Vivemos num mundo dominado por homens, diz Guterres em reunião sobre direitos das mulheres
O secretário-geral lembrou que a questão da igualdade de gênero é uma questão de poder; formato da 64ª. sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher foi reduzido a um dia por causa da ameaça do novo coronavírus.
A Assembleia Geral da ONU abriga, nesta segunda-feira, a maior reunião sobre a situação dos direitos das mulheres no mundo. O evento, que esperava milhares de participantes, teve seu formato alterado este ano devido aos riscos do covid-19.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, discursou na abertura da reunião lamentando as mudanças na realização do evento, e afirmou que a ONU continua comprometida com a igualdade de gênero como uma das prioridades de sua agenda.
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Patriarcado
Do encontro, participa também o presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande que disse que a igualdade de gênero é dever de todos. Ele citou ainda a ativista sueca, Greta Thunberg, para dizer que é preciso incluir as mulheres em todas os processos de decisão e especialmente na questão do clima.
O secretário-geral da ONU voltou a dizer que o mundo é dominado por homens há milênios e que séculos de discriminação, patriarcado e misoginia criaram um abismo de poder em várias áreas da sociedade.
Para ele, o quadro tem que mudar. O chefe da ONU ressaltou que este ano, o mundo marca o 25º aniversário da Declaração de Pequim e de sua Plataforma de Ação para dar poder e autonomia às mulheres.
António Guterres afirmou que a plataforma de ação de Pequim tem sido realizada apenas em partes. Uma das áreas ainda atrasadas é a da participação de mulheres na política.
Nos Parlamentos de todo o mundo, as mulheres são menos de 30%. As mulheres trabalhadoras continuam recebendo apenas 77 centavos para cada dólar recebido por homens. E a maioria das pessoas em trabalho não remunerado é mulher.
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Redução
E em alguns países, houve redução dos avanços com aumento da violência de gênero e políticas discriminatórias a mulheres.
Quando o tema são os direitos reprodutivos, o acesso das mulheres a serviços ainda não é universal.
O chefe da ONU afirmou que nos últimos 25 anos, vários movimentos vibrantes dos direitos femininos surgiram e se fortaleceram.
Essas mulheres têm pedido igualdade e cobrado avanços de governos e outros atores.
Um deles é o ativismo de mulheres jovens por justiça ambiental na África.
Outro é o movimento “Nem uma a menos” na América Latina que tem formado fortes alianças entre gerações para combater a violência a meninas e mulheres.
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Prazo
A aliança Fórum Geração Igualdade foi formada pela ONU Mulheres com o apoio do México e da França para atingir igualdade de gênero e obter os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.
E a visão de todos é clara: participação igual de meninas e mulheres na vida política e no processo de decisão em todas as áreas da vida.
Guterres contou que as Nações Unidas têm dado o exemplo com 90 homens e 90 mulheres na liderança, dois anos antes do prazo estabelecido por ele em seu mandato.
Para ele, a paridade aumentou a eficiência da organização e dos serviços às pessoas beneficiadas pela ONU.
Para António Guterres, esses são todos exemplos de que é preciso enviar uma forte mensagem ao mundo de que os direitos das mulheres são direitos humanos e que a igualdade de gênero é central a todos os ODSs.