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Em documento, pesquisadores se manifestam em resposta ao texto “Ciência Aberta: uma visão desapaixonada”
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Em 14 de janeiro de 2025, foi publicado no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) um texto de opinião intitulado “Ciência Aberta: uma visão desapaixonada”, escrito por Débora Peres Menezes e Ricardo Galvão. O texto levanta pontos importantes sobre os desafios e as implicações da Ciência Aberta nos contextos nacional e internacional e contribui para chamar a atenção da comunidade de pesquisa brasileira sobre a importância do tópico.
Em resposta ao texto de opinião, pesquisadores nacionais e internacionais especializados no estudo e debate sobre a implementação de práticas da Ciência Aberta redigiram e assinaram um documento que aponta caminhos para a implementação de práticas, políticas e ações relacionadas ao tema. O texto destaca a importância da Ciência Aberta para impulsionar a inovação e ampliar o impacto da pesquisa científica brasileira, apresentando soluções viáveis e de baixo custo. O documento foi depositado no repositório Zenodo e divulgado nesta terça-feira (28). Confira a íntegra: https://doi.org/10.5281/zenodo.14727194.
O documento destaca ainda que, embora o Brasil tenha pioneirismo no Movimento de Acesso Aberto, é preciso estar alerta para a necessidade de maior apoio para a manutenção e expansão de infraestruturas de suporte à Ciência Aberta. Ressalta também que a efetiva adoção da cultura de Ciência Aberta é um empreendimento de longo prazo, como mostra o histórico das instituições e agências de fomento de outros países, que há mais de dez anos deram os primeiros passos nessa direção. O texto também aponta que esse Movimento pode ser iniciado com ações graduais de baixo custo, como as que já estão sendo realizadas em várias instituições de ensino e pesquisa brasileiras, demonstrando a viabilidade da gestão e compartilhamento responsável de dados de pesquisa, bem como da realização de outras práticas de Ciência Aberta. Além disso, defende que as agências brasileiras de fomento à pesquisa deveriam colaborar para a elaboração e implementação de um Plano de Ação Nacional para a Ciência Aberta.
A redação do documento contou com amplo apoio de pesquisadores de diversas instituições e foi escrita de forma colaborativa. “A elaboração do texto foi um árduo trabalho colaborativo de dezoito autores, que já conta com o apoio de mais outros trinta pesquisadores, com visões complementares sobre o tema. Ciência Aberta é um tópico que precisa ser debatido, mas urge executarmos ações concretas para sua implementação, em sincronia com o ecossistema de ciência, tecnologia e inovação brasileiro e internacional, envolvendo agências de fomento, sistemas de avaliação, instituições de ensino e pesquisa, e a conscientização de seus pesquisadores”, diz Washington Segundo, coordenador-geral de Informação Científica e Técnica do Ibict e um dos autores do documento.
Laura Rezende, professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás, avalia que o texto de opinião publicado no site do CNPq levanta pontos importantes sobre os desafios e as implicações legítimas que fazem parte do escopo da Ciência Aberta nos contextos nacional e internacional, mas que é preciso uma maior reflexão. “Observa-se que o texto busca reduzir o amplo espectro em torno da Ciência Aberta e seus desdobramentos, estando ancorado em somente dois entraves, que foram amplificados e desprovidos de uma exposição consistente sobre as possibilidades de soluções existentes: as taxas de publicação (APCs) extorsivas no atual modelo de acesso aberto e os desafios do compartilhamento de dados como a falta de infraestrutura, recursos e pessoal qualificado para implementar essa prática”, afirma.
Alinhando-se à característica colaborativa preconizada pela Ciência Aberta, o documento assinado pelos pesquisadores está disponível para adesão de todos que concordam com seu conteúdo e desejam apoiá-la. Para isso, basta preencher o formulário disponível em: https://forms.gle/59uYqeorMz3f8nA48
Além do documento, outras iniciativas da sociedade civil se posicionaram em relação ao texto publicado no portal do CNPq, como a carta aberta da Rede Brasileira de Reprodutibilidade, que propõe uma agenda pública proativa nesse campo.