ONU Mulheres revela novo projeto feminista para recuperação econômica
Agência apresenta documento citando “lições aprendidas com erros do passado”; proposta traz uma visão para combater falta de emprego e crise climática num mundo pós-pandemia.
A ONU Mulheres revelou esta quinta-feira um “plano feminista para a recuperação econômica e a transformação global”, que tem como base as lições aprendidas com a pandemia de Covid-19. O documento foi batizado de “Para Além da Covid-19: Um Plano Feminista para Sustentabilidade e Justiça Social”.
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Igualdade no topo
A agência explica se tratar do primeiro projeto do tipo, com dados, análises e opiniões de mais de 100 especialistas globais, fornecendo uma visão concreta para colocar “igualdade de gênero, sustentabilidade ambiental e justiça social no centro dos esforços do desenvolvimento global”.
O relatório detalha como a pandemia de Covid-19 aumentou a desigualdade de gênero e expôs as fraquezas de uma economia global já fragilizada. Entre 2019 e 2020, 54 milhões de mulheres ficaram desempregadas. Mas mesmo antes da pandemia, elas assumiam o triplo de trabalho de cuidados não-remunerados, na comparação com os homens.
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Empregos verdes
As mulheres também são impactadas de forma desproporcional pela degradação ambiental, além de serem deixadas de lado nos processos de decisão sobre políticas e financiamento de combate à mudança climática.
A ONU Mulheres calcula que até o fim deste ano, os homens terão recuperado os seus postos de trabalho, mas haverá ainda 13 milhões de desempregadas.
A agência menciona que um “trio de crises interconectadas - empregos, cuidados e clima” prejudica a igualdade de gênero e ameaça a sobrevivência das pessoas e do planeta.

Soluções políticas e mais investimento
Para resolver esta crise, a ONU Mulheres pede mais políticas, ação e investimentos. O mapa apresentado pela agência sugere mais investimentos públicos em serviços de cuidados, que poderiam criar de 40% a 60% a mais de empregos.
A entidade das Nações Unidas menciona o Brasil e a África do Sul por terem implementado, após a pandemia, transferências de dinheiro para trabalhadoras informais.
Outra sugestão é aproveitar o potencial da transição para a sustentabilidade ambiental, que poderia criar 24 milhões de postos de trabalho “verdes”, como no setor das energias renováveis.
A promoção da liderança feminina nos governos, setor privado e instituições da sociedade civil é também um ponto-chave do documento. Segundo a ONU Mulheres, apenas 24% dos postos de trabalho nos grupos de força-tarefa de combate à Covid-19 são ocupados por mulheres.
A agência defende ainda um maior financiamento para as organizações de direitos das mulheres, que receberam entre 2018 e 2019, apenas 1% da ajuda dos países-membros do Comitê de Assistência para o Desenvolvimento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos.