Com ratificação da Ucrânia, entra em vigor na Europa acordo sobre organismos geneticamente modificados
Dipositivo aprovado há 20 anos será implementado a partir de abril deste ano, após ser ratificado por 33 países; medidas visam aumentar participação popular e transparência sobre organismos que sofreram alteração do material genético; uso de sementes modificadas ja se espalhou para 13% das terras agrícolas do mundo.
Devido a uma decisão tomada na Ucrânia este mês, a população dos países europeus terá maior poder de participação em decisões ligadas ao uso e comercialização de organismos geneticamente modificados, OGM.
A Ucrânia ratificou uma alteração da Convenção de Aarhus, da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, Unece, que exige mais transparência e participação popular no tema.
Longo processo de ratificação
A convenção data de 1998 e trata de acesso à informação, participação do público na tomada de decisões e acesso a justiça em questões ambientais. Em 2005 foi aprovada uma alteração para incluir o tema dos OGM no escopo do tratado.
Apenas agora, 20 anos depois, esta alteração entrará em vigor, após a ratificação da Ucrânia, que se tornou o 33° Estado-membro a realizar o processo. A partir de 25 de abril de 2025, os dispositivos da alteração começarão a ser aplicados.
Considera-se OGM qualquer organismo, com exceção dos seres humanos, que possua uma nova combinação de material genético obtido através da utilização da biotecnologia moderna.
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Aumento de 121 vezes em plantações modificadas geneticamente
O cultivo de sementes geneticamente modificadas está em ascensão em todo o mundo, com diversificação para além dos três cultivos inicialmente visados pela técnica, que são milho, soja e algodão.
A nível global, estima-se que a área de plantação de culturas geneticamente modificadas tenha crescido 121 vezes desde 1996, e representa agora cerca de 13% da área total de terras agrícolas, ultrapassando os 3,4 bilhões de hectares.
O aumento do uso de culturas OGM nas últimas décadas coincidiu com a alta no uso de pesticidas, herbicidas e outros produtos químicos na agricultura. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO, relata que o uso global de pesticidas aumentou 13% desde 2002, e duplicou desde 1990.
Riscos para a saúde e para o ambiente
Tanto o uso dos OGM quanto dos pasticidas representa riscos potenciais para a saúde humana e para o meio ambiente, inclusive para a biodiversidade.
Nesse contexto, a Unece considera essencial garantir que o público tenha acesso completo a todas as informações relevantes e possa participar na tomada de decisões em questões relacionadas aos OGM.
A Convenção de Aarhus, reforçada pela alteração que entrará em vigor, determina que os países devem estabelecer regulamentações para esta finalidade.