ONU ressalta imenso potencial na Cúpula Africana da Energia Missão 300
Vice-chefe das Nações Unidas enfatizou papel decisivo para o desenvolvimento sustentável; Banco Africano de Desenvolvimento assegura entre US$ 10 e 15 bilhões até 2030; Banco Mundial colocará até US$ 40 bilhões ao dispor da região para acelerar transição durante o período. *
Conectar 300 milhões de pessoas em toda a África à eletricidade ainda nesta década foi o tema que dominou a Cúpula Africana da Energia Missão 300, que aconteceu até esta terça-feira em Dar Es Salaam, Tanzânia.
Instituições financeiras globais anunciaram acordos na reunião. O Banco Africano de Desenvolvimento, BAD, prometeu conceder entre US$ 10 e 15 bilhões. Já o Banco Mundial colocará até US$ 40 bilhões ao dispor da região.
Criação de soluções
No evento, a subsecretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse haver imenso potencial na região. Ela se dirigiu a chefes de Estado, líderes empresariais, parceiros de desenvolvimento e outros envolvidos no que considera “um esforço histórico”.
Também foram debatidas a criação de soluções para abordar a lacuna energética da África e a aceleração do progresso em direção às metas de desenvolvimento sustentável.
A reunião confirmou os integrantes da nova iniciativa Pactos Nacionais de Energia, que além do país anfitrião reúne ainda a Nigéria, o Senegal e a Zâmbia. O objetivo é mobilizar investimentos em larga escala e reformas políticas nessa direção.
Pelo menos 12 nações aprovaram iniciativas de energia voltadas para expandir a energia renovável, melhorar a infraestrutura da rede e aumentar o acesso a soluções de cozinha limpas.
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Acesso à energia
Discursando na cúpula, Amina Mohammed destacou o papel transformador da energia para o desenvolvimento sustentável. Ela realçou que a África tem atualmente um dos níveis mais baixos de acesso à energia, mas também é uma das regiões mais vulneráveis à intensificação dos choques climáticos.
A vice-chefe das Nações Unidas destacou ainda a riqueza em recursos de energia renovável e minerais essenciais, que são fundamentais para a transição energética.
Para a presidente da Tanzânia, Samia Suluhu, a cúpula envolve o empoderamento de famílias, com o foco em tirar milhões da pobreza e fornecer esperança e oportunidades para os jovens.
Nesse sentido, ela caracterizou o evento como um incentivo à transformação econômica pelo potencial de “fornecer indústrias, criar empregos e estimular a inovação em toda a África”,
Novo paradigma de desenvolvimento econômico
Uma das ambições do país da África Oriental é expandir a capacidade de eletricidade para 4 mil megawatts até o final do ano, com 61% provenientes de energia limpa e renovável.
Para a vice-secretária-geral da ONU, a África também abriga uma população jovem e empreendedora vibrante oferecendo imenso potencial para “mostrar ao resto do mundo como pode ser um novo paradigma de desenvolvimento econômico baseado em sustentabilidade, resiliência, justiça e inclusão.”
Mohammed enfatizou a interconexão entre energia e desenvolvimento sustentável, afirmando que o maior acesso à energia não é apenas crucial para atingir as metas globais, mas também serve como “catalisador para um desenvolvimento mais amplo”.
Os progressos impulsionados pelo acesso à energia limpa e sustentável envolvem ainda setores como saúde, educação e igualdade de gênero, ao mesmo tempo em que são estimulados o crescimento econômico e a ação climática.
A cúpula também destacou o duplo desafio de expandir o acesso e reduzir os riscos à saúde associados à pobreza energética.
*Com reportagem do Centro de Informação da ONU em Dar Es Salaam.