das raças atuais, se são de Espíritos incumbidos da revelação temos o hábito de observar a Natu- criação especial, respondem que “a do Consolador com outra indaga- reza por partes, e quase nunca em origem das raças se perde na noite ção: “Que importa seja nulo o me- seu conjunto. dos tempos”, o que significa que os recimento, desde que o progresso se Sucessão e aperfeiçoamento corpos humanos também se aper- realize? Cabe-lhe tornar meritório, das raças. Constitui este um outro feiçoam com a evolução dos seres pela intenção, o seu trabalho. De- aspecto da lei de reprodução. E ao que os vestem. mais, mediante esse trabalho, ele ex- falar de raças humanas, que eviden- Quanto ao caráter distintivo e ercita e desenvolve a inteligência e temente decrescem, indaga Kardec dominante das raças primitivas, em sob este aspecto é que maior provei- em nome da Doutrina Espírita se que se destacava o “desenvolvimen- to tira.” ocorrerá um momento, na História, to da força bruta, à custa da força Obstáculos à reprodução. Já as em que estarão elas desaparecidas. intelectual”, dá-se o contrário em questões seguintes – 693 e 694 – E os Espíritos informam que assim nossos dias, quando o homem rea- relacionam-se com os obstáculos à acontecerá de fato, pois que outras liza mais e melhor, pela inteligência, reprodução, indagando se tais obs- raças, um dia, deverão tomar o lu- ao aprender como aproveitar os re- táculos não são contrários à lei da gar das que hoje existem. cursos da Natureza. Natureza. E a resposta não se faz es- Reformador/Janeiro 2005 24 22
  • 24.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 25 perar, com a mesma logicidade de que não o devem sofrer, de modo O Codificador nos faz sentir que, sempre: “Tudo o que embaraça a descontrolado; do cultivo abusiva- volvendo à infância da Humanida- Natureza em sua marcha é contrá- mente excessivo de plantas como a de, o homem se colocaria abaixo de rio à lei geral.” maconha, e de outros recursos para certos animais que lhe dão exem- Allan Kardec, prevendo decer- a fabricação perversa de drogas; e, plos de uniões constantes nesse sen- to novas objeções do próprio ho- ainda, a extinção de espécies ani- tido; e que a dissolução do casa- mem, lembra que há espécies de se- mais, tudo com vistas à manuten- mento não deixaria de ser lei hu- res vivos – animais e plantas –, cuja ção de interesses egocêntricos. mana contrária à Natureza, por- reprodução indefinida poderia ser Há práticas humanas que con- quanto esta é imutável. nociva a outras espécies; desse mo- sistem no propósito de evitar a re- Quanto ao celibato voluntário, do praticaria o homem ação re- produção, como satisfações sensuais, nada tem de meritório aos olhos de preensível impedindo-a? Damos, o que levou o mestre Kardec – a Deus, salvo os que dele se utilizam, aqui, destaque a três advertências respeito da seriedade do assunto – não por egoísmo, mas por uma fundamentais dos Espíritos, nesse a buscar o pensamento dos Espíri- questão de renúncia ou sacrifício a sentido: tos Reveladores. E responderam eles serviço do Bem e da Humanidade, 1. Deus concedeu ao homem, so- que tal prática “prova a predomi- caso em que o homem, nisso, não bre todos os seres vivos, um nância do corpo sobre a alma e atenta contra a lei de Deus. poder de que ele deve usar sem quanto o homem é material”. Poligamia. No que tange às abuso, podendo pois regular tal Casamento e celibato. A seguir, questões 700 e 701, referentes à po- reprodução de acordo com nas questões 695 a 699, procura o ligamia, Allan Kardec indaga se a suas necessidades. Codificador ouvir os Espíritos Supe- igualdade numérica mais ou menos 2. A ação inteligente do homem riores a fim de, através deles, ofere- existente entre os sexos não é indí- é sempre um contrapeso que cer-nos preciosas orientações a res- cio da proporcionalidade de união Deus dispôs para estabelecer peito do casamento; e que efeito entre eles. Os Espíritos o confir- equilíbrio entre as forças da teria sobre a sociedade a sua aboli- mam, mostrando, em resposta à Natureza, desde que haja co- ção; se está na Natureza ou apenas questão seguinte (701), que a abo- nhecimento de causa. E isso, nas leis humanas a sua indissolubili- lição da poligamia, lei ainda exis- inegavelmente, vem sendo mos- dade absoluta e, ainda, se o celibato tente entre alguns povos, marcará trado pelos cientistas atuais. representa um estado de perfeição um progresso social – que dizemos 3. Mas, no caso dos animais, os meritório aos olhos de Deus. grandioso –, porquanto “o casamen- mesmos também concorrem Eles, pacientemente, nos levam to, segundo as vistas de Deus, tem para a existência desse equilí- a refletir, mostrando que o casa- que se fundar na afeição dos seres brio, porquanto o instinto de mento é um progresso na marcha que se unem”. E concluem sabia- destruição que lhes foi dado faz da Humanidade, e a sua abolição mente: “Na poligamia não há afei- com que, provendo à própria seria um regresso à vida irracional. ção real: há apenas sensualidade.” conservação, obstem ao desen- volvimento excessivo, quiçá pe- rigoso, das espécies animais e vegetais de que se alimentam. Site de Reformador Cabe-nos, aqui, na oportuni- A partir de janeiro de 2005 entrará no ar o site da revista dade, lembrar que o homem, mor- Reformador. Os usuários poderão fazer assinaturas, alteração mente em nosso riquíssimo país, se de endereço, pagamentos através de boleto bancário e cartões comporta, em muitos casos, como ser abusivo, contra a própria Na- de crédito. Brevemente, estaremos disponibilizando o en- tureza, sofrendo as conseqüências dereço do site. amargas desse abuso, qual seja o ca- Tudo on-line, com mais conforto e segurança. so do desmatamento em regiões Reformador/Janeiro 2005 23 25
  • 25.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 26 A chave do reino dos céus Paulo Roberto Viola Precisamos da filosofia e da Mahatma Gandhi – que passou a telas teológicas, que “Deus nosso ciência para a evolução da sen- vida estudando-a – concluíra no Senhor permitiu que houvesse vá- sibilidade e da inteligência, mas momento derradeiro, em desabafo rias heresias logo no início da Igre- necessitamos unicamente da ca- a um discípulo: “a vida é um mis- ja, como foi o caso do arianismo, ridade para garantir a salvação tério”. Que o seja enquanto não no século III – doutrina que nega a do Espírito. desvendamos seus segredos, cujos natureza divina de Jesus – e que limites, entretanto, sempre haverão encontrou muitos bispos e impera- de estar balizados – queiramos ou dores adeptos”. não – nesse ou em outro estágio de O arianismo, teoria defendida evolução espiritual. por Ario, que foi objeto de intensos uando Allan Kardec propôs a A literatura religiosa mundial e polêmicos debates dentro da Igre- Q teoria da fé racionada, como um novo e iluminado cami- nho de reflexão para o povo de ocupa-se de compêndios interminá- veis, despendendo séculos e séculos de trabalho para convencer o mun- ja, tornou-se uma heresia (negação de uma verdade), como tantos ou- tros temas, de que são exemplos o Deus que habita este planeta, com do de que o princípio exegético do Protestantismo (séc. XVI – que ne- certeza não embutiu nessa teoria, respectivo credo que defende é o ga a infalibilidade da Igreja), o Nes- implícita e pretensiosamente, um mais lógico e compatível diante da torianismo (séc. V – Maria deu ori- suposto propósito de busca da lógi- Revelação. gem à pessoa humana de Jesus) e o ca do Criador. Claro que esse debate – inevi- Modernismo (séc. XX – teoria que Na prática, porém, ambos os tável diante da pluralidade dos ní- nega as verdades absolutas). Tais he- conceitos – raciocínio e lógica – são veis de consciência que habitam o resias foram assim declaradas – a ingenuamente confundidos por de- Planeta, o que é responsável pelas despeito da inquietude de espíritos savisados intérpretes, como se pos- diferentes opções de fé – não pode- sequiosos de verdade – por votação sível fora à criatura concorrer, atra- ria merecer o repúdio dos homens daqueles que discutiam esses ques- vés de sua concepção humana de bem, porque seria o mesmo que tionamentos, geralmente em am- supostamente lógica, com a estrutu- negar o caminho da evolução, que bientes de reunião bastante polê- ra efetivamente metafísica que de- Jesus tão bem resumiu, em poucas micos. Essa explosão indagatória, terminou a ação do Criador. Se tal palavras, quando declarou que ti- dentro do Cristianismo iria desem- ocorresse, seria o mesmo que se ad- nha muitas coisas a dizer, mas que bocar no famoso axioma do cérebro mitir colocar, num mesmo estágio não seriam suportadas à época da Reforma, Melanchthon: “unida- recíproco de conhecimento, tanto a (João, 16:12), pois que ainda não de na essência, liberdade na dúvi- criatura, como o Criador, o que se- houvera chegado o tempo em que da e a caridade em todas as coisas”. ria um absurdo ingênuo conceber- a ignorância devesse dissipar-se. De fato, fora desse princípio -se. Afinal, como acreditar que com Na história do Cristianismo es- elementar de liberdade mínima de nossa pobre e limitada lógica sere- se processo hermenêutico acentua- pensamento, ter-se-ia a negação pu- mos capazes de alcançar a lógica do -se de forma aguda, sob as mais ra e simples da evolução, a partir de Criador?... curiosas avaliações. Chega-se a re- uma pouco recomendável fé cega e Não teria sido por outra razão gistrar pensadores afirmando sim- apaixonada, segundo a conclusão que, segundo dizem, o memorável ploriamente, sem as devidas cau- interpretativa a que outros seres hu- Reformador/Janeiro 2005 26 24
  • 26.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 27 manos chegaram em épocas preté- truída pelos vários credos que se es- cas – escrito em 1445 antes de Cris- ritas. palharam pelo mundo, através dos to, de autoria de Moisés, como se Todas essas circunstâncias de- séculos, ou dos milênios de existên- reconhece, já concitava o povo de vem ser levadas em conta em con- cia da vida humana. Deus, dizendo: “Não odiarás o teu junto com outras, como a interfe- Esse mandamento maior não irmão no teu coração (19:17) e rência manifestamente indevida do pressupõe – como lembrou Chico amarás o teu próximo como a ti poder temporal em discussões im- Xavier – que tenhamos que escalar mesmo” (19:18). portantíssimas de interpretação do o Monte Everest, ou algo com se- Tal postulado permite-nos, Cristianismo. A começar pelo Pri- melhante dificuldade, para en- pois, indagar: de que valerá todo o meiro Concílio de Nicéia, no ano tendê-lo. Nem tampouco está no acervo de conhecimento doutriná- de 324, onde se discutiu a trinda- céu, ou do outro lado do mar, para rio, científico, ou filosófico, se não de divina e de onde a Igreja prati- que a ele possamos ter acesso, como formos capazes de colocar em prá- camente começou a se afirmar em advertia o Livro do Deuteronômio tica essa regra de amor e de salutar questões fundamentais. Este Con- em face dos preceitos mosaicos. convivência social que Jesus deixou, cílio não foi convocado por nenhu- A Lei por Ele deixada foi simples e como seu mais importante legado ma autoridade eclesiástica, mas pe- fácil de ser compreendida por todos histórico? lo Imperador Constantino, senhor os povos: “O meu mandamento é Se precisamos do pilar da ciên- único do Império Romano, que so- esse: que vos ameis uns aos outros, cia e da filosofia para a nossa evolu- bre as conclusões lá tiradas colocou como Eu vos amei” (João, 15,12). ção, precisamos, antes, daquilo que a força de seu poder político. “Não há outro mandamento maior a religião nos cobra para a salvação, Mais adiante, o Concílio de que este” (Marcos, 12:31). Não se que é a caridade, em sua ação mais Constantinopla, em 553 d.C. tam- trata – é verdade – de um princípio plena e abrangente possível. Com bém foi convocado por outro Im- novo, mas que veio a ser consagra- efeito, Jesus não escolheu os ho- perador, este um déspota temido, do por Jesus, pois o Livro de Leví- mens da ciência de seu tempo para Justiniano, que colocou em votação tico – terceiro das escrituras hebrai- deixar o seu legado moral e ético, a questão da reencarnação, declara- mas foi buscar as criaturas mais da, a partir de então, formalmente simples e iletradas em sua volta, hu- herética. Jesus não escolheu mildes e pobres pescadores, para Na verdade, enquanto muita seus apóstolos, com a missão de coisa no Evangelho de Jesus con- os homens da transmitir ao Mundo a Sua palavra, tém parábolas para entendimento posto que o Mestre não deixaria a seu tempo, obedecida a escala de ciência de seu uma só frase por ele pessoalmente evolução do ser humano, traz, por escrita, senão o testemunho de seus outro lado, questões absolutamen- tempo para fiéis colaboradores. Afinal, Jesus te- te simples e de fácil entendimento ria relegado o conhecimento pre- para qualquer iletrado. Aliás, tudo deixar o seu sunçoso dos escribas para enaltecer o que disse o Mestre se resume em a sabedoria humilde dos pequeni- uma coisa, que qualquer analfabe- legado moral nos: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor do to, de qualquer parte do mundo, Céu e da Terra, porque escondeste pode entender, sem depender de e ético, mas foi estas coisas aos sábios e aos inteli- mestrados teológicos, pós-gradua- gentes e as revelas aos pequeninos” ção em ciências bíblicas, ou inspi- buscar as criaturas (Lucas, 10:21). ração sobrenatural para ser com- Na história do Cristianismo va- preendido. O primeiro e único man- mais simples e mos encontrar elevação e nobreza damento, fora do qual ninguém se em Espíritos que transitaram pela salvará, independe de qualquer iletradas vida humana com pouca, ou quase questão exegética doutrinária, cons- nenhuma estrutura de conhecimen- Reformador/Janeiro 2005 25 27
  • 27.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 28 to acadêmico. Tal ocorrera com Te- resa de Calcutá, com Francisco de FEB/CFN – Comissões Regionais Paula, Chico Xavier e tantos outros. Calendário das Reuniões Ordinárias de 2005 Se supriam seu pouco saber escolar 1. Comissão Regional Nordeste com sabedoria em abundância – o que pressupõe, claro, doutorado em 1.1 – Cidade-sede: Teresina (PI). vidas pretéritas – estão hoje no pla- 1.2 – Período: 8 a 10 de abril. no de evolução espiritual em que se 1.3 – Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Preparar o Centro encontram porque foram capazes de Espírita para interagir no processo federativo, interpretar literalmente e viver o na sua condição de unidade fundamental do mandamento que Jesus deixou: “Que Movimento Espírita”. vos ameis uns aos outros.” 2. Comissão Regional Sul No anonimato da vida espi- ritual vamos encontrar incontá- 2.1 – Cidade-sede: Florianópolis (SC). veis Espíritos nobres, que deixaram 2.2 – Período: 29 de abril a 1o de maio. nosso planeta, em sua última en- 2.3 – Reunião dos Dirigentes: Assunto – “Participação das Ins- carnação, com pouca ou nenhuma tituições Espíritas nas atividades comunitárias escolaridade, hoje habitantes de or- (Órgãos, Comissões, Conselhos e outros)”. bes superiores, que não precisam 3. Comissão Regional Norte retornar ao mundo de provas e ex- piações, a não ser em missão, pos- 3.1 – Cidade-sede: Porto Velho (RO). to que já se encontram em estágios 3.2 – Período: 26 a 29 de maio. de evolução acima dessas zonas vi- 3.3 – Reunião dos Dirigentes: Assuntos – 1. “Movimento Es- bratórias terra a terra, pelo muito pírita e Educação Espírita”, cujo desenvolvi- que souberam aproveitar na incan- mento inclui seminários, cursos e outras abor- sável dedicação à caridade ao pró- dagens”; ximo durante seus trânsitos por es- 2. “Importância do censo espírita por áreas, te mundo... para melhor conhecimento da realidade”. Todavia, enquanto devemos 4. Comissão Regional Centro tentar cumprir esse mandamento único, eterno e universal, é-nos 4.1 – Cidade-sede: Palmas (TO). lícito – claro – seguir a fórmula 4.2 – Período: 13 a 15 de maio. abençoada de Melanchthon, expe- 4.3 – Reunião dos Dirigentes: Assuntos – “1. Exposição sobre: rimentando, diante da filosofia e da 1.1 – Reavaliação da Campanha ‘Viver em religião, a liberdade na dúvida, já Família’; 1.2 – Avaliação sobre o andamento que na essência do amor ao próxi- do curso ‘Capacitação Administrativa para mo nenhum crente pode levantar Dirigentes de Casas Espíritas’”; “2. Avaliação questionamentos, nenhum credo das atividades-meio na sustentação do traba- religioso pode hesitar, ponto de li- lho federativo” (assunto da reunião). gação que é de todas as doutrinas 5. Áreas Específicas de fé, enquanto devemos colocar Serão realizadas, concomitantemente com a Reunião dos Diri- a caridade em todas as coisas, aci- gentes, e com temas próprios escolhidos em 2004, as reuniões das ma de tudo, como nos ensinou o Áreas Específicas de Atendimento Espiritual no Centro Espírita, Ativi- Sábio da Galiléia, pois isso é o que dade Mediúnica, Comunicação Social Espírita, Estudo Sistematizado definitivamente nos credenciará, da Doutrina Espírita, Infância e Juventude, Serviço de Assistência e um dia, para a glória no reino dos Promoção Social Espírita. céus. 28 26 Reformador/Janeiro 2005
  • 28.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 29 PÁGINAS DA REVUE SPIRITE O Espiritismo no Brasil Extrato do Diário da Bahia Idade Média? Se a sábia química de ções, que fez, de O Livro dos Espíri- ob o título de A Doutrina Es- hoje não teve o seu berço na alqui- tos, visando depreciar essa doutrina. S pírita, o Diário da Bahia de 26 e 27 de setembro de 1865 contém dois artigos, que não pas- mia, e a astronomia o seu na astro- logia judiciária? Por que então os fe- nômenos espíritas que, em última “Somos, senhor redator, vossos amigos reconhecidos, Luís Olímpio Teles de Menezes sam da tradução em português dos análise, não passam de fenômenos José Álvares do Amaral que foram publicados há seis anos naturais, cujas leis não se conhe- Joaquim Carneiro de Campos” pelo Dr. Déchambre, na Gazette ciam, também não se encontrariam médicale de Paris. Acabava de apa- nas crenças e práticas antigas? Segue, como resposta e refuta- recer a segunda edição de O Livro Como esse artigo foi reprodu- ção, um extrato muito extenso da dos Espíritos e é dessa obra que o zido pura e simplesmente, sem co- introdução de O Livro dos Espíritos. Sr. Déchambre faz um relato semi- mentários, nada prova, da parte do Com efeito, as citações textuais burlesco. Mas, a propósito, ele pro- jornal brasileiro, uma hostilidade das obras espíritas são a melhor re- va historicamente, e por citações, sistemática contra a doutrina. É futação das deturpações que certos que o fenômeno das mesas girantes mesmo provável que não a conhe- críticos fazem sofrer a doutrina. A é mencionado em Teócrito, sob o cendo, julgou nele achar uma apre- doutrina se justifica por si mesma, nome de Kosskinomantéia, adivi- ciação exata. O que o provaria foi a razão por que não sofre com isso. nhação pelo crivo, porque então se sua pressa em inserir, no número Não se trata de convencer os seus serviam de crivo para esse gênero de seguinte, de 28 de setembro, a refu- adversários de que ela é boa, o que, operação, e daí conclui, com a lógi- tação que os espíritas da Bahia lhe na maioria das vezes, é tempo per- ca ordinária dos nossos adversários, dirigiram, e que estava assim conce- dido, porquanto, em boa justiça, que não sendo um fenômeno novo, bida: têm inteira liberdade de achá-la má, não tem qualquer fundo de reali- mas simplesmente de provar que ela dade. Para um homem de ciências “Senhor redator, diz o contrário do que a fazem di- positivas – forçoso é convir – aí es- zer. Cabe ao público imparcial jul- tá um argumento singular. Lamen- “Como sois de boa-fé, no que gar, pela comparação, se ela é boa tamos que a erudição do Sr. Dé- concerne à doutrina do Espiritismo, ou má. Ora, como ela recruta inces- chambre não lhe tivesse permitido rogamos que também vos digneis santemente novos partidários, a des- remontar ainda mais alto, porque o publicar no Diário uma passagem peito de tudo quanto puderam fa- teria encontrado no antigo Egito e de O Livro dos Espíritos, do Sr. zer, é prova de que não desagrada a nas Índias. Um dia voltaremos a es- Allan Kardec, já na décima terceira todo o mundo, e que os argumen- se artigo, que tínhamos perdido de edição, a fim de que vossos leitores tos que lhe opõem são impotentes vista e que faltava à nossa coleção. possam apreciar, em seu justo valor, para desacreditá-la. Pode-se ver por Enquanto esperamos, apenas per- a reprodução que fizestes de um ar- esse artigo que ela não tem nacio- guntamos ao Sr. Déchambre: deve- tigo da Gazette médicale de Paris, nalidade e dá a volta ao mundo. -se rejeitar a medicina e a física mo- escrito há mais de seis anos, pelo Allan Kardec dernas, porque seus rudimentos se Dr. Déchambre, contra essa mesma Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) – encontram de permeio às práticas doutrina, na qual se reconhece que novembro de 1865, p. 442-444, tradução supersticiosas da Antiguidade e da o dito médico não foi fiel nas cita- de Evandro Noleto Bezerra – Ed. FEB. Reformador/Janeiro 2005 27 29
  • 29.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 30 A FEB E O ESPERANTO Departamento de Esperanto da FEB Atividades em curso Affonso Soares A revisão vinha sendo feita ex- sob a coordenação do Dr. Luiz Fer- clusivamente por nós, mas agora nando Vêncio, de Goiânia (GO), e conta com a valiosa colaboração do com o não menos valioso assessora- Prof. Benedicto Silva, de São José mento de Luis Hu Rivas, da Sede do Rio Preto (SP). Central em Brasília (DF), os seguin- ez por outra, nossos co-idea- Já estamos trabalhando sobre tes livros, em formato “pdf ”, com V listas do Esperanto, espíritas e não espíritas, dirigem-nos amá- veis missivas com palavras de estí- as letras H, I, J e K, o que significa já havermos revisado mais da meta- de do conteúdo. permissão para download e impres- são: La Libro de la Spiritoj (O mulo e agradecimento pelos servi- É um trabalho que exige mui- Livro dos Espíritos); ços prestados pela FEB ao ideal es- to tempo, muita dedicação e pa- La Libro de la Mediumoj (O perantista. Como, em tais ocasiões, ciência, mas que, se mantida a re- Livro dos Médiuns); invariavelmente manifestam o de- gularidade, poderá estar concluído La Evangelio la9 Spiritismo sejo de se inteirarem a respeito das no fim de 2005. (O Evangelho segundo o Espi- atividades em curso nesse setor, re- ritismo); solvemos, por oportuno, agora es- Digitalização (Formatação Kio estas Spiritismo? (O que tender as informações a todos os em arquivos eletrônicos) dos li- é o Espiritismo) queridos samideanos* através de vros em e sobre Esperanto edita- Já demos início à preparação Reformador. dos pela FEB do arquivo “pdf” de La 0ielo kaj la Esse árduo trabalho está a car- Infero (O Céu e o Inferno), com Novo Dicionário Português- go de voluntários que pertencem ao vistas à sua inserção, igualmente pa- -Esperanto grupo de estudos de Espiritismo em ra breve, nas páginas eletrônicas da Está em composição uma nova Esperanto que funciona na Sede FEB e do CEI. edição, revista e aumentada. Seccional. Todo o fichário, já anterior- Os arquivos eletrônicos servi- Tradução para o Esperanto do mente acrescido em mais de 1/3 rão de base para eventuais reedições livro “Obras Póstumas” com novos verbetes, foi composto e para a inserção dos livros nos sites Esse trabalho, a nosso cargo ex- eletronicamente pelo mesmo com- da FEB e do CEI. clusivo, teve que ser provisoriamen- positor do Dicionário Esperanto- Já foi concluída a digitalização te interrompido quando já havía- -Português e de La Genezo, o nosso de 20 livros doutrinários. mos atingido o primeiro terço, em muito estimado Gersi Alfredo Bays, virtude do volume de outros ser- de Chapecó (SC). Projeto para inclusão dos livros viços. Esperamos retomá-lo opor- de Kardec, em Esperanto, nos sites tunamente. *O termo já figura no “Aurélio”: samideano. da FEB e do CEI [Do Esperanto.] S. m. Adepto da mesma idéia. Já figuram nas páginas eletrô- Programação Espírita nos Con- [Vocábulo com que os esperantistas se desig- nicas da FEB e do CEI, graças ao gressos Universais de Esperanto nam entre si.] trabalho de inúmeros voluntários, Essa atividade, que já se tor- 30 28 Reformador/Janeiro 2005
  • 30.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 31 nou tradicional desde o Congresso em Varsóvia (Centenário do Espe- ranto), em 1987, vem sendo feita Homenagem a um pioneiro em associação com a Sociedade Lorenz. smael Gomes Braga (1891-1969) guiou os primeiros de muitos espe- A FEB tem, como seu repre- sentante em tais eventos, nosso companheiro Ismael de Miranda e I rantistas que hoje se destacam no cultivo do generoso ideal de uma lín- gua internacional neutra para a Humanidade. Um deles é o brilhante poeta Geraldo Mattos, atual Presidente da Academia de Esperanto, o qual Silva, que é assessor do Conselho lhe dedicou belíssimos sonetos como o que abaixo transcrevemos, apre- Espírita Internacional para o Espe- sentando-lhe a tradução em prosa: ranto, sendo a Sociedade Lorenz representada por Robson Mattos. Ambos dividem os trabalhos de ex- 7 Al I7mael posição doutrinária e transportam os livros que a FEB tem doado pa- La Eternulo vin benu kaj protektu ra distribuição entre os congressis- En /iu horo de via plena tago, tas presentes às reuniões. Eventual- 0ar vi nur volas en via tera vago, mente outros espíritas brasileiros, Ke al aliaj sin via pen’ direktu! presentes nos Congressos, cola- boram para o bom êxito do pro- Aliaj viroj konkeru kaj kolektu grama. La vanan famon por singlorema blago: O programa para o evento do Vi multe helpas per altruisma ago, ano passado, em Pequim, teve co- Ke la homaro feli/u kaj perfektu! mo foco o conteúdo de La Genezo (A Gênese, em Esperanto), de que Kaj kiam venos – 1i venu tre malfrue! – foram ofertados 50 exemplares aos La horo supre labori, substitue congressistas presentes na reunião. Al knedaj penoj de via karnodra7o, DVD – “DE KARDEC AOS Vi 1ojos, kara! La tuta vivo ofere DIAS DE HOJE” – Legendas em Es- Al idealo ri/igos vin supere, peranto 0ar vi rikoltos el via semita5 o! Este excelente material de in- formação sobre a vida do Codifica- dor, originalmente produzido em Para Ismael videocassete, agora foi transforma- do em DVD, tendo recebido maté- Que o Eterno te abençoe e proteja, em todas as horas de tua jorna- rias extras e legendas em 8 idiomas, da, pois um só é o teu desejo na viagem terrena: aplicar teus esforços incluindo o Esperanto. em favor dos outros. Outras atividades Que outros homens conquistem e colham a fama inútil, em busca da Continuam em funcionamen- vazia vanglória: muito ajudas pela ação altruísta a fim de que a Humani- to os cursos gratuitos do idioma, o dade seja feliz e perfeita! grupo de estudos doutrinários em Esperanto, o programa radiofônico E quando vier – que venha bem tarde! – a hora de trabalhar mais aci- aos domingos na Rádio Rio de Ja- ma, abandonando os esforços das lutas na carne, então virá a alegria! A vi- neiro e a divulgação através de Re- da que ao ideal toda dedicaste te fará rico nas altas esferas, pois colherás o formador. que semeaste! Reformador/Janeiro 2005 29 31
  • 31.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 32 O livre exercício da mediunidade Mauro Paiva Fonseca utilizá-lo de modo a fomentar sua conseqüências, no entanto, serão evolução, promovendo com ele o sempre inevitáveis, pois como ensi- variação do potencial mediú- socorro espiritual aos irmãos da re- na o Evangelho, “a semeadura é A nico é infinitamente diversa. Desde a fraca sensibilidade que caracteriza esse dom nas cria- taguarda, ainda presos à inferiori- dade e ao mal. Assim como os benefícios que livre, mas a colheita é obrigatória”. Para dominar com segurança a manifestação, fazendo prevalecer turas em geral, até o exercício ple- proporcionará ao seu portador, a sua vontade sobre a do comuni- no, apanágio dos que trazem man- quando aplicada à causa da frater- cante, o medianeiro deverá trazer datos e missões a desempenhar, to- nidade, poderá, também, transfor- seus atributos de moralidade em da uma série de cambiantes exis- mar-se em motivo de sofrimento, equilíbrio, e dar demonstrações ine- tem, que poderão ser ampliadas, quando empregada para finalidades quívocas de intenção fraterna e cari- desenvolvidas, sublimadas, ou se- malévolas, escusas, ou de honesti- dosa no desempenho dessa facul- pultadas em definitivo, sem pro- dade duvidosa. dade, até porque, ao exercitar os duzirem quaisquer efeitos úteis ao Se o médium procurar esclare- dons que possui, estará apurando progresso de seus portadores. cer-se através do estudo sistemático sua sensibilidade, para oferecer às A mediunidade é, assim, recur- do Evangelho do Cristo, pondo em falanges de trabalhadores desencar- so do mais alto valor, oferecido aos prática seus ensinamentos, os Es- nados, que assistem e dirigem as Espíritos para aceleração do seu píritos Superiores dele se aproxi- sessões de atendimento, ferramenta progresso, já que os médiuns, prin- marão, para oferecer-lhe ajuda, ca- útil e adequada ao importante tra- cipalmente aqueles que trazem os da vez mais ampla, tornando-o um balho de iluminação das consciên- sintomas ostensivos dessa facul- medianeiro feliz, por estar em paz cias em desalinho, trazidas ao so- dade, à exceção dos missionários, com a própria consciência. Quan- corro espiritual. são almas endividadas com um pas- do, ao contrário, negligencia seus Os médiuns relapsos com re- sado reencarnatório de erros, fra- compromissos de médium, assu- lação às suas faculdades fazem-se quezas e até crimes. midos antes de reencarnar, sem acompanhar de Espíritos embus- A mediunidade, em seu aspec- pautar sua vida pelos princípios de teiros, zombeteiros, desassisados e to físico, caracteriza a capacidade de moral pregados por Jesus, dedican- irresponsáveis, que trarão insta- promover o intercâmbio entre os do-se às tarefas malévolas, mercan- bilidade, dúvida e insegurança ao planos físico e extrafísico da vida no tilizando os dons que possui a sol- seu desempenho, transformando- Planeta, funcionando como “ca- do da perseguição e da vingança, -os em sensitivos não confiáveis nal”, por onde fluem as mensagens, torna-se joguete da vontade de Es- para tarefas de vulto e de elevado informações e expressões de toda píritos inferiores, perversos e zom- teor moral. natureza, entre os habitantes dos beteiros, que lhe imporão suas in- Vivemos o que criamos para dois lados. tenções doentias, tornando-o mé- nós; e colhemos o que plantamos à Geralmente, no programa reen- dium atormentado. nossa volta! Mais do que os outros, carnatório, este dom é preestabele- O emprego do dom mediúni- o médium é um plantador e um se- cido de comum acordo com o en- co para o bem ou para o mal será meador: se planta urtigas, jamais carnante, que neste caso se propõe sempre uma opção de cada um; as colherá rosas! Reformador/Janeiro 2005 32 30
  • 32.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 33 FEB – ONSELHO FEDERATIVO NACIONAL C CFN realiza a Reunião Ordinária de 2004 O Presidente Nestor Masotti (falando ao CFN) ladeado por três Vice-Presidentes A Reunião Ordinária de 2004, do Conselho Federativo Na- de reflexão e vivência da fraternida- cional da Federação Espírita Brasileira, ocorreu em Brasília, de, assim como o intercâmbio de experiências no trabalho federativo no período de 18 a 21 de novembro, com o comparecimento de do Movimento Espírita brasileiro. 26 Entidades Federativas, estando presentes, também, as qua- Tomando como ponto de referên- tro Entidades Especializadas de Âmbito Nacional – Associação cia o conceito de caridade segundo a questão 886 de O Livro dos Espí- Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, Associação Brasilei- ritos, ressaltou que, apesar de sua ra dos Magistrados Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas abrangência, na prática ela é consi- e Instituto de Cultura Espírita do Brasil. derada como ação a ser desenvolvi- da junto a pessoas fora de nossos círculos de atividade, tornando-se Abertura e Expediente FEB e do CFN, Nestor João Masot- imperativo, nas Casas Espíritas, o ti, saudou os presentes e referiu-se à exercício da caridade interior, isto é, Na manhã do dia 18, feita a importância da reunião, que permi- entre os companheiros de trabalho prece de abertura, o Presidente da tia aos seus participantes momentos doutrinário. Após tecer outras con- siderações sobre o assunto, concluiu que nos cabe vivenciar a caridade entre nós, lembrando-nos de que fora da união não há solução. O Editorial desta edição, sob o título Caridade na Casa Espírita, baseia-se nas palavras do Presidente ao CFN. No Expediente, foi aprovada por unanimidade a Ata da Reunião de 2003, cuja Súmula consta da Edição Especial de Reformador, de Aspecto do Plenário (I) maio/2004. > Reformador/Janeiro 2005 31 33
  • 33.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 34 Ordem do Dia Dos assuntos constantes da Or- dem do Dia, des- tacamos, a seguir, os que nos parece- ram importantes, ficando o registro completo dos de- Aspecto do Plenário (II) mais para a Edição Especial a ser visão, e através de outdoors, carta- apresentaram relatório escrito de publicada num dos próximos me- zes e outros meios de comunica- suas atividades em 2004 e progra- ses. ção, conforme relatos feitos pelos mação para 2005, sendo que algu- Representantes das Federativas e mas mencionaram, no Plenário, as Bicentenário de Allan Kardec Entidades Especializadas no Plená- suas ações mais significativas. rio do CFN. Reformador e o bole- Comissões Regionais: O Co- A logomarca e o material gráfi- tim Brasil Espírita registraram em ordenador das Comissões Regionais co preparados pela Comissão do Bi- suas páginas parte desses eventos. fez ligeiro comentário sobre os tra- centenário de Allan Kardec, apro- Destacamos dois pontos, que balhos desenvolvidos nas reuniões vados na Reunião do CFN de marcaram o relevo dado ao Bicen- de 2004 das Comissões Regionais 2003, foram adotados amplamente tenário de Kardec: o lançamento, do Norte, Nordeste, Sul e Centro, no Brasil e no Exterior, como veí- pela Empresa Brasileira de Correios que mais uma vez demonstraram o culos de divulgação dos eventos que e Telégrafos (ETC) do Selo come- crescimento qualitativo e quantita- marcaram os 200 anos do nasci- morativo da efeméride, e o 4o Con- tivo das atividades realizadas por mento de Kardec. gresso Espírita Mundial, realizado todas as Federativas, com ênfase no Iniciadas na FEB, em Brasília, em Paris, de 2 a 5 de outubro, em apoio ao Centro Espírita; informou no dia 4 de janeiro de 2004, com que tudo girou em torno do Codi- que a revista Reformador registrou palestra pública de Divaldo Perei- ficador e das obras básicas da Dou- as principais ocorrências dessas reu- ra Franco, quando também se re- trina Espírita. (Veja-se Reformador niões nos meses de junho a setem- gistrou a passagem dos 120 anos de novembro/04, p. 26-27 e 30- bro de 2004. da Casa de Ismael, as comemora- -33.) Os Secretários de cada Região ções do Bicentenário estenderam- ou seus substitutos fizeram uma -se a todos os Estados na promoção Atividade Federativa síntese dos trabalhos desenvolvidos de congressos, encontros, confe- nas Reuniões dos Dirigentes. rências públicas, intensa divulga- Relato das Entidades que inte- Foram, também, relatadas, por ção na imprensa, no rádio na tele- gram o CFN: Todas as Entidades seus coordenadores, as ações pra- ticadas, em cada Região, pelas Áreas de Atividade Mediúnica; Atendimento Espiritual no Centro Es- pírita; Comunicação So- cial Espírita; Estudo Sis- tematizado da Doutrina Espírita; Infância e Juven- tude; e Serviço de Assis- tência e Promoção Social Aspecto do Plenário (III) Espírita. 34 32 Reformador/Janeiro 2005
  • 34.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 35 Apoio Administrati- vo e Jurídico As Assessorias de Apoio Adminis- trativo e Jurídico à Casa Espírita expu- seram suas ativida- des com vistas a ofe- recer às Federativas Aspecto do Plenário (IV) e, principalmente, ao Centro Espí- ramento da qualidade do livro, dial: Deu-se notícia do significado rita as orientações que atendam às quanto à apresentação, e para uma desse Congresso, de sua importância suas necessidades, destacando-se o eficaz política de vendas e marke- neste momento histórico da Hu- curso de Capacitação Administrati- ting. O Presidente referiu-se ao tra- manidade, fato ressaltado nas men- va para Dirigentes de Casas Espíri- balho que se vem desenvolvendo no sagens mediúnicas dos Espíritos Léon tas, transmitido a todas as Federati- sentido de atender à publicação de Denis, Gabriel Delanne, Bezerra de vas, o qual, conforme avaliação nas livros espíritas em outras línguas, Menezes e Sylvino Canuto Abreu. Comissões Regionais, alcançou, em mormente os da Codificação e os Os principais aspectos do CEM fo- vários Estados, os Centros Espíritas mais importantes de Chico Xavier. ram exibidos em datashow. (Ver as das capitais e do interior. Reformador: O Editor de Re- matérias publicadas em Reformador A Assessoria Jurídica informou formador reportou-se à linha edito- de novembro/04.) que oferece orientação sobre os as- rial do periódico, que é a divulga- Parte da Exposição Histórica suntos dessa área, fornece modelos ção da Doutrina Espírita na pureza montada na sede do Congresso foi de estatuto e outros subsídios às de seus princípios, e o esforço para exibida aos membros do CFN, Instituições Espíritas, transmitindo que a revista esteja à disposição dos destacando-se a reconstituição do informações através da Internet, no leitores no primeiro dia do mês a ambiente familiar de Kardec e site da FEB. que se refere. Enfatizou que esse ór- Amélie Boudet, em trajes típicos de gão centenário da FEB está a servi- sua época, e sete cartas inéditas do Atividade Editorial ço do Espiritismo e do Movimento Codificador. Espírita. Conselho Espírita Internacio- Difusão do Livro: O Vice-Pre- nal: O Representante da FEB na sidente Ilcio Bianchi, que supervi- Movimento Espírita Internacional 10a Reunião Ordinária do CEI, rea- siona as atividades editorias da FEB, lizada em Paris, de 2 a 5 de outubro falou sobre o esforço para aprimo- 4o Congresso Espírita Mun- de 2004, com a representação de 18 dos 24 países que o integram, relatou os principais assuntos tratados nessa reu- nião, incluindo a re- eleição da Comissão Executiva, a admis- são como observa- dores, em suas reu- niões, de Instituições Espíritas do Canadá, Equador, Cuba e Aspecto do Plenário (V) Honduras, e a apro- Reformador/Janeiro 2005 33 35
  • 35.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 36 Assuntos Gerais Orientação ao Centro Espíri- ta: Diante das observações quanto à necessidade de atualização do tex- to do opúsculo Orientação ao Cen- tro Espírita, ficou estabelecido que os coordenadores das Áreas Especí- ficas das Comissões Regionais e os Dirigentes das Federativas encami- Aspecto do Plenário (VI) nhem à Secretaria do CFN as suges- vação do Dia Mundial da Imprensa presenta um percentual de 9,8% tões para as alterações no referido Espírita, a ser comemorado em 1o do total da referida população es- documento. de janeiro de cada ano, tendo em pírita. Próxima Reunião: Será realiza- vista que Allan Kardec lançou a Re- Foi deliberada a extensão do da nos dias 11, 12 e 13 de novem- vue Spirite em 1o de janeiro de Censo, em 2005, aos Estados, de- bro de 2005. 1858. (Ver Reformador de dezem- vendo ser realizado pelas Federati- bro/04, p. 39-41.) vas no mês de agosto. Participação especial Censo Espírita Campanhas “Em Defesa da No período da Reunião do Vida” e “Viver em Família” CFN, contamos com a presença e O CFN aprovou a realização participação, em vários momentos, do Censo Espírita brasileiro, em O CFN decidiu reativar as de José Raul Teixeira e Divaldo sua Reunião de 2003. Todavia, em campanhas “Em Defesa da Vida” e Pereira Franco. face das dificuldades no cumpri- “Viver em Família”. Ambas terão Raul Teixeira: Na noite de sex- mento do calendário estabelecido, novos slogans e material publicitá- ta-feira (dia 19), proferiu eloqüente o Censo foi aplicado, em caráter rio, além de um cronograma de palestra no Salão de Conferências experimental, no Estado do Rio de ações. Todos os Estados foram con- da FEB (Cenáculo). Na tarde de sá- Janeiro, abrangendo 593 Institui- vidados a contribuir com suges- bado, no Plenário do CFN, psico- ções Espíritas que responderam os tões, propostas, textos e produção grafou mensagem do Espírito Gui- formulários (sendo 448 adesas à de material em áudio e vídeo. A lherme March. USEERJ ou à FEERJ, e 145 não coordenação das duas campanhas, Divaldo Franco: Falou aos adesas), num total de 700 enti- na Sede Central da FEB, terá a membros do CFN, ao final dos dades. função de receber as contribuições, trabalhos de sábado, tecendo con- Os dados apurados, exibidos organizá-las e apresentá-las às Fe- siderações sobre a importância em datashow, através de tabelas e derativas e Instituições Especializa- da união nas atividades federa- gráficos, indicaram uma popula- das de Âmbito Nacional em uma tivas junto ao Movimento Espí- ção espírita – constituída por fre- home page interativa, a fim de que rita e acerca da responsabilida- qüentadores de Casas Espíritas – todas as idéias sejam avaliadas pe- de das Instituições e dos traba- de 268.341 pessoas, divididas em lo Movimento Espírita. O atual lhadores espíritas na divulgação 237.583 adultos e 30.756 crianças slogan da Campanha “Viver em da Doutrina a todos os segmentos e adolescentes. O corpo de traba- Família” é Família, aperte mais es- da sociedade. Na tarde de domin- lhadores que exercem funções per- se laço. A Campanha “Em Defesa go (dia 21) proferiu vibrante con- manentes nas entidades recensea- da Vida” aborda temas como suicí- ferência evangélico-doutrinária das conta com 26.382 membros, dio, aborto, eutanásia e pena de no Teatro Pedro Calmon do Quar- sendo 9.674 homens (36,7%) e morte, sob o ponto de vista espí- tel General do Exército, em Bra- 16.708 mulheres (63,3%), e re- rita. sília. 36 34 Reformador/Janeiro 2005
  • 36.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 37 Presença de Raul e Divaldo em Brasília Raul Teixeira na FEB José Raul Teixeira fala no Cenáculo, na noite de 19, para cerca de 1.000 pessoas Palestra de Divaldo Franco no Teatro Pedro Calmon Aspecto da palestra de Divaldo Pereira Franco na tarde de domingo, dia 21 de novembro, para mais de 2.500 pessoas Reformador/Janeiro 2005 35 37
  • 37.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 38 William Crookes Marco Túlio Laucas científica. Para estes, a resposta de da matéria” quando, na verdade, o Crookes foi simplesmente conti- plasma, reconhecemos hoje, é o nuar suas pesquisas, impressionan- quarto estado da matéria. Mais de do a todos não somente pela quan- uma vez, temos escutado palestras tidade de trabalhos apresentados, nas quais o orador, talvez tentando osso objetivo, neste artigo, é mas, sobretudo, pela sua qualidade; embelezar o termo “matéria radian- N prestar uma justa homena- gem a William Crookes, nas- cido em 17 de junho de 1832 e valendo um destaque especial para o conhecido tubo de raios catódi- cos. te”, troca matéria por energia e enuncia ser Crookes o descobridor da “energia radiante”. Não conhe- falecido em 4 de abril de 1919, ho- Queremos aproveitar a oportu- cemos nenhum livro de Física que norável cientista inglês com enor- nidade para alertar alguns amigos faça menção a qualquer destes dois mes contribuições em diversos cam- bem-intencionados que, procuran- termos. Então, não tem sentido fa- pos da Química e da Física, sendo do elogiar o douto pesquisador, ba- zer-se, na atualidade, uma afirmação particularmente conhecido dos es- seiam-se em referências equivoca- destas. O termo “matéria radiante” píritas, em geral, devido aos seus fa- das, e acabam provocando um des- foi sugerido por Crookes para de- mosos estudos, desenvolvidos na serviço à causa que abraçam. Uma signar um fenômeno novo, mas década de 1870, acerca dos fenô- destas falsas afirmativas é dizer que não foi aceito pela comunidade menos espiritualistas, em especial, ele teria sido laureado com o Prê- científica. Desta forma, repetimos, através de sessões de materialização mio Nobel. são aceitáveis as afirmativas de De- com os médiuns Daniel Dunglas Sérgio Aleixo2 disserta longa- nis e Gibier, porque eles são con- Home, Kate Fox e, posteriormente, mente acerca do conhecido tríplice temporâneos de Crookes e fizeram Florence Cook, que trouxeram im- aspecto do Espiritismo: científico, estas declarações quando esta teoria portantíssimas contribuições para a filosófico e religioso. Ora, esta jun- ainda estava sob avaliação. Mas, Doutrina dos Espíritos e, sobretu- ção torna poderosa a Doutrina em atualmente, é um descalabro falar do, para toda a Humanidade. Vale seus fundamentos analíticos, possi- sobre isso e, pior ainda, usar o ter- comentar que, quando Crookes ini- bilitando-nos inspecionar, de forma mo “energia radiante”, pois o calor, ciou estes estudos, não era adepto coerente e verdadeira, a realidade o som e a luz, por exemplo, são do espiritualismo, mas, após confir- que nos cerca. Não é à toa que, energias que se irradiam. Assim, mar a sua veracidade, teve a cora- dentre todos os agrupamentos reli- trata-se de um erro afirmar que gem de se declarar publicamente giosos, o espírita é reconhecidamen- Crookes tenha descoberto a “ener- um espiritualista. É claro que esta te o que mais lê e busca informar- gia radiante”. atitude lhe trouxe enormes dissa- -se sobre o desenvolvimento da É muito comum, nos meios bores. Algumas críticas se dirigiram Ciência. Por isso, cabe-nos a res- científicos, o surgimento de alguma aos procedimentos metodológicos1 ponsabilidade maior de evitar a teoria que é aceita em princípio, pa- adotados durante suas investiga- propagação de idéias equivocadas, ra depois ser descartada, após veri- ções, enquanto outras, ao próprio ou malfundamentadas. ficar-se que ela está errada ou por caráter e integridade do cientista. Léon Denis3 e Paul Gibier4 não se ajustar perfeitamente ao fe- Houve até mesmo aqueles que, mal- afirmam ser Crookes o descobridor nômeno que a teoria tenta des- -intencionados, procurando ferir e da “matéria radiante”. Gibier vai crever. Um bom exemplo disso é o malsinar, alegaram que o pesquisa- mais além, comentando ser esta conceito de éter, que explicaremos dor estaria encerrando sua carreira “matéria radiante” o “quarto estado a seguir. Reformador/Janeiro 2005 38 36
  • 38.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 39 Da mesma maneira que o som 1865, e novamente em 1868, por William Crookes está longe de necessita de um meio material (co- quatro vezes. Poder-se-ia pensar que ser um cientista comum. Permita- mo o ar, a água etc.) para propagar- haveria algum engano na Codifica- -me o leitor amigo enaltecer este ex- -se, pensava-se, antigamente, que a ção? Obviamente que não, por pe- poente da Ciência de forma conve- luz necessitaria de um meio mate- lo menos dois motivos. Primeiro niente. Ele ocupou vários cargos rial para locomover-se. Assim, na que, naquela época, era nestes ter- importantes como as presidências falta de algo, inventou-se o nome mos que a Ciência se expressava. da British Association for the Ad- “éter” para designar o suposto meio Além disso, Kardec mesmo afirmou vancement of Science e da Royal material através do qual a luz se Society of London. Editor do dou- propagaria. Mesmo que ninguém to Quaterly Journal of Science, foi tivesse conseguido observar o tal ele o descobridor do elemento quí- éter, seu conceito persistiu por vá- mico Tálio. Crookes, na verdade, rios séculos. No ano de 1887, era uma figura eminente da socie- Albert Michelson e Edward Morley, dade científica britânica, possuindo dois físicos desconhecidos, realiza- uma parede repleta de honrarias ram um experimento cujo objetivo profissionais. Foi feito Cavaleiro em era medir a variação da velocidade 1897 e recebeu a Ordem do Méri- da luz no sentido de translação da to em 1910. Tendo sido destacado Terra e perpendicular a este movi- membro da Society for Psychical mento. Este experimento era apa- Research (Sociedade para a Pesqui- rentemente sem importância, pois, sa Psíquica), mais tarde tornou-se todos pensavam, naquela época, presidente desta instituição que, va- que a velocidade da luz seria dife- le dizer, não era bem vista pela co- rente quando esta trafegasse em William Crookes munidade científica, por motivos sentidos diferentes. Para espanto óbvios. Mas, sob sua influência, deles, bem como de todo o establi- que se novas descobertas demons- veio a participar dela um número shment, a velocidade da luz não va- trassem estar o Espiritismo errado verdadeiramente espantoso de proe- riou. Hoje, sabemos que a velocida- em algum ponto, ele se modificaria minentes cientistas de renome in- de da luz é uma constante uni- para adequar-se à Ciência. Em se- ternacional. Peço vênia por nos es- versal, ou seja, por mais incrível que gundo lugar, é preciso saber separar tendermos um pouco neste item, possa parecer, não há como aumen- o ponto de vista dos Espíritos do de mas vale lembrar que Johann Zöll- tar ou diminuir a velocidade da luz Kardec. Este fato pode ser bem ex- ner, destacado físico alemão, profes- em um meio material específico planado analisando-se André Luiz7, sor de Física e Astronomia na Uni- qualquer. A mesma coisa não se dá, Espírito. Em 1959, já consciente de versidade de Leipzig, também mem- por exemplo, com o som. Se uma ter Einstein sugerido o conceito de bro desta instituição, foi convertido locomotiva apitando se aproxima, o campo para substituir o conceito de ao espiritualismo por Crookes, em som é mais agudo do que quando éter, escrevendo da esfera extrafísi- 1875, quando o visitou em seu la- ela está se afastando. No primeiro ca, André Luiz, ao invés de “campo boratório. Ainda vale a pena citar os caso, a velocidade do som é maior einsteniano”, prefere usar Fluido seguintes membros desta institui- (som mais agudo). No segundo ca- Cósmico ou Hálito Divino como o ção: Wilhelm Weber (cujo nome so, a velocidade do som é menor meio no qual o Universo se equili- “weber”, hoje, denomina a unida- (som mais grave). Este experimen- bra. O mais curioso de tudo isso é de internacional de magnetismo), to de 1887 acabou imortalizando que ainda encontramos, mormente Lord Rayleigh, ganhador do Prê- os autores e liquidando completa- no meio espírita, o uso corrente do mio Nobel de Física de 1904, e J. J. mente com a hipótese da existência errôneo conceito de éter. Isso é te- Thompson, ganhador do Prêmio do éter. Kardec refere-se ao éter ma para outro artigo, pois este não Nobel de Física de 1906. Somente em duas ocasiões 5,6: duas vezes em comporta tal discussão. isto já seria o suficiente para nos Reformador/Janeiro 2005 37 39
  • 39.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 40 vergarmos em reverência à estatura intelectual deste homem ímpar en- tre os grandes. Porém, a história não pára por aí. O que realmente o imortalizou foi a invenção do tubo de raios catódicos. Por uma questão de curiosidade, vamos explicar, ra- pidamente, o significado do tubo Esboço rudimentar de um tubo de raios catódicos. de raios catódicos. Imagine um filamento (tal qual o filamento de uma lâmpada) percorrido por uma corrente elétri- ca. Chamemos este filamento de cátodo. Imagine agora uma placa metálica um pouco afastada do fi- lamento. Chamemos esta placa de Foto antiga ânodo. Quando um filamento é percorrido por uma corrente elétri- ca, uma nuvem de elétrons circun- da este filamento. Se uma diferença de potencial (ddp) for criada entre este filamento (ou cátodo) e uma placa carregada positivamente (ou ânodo), então esta nuvem eletrôni- ca será arrancada celeremente das proximidades do cátodo em direção ao ânodo. Quanto maior for a ddp, Esboço da foto mais velozes serão os elétrons. O que nosso Crookes construiu foi is- to, que é conhecido como tubo de raios catódicos. Colocou um fila- mento e uma grade dentro de uma ampola de vidro e estabeleceu uma enorme ddp entre os dois compo- nentes, fazendo com que os elétrons fossem brutalmente arrancados das proximidades do filamento. A ace- leração e a velocidade final dos tais elétrons era tanta que, quando eles se aproximavam da grade (que efe- tivamente era quem os atraía), a maior parte dos elétrons ultrapassa- va os buracos da grade, indo cho- car-se violentamente contra a pare- Esquema simplificado de um tubo de raios catódicos, onde F é o filamento de de de vidro da ampola. (Ver figura.) tungstênio, C é o cátodo de um material alcalino, W é a grelha de Wehnelt, G, A1 e A2 são ânodos, X1, X2, Y1 e Y2 são os pratos defletoras do feixe de elétrons, Num tubo de raios catódicos, e A3 é um revestimento condutor. Os pratos defletores direcionam o feixe de enquanto a corrente elétrica circu- elétrons. 40 38 Reformador/Janeiro 2005
  • 40.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 41 lar pelo filamento, elétrons serão 1925, Albert Einstein fez uma pro- se submetido a [um exame de]raios emitidos pelo cátodo, atraídos pelo posição teórica que, se correta, re- X tem uma dívida para com a fa- ânodo e virão a chocar-se contra o dundaria em um novo estado da mosa invenção de Crookes. vidro. O interessante de tudo isso é matéria e, há pouco menos de dez que, no local onde os elétrons se anos, esta hipótese einsteniana foi REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: chocam, cria-se um ponto lumino- testada e confirmada em laborató- 1 FERREIRA, J. M. H.; MARTINS, R. A. so, cuja intensidade luminosa varia rio, sendo hoje designada como o As investigações de William Crookes sobre com o valor nominal da corrente “quinto estado da matéria”. fenômenos espiritualistas com médiuns e suas no filamento. Se aumentarmos a Possivelmente o maior prêmio pesquisas sobre o efeito radiométrico na década corrente, mais elétrons serão libera- que um cientista pode receber é o de 1870. p. 169-199. In: ALFONSO-GOLD- FARB, Ana Maria; BELTRAM, Maria Helena dos, por segundo, elevando a lumi- famoso Prêmio Nobel. Alguns de Roxo (orgs). O laboratório, a oficina e o ateliê: nosidade na parede de vidro. Já a nós queremos engrandecer a Dou- a arte de fazer o artificial. SP: EDUC 2002 cor deste ponto luminoso é depen- trina Espírita afirmando ter sido ela (ISBN 85-283-0231-8). Arquivo copiado da dente da força de impacto dos elé- corroborada por algum cientista biblioteca eletrônica do Grupo de História e trons e, conseqüentemente, do va- laureado com tal prêmio, mas, no Teoria da Ciência www.ifi.unicamp.br/~ghtc/ lor da ddp. Assim, ao variarmos a fundo, o Espiritismo não necessita da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). ddp, notamos a mudança de cor no de nada disso. A verdade é que Wil- 2 ponto luminoso. liam Crookes nunca foi laureado ALEIXO, S. A. O mais profundo religar: fun- Há cerca de vinte anos, tive- com qualquer Prêmio Nobel. Não damentos históricos e conceituais do espiritis- mos a oportunidade de estudar es- possuímos bastante conhecimento mo. 1. ed. SP: Lachâtre, 2003. te experimento e, apesar de alegrar- nesta área, mas parece-nos que o 3 DENIS, L. O Além e a Sobrevivência do Ser. mo-nos ante o ponto luminoso e nome de Crookes jamais tenha sido 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. fazê-lo movimentar-se sob a ação de cogitado para o Nobel em qualquer 4 GIBIER, P. O Espiritismo. 5. ed. Rio de um ímã, reconhecemos que, por época, isto, aliás, é uma enorme fal- Janeiro: FEB, 2002. demais atentos à frieza dos cálculos, ta de consideração para com um 5 não demos ao fenômeno a devida cientista desta envergadura. A re- KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 33. ed. importância. Somente agora, lem- tumbância do tubo de raios catódi- Rio de Janaeiro: FEB, 1985. brando de Crookes, emocionamo- cos é tanta que o eminente físico 6 ______. A Gênese. 36. ed. Rio de Janeiro: -nos ante este estrondoso espetácu- Michio Kaku, professor de Física FEB, 1995. lo da mãe natureza. Neste momen- Teórica do City College of New 7 to, conseguimos aquilatar uma nes- York University, apresentador de XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Wal- ga da enorme alegria que deve ter se diversos programas no famoso ca- do. Mecanismos da Mediunidade, ditado pelo apossado dele. É bastante provável nal de televisão Discovery Channel, Espírito André Luiz. 10. ed. Rio de Janeiro: que, sorrindo de alegria, Crookes ti- afirmou:5 “O tubo de raios catódi- FEB, 1987, cap. III. vesse dito: “Encontrei a matéria ra- cos de Crookes revolucionou a ciên- 8 KAKU, M. Hiperespaço. Uma odisséia cientí- diante.” Este fenômeno é real, com cia”; quem quer que assista à tele- fica através de universos paralelos, empena- muitas e fundamentais aplicações visão, use um monitor de computa- mentos do tempo e a décima dimensão. 1. ed. práticas, mas, não se trata de qual- dor, jogue um vídeo game, ou já tenha RJ: Rocco, 2000. quer matéria radiante. Quanto ao termo “quarto esta- do da matéria”, proposto por Croo- kes para designar a “matéria radian- Cadastro de te”, tornou-se de uso corrente, mas, usado no plasma. Não foi Crookes Assinantes e Instituições EspíritaS quem encontrou o quarto estado da Atualizem seu cadastro a fim de receber Reformador com matéria, mas foi ele que inventou o regularidade ([email protected]). nome. Observe-se ainda que, em Reformador/Janeiro 2005 39 41
  • 41.
    Janeiro 2005.qxp 12/1/2005 16:52 Page 42 SEARA ESPÍRITA Amazonas: Eventos espíritas Mato Grosso: FEEMT – Calendário de Atividades A Federação Espírita Amazonense, prosseguindo nas A Federação Espírita do Estado de Mato Grosso ela- comemorações do Bicentenário de Kardec e do seu borou seu Calendário de Eventos Estaduais e Regio- Centenário, promoveu os seguintes eventos: 1. Encon- nais para 2005, dos quais destacamos os de âmbito tro com Jovens Espíritas, em 13 de novembro/04; dia estadual: de 5 a 8 de fevereiro – VI CONJEMAT 14/11, pela manhã, Encontro com Evangelizadores de (Confraternização de Juventudes Espíritas de Mato Infância e Juventude e, à tarde, Encontro de Trabalha- Grosso); de 21 a 24 de abril – 3o Congresso Espírita dores e Dirigentes. Coordenaram esses Encontros as do Estado de Mato Grosso (em Cuiabá); de 16 a 17 expositoras Sandra Borba (RN) e Tereza Cristina Lei- de julho – Encontro Estadual de Trabalhadores e te (DIJ/FEB). 2. Palestras públicas de Divaldo Pereira Coordenadores do SAPSE; de 10 a 11 de setembro – Franco, em 26 e 27 de dezembro/04, no auditório da Encontro Estadual de Evangelizadores da Infância e Universidade Nilton Luz, ocasião em que foi lançado Juventude. o selo do Bicentenário de Nascimento de Kardec e o exemplar único da revista O Bicentenário. Houve, Porto Alegre (RS): Divaldo na Feira do Livro também, um encontro de Divaldo com trabalhadores Promovida pela Câmara Riograndense do Livro, rea- do Movimento Espírita amazonense. lizou-se na Capital gaúcha, de 29 de outubro a 15 de novembro de 2004, a Feira do Livro de Porto Alegre Pernambuco: FEP comemora Centenário – considerada a maior feira de livros ao ar livre da Em comemoração ao seu centenário de fundação, a América do Sul –, da qual a Federação Espírita do Rio Federação Espírita Pernambucana realizou, em de- Grande do Sul participou com uma das mais movi- zembro de 2004, as seguintes atividades: 1. Mostra mentadas bancas. Divaldo Pereira Franco, especial- Espírita, nos dias 3, 4 e 5, com o tema Mediunida- mente convidado pela patrocinadora, participou de de da Antiguidade à Época Atual, no Centro de sessão de autógrafos e fez conferência no dia 7 de no- Convenções de Pernambuco; 2. Solenidade come- vembro no Cine Imperial. Proferiram palestras, tam- morativa do Centenário, no dia 8/12, com palestra bém, na programação da Feira, Marcel Souto Maior de Nestor João Masotti, Presidente da FEB; 3. Con- (RJ) e Moacir Costa de Araújo Lima (RS). ferência de Divaldo Pereira Franco, dia 15, às 20 ho- ras, no Centro de Esportes Geraldo Magalhães. No Bahia: Atividades Federativas período de 8 a 15/12, ocorreram, diariamente, pa- A Federação Espírita do Estado da Bahia promoveu, lestras comemorativas nas diversas Áreas Federa- no período de 5 a 7 de novembro de 2004, o Encon- tivas. tro Estadual de Espiritismo, no Centro de Conven- ções de Salvador, com o tema A Contribuição Espíri- Exposições sobre Kardec ta no Século XXI. O evento comemorou o Bicen- Além da exposição histórica dos 200 anos de Allan tenário de Allan Kardec e os 140 anos de O Evange- Kardec, no 4o Congresso Espírita Mundial, de Paris, lho segundo o Espiritismo, contando com 1.052 par- duas outras estão ocorrendo na Europa: em Lyon, ticipantes, 70 cidades representadas e 4 Estados pre- França, a exposição Lyon, coração do Espiritismo. sentes. Durante o Encontro foi instalado, na manhã Allan Kardec e os espíritas lioneses, de 15 de outubro do dia 7, o Conselho Federativo Estadual, com a fina- de 2004 a 15 de janeiro de 2005, no saguão do lidade de apontar novos rumos para o Movimento Es- 4o andar da Biblioteca Municipal de Lyon pírita baiano. Participaram 45 Casas Espíritas. (www.bm.lyon.fr); em Yverdon, Suíça, 200 anos do Como atividade regional, registramos a realiza- educador Johann Heinrich Pestalozzi, no Castelo de ção da XXXII Semana Espírita de Alagoinhas, de 29 Yverdon, de 17 de setembro de 2004 a 15 de janeiro de novembro a 5 de dezembro/04, com o tema Edu- de 2005 (www.centrepestalozzi.ch). cação para a plenitude do ser. 42 40 Reformador/Janeiro 2005