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Com 69% das estruturas danificadas, habitantes de Gaza ocupam moradias precárias BR

Crianças se reúnem em um prédio destruído em Al Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza
Unicef/Eyad El Baba
Crianças se reúnem em um prédio destruído em Al Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza

Com 69% das estruturas danificadas, habitantes de Gaza ocupam moradias precárias

Ajuda humanitária

Muitos abrigos improvisados estão sendo erguidos em cima de escombros e destruídos por tempestades; agências humanitárias realizam distribuição de tendas, lonas e cobertores; destruição do norte dificulta acesso à água limpa.

Neste fim de semana, o Exército de Israel concluiu sua retirada do corredor Netzarim, em Gaza, liberando a principal rota que separava as regiões norte e sul.

Mas os palestinos que retornam para o norte encontram uma série de desafios. As últimas avaliações de danos do serviço de satélite da ONU indicam que 69% de todas as estruturas em Gaza foram afetadas, incluindo mais de 245 mil residências.

Moradias improvisadas em meio aos escombros

Na região norte, no município de Jabaliya, um total de 1339 construções sofreram danos.

A funcionária do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Rosalia Bollen, explicou que muitas pessoas, que retornam ao norte de Gaza, estão encontrando suas casas em ruínas. Para elas, a saída é construir “abrigos improvisados em cima dos escombros”, em meio a uma onda de frio intenso.

De acordo com o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, quase 1 milhão de deslocados vivem em “tendas precárias ou abrigos improvisados”. Muitos tetos estão sendo construídos com sacos velhos de arroz numa tentativa de se proteger das tempestades de inverno.

A agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, está entregando itens de abrigo, lonas, cobertores e outros produtos essenciais a milhares de famílias que lutam contra as condições climáticas.

Dois homens protegem a lateral de um abrigo enquanto o inverno continua em Gaza
UN News
Dois homens protegem a lateral de um abrigo enquanto o inverno continua em Gaza

O risco de fome persiste

Muitos outros habitantes de Gaza vivem em abrigos superlotados, em condições inseguras. Além disso, o norte do enclave carece de serviços básicos, incluindo água limpa.

A diretora regional da Organização Mundial da Saúde, OMS, para o Mediterrâneo Oriental disse que “o sistema de saúde está arruinado, a desnutrição está aumentando e o risco de fome persiste”.

Hanan Balkhy ressaltou o apelo da agência pelo fim urgente das restrições à entrada de suprimentos essenciais.

Desde que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas começou, em 19 de janeiro, o Programa Mundial de Alimentos, WFP na sigla em inglês, disse ter enviado mais de 15 mil toneladas de alimentos para a Faixa de Gaza.

Apesar de ter alcançado mais de 525 mil pessoas com cestas básicas, refeições quentes e dinheiro, a agência ressalta que as necessidades gerais continuam enormes.