No Conselho de Segurança, Guterres pede avanços para reforma do órgão
Secretário-geral ressalta que ONU precisa de atualizações para responder aos desafios atuais através do multilateralismo; ele cobrou dos países-membros uma atuação que acabe com conflitos e alivie sofrimento de inocentes.
O Conselho de Segurança da ONU realiza nesta terça-feira um debate aberto sobre multilateralismo e reforma da governança global, com a presença de ministros dos países-membros. O evento foi proposto pela China, que preside a casa neste mês de fevereiro.
Na abertura da sessão, o secretário-geral das Nações Unidas afirmou que é possível traçar uma linha direta entre a criação da organização e a “prevenção de uma terceira guerra mundial”. Um dos motivos pelos quais a ONU foi criada em 1945.
Injustiças históricas, guerras e impunidade
António Guterres lembra que, prestes a completar oito décadas, a ONU continua sendo um ponto de encontro “único e essencial” para promover a paz, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos.
Guterres destacou a estrutura necessária para a cooperação internacional, mas disse que a ONU requer uma “atualização de software” para refletir a realidade do mundo de hoje e “corrigir injustiças históricas”.
Segundo ele, a paz está ficando cada vez mais fora de alcance, citando conflitos em áreas como os Territórios Palestinos, Ucrânia, Sudão e República Democrática do Congo.
O chefe das Nações Unidas falou de lembrou de “flagelos persistentes” como terrorismo e extremismo violento, em um mundo repleto de impunidade.
Guterres ressaltou que os desafios globais, que incluem ainda risco de guerra nuclear e ameaças da inteligência artificial, clamam por soluções multilaterais.
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Um Conselho de Segurança mais amplo e representativo
O líder da ONU defendeu a reforma e expansão do Conselho de Segurança com métodos de trabalho que assegurem uma operação “inclusivo, transparente, eficiente, democrático e responsável”.
O secretário-geral disse que o mundo espera que os 15 países-membros do órgão trabalhem para acabar com o sofrimento de pessoas inocentes por causa de conflitos e guerras.
Para Guterres, agora é o momento de aproveitar o impulso proporcionado pelo Pacto para o Futuro, aprovado em setembro, para avançar as negociações intergovernamentais de reforma do órgão.
A importância do compromisso de cada país
O líder da ONU apelou ainda para que os Estados-membros do órgão ultrapassem as divisões que estão a bloqueando uma ação eficaz em prol da paz.
Guterres mencionou que mesmo “nos dias mais sombrios da Guerra Fria, a tomada de decisão coletiva e o diálogo no Conselho mantiveram um sistema funcional, embora imperfeito, de segurança”.
Ele concluiu dizendo que a cooperação multilateral é o cerne das Nações Unidas, mas que “a força do multilateralismo depende do compromisso de cada país com ele”.