Brasil se mostra otimista com passos para consolidação da paz na Guiné-Bissau
Embaixador brasileiro fala de “novos contatos” do país com Comissão da ONU para estimular colaboração; Brasil preside estratégia para o país africano com foco na estabilização de contextos de conflito e pós-conflito; iniciativa internacional tem apoio de 31 países.
Os avanços do processo para estabilizar a Guiné-Bissau poderão impulsionar a cooperação da Comissão da Consolidação da Paz das Nações Unidas, PBC, com o país africano.
A observação foi feita pelo embaixador do Brasil junto às Nações Unidas, Sérgio Danese, ao anunciar “novos contatos” do país para estimular essa colaboração. A representação da ONU na Guiné-Bissau deverá liderar a atuação no terreno.
Mecanismo que junta 31 Estados-membros
Em 2024, o Brasil acumulou a presidência da Comissão de Consolidação da Paz com a liderança da Estratégia da PBC para a Guiné-Bissau. O mecanismo foca em iniciativas para evitar conflitos ou sua recorrência com apoio de 31 Estados-membros.
Desde que a iniciativa de apoio internacional foi implementada, várias iniciativas de auxílio apoiaram a consolidação da paz.
“Nós tivemos uma ótima reunião sobre a Guiné-Bissau, agora também em janeiro. Nós presidimos, dentro da estrutura da Comissão de Consolidação da Paz, desde o começo, a configuração específica do país na comissão, que é a configuração sobre Guiné-Bissau. Os meus antecessores todos visitaram o país e eu estou planejando com o Escritório de Apoio à Consolidação da Paz da ONU também uma visita que vai ser proximamente acertada. Vai ser altamente acertado com o Governo da Guiné-Bissau, que já que há interesse de receber lá essa missão. Nós fizemos a reunião agora com a ideia de retomar esse contato com a Guiné-Bissau, depois de uma alteração interna. Há um processo interno que está evoluindo. Nós achamos que agora é o momento de retomar esse contato para ver de que forma podemos ajudar no encaminhamento desse processo”.
A Guiné-Bissau tem passado por períodos de instabilidade política ao longo dos anos. O mais recente, no final de 2023, culminou com a dissolução do Parlamento democraticamente eleito.
Para Danese, os novos contatos podem dinamizar a cooperação com a PBC. Antes, foram cobertas áreas como combate ao crime transnacional, repressão ao tráfico de drogas, além de apoios aos direitos humanos e à estabilização do setor da justiça guineense.
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Desenvolvimento sustentável
“O indicador seria que nós possamos, primeiro, fazer uma missão que seja significativa, da qual possam surgir ideias muito concretas do que se pode fazer para cooperar com o país. E uma missão que possa utilizar o potencial enorme que existe no Escritório do Coordenadora Regional na Guiné-Bissau, a cargo de todo o Sistema das Nações Unidas atuando no país, para que nós possamos criar uma sinergia de todos esses elementos com outros países que possam ajudar com elementos de cooperação, para auxiliar o país nesse esforço de se estabilizar institucionalmente e de acelerar o seu desenvolvimento sustentável.”
Em reuniões de órgãos das Nações Unidas, altos funcionários da organização destacaram o impacto da instabilidade no desenvolvimento do país e na confiança de parceiros.
Para romper o ciclo de instabilidade na nação africana, uma das recomendações avançadas foi adotar novas disposições constitucionais para consolidar a divisão de poderes.
O embaixador do Brasil assegura que continuará a parceria para promover a reforma institucional.
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Comissão foi criada há 20 anos
“O Brasil sempre insistiu na tese, desde o começo do processo da criação do processo de consolidação da paz, que a consolidação da fase depende muito de sucesso na área de desenvolvimento, se você não tiver segurança alimentar, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social, se você não tiver educação e sistema judicial que funcione, segurança pública, e assim por diante, você poderá atacar algum problema isoladamente aqui, mas não necessariamente você vai conseguir que isso ajude a consolidar a paz em qualquer dos nossos países. A nossa ideia agora é tendo retomado esse contato, depois de vermos que a situação está assim caminhando para uma para um processo institucional, que todos nós devem apostar, nós vamos então procurar retomar esse impulso basicamente com a ideia de trazer cooperação para Guiné-Bissau. Esse é o grande esforço”.
O Brasil trabalha na comissão criada há 20 anos com situações como São Tomé e Príncipe, Burundi, Guiné-Conacri, Libéria, República Centro-Africana e Serra Leoa.
O embaixador ressaltou ainda o incentivo à ação de países em desenvolvimento, organizações regionais e sub-regionais e organizações da sociedade civil em atividades que envolvem ainda a cooperação com o Conselho de Segurança da ONU.